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14 fevereiro 2021

Quanto custou o descobrimento da América

 

A Gazeta, edição infantil, 1930, ed. 55, p. 7

Cafeteria e produtividade


Algumas das pessoas mais bem-sucedidas da história fizeram seu melhor trabalho em cafeterias. Pablo Picasso , JK Rowling , Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Bob Dylan - sejam eles pintores, cantores e compositores, filósofos ou escritores, pessoas de várias nações e séculos usaram sua criatividade trabalhando em uma mesa de café .

O texto da BBC cita uma pesquisa de 2012 que mostrou que um nível baixo/moderado de ruído, como existe em uma cafeteria (mas não em uma bar) pode aumentar a produção criativa. 

Interessante. Talvez por este motivo é possível encontrar sites que simulam ruídos existentes em uma cafeteria, como o Murmur. (Foto: café onde JK Rowling escreveu Harry Potter)

Partida Tripla

 A "piadinha" eu encontrei em um jornal infantil existente na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. O autor da piada desconhece contabilidade, mas vale a pena transcrever aqui (fiz ajustes para adequar ao português atual e a leitura ficar mais fluída):

As partidas tríplices

O João Firmino, lendo, num jornal da tarde, que certa firma comercial necessitava de um guarda-livros, apresentou-se como candidato. Recebido pelo chefe do estabelecimento e tendo respondido as primeiras perguntas satisfatoriamente, o homem declarou:

- Estou inclinado a dar-lhe o lugar...

Fez uma pequena pausa, para logo prosseguir:

- ... desde que o senhor entende do sistema de partidas dobradas na contabilidade. Entende?

- Sim, entendo.

- Dê-me então uma prova concreta.
- No outro emprego que eu tive era obrigado a usar partidas triplas
- Como assim?
- Uma para o sócio principal, mostrando grandes lucros; a segunda, para o sócio minoritário, mostrando um lucro pequeno; e a terceira, para o imposto, mostrando prejuízo. 

Fonte: A Gazeta, ed infantil, 1935, ed. 112. 

Doxxing e o ato de blogar

 


Doxxing é a prática de divulgar dados privados sobre uma pessoa ou sobre uma entidade. A divulgação destas informações pode ter várias razões, incluindo extorsão, assédio, humilhação e outras possibilidades. 

No ano passado, o New York Times resolveu fazer uma reportagem sobre o blog Slate Star Codex, de autoria de Scott Alexander. Este blog tinha uma grande influencia e apresentava alguns argumentos pouco usuais em diversos assuntos. [Chegamos a fazer uma postagem usando dados e argumentos de Alexander sobre o ambientalismo, em meados de 2020]. O problema é que o jornal resolveu revelar a identidade de Alexander, mesmo o autor tendo pedido para não fazê-lo. Diversos protestos surgiram na internet (aqui um espaço criado por um deles)

Alexander resolveu apagar o blog em protesto contra a atitude do jornal. Agora, em 2021, Alexander volta a escrever através de um site chamado AstralCodexten, hospedado no “Substack”. E comenta o episódio em uma longa postagem

Após ter seu nome revelado, Alexander, cujo nome verdadeiro é Scott Siskind, perdeu seu emprego. Sobre isto, ele escreve:

Aparentemente, se você tem um blog sobre sua área, isso pode tornar mais difícil conseguir ou manter um emprego na academia . Não tenho certeza do que achamos que estamos ganhando ao garantir que as pessoas mais inteligentes e educadas ao redor não sejam capazes de falar abertamente sobre as áreas em que são especialistas, mas espero que valha a pena.

[Será que em algum momento isto aconteceu no Brasil, com algum blogueiro? Será que temos algum blogueiro que possa contar uma história de discriminação, por ser blogueiro? Não duvido]

Em outro trecho:

E uma pesquisa recente descobriu que 62% das pessoas sentem medo de expressar suas crenças políticas. Não se trata apenas de conservadores - também são moderados (64%), liberais (52%) e até mesmo muitos liberais fortes (42%). Isso é verdade mesmo entre grupos minoritários, com mais latinos (65%) sentindo medo de falar do que brancos (64%), e negros (49%) logo atrás. 32% das pessoas temem que seriam demitidas se suas opiniões políticas se tornassem conhecidas, incluindo 28% dos democratas e 38% dos republicanos. Pessoas pobres e hispânicos têm mais probabilidade de expressar essa preocupação do que pessoas ricas e brancos, mas pessoas com pós-graduação têm pior do que qualquer outro grupo demográfico. E o retrocesso é que esses números aumentaram quase dez pontos percentuais em relação à última pesquisa, três anos atrás. O maior declínio na sensação de segurança foi entre os "liberais fortes", que se sentem 12 pontos percentuais menos seguros para expressar sua opinião agora do que nos velhos tempos de 2017. 

Diante disto tudo, Alexander escreve o seguinte:

Meus pacientes estão se saindo melhor do que poderiam - alguns deles muito melhores - por causa de coisas que aprendi com todos vocês no processo de blogar. A maior parte do progresso intelectual que fiz nos últimos dez anos tem acompanhado as ligações que as pessoas me enviaram por causa do meu blog. Na medida em que o mundo faz sentido para mim, na medida em que fui capaz de desatar alguns dos nós mais espinhosos e ser recompensado com o alívio da clareza mental, muito disso foi por causa de coisas que aprendi enquanto blogava . (...) E depois de ler algumas centenas de seus e-mails, percebi, perfeitamente claro, que vou passar o resto da minha vida tentando merecer pelo menos um por cento do amor que você [leitor] demonstrou e dos presentes que você me deu.

[Sinto que minha aula, minhas orientações, meus livros e minhas pesquisas melhoraram muito depois de começar a blogar] 

Imagem: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Tirando férias

13 fevereiro 2021

Trabalho em casa e a Pandemia


Tim Harford, sobre a experiência de trabalhar em casa na pandemia:

Em fevereiro de 2014, o metrô de Londres foi parcialmente fechado por uma greve que forçou muitos passageiros a encontrar novas maneiras de chegar ao trabalho. A interrupção durou apenas 48 horas, mas quando três economistas (Shaun Larcom, Ferdinand Rauch e Tim Willems) estudaram dados da rede de transporte da cidade, descobriram algo interessante.

Dezenas de milhares de passageiros não retornaram às suas rotas originais, presumivelmente tendo encontrado maneiras mais rápidas ou mais agradáveis ​​de chegar ao seu destino. Algumas horas de interrupção foram suficientes para fazê-los perceber que estavam errando no deslocamento durante toda a vida adulta. (...)

O que a greve do metrô de 2014 nos ensina é que interrupções temporárias podem ter efeitos permanentes. Às vezes, há cicatrizes que não cicatrizam; às vezes, uma crise nos ensina lições que podemos usar quando ela passar. Então, o que aprendemos com o experimento de trabalho remoto? E até que ponto isso continuará depois que o vírus tiver retrocedido?

Fatalmente a pandemia irá mudar muita coisa. Mas seria arriscado (muito arriscado) dizer que será uma mudança radical.