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01 março 2021

História da Contabilidade: um resumo da Alvares Penteado quando fez 50 anos


Ainda no O Observatório, desta vez na edição 197, de 1952. Um pequeno trecho trata da Alvares Penteado:

Em dois de julho corrente a Escola de Comércio "Alvares Penteado" comemorou o cinquentenário de sua fundação. Desde o início de sua atividade tem-se ela constituído num centro de ensino de que se orgulha a civilização paulista. A Escola de Comércio "Alvares Penteado", pioneira de estudos comerciais no Brasil, começou com a denominação de Escola Prática de Comércio, instalando-se modestamente a dois de julho de 1902, no prédio no. 36 da Rua Libero Badaró, esquina da Rua Direita, cedida gentilmente pelo Conde de Prates. Organizado o corpo docente, selecionado em nossas escolas superiores e nos centros econômico-financeiros, a 15 de julho tiveram início as aulas, regularmente matriculados, quantidade considerada elevada para o acanhado ambiente em que se instalara. O decreto federal no. 1.339, de 9 de janeiro de 1905, reconheceu de caráter oficial os diplomas expedidos pela Escola Prática de Comércio e providenciou sobre a organização dos curso, dividindo-os em dois: um geral, de comércio, e outro superior, de ciências comerciais, com várias vantagens para os diplomados. Em 5 de janeiro de 1907 a diretoria e a congregação da Escola de Comércio de São Paulo, reunidas em sessão extraordinária sob a presidência do diretor-presidente, senador Lacerda Franco, por unanimidade de votos resolveram ligar perpetuamente o nome do Conde Alvares Penteado à Escola. Daí a atual denominação de Escola de Comércio "Alvares Penteado"

Presentemente [1952] a Fundação mantém os seguintes cursos: comercial básico, técnico de contabilidade e técnico de secretariado. Desde de 1932 funciona também, mantido pela Fundação, a Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo que possui os seguintes cursos de grau superior: ciências econômicas, ciências contábeis e ciências atuariais. Nada menos de 53.188 alunos já passaram pelos vários cursos da Fundação e muitos deles ocupam postos de destaque na administração pública e particular. Até 1951, diplomaram-se 9.343 alunos, assim distribuídos: auxiliar de escritório, 759; guarda-livros, 783; secretários, 275; contadores e peritos contábeis, 3.597; técnico em contabilidade, 1.978, e bacharéis em ciências econômicas, 973. 

Confesso surpreso com o número de formados com o título de contador. Espera mais os concluintes com a função de guarda-livros. 

Foto: aqui

Balanço de 1944 de uma Construtora

 Ainda no O Observatório, ed. 111 de 1945, o balanço de uma construtora, a Dourado. O balanço foi assinado por um guarda-livros, que colocou seu número de registro:


Na estrutura do ativo, que também iniciava com as contas menos líquidas, obras contratadas e obras em construção:

Este era o principal ativo da empresa. Isto tinha reflexo no passivo, cuja principal conta eram oriundas das obrigações com estas obras:
Em lugar da DRE, a conta de Lucros e Perdas:

Veja que interessante: do lado do débito, as despesas; e do crédito, as receitas e o saldo do exercício anterior. 

Balanço de 1937 da Cia Antarctica

 

Eis o balanço da Companhia Antarctica Paulista, referente ao dia 31 de dezembro de 1937, publicado no O Observador Economico, ed. 027, de 1938. A empresa foi uma fabricante de cerveja conhecida, até ser adquirida pela Brahma para dar origem a Ambev. Há alguns pontos interessantes neste balanço:

(1) a ordem do ativo e do passivo (não tinha a terminologia "passivo e patrimônio líquido) é inversa. No caso do ativo, inicia-se com os valores imobiliários e a conta caixa está no final. No caso do passivo, inicia-se com Capital e Fundo de Reserva, do grupo Capital e Reservas, e finaliza com Porcentagem da Directoria. Em ambos os lados, as "contas compensadas"

(2) no ativo, o principal grupo são os imobiliários, com destaque para a instalação em São Paulo, no bairro da Mooca. Mais de 10% do ativo. O valor das instalações e máquinas neste imóvel também é elevado. Há a contabilização de "animais". Lembremos que estamos em 1937 e os animais eram usados 

(3) O valor de mercadorias é expressivo e há valores em caixa e selos dos impostos. Existe o grupo de Devedores em Conta Corrente e Títulos, que corresponderia aos Clientes dos dias atuais. Há um grupo chamado de "Valores Aleatórios", com subgrupo de Depósitos para Recursos Fiscais. O valor não é expressivo. 

