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04 março 2021

Caso de Impairment da Petrobras


Li a enorme peça produzida pela CVM sobre o caso da Petrobras para as demonstrações contábeis de 2010 a 2014 (SEI 19957.005789/2017-71). O material pode ser dividido em quatro partes. A primeira é o relatório produzido pela área técnica da CVM, onde são considerados pontos relacionados com a UGC Refino, a Comperj e a Refinaria Abreu e Lima, a RNEST. A segunda parte é a defesa dos acusados, com diversos argumentos, inclusive contábil. A terceira parte é o segundo relatório da área técnica, onde alguns pontos da acusação existente na primeira parte foram deixados de lado. A quarta parte é o relato dos diretores da autarquia, basicamente absorvendo os acusados. 

Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que considero que o teste de impairment é uma regra subjetiva e como tal trata muito mais de uma opinião da empresa. Assim, julgar se ocorreu erro ou não somente em algum caso de um erro de cálculo grosseiro. 

No caso, a área técnica da CVM tenta argumentar contra dois pontos básicos que ocorreram na empresa: a própria Petrobras sabia que a Comperj e a RNEST não eram viáveis, segundo relatórios internos; e a empresa usou uma taxa de desconto inadequada para calcular os fluxos presentes, menor que a taxa usada no parque já instalado. Sobre o primeiro ponto, é possível imaginar que estes relatórios seriam provisórios e não devem confundir com o teste. Para o segundo, reproduzo parte do trecho do relator:

Os argumentos apresentados pela Companhia e trazidos pelas defesas me convenceram que os parâmetros utilizados nos cálculos das taxas de desconto não guardam relação obrigatória com o fato de a RNEST estar em estágio pré-operacional e as outras refinarias operando, sendo possível, portanto, que resultem em uma taxa menor para o ativo em construção, como de fato resultaram no presente caso.

O fato da taxa de desconto de um projeto novo ser menor que projetos existentes é algo estranho. Projetos já consolidados possuem um risco menor que um novo projeto. Pode ocorrer? Sim, mas não é usual. A empresa alega que a estrutura de capital do novo projeto era diferente. Mas realmente não convence. 

O relator indica que o uso da UGC para o teste de impairment pode ser "interessante" (este termo é meu):

Esse tratamento contábil, pelo qual a avaliação periódica dos valores recuperáveis é feita para a UGC, e não para cada ativo, pode fazer com que eles compensem entre si suas respectivas performances e que eventuais perdas individuais sejam absorvidas por ganhos em outras unidades. Com isso, o conjunto, ao fim do exercício, pode não ter qualquer desvalorização reconhecida em balanço, ainda que algum de seus componentes, caso fosse testado isoladamente, pudesse ter perdas reconhecidas.

Neste ponto, o relator não concorda com a empresa, que incluiu a RNEST dentro da UGC de Refino, sem que a refinaria fosse efetivamente da Petrobras (era uma parceria com a venezuelana PDVSA). Mas sua posição foi vencida pelos dois outros diretores. Ou seja, nada de punição. 

Trata-se de um caso interessante. 

Quando o Charlatão prevalece


Sobre Charlatões, no Stumbling and Mumbling uma constatação: as pessoas preferem ouvir charlatães, conforme diversos experimentos. Quais as razões? 

Uma possibilidade é o viés da confirmação. Você segue o conselho do charlatão quando o que ele diz é próximo ao que você acredita. Uma pesquisa perguntou às pessoas quais artigos sobre pandemia elas queriam ler, a partir dos títulos. Os pessimistas escolhem os artigos pessimistas e as pessoas otimistas escolhem os artigos otimistas. E após a leitura, a crença prévia saiu fortalecida. Isto já tinha sido estudado antes e a conclusão foi a mesma. Existem outras explicações, como o fato de que buscamos especialistas afinados com nossa postura, o efeito rebanho, o viés de seleção, entre outros. 

Uma implicação de tudo isso é que uma emissora de serviço público, como a BBC pretende ser, não consegue ser, imparcial. Se você oferecer às pessoas dois lados de uma história ou duas cabeças falantes, muitos escolherão o charlatão ou a história falsa, em vez da verdadeira. E obteremos uma polarização maior - o que pode resultar em uma boa TV, mas não necessariamente em uma boa política ou uma boa sociedade.

Um aspecto que julgo relevante na discussão: talvez "charlatão" não seja algo binário, do tipo "ou é charlatão ou não é charlatão", mas uma escala, onde parte do que é dito pode ser verdadeiro, mas uma parte não.

Mês de nascimento e Latitude

 Eis uma relação bem curiosa:


O mês que ocorre mais nascimentos tem uma relação com a latitude. No gráfico não tem o Brasil. Os dados de 2018 do nosso país mostra o seguinte:


Março, abril e maio, ao contrário do que eu esperava. (Imaginava setembro, outubro e novembro, cerca de nove meses depois do Natal e Carnaval)

Rir é o melhor remédio


 Antes e depois da Selfie

03 março 2021

Significado da Covid em vidas

 

Este gráfico mostra o número de mortes na Espanha, desde 2000 até 2020. Há algumas questões metodológicas, mas é nítido o efeito da Covid sobre o resultado. 

Novo logo com lembranças antigas

A Amazon reformulou o seu logo. Entretanto, algumas pessoas começaram a achar que o novo logotipo do app de compra guardava uma lembrança nada agradável. Veja a seguir:
O Logo proposto está do lado esquerdo. No centro, a figura que o logo lembra. E no lado direiito, o novo logo reformulado. 

A proposta de logo, lançada em janeiro, trazia uma "tira de fita azul" com o sorriso da Amazon. Mas para alguns, parecia o bigode de Adolf Hitler. Uma sutil mudança, com a fita azul dobrada, tenta afastara a comparação. 

Onde a Cerveja é cara

 

O Mapa mostra o preço da cerveja em cada país. Em comparação com os vizinhos, o preço em Brasília (local da pesquisa no Brasil) não é cara: $2,52. Mas é mais que na Argentina (1,79). A origem dos dados está aqui. Se o seu sonho é ir assistir a Copa do Mundo no Catar, o preço de um recipiente de 330 mil é de 11 dólares.