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05 março 2021

Conselhos para uma boa aula online


A aula online é um desafio. Estamos aprendendo como melhorar nosso conteúdo. A seguir, 5 dicas para uma melhor aula 

De todas as coisas necessárias para o sucesso acadêmico, uma das mais essenciais é que os alunos tenham um bom relacionamento com seus instrutores.

Isso é particularmente verdadeiro na sala de aula digital, onde a pesquisa mostrou que os alunos que têm um bom relacionamento com seus professores são mais propensos a continuar com a aula e obter boas notas .

Como um instrutor de faculdade comunitária que estudou as perspectivas dos professores sobre o que é necessário para estabelecer um bom relacionamento com os alunos, observei cinco ações que acredito que todos os educadores deveriam realizar para construir melhores relacionamentos em suas aulas online.

1. Trabalhe em tempo real

Quando alunos e professores trabalham juntos em tempo real por meio de videoconferência é mais fácil manter o engajamento. Os professores podem observar os alunos sonolentos ou distraídos e ver se os alunos parecem confusos ou entusiasmados.

Usar transmissões ao vivo e zoom não deixa de ter seus problemas. Alguns alunos e professores podem não se sentir confortáveis ​​quando outras pessoas olham o ambiente de sua casa. Pode ser necessário dar a essas pessoas uma passagem ocasional quando as coisas estão especialmente barulhentas ou bagunçadas em casa.

Outros podem não ter uma banda larga ou o hardware necessários para se conectar em tempo real. No entanto, escolas e provedores de internet estão trabalhando para preencher as lacunas entre quem tem e quem não tem. Nesse ínterim, os professores podem postar gravações em vídeo das aulas para todos os alunos que faltarem às aulas devido a problemas de conexão com a internet.

2. Promova a colaboração

Os alunos se beneficiam não apenas quando constroem relacionamento com os professores - eles também se beneficiam quando constroem harmonia uns com os outros .

Quando os alunos recebem regularmente a oportunidade de resolver problemas e desenvolver a compreensão como parte de uma equipe, a sala de aula se torna um lugar mais respeitoso e produtivo. Também pode promover um ambiente mais acolhedor, e isso pode ser especialmente significativo para alunos introvertidos. Indivíduos tímidos podem achar uma sala de aula intimidante, e ter uma câmera na cara de alguém pouco ajuda a reduzir a autoconsciência. Quando nomes são conectados a rostos e rostos são conectados a alunos reais, imperfeitos e esforçados, um sentimento de comunidade é construído . Os alunos também têm a oportunidade de ver seu professor ajudando outros, o que pode ajudar os educadores a mostrarem seu desejo sincero de ajudar e responder a perguntas.

3. Compartilhe algo pessoal

Quando as pessoas falam sobre si mesmas, elas se tornam mais acessíveis. Compartilhar histórias pessoais ajuda os outros a compreender melhor uma pessoa. A pesquisa mostra que quando a incerteza sobre uma pessoa é reduzida, as pessoas ficam mais confortáveis com a pessoa e talvez até gostem dela.

O professor de comunicação Joseph Walther descobriu que relacionamentos significativos podem se desenvolver online se todos os envolvidos estiverem dispostos a revelar algo sobre si mesmos .

Isso não significa que uma aula inteira deva ser ocupada com reflexões autoindulgentes. Pequenas injeções de humanidade serão suficientes. Talvez o instrutor dê uma atualização ocasional sobre algo de sua vida pessoal, seja o progresso em seu fermento inicial ou sua incursão na apicultura. Dar uma olhada na vida familiar dos professores também pode ser apreciado, seja por meio de uma apresentação a uma criança ou de um rápido vislumbre do gato da família.

Compartilhar não deve ser uma rua de mão única. Os alunos também devem ter uma saída para a auto expressão. Isso pode significar escrever uma pequena biografia e compartilhá-la em um fórum de discussão da classe ou talvez fazer um vídeo TikTok relacionado aos conceitos do curso.

4. Lembre-se dos pequenos detalhes

Ao conhecer cada aluno e verificar regularmente, um professor pode identificar desafios e problemas com antecedência, abordando-os antes que fiquem fora de controle.

Além disso, quando os professores mostram interesse sincero em seus alunos como indivíduos, esses alunos se sentem mais seguros e com mais apoio . Mesmo pequenos gestos podem significar muito: anexar uma nota de congratulação a uma nota de boa tarefa; compartilhar um vídeo engraçado com alguém que está tendo um dia difícil; perguntando a um aluno sobre seu time favorito; ou postar um artigo interessante relacionado ao hobby de um aluno.