(4) Do lado do passivo, metade do patrimônio líquido é capital. Boa parte do passivo é oriundo das operações, existindo um financiamento via Debêntures. 

(5) Junto, o Certificado dos Auditores - esta palavra "certificado" dá muita credibilidade, não? Moore Cross, Chartered Accountant, assinam que o balanço "demonstra a verdadeira situação financeira da Companhia naquela data". 

Não é divulgado uma demonstração de resultado ou algo próximo. Mas o relatório da diretoria é bastante amplo. A primeira página encontra-se a seguir:

O primeiro item do Relatório é "impostos". A empresa reclama da carga tributária e afirma que pagou mais imposto que o próprio capital da Companhia. Mais ainda, os impostos pagos em cinco anos foi mais de 10 vezes o volume de dividendos distribuídos. (Parece uma versão antiga da DVA). A página seguinte do relatório trata de outros assuntos:
Os títulos desta página são: Cultivo de Cevada e Lúpulo, Leis Sociais, Empréstimos por debêntures, Negócios em Geral e Distribuição dos Lucros. Com respeito a isto há um texto indicando um lucro bruto, que deduzida "despesas e encargos", inclusive "depreciação, ficou a sobra de (...)". Por sinal, o lucro líquido é bastante adequado: 7/61. [Achei bem interessante a presença da depreciação]

Na página seguinte, na continuação, a empresa apresenta a distribuição deste lucro, entre dividendos, provisão para liquidações. E o item chamado "O Malogro de Tentativas Manhosas", onde a diretoria descreve uma tentativa de um inventariante de ocupar um cargo na direção da empresa. 

Rir é o melhor remédio

 

Quando podemos aceitar o UEPS

28 fevereiro 2021

Reconhecimento de um erro


Ao apresentar o resultado da Berkshire, Warren Buffett fez um comentário sobre um investimento realizado em 2016, quando a empresa comprou ações da Precision Castparts. 

O componente final em nosso número GAAP - aquela péssima redução de US $ 11 bilhões - é quase inteiramente a quantificação de um erro que cometi em 2016. Naquele ano, a Berkshire comprou a Precision Castparts (“PCC”) e paguei muito pela empresa. 

Ninguém me enganou de forma alguma - eu estava otimista demais sobre o potencial de lucro normalizado da PCC. No ano passado, meu erro de cálculo foi desmascarado por desenvolvimentos adversos em toda a indústria aeroespacial, a mais importante fonte de clientes da PCC. 

(...) Eu errei, porém, ao julgar o valor médio dos ganhos futuros e, conseqüentemente, ao calcular o preço adequado a pagar pelo negócio.

Relatório completo pode ser obtido aqui

Aeroporto do México teve erros na sua auditoria


O aeroporto de Texcoco era a principal obra do governo mexicano (aqui, uma postagem anterior). Destinava a substituir o aeroporto da cidade do México, a obra era polêmica pelo custo e o impacto ecológico. Quando candidato, o atual presidente prometeu lutar contra a continuidade da obra. 

Uma notícia recente de ordem contábil. O chefe da Auditoria Superior de la Federation, um órgão de fiscalização similar ao nosso Tribunal de Contas, reconheceu que um relatório preparado pela entidade tinha "erros técnicos". 

Esta semana la ASF reconoció que hubo errores en el informe sobre la cancelación del aeropuerto de Texcoco. Según la Auditoría esto costaría al menos 331 mil 966 millones, el triple de lo dicho por el gobierno de Andrés Manuel López Obrador, que anunció un costo de 100 mil millones de pesos.

Rir é o melhor remédio

 

Síndrome do impostor