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31 março 2021

Breve resumo do VI Congresso UnB de Contabilidade e Governança - 2020

Cameron e a Greensill

 


A participação do ex-primeiro-ministro da Cameron nos negócios da Greensill Capital ainda vai gerar muita discussão. Recapitulando, a Greensill era uma instituição que financiava empresas. Recentemente, sua seguradora recusou a renovar apólices de certos ativos da Greensill e o negócio entrou em colapso. Cameron, um político inglês, foi contratado como consultor da Greensill logo após deixar seu emprego de primeiro-ministro e teria usado sua influência para ajudar certos negócios da Greensill. 

Foi revelado que Cameron está sendo investigado pelas atividades de lobista e também por parte de um comitê de ética britânico. Um ex-presidente deste comitê afirmou que as atividades de Cameron escandalosas. E a investigação deve abranger o período em que ele ocupava o cargo político mais relevante do país. Há uma suspeita que Cameron teria participação acionária na Greensill. 

Como um bom político inglês, há grandes chances de Cameron conseguir escapar deste problema.

Cartoon: The Independent

30 março 2021

Acumulação de cargos

Em uma daquelas MP com um bando de assunto distinto, eis que o governo resolveu alterar a Lei 6.404

É vedada, nas companhias abertas, a acumulação do cargo de presidente do conselho de administração e do cargo de diretor-presidente ou de principal executivo da companhia.

Mortes, segundo jornais e segundo as estatísticas

 O gráfico abaixo mostra as notícias dos jornais:


Agora a comparação com a realidade:


Efeito disponibilidade. Os valores são para 2019. 

Ambiente e avaliação de empresas

Um dos desafios da avaliação de empresas é levar em consideração na estimativa de valor o impacto ambiental. Como um tipo de risco qualquer, a questão ambiental pode ser inserida na análise na taxa de desconto ou no fluxo de caixa. 

Na segunda forma, no fluxo de caixa, o avaliador pode reduzir o montante que será gerado pela empresa. Mas esta não é a única forma. Avaliando a empresa pelo equivalente caixa, o analista pode estimar o fluxo de caixa com uma taxa sem risco e sobre o valor multiplicar um equivalente certeza de caixa. Para refletir a questão ambiental, este equivalente - usualmente menor que 1 - deve ser inferior ao que seria calculado em uma situação normal. 

A primeira forma é considerar a análise através da taxa de desconto. A obra de Mario Massari, Gianfranco Gianfrate e Laura Zanetti apresenta um exemplo do beta carbono. Geralmente o custo de oportunidade do capital próprio é estimado através de modelos como o CAPM. O que o analista faz é acrescentar um adicional pela emissão de carbono. 

Vejamos um exemplo construído pelos autores, onde o beta carbono é incorporado ao custo do capital próprio dado pelo CAPM. A taxa de desconto deste modelo seria:

Kec = Rf + Be (Rm - Rf) + Bc (Rc - Rf)

onde Kec = custo do capital próprio considerando o carbono, Rf = taxa sem risco, Rm = retorno do mercado, Bm = beta da empresa, Bc = beta carbono, Rc = retorno do carbono. 

A segunda parte da equação é que seria a "novidade" do cálculo. No exemplo do livro Corporate Valuation, de Massari, Gianfrate e Zanetti, os autores usaram um trabalho de 2013, de Koch e Bassen, onde estimaram os parâmetros. 

Exemplo

Rc = 9% (segundo Koch e Bassen, 2013)

Rf = 1,5% (média de títulos alemães de 10 anos)

Bm = 0,654

Rm - Rf = 5% (retorno de empresas europeias)

Rc - Rf = 9% - 1,5% = 7,5%

Bc = 0,034 (beta de empresas europeias com elevada emissão, oriundo de Koch e Bassen)

Com estes parâmetros, basta substituir na fórmula

Kec = 1,5% + 0,654 x 5% + 0,034 x 7,5% = 5,02%

A estimativa tradicional seria

Kec = 1,5% + 0,654 x 5% = 4,77%

Parece pouco, mas veja que se o fluxo de caixa for de $100 milhões a diferença seria:

100 / 0,052 = 1.923

versus

100 / 0,0477 = 2.096

Um adicional de 173 a menos no valor. Como a estimativa de Koch e Bassen foi realizada com dados passados, seus valores de beta estariam subestimados. 

(Foto: aqui)

29 março 2021

Precisamos de representação fiel na Contabilidade - Exemplo

 Já falamos sobre isto no blog: talvez a representação fiel não seja uma característica qualitativa para a informação contábil. Aqui mais um exemplo:


Na parte de cima, o mapa do metrô, como é apresentado ao usuário. Na parte debaixo, o mapa, na sua versão mais realista - ou melhor, na sua melhor representação fiel. Qual mapa é mais fácil para o usuário atingir seu objetivo? Aquele como representação fiel ou o mapa disproporcional? 

SPAC ou cheque em branco


A febre da Spac nos Estados Unidos parece estar chegando ao Brasil. Veja o que seria:

Essas empresas do cheque em branco são conhecidas como Spac, sigla para Special Purpose Acquisition Company (veículo de propósito específico de aquisição), e estão ganhando fama mundo afora. Esse mercado gira em torno de nomes reconhecidos, já que a credibilidade da gestora é que vai fazer o investidor lhe dar um “cheque em branco”. A vantagem para o investidor é entrar antes numa aposta com alto potencial de valorização, algo muito valioso em um mundo que ainda vive o fenômeno do juro negativo. Por ter um trâmite regulatório menor, o Spac é visto como uma alternativa mais rápida do que os IPOs clássicos para as companhias com intenção de acessar o mercado de capitais.

A denominação da reportagem como "cheque em branco" é apropriada. Nada mais adequado. 

Mas há algumas consequências. Se por um lado a credibilidade da gestora pode contar bastante, o investimento deve ter um maior risco, por suas características. Espera-se também um maior retorno.

Fonte: IPO do ‘cheque em branco’ chega ao País - Fernanda Guimarães, O Estado de S.Paulo - 28 de março de 2021. Foto: aqui