Para alguns estudantes universitários, apenas ter um professor que sabe seus nomes pode ser significativo. Quando os alunos sentem que o instrutor realmente se preocupa com eles e com seu sucesso, é mais provável que esses alunos se envolvam com o material do curso e com o professor.

Isso é especialmente importante quando os alunos estão experimentando níveis elevados de ansiedade durante a pandemia de COVID-19 .

5. Mantenha as aulas organizadas

Seja online ou presencial, os alunos precisam de estrutura para ter sucesso. Pelo que observei, quando os alunos têm instruções e horários simples e claros, sua incerteza é reduzida e, assim, a ansiedade excessiva pode ser evitada. Quando os alunos não estão sobrecarregados, eles são mais propensos a se conectar com outras pessoas, processar informações e sintetizá-las com sucesso.

Em última análise, a educação online tem muito em comum com a educação face a face . Nenhum dos dois está isento de desafios e alegrias, e ambos se beneficiam de um relacionamento forte entre aluno e professor.

Crime sem Castigo no Insider da Petrobras


Sobre o Insider da Petrobras. O presidente da república decidiu mudar a gestão da empresa e isto provocou uma queda nos preços. 

Duas ordens de compra foram realizadas naquele dia: uma de 2,6 milhões de opções, às 17h35, e outra às 17h44, de 1,4 milhão de papéis, ambas com preço de R$ 0,04. A movimentação revelada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão/Broadcast a partir de dados da B3, a Bolsa de São Paulo, indica que um investidor pode ter lucrado R$ 18 milhões com as opções, negociadas em volume que só faria sentido se ele realmente acreditasse que as ações iriam cair ao menos 8% no pregão seguinte.  

A hipótese mais provável, caso a infração se comprove, é de que a informação tenha vazado para um agente de mercado. A situação configura o chamado "insider" secundário, praticado por alguém sem ligação direta com a companhia e, por isso, de mais difícil comprovação. A Lei 13706/2017 criminalizou esse "insider" indireto, que pode envolver parentes de executivos, investidores, fundos e ex-administradores da empresa. Antes, apenas os "insiders" primários - que têm acesso à informação relevante na fonte e dever de sigilo, como diretores, conselheiros e controladores - podiam ser condenados pela Justiça.

O histórico de punição no Brasil não é muito bom:

De 2008 a 2018, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu 54 processos sancionadores contra 158 acusados de "insider trading" (o termo usado no mercado para informação privilegiada), resultando em 66 condenações administrativas, segundo levantamento da FGV Direito-SP. Na esfera criminal, houve apenas uma sentença condenatória definitiva no País. 

Criminalizada em 2001, a conduta prevê pena de reclusão de 1 a 5 anos e multa de até três vezes o montante da vantagem obtida com o crime. Vinte anos depois, o Brasil teve apenas uma condenação definitiva - no caso da oferta da Sadia pela Perdigão - e nenhuma prisão. Em 2019, Eike Batista foi condenado a 8 anos e 7 meses de prisão, e a pagar multa de R$ 82,8 milhões, por insider com papéis da OSX, mas em primeira instância. Em 2017, os irmãos Joesley e Wesley Batista chegaram a ter prisão preventiva decretada pelo crime.  

Na esfera administrativa, a multa recorde aplicada pela CVM em um caso de insider foi de R$ 536,5 milhões, imposta a Eike Batista por negociar ações da OGX com base em informação privilegiada. A cifra corresponde a duas vezes e meia o valor das perdas evitadas pelo empresário com a operação. A segunda maior foi a pena de R$ 26,4 milhões ao banco suíço Credit Suisse, em 2010. 

Se a CVM não consegue punir os dirigentes da Petrobras pelo que aconteceu na empresa, imagine este tipo de operação. (Ontem postamos um pouco sobre o caso da Petrobras. No relatório disponível para o público fica a impressão de que a área técnica fez um esforço no sentido de punir os dirigentes, mas os diretores optaram pela absolvição.)

Foto: aqui

Rir é o melhor remédio


 Antes e Depois da Faculdade

04 março 2021

Caso de Impairment da Petrobras


Li a enorme peça produzida pela CVM sobre o caso da Petrobras para as demonstrações contábeis de 2010 a 2014 (SEI 19957.005789/2017-71). O material pode ser dividido em quatro partes. A primeira é o relatório produzido pela área técnica da CVM, onde são considerados pontos relacionados com a UGC Refino, a Comperj e a Refinaria Abreu e Lima, a RNEST. A segunda parte é a defesa dos acusados, com diversos argumentos, inclusive contábil. A terceira parte é o segundo relatório da área técnica, onde alguns pontos da acusação existente na primeira parte foram deixados de lado. A quarta parte é o relato dos diretores da autarquia, basicamente absorvendo os acusados. 

