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21 fevereiro 2021

Carro Elétrico e Bitcoin

O carro elétrico tem sido vendido como uma solução ambiental ao consumo excessivo de petróleo. Já mostramos que isto talvez não seja verdade. A decisão da Tesla de fazer um investimento em Bitcoin tem um aspecto contraditório.

A Tesla tem uma grande reputação no mercado exatamente por ter um aspecto positivo em termos ambientais. Investir em Bitcoin é contrário a esta imagem, já que a mineração da moeda consome uma quantidade enorme de energia. Uma estimativa afirma que a mineração gasta a mesma quantidade consumida na Argentina. E isto só é possível mudar se o preço da moeda cair substancialmente no futuro. A reação de alguns investidores:

“Elon Musk jogou fora muito do bom trabalho da Tesla promovendo a transição energética”

Imagem aqui

Carro Elétrico e Bitcoin - 2

Ainda sobre a questão do investimento da Tesla em Bitcoin, um aspecto contábil foi destacado por Bryant da Bloomberg 

A decisão de Elon Musk [foto] de investir US $ 1,5 bilhão do caixa da Tesla Inc. em bitcoin é a dinamite financeira que une duas bolhas especulativas. Há muitos que sugerem que a mudança é desaconselhável. Embora pequeno no contexto do valor de mercado de $ 830 bilhões da Tesla, esta ainda é uma parte material das reservas de caixa de $ 19,4 bilhões da Tesla para apostar em um ativo tão volátil [1]. 

A Tesla não seria a primeira montadora a operar quase como um fundo de hedge. Por um tempo, a Porsche fez toneladas de derivativos de negociação de dinheiro, quase falindo no processo. Possuir criptomoedas não combina com o ethos verde de Musk: alguns Bitcoins são extraídos com energia renovável, mas a indústria ainda deixa uma pegada de carbono considerável [2]. 

A compra de Musk aumentou o preço do Bitcoin em quase 20%, então em certo sentido ele já ganhou [3]. Infelizmente, sua aposta não vai melhorar os ganhos informados de Tesla nem aumentar o valor de suas reservas de caixa. Isso porque as criptomoedas - apesar do nome - não são classificadas como dinheiro ou equivalentes para fins contábeis.

Nem são considerados um investimento financeiro de acordo com as regras contábeis atuais. Em vez disso, são considerados um ativo intangível cujo valor é relatado a custo nas contas corporativas e deve ser baixado se o preço cair. O valor não pode ser aumentado até que sejam vendidos [4]. Esta é uma desvantagem significativa e pode desencorajar outros tesoureiros corporativos de seguir o exemplo de Musk.

Também não é totalmente justo, independentemente do que você pense sobre Musk jogar com o dinheiro de Tesla. Os padrões de contabilidade não deveriam ser atualizados para a era da criptografia? [5]

Em linguagem simples, se o preço do Bitcoin caísse de repente, digamos, um terço em comparação como custo do Tesla em adquiri-lo - bastante plausível no contexto da volatilidade histórica do Bitcoin - então os ganhos GAAP da montadora estariam abaixo de US $ 500 milhões durante aquele trimestre [6].

(...) A Tesla não registrará nenhum ganho correspondente se o preço [do Bitcoin] subir novamente. A volatilidade dos ganhos da Tesla pode aumentar ainda mais se os clientes começarem a pagar por seus carros em Bitcoin, como Musk permitirá em breve, e a empresa decidir não convertê-los imediatamente em dólares americanos.

(...) O tratamento contábil é estranho [7] porque, se você pode comprar um Tesla com Bitcoin, ele está claramente servindo como um meio de troca [8], embora seja um meio volátil que não seja apoiado pelo Estado. As moedas estrangeiras também podem ser voláteis - pergunte à Argentina. Há também um preço de mercado claramente observável para o Bitcoin conforme ele é negociado nas bolsas. Em vista dos esforços experimentais das companhias aéreas para aceitar criptomoedas como pagamento, o órgão da indústria IATA argumentou que esses tokens deveriam ser “tratados como dinheiro se funcionarem como dinheiro”.

Os analistas sem dúvida ajustarão os relatórios financeiros da Tesla para refletir o valor atual de suas participações em Bitcoin, mas é uma abordagem deselegante e menos transparente [9].

Infelizmente, os criadores de padrões não parecem ter pressa em abraçar a revolução da criptografia. O Conselho de Normas de Contabilidade Financeira, cujo trabalho é supervisionar os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP), votou unanimemente por não adicionar criptomoedas à sua agenda técnica em outubro.

Meus comentários

[1] Musk é um típico gestor propenso ao risco. Então sua decisão é um reflexo deste perfil e não deveria ser estranho para quem aposta na Tesla. Ademais, há muita controvérsia se o preço de mercado das suas ações reflete o valor presente dos fluxos de caixa futuros. Muitos acreditam que não. 

[2] Acredito que muitos investidores ainda não conseguiram associar o Bitcoin com consumo de energia. Isto é muito parecido com o cliente de um streaming, que não percebe sua ligação com a questão ambiental. 

[3] No sentido de sua aposta, sim. Mas seu ganho ainda não foi realizado. 

[4] Tipicamente conservador. Mas veja que nada impede do empresário vender suas moedas e realizar lucros. Mas enquanto estiver na empresa, não é admitido a mudança conforme variar o preço do mercado. Outro aspecto: como a Tesla é um negociante que terá peso no mercado (seja pelo valor das suas transações ou pelo simbolismo que representa), um anúncio de venda poderá fazer o preço cair. 

