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30 novembro 2020

Reduzindo a zero a pegada de carbono do Brasil


Em um momento que se discute a questão ambiental, um artigo de opinião de David Fickling para Bloomberg destaca a posição brasileira. A tese central é que o Brasil estaria em uma posição excelente, entre as grandes economias, para ter uma "pegada de carbono" zero. Se isto fosse a vontade do governo. 

A possibilidade do Brasil zerar suas emissões "seria muito mais fácil do que a maioria". Para isto, o país conta com uma geração de energia principalmente de origem hidrelétrica: 64% da nossa energia é proveniente de barragens.  Energia eólica, solar e nuclear respondem por 21% do total. Os combustíveis fósseis são responsáveis por 15%. Esta matriz energética foi construída há muitos anos. 

O artigo é longo, mas vale uma leitura. Onde o país pode melhorar? Fickling lembra que nossas exportações agrícolas possuem problemas ambientais, mas que podem ser corrigidos com uma melhoria na produtividade. 

A carne bovina brasileira é uma das mais intensivas em carbono do planeta. Cada quilo de gado brasileiro criado em terras recém desmatadas adiciona até 726 quilos (1.600 libras) de emissões de carbono equivalente para a atmosfera, de acordo com um estudo de 2011 . Em partes mais estabelecidas do país, ele requer apenas cerca de 22 quilos de CO2, e fazendas em outros países exigem metade disso, com alguns números chegando a 3 quilos .

Ou seja, se o país corrigir a baixa produtividade da pecuária, isto pode reduzir o desmatamento e a emissão do metano proveniente do gado. 

Contabilidade - uma forma de "incentivar" o problema ambiental seria com o aumento da produtividade da pecuária. Nós temos algumas grandes empresas processadoras de proteína (como gostam de serem chamadas) na bolsa de valores. Obrigar a relatar as emissões de carbono pode ser um caminho para esta melhoria. 

Imagem: aqui



Rir é o melhor remédio

 


Sarcasmo

29 novembro 2020

Licença Social para Funcionar


Um texto sobre a Shell traz um termo bem interessante:

“Licença social para funcionar” é uma das forças vitais das marcas. Supostamente [o termo foi] cunhado pelo CEO canadense de mineração James Cooney em 1997 após um desastre; o conceito é basicamente o quanto o público está disposto a abraçar (ou pelo menos tolerar) como uma indústria opera.

A gigante do petróleo [Shell] decidiu pesquisar seus 551.000 seguidores no Twitter sobre o que eles estavam dispostos a fazer para