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que considero que o teste de impairment é uma regra subjetiva e como tal trata muito mais de uma opinião da empresa. Assim, julgar se ocorreu erro ou não somente em algum caso de um erro de cálculo grosseiro. 

No caso, a área técnica da CVM tenta argumentar contra dois pontos básicos que ocorreram na empresa: a própria Petrobras sabia que a Comperj e a RNEST não eram viáveis, segundo relatórios internos; e a empresa usou uma taxa de desconto inadequada para calcular os fluxos presentes, menor que a taxa usada no parque já instalado. Sobre o primeiro ponto, é possível imaginar que estes relatórios seriam provisórios e não devem confundir com o teste. Para o segundo, reproduzo parte do trecho do relator:

Os argumentos apresentados pela Companhia e trazidos pelas defesas me convenceram que os parâmetros utilizados nos cálculos das taxas de desconto não guardam relação obrigatória com o fato de a RNEST estar em estágio pré-operacional e as outras refinarias operando, sendo possível, portanto, que resultem em uma taxa menor para o ativo em construção, como de fato resultaram no presente caso.

O fato da taxa de desconto de um projeto novo ser menor que projetos existentes é algo estranho. Projetos já consolidados possuem um risco menor que um novo projeto. Pode ocorrer? Sim, mas não é usual. A empresa alega que a estrutura de capital do novo projeto era diferente. Mas realmente não convence. 

O relator indica que o uso da UGC para o teste de impairment pode ser "interessante" (este termo é meu):

Esse tratamento contábil, pelo qual a avaliação periódica dos valores recuperáveis é feita para a UGC, e não para cada ativo, pode fazer com que eles compensem entre si suas respectivas performances e que eventuais perdas individuais sejam absorvidas por ganhos em outras unidades. Com isso, o conjunto, ao fim do exercício, pode não ter qualquer desvalorização reconhecida em balanço, ainda que algum de seus componentes, caso fosse testado isoladamente, pudesse ter perdas reconhecidas.

Neste ponto, o relator não concorda com a empresa, que incluiu a RNEST dentro da UGC de Refino, sem que a refinaria fosse efetivamente da Petrobras (era uma parceria com a venezuelana PDVSA). Mas sua posição foi vencida pelos dois outros diretores. Ou seja, nada de punição. 

Trata-se de um caso interessante. 

Quando o Charlatão prevalece


Sobre Charlatões, no Stumbling and Mumbling uma constatação: as pessoas preferem ouvir charlatães, conforme diversos experimentos. Quais as razões? 

Uma possibilidade é o viés da confirmação. Você segue o conselho do charlatão quando o que ele diz é próximo ao que você acredita. Uma pesquisa perguntou às pessoas quais artigos sobre pandemia elas queriam ler, a partir dos títulos. Os pessimistas escolhem os artigos pessimistas e as pessoas otimistas escolhem os artigos otimistas. E após a leitura, a crença prévia saiu fortalecida. Isto já tinha sido estudado antes e a conclusão foi a mesma. Existem outras explicações, como o fato de que buscamos especialistas afinados com nossa postura, o efeito rebanho, o viés de seleção, entre outros. 

Uma implicação de tudo isso é que uma emissora de serviço público, como a BBC pretende ser, não consegue ser, imparcial. Se você oferecer às pessoas dois lados de uma história ou duas cabeças falantes, muitos escolherão o charlatão ou a história falsa, em vez da verdadeira. E obteremos uma polarização maior - o que pode resultar em uma boa TV, mas não necessariamente em uma boa política ou uma boa sociedade.

Um aspecto que julgo relevante na discussão: talvez "charlatão" não seja algo binário, do tipo "ou é charlatão ou não é charlatão", mas uma escala, onde parte do que é dito pode ser verdadeiro, mas uma parte não.

Mês de nascimento e Latitude

 Eis uma relação bem curiosa:


O mês que ocorre mais nascimentos tem uma relação com a latitude. No gráfico não tem o Brasil. Os dados de 2018 do nosso país mostra o seguinte:


Março, abril e maio, ao contrário do que eu esperava. (Imaginava setembro, outubro e novembro, cerca de nove meses depois do Natal e Carnaval)

Rir é o melhor remédio


 Antes e depois da Selfie