[5] É uma questão interessante, mas precisamos separar o uso de números para fazer avaliação do uso da contabilidade para registrar os eventos de uma empresa. 

[6] Continuando o raciocínio, se os preços aumentarem, o número registrado continua o mesmo. 

[7] Talvez seja estranho para quem não entende as normas. Ou não entende a finalidade da contabilidade. 

[8] Isto é controverso. Não creio que atualmente o Bitcoin seja realmente um meio de troca. Poderá ser [no futuro]. Veja que a simples existência de controvérsia - se o Bitcoin é meio de troca - já um sinal de que não é estranho o tratamento contábil. 

[9] Mas isto não é exclusividade do Bitcoin. Durante anos, uma parte do arrendamento não era incluído no balanço e os analistas deveriam ajustar os números. 

Rir é o melhor remédio


 Crítica ao serviço de alimentação do laboratório

20 fevereiro 2021

Luckin e a falência


A empresa chinesa Luckin Coffee pediu falência depois de um escândalo contábil. 

Vamos relembrar o caso. A Luckin nasceu na China com uma concorrente para a Starbucks. Sua expansão foi muito rápida, lançando novos produtos e aumentando o número de lojas, geralmente perto dos escritórios. Em um determinado momento, a Luckin foi ao mercado dos Estados Unidos e fez uma captação de recursos. 

Entretanto, os números contábeis de receita e despesas não estavam corretos. E isto despertou uma investigação, que levou a demissão de executivos da empresa. Agora a empresa entrou com um pedido de concordata em Nova York. Isto protege a empresa contra ações judiciais nos Estados Unidos. As lojas da empresa na China continuam funcionando. 

A empresa já foi multada pela SEC, em 180 milhões de dólares. Mesmo assim, a empresa não admitiu ou negou as denúncias. O problema da Luckin trouxe a discussão sobre a qualidade das auditorias das empresas chinesas. E a ameaça de expulsão de empresas chinesas do mercado de capitais dos Estados Unidos. 

Foto: aqui

Lavagem verde


Eis um termo interessante: lavagem verde. Eis o contexto

A mudança em direção a um [único] definidor de padrões de sustentabilidade globalmente reconhecido surge em meio à crescente demanda por relatórios ambientais, sociais e de governança de reguladores financeiros em todo o mundo, à medida que mais investidores favorecem os fundos ESG. No entanto, diferentes organizações de definição de padrões emitiram conjuntos de padrões, às vezes concorrentes, permitindo que as empresas escolham quais elas afirmam obedecer em seus relatórios de sustentabilidade e pratiquem uma forma de “lavagem verde” para parecerem ambientalmente sensíveis. Enquanto isso, as evidências da crescente crise climática continuam a crescer, com temperaturas recordes registradas no ano passado em diferentes partes do globo, levando o aumento da demanda da ONU e do público em geral para fazer algo sobre a crise.

Mas não é um termo novo. Há um verbete na Wikipedia 

O anglicismo greenwashing (do inglês green, verde, e whitewash, branquear ou encobrir) ou banho verde indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. Tal prática tem como objetivo criar uma imagem positiva, diante a opinião pública, acerca do grau de responsabilidade ambiental dessas organizações ou pessoas (bem como de suas atividades e seus produtos), ocultando ou desviando a atenção de impactos ambientais negativos por elas gerados. 

O greenwashing é uma ação que empresas realizam para "maquiar" os seus produtos e tentar passar a ideia de que eles são ecoeficientes, ambientalmente corretos, provêm de processos sustentáveis, entre outros. Assim, termos e expressões como “eco”, “ecológico”, “menos poluente” e “sustentável” começam a aparecer nas embalagens e rótulos de diversos produtos, na tentativa de indicar que as empresas são ambientalmente responsáveis.

Essa demanda muitas vezes gera procedimentos incorretos, em que se incluem informações falsas, irrelevantes ou confusas, que fazem com que o consumidor tenha ceticismo para com os produtos "verdes" e se mostre confuso aquando da escolha ou avaliação entre produtos de empresas realmente "verdes" e outras que primam pelas ações do greenwashing. Logo, o greenwashing, além de não fornecer qualquer contributo positivo para o meio ambiente, ainda gera desconfiança nos consumidores, afastando-os dos produtos, de facto, ambientalmente corretos.

Poluição de plástico aumentou com a pandemia

 Enquanto o consumo de combustível reduziu, assim como algumas atividades fabris, a pandemia fez aumentar substancialmente o consumo de plástico. Se por um lado a pandemia reduziu a poluição do ar e dos rios, o consumo de plástico talvez seja o ponto negativo da doença. 


A figura mostra o aumento dos serviços de compras online, incluindo comida. Junto com esta compra, mais material plástico. Como é difícil ter uma estimativa deste aumento, a explosão destas compras pode ser uma aproximação deste novo mundo. Há outro dado: a produção de lixo por família aumentou 30% nos Estados Unidos durante a pandemia. 

Morre o artista do Touro de Wall Street

O artista que produziu a obra de arte mais famosa na área de finanças falaeceu na Sicília. Arturo Di Modica foi o escultor do touro, uma escultura de bronze, que está perto da bolsa de Nova Iorque. A escultura é chamada de Charging Bull. O interessante é que a obra foi financiada pelo artista e tinha inicialmente sido instalado ilegalmente, logo após a queda da bolsa de 1987. 

Mesmo sendo tão recente, a obra é uma das mais visitadas pelos turistas. E uma das mais fotografadas. Já existe uma lenda que pegar no nariz, chifres ou testículos traz boa sorte. 

Imagem e Informação aqui