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12 março 2021

Auditoria de algoritmos


Por mais de uma década, jornalistas e pesquisadores têm escrito sobre os perigos de depender de algoritmos para tomar decisões pesadas: quem é preso , quem consegue um emprego, quem consegue um empréstimo - mesmo quem tem prioridade para vacinas COVID-19. 

(...) A grande questão desde então: como resolvemos esse problema? Legisladores e pesquisadores têm defendido auditorias algorítmicas, que dissecariam e testariam algoritmos para ver como eles funcionam e se estão cumprindo seus objetivos declarados ou produzindo resultados tendenciosos. E há um campo crescente de firmas de auditoria privadas que pretendem fazer exatamente isso. Cada vez mais, as empresas estão recorrendo a essas empresas para revisar seus algoritmos, principalmente quando enfrentam críticas por resultados tendenciosos, mas não está claro se essas auditorias estão realmente tornando os algoritmos menos tendenciosos - ou se são simplesmente boas relações públicas. 

É uma discussão importante. Uma das profissionais citadas no texto é Cathy O ' Neil, autora de Algoritmos de Destruição em Massa. (Ela também foi palestrante TED)

Sobre o efeito Dunning-Kruger

 O efeito Dunning-Kruger é uma das pesquisas comportamentais mais citadas. Inicialmente a pesquisa venceu o IgNobel, mas posteriormente foi levada a sério, sendo usada para explicar muitas coisas. Um texto da McGill tenta desfazer um pouco do mito do efeito Dunning-Kruger. Eis um trecho interessante:

O erro mais importante que as pessoas cometem sobre o efeito Dunning-Kruger, de acordo com o Dr. Dunning, tem a ver com quem é vítima dele. “O efeito é sobre nós, não sobre eles”, escreveu-me ele. “A lição do efeito sempre foi sobre como devemos ser humildes e cautelosos conosco.” O efeito Dunning-Kruger não tem a ver com pessoas burras. É principalmente sobre todos nós, quando se trata de coisas nas quais não somos muito competentes.

Em poucas palavras, o efeito Dunning-Kruger foi originalmente definido como um viés em nosso pensamento. Se eu sou péssimo em gramática inglesa e recebo ordens para responder a um questionário testando meu conhecimento da gramática inglesa, esse viés em meu pensamento me levaria, de acordo com a teoria, a acreditar que obteria uma pontuação mais alta do que realmente teria. E se eu for excelente na gramática do inglês, o efeito dita que eu provavelmente subestimaria um pouco o quão bem eu faria. Posso prever que obteria uma pontuação de 70%, enquanto minha pontuação real seria de 90%. Mas se minha pontuação real fosse de 15% (porque sou péssimo em gramática), poderia pensar mais de mim mesmo e prever uma pontuação de 60%. Essa discrepância é o efeito, e acredita-se que seja devido a um problema específico com a capacidade de nosso cérebro de avaliar suas habilidades.


(...) O Dr. Dunning me disse que acredita que o efeito “tem mais a ver com estar mal informado do que desinformado”. Se me perguntam o ponto de ebulição do mercúrio, fica claro que meu cérebro não tem a resposta. Mas se me perguntarem qual é a capital da Escócia, posso pensar que sei o suficiente para dizer Glasgow, mas descobri que é Edimburgo. Isso é desinformação e está pressionando aquele botão de confiança em meu cérebro.

Então, caso encerrado, certo? Pelo contrário. Em 2016 e 2017, dois artigos foram publicados em um periódico de matemática chamado Numeracy . Neles, os autores argumentaram que o efeito Dunning-Kruger era uma miragem. E eu tendo a concordar.

Rir é o melhor remédio

 


11 março 2021

Conclusões de experimentos são válidas


Um dos principais métodos de pesquisa em finanças comportamentais, o experimento, teve sua validade testada e aprovada.  Um artigo do American Economic Review deste ano (vol. 111, n. 2, fevereiro, 2021) Erik Snowberg e Leeat Yariv verificaram se experimentos possuem validade. Para isto, eles testaram o comportamento humano de alunos versus outras populações e a conclusão é que os resultados são confiáveis. 

Os experimentos de laboratório têm algumas vantagens importantes, permitindo aos pesquisadores coletar grandes quantidades de dados em um ambiente totalmente controlado pelos pesquisadores. Mas os críticos argumentaram que as pessoas no final da adolescência e início dos 20 anos provavelmente fazem escolhas diferentes da população em geral. Além disso, há dúvidas sobre se os participantes do laboratório se comportam de maneira diferente no laboratório do que em outros ambientes e se há algum viés de seleção com os alunos que se inscrevem para esses estudos. (...)

O ambiente em que a pesquisa foi administrada também não pareceu importar. Yariv e Snowberg convidaram quase 100 alunos do Caltech para responder à pesquisa novamente, mas desta vez em um laboratório. Novamente, suas respostas foram virtualmente idênticas às fornecidas fora do laboratório.

