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05 maio 2021

Ainda sobre NFT


Logo após a venda da obra Everydays: The First 5000 days (imagem), o seu autor, Mike Winkelmann ou Beeple afirmou o seguinte:

Acho que as pessoas não entendem que, quando você compra, você tem o token [ou NFT]. Você pode exibir o token e mostrar que é o proprietário do token, mas não é o proprietário dos direitos autorais [da arte]”

O NFT são tokens não fungíveis. São bens digitais exclusivos, com código no blockchain, que documenta as transações. Os bens podem ser comercializados, mas a tecnologia permite rastrear a propriedade e a validade.


Rir é o melhor remédio

 

voltando ao trabalho, um ano depois do início da pandemia

04 maio 2021

Poseidon


O trecho abaixo foi escrito por um dos maiores escritores de todos os tempos, cujo centenário de falecimento será comemorado em 2024. Tão importante, que mudou a literatura mundial, apesar da vida curta. Retiramos da edição do jornal O Pasquim, n 5, de 1969, página 13. O texto imagina Poseidon trabalhando em contabilidade. Isto mesmo. Parece absurdo, não? Veja se consegue descobri o autor do texto abaixo.  

Sentado em seu escritório, Poseidon trabalhava na sua contabilidade. A administração das águas do mundo inteiro lhe impunham um ritmo de trabalho alucinante. Ele poderia ter tantos auxiliares de contabilidade quantos quisesse e de resto, ele os tinha em grande número, mas como tomava muito a sério suas funções e verificava pessoalmente todas a contas, essa ajuda não era de grande valia. Não se poderia afirma que esse trabalho agradasse a Poseidon. Ele o executava simplesmente porque lhe tinha sido imposto. Muitas vezes pensava em se dedicar a uma atividade mais interessante, mas sempre que faziam alguma proposta nesse sentido tornava se evidente que nada lhe agravava mais do que seu atual emprego. Além disso, era muito difícil encontrar outra colocação para ele. Impraticável, por exemplo, deixar a seu cargo apenas este ou aquele mar, pois além do trabalho administrativo ser igualmente complexo, apenas concentração num objeto menor vasto, o grande Poseidon não poderia ocupar senão um posto superior.

A simples ideia de que lhe oferecessem função alheia ao governo das águas era algo que lhe provocava náuseas, sua respiração divina se entrecortava, sua caixa torácica ofegava. O fato é que ninguém levava a sério seus protestos: quando um grande personagem reclama é preciso fingir que se concorda com ele e isso é tudo. Ninguém cogitava realmente em dispensar Poseidon de suas funções. Desde as primeiras eras, seu destino o fizera Deus dos Mares e assim seria até a consumação dos tempos.

O que mais o agastava - razão principal do mau humor com que se dedicava àquele trabalho - era a imagem que o público fazia da sua vida - Poseidon varando os oceanos, armado com seu tridente. Ao passo que lá esta ele, no fundo dos mares, as voltas com uma interminável contabilidade, tendo apenas o tempo necessário para breves visitas a Júpiter, única distração dessa monótona existência. Visita da qual quase sempre retornava colérico. De modo que tinha dos mares apenas uma visão fragmentada durante suas rápidas ascensões ao Olimpo. Na verdade jamais os tinha verdadeiramente conhecido.

Habitou-se a dizer que deixaria isso para o fim do mundo, pois sem dúvida esse acontecimento lhe daria um pequeno momento de repouso. Exatamente um momento antes do fim, após conferir a última conta, talvez pudesse ele se se apressasse, fazer uma pequena viagem de recreio.

Descobriu? Clique aqui para ler sobre ele

Pandemia e cálculo da inflação


Não li nada sobre isto no Brasil, mas vale o registro acontecendo lá fora. Com a pandemia, o cálculo da variação de preços na economia tornou-se problemático.

De acordo com o Bureau of Labor Statistics (BLS), metade dos dados incluídos no índice de preços ao consumidor (IPC) foi "imputada" no ano passado.

Tradicionalmente um quarto do índice é imputado. Isto aumenta a imprecisão do valor divulgado, tanto para mais, quanto para menos. A pandemia tornou difícil a coleta de dados nos domicílios. E surgiram alguns problemas. O valor do aluguel, apesar da existência de um contrato, deixou de ser cobrado em muitos casos. Como levar em conta este fato em um índice de inflação? 

Imagem aqui

Energia de biomassa


O interesse despertado pela questão ambiental traz também a possibilidade de usar as regras para poluir e passar a imagem de "verde". Uma extensa reportagem de Michael Grunwald, para Politico, ilustra um caso bem curioso: a produção de energia de biomassa. 

Quando uma árvore cai na floresta, pode ser moída e transformada para produzir eletricidade. Isto aumenta o aquecimento global? A ciência parece dizer que sim. Mas os legisladores dos Estados Unidos e da Europa entendem que queimar lenha para obter energia não ameaça o clima no mundo. Seria, na realidade, uma solução para o problema. 

A energia de biomassa é considerada, para fins de relatórios públicos, como sendo uma energia renovável, com emissão zero. Assim, muitas entidades preferem usar toneladas de madeira das florestas para gerar mais energia. Neste momento, a energia de biomassa é mais relevante, na Europa, que a eólica e solar, juntas. O valor estimado é de US$50 bilhões. Ou seja, há muito interesse econômico em manter tal situação. 

A ideia de que atear fogo em árvores pode ser neutro em carbono soa ainda mais estranha para especialistas que sabem que a biomassa emite mais carbono do que carvão na chaminé, além do carbono liberado pela extração de madeira, processamento de toras em pelotas do tamanho de vitaminas e transporte para o exterior. E os painéis solares podem produzir 100 vezes mais energia por acre do que a biomassa.

Rir é o melhor remédio

 

Hagar: desistir de ser contador depois do imposto de renda

Proprina da Odebrecht

Resumo:

In 2016, the Brazilian construction firm Odebrecht was fined 2.6 billion USD by the US Department of Justice. It was the largest corruption case ever prosecuted under the US Foreign Corrupt Practices Act. Our examination of judicial documents and media reports on this case provides new insights on the workings of corruption in the infrastructure sector. Odebrecht paid bribes for two reasons: to tailor the terms of the auction in its favor, as well as to obtain favorable terms in contract renegotiations. In projects where Odebrecht paid bribes, costs increased by 70.8 percent on average, compared with 5.6 percent for projects with no bribes. We also find that bribes and profits made from bribing were smaller than documented in most previous studies, in the range of one to two percent of the cost of a project.

Campos, Nicolás, Eduardo Engel, Ronald D. Fischer, and Alexander Galetovic. 2021. "The Ways of Corruption in Infrastructure: Lessons from the Odebrecht Case." Journal of Economic Perspectives, 35 (2): 171-90.

Segundo esse artigo, a Odebrecht  pagou propina por dois motivos: i) adequar os termos do leilão a seu favor; ii)  obter condições favoráveis nas renegociações de contratos. Nos projetos com propina, os custos aumentaram 70% em média, em comparação com 6% nos projetos sem propina.