Concentração de citações


Uma análise de mais de 26 milhões de estudos científicos publicados por mais de 4 milhões de pesquisadores entre 2000 e 2015 descobriu que, em 2015, os 1% dos autores mais citados representavam 21% de todas as citações. 

  Essa desigualdade de citações tornou-se mais extrema com o tempo, e a participação de cientistas nos Estados Unidos nas citações está caindo. 

 (...) Nielsen e Andersen também encontraram uma diminuição na participação de citações dadas a artigos de autoria dos Estados Unidos e um aumento nas citações de artigos de autoria da Europa Ocidental e Australásia. As maiores concentrações de pesquisadores de 'elite de citações' estavam na Holanda, Reino Unido, Suíça e Bélgica.

Um problema da pesquisa é que os autores só levaram em consideração os pesquisadores que tinham mais de cinco publicações na base de dados. Mas esta limitação é compreensível, já que a qualidade dos dados pode piorar. 

CVM revisa regras de ofertas públicas de ações

Saiu no Estadão

 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) iniciou nesta quarta-feira, 10, a audiência pública da aguardada reforma do regime brasileiro de ofertas públicas. O objetivo é reduzir custos, modernizar e dar maior previsibilidade às regras. [...] 

A revisão do arcabouço regulatório das ofertas públicas é esperada desde 2019 e chega em um momento de ebulição do mercado. O ano começou com recorde de captações na Bolsa, com mais de R$ 30 bilhões levantados em ofertas de ações, e uma fila de IPOs aguardando análise na CVM. A tendência é que as mudanças ajudem a desafogar o órgão regulador em momentos de hiperatividade no mercado. [...] 

Com a mudança, o órgão regulador quer criar um regime único, consolidando as Instruções 400 (que regula ofertas com registro prévio e abertas ao público) e 476 (que disciplina as ofertas públicas com esforços restritos, dispensadas de registro e voltadas ao investidor profissional), além de outras normas menores. 

A proposta estabelece um arcabouço de regras que prevê diferentes ritos de registro de ofertas. Em comunicado, a CVM explica que as exigências e informações serão moduladas em função do investidor a que a oferta se destina - público em geral, qualificado ou profissional -, da categoria do emissor, do tipo de ativo ofertado e da regularidade com que o emissor acessa o mercado de capitais. Há regras distintas, por exemplo, para ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) de companhias em fase operacional e pré-operacional. 

A ideia é que o registro passe pelo crivo antecipado do regulador quando houver mais riscos ao mercado e aos investidores. A CVM prevê, por exemplo, a dispensa de análise prévia do registro nas ofertas subsequentes (follow ons) de empresas de categoria A ou B, voltadas a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros) ou profissionais (com investimentos superiores a R$ 10 milhões). No follow on destinado ao investidor comum, o registro deve ser analisado pela CVM ou por uma entidade autorreguladora credenciada. 

Além disso, o órgão regulador do mercado de capitais quer tornar definitivas medidas adotadas em caráter experimental desde 2019: a análise confidencial da oferta, o fim da proibição de concessão de registros nos 16 dias que antecedem a divulgação de informações financeiras e a dispensa da exigência de aprovação prévia de material publicitário da operação pela autarquia. 

Em sintonia com o aumento do número de investidores pessoas físicas na Bolsa, a autarquia tenta simplificar e dar maior precisão às informações divulgadas nos prospectos de ofertas, em geral calhamaços com letras miúdas. A capa do prospecto deverá ter, no máximo, uma página, reunindo “de forma legível, direta e objetiva” informações expressamente solicitadas. A seção 2 terá de apresentar as características da operação em até 15 páginas. 

Além do prospecto, a CVM passa a exigir a divulgação da lâmina da oferta. O novo documento vai sintetizar as informações e riscos essenciais da oferta e do emissor. Ela terá de ser redigida de forma que permita a sua leitura em dispositivos eletrônicos móveis, programas e aplicativos. A lâmina não será obrigatória nas ofertas em que a elaboração do prospecto for dispensada. 

Alvo de críticas, a regra conhecida como ‘período de silêncio’ é mantida, mas com adequações. Pela redação atual, emissora, ofertante e instituições intermediárias devem “abster-se de se manifestar na mídia sobre a oferta ou o ofertante até a divulgação do anúncio de encerramento de distribuição”. A restrição imposta no período de silêncio (ou ‘quiet period’) começa 60 dias antes do protocolo do registro na CVM ou desde a data em que a oferta foi decidida ou projetada. A minuta da reforma fala em reduzir esse prazo para 30 dias. 

Embora parte do mercado defenda o fim do ‘quiet period’, a CVM considera o período de silêncio importante para preservar as informações oficiais da oferta (prestadas no prospecto) e evitar que declarações inadequadas induzam o investidor a erro. A autarquia entendeu, entretanto, que o prazo de silêncio pode ser reduzido. [...] 

A CVM vai receber sugestões e comentários do mercado sobre a proposta até o dia 8 de julho. Assim, a edição da norma definitiva ficará pelo menos para o segundo semestre de 2021.

Rir é o melhor remédio


 Pedido de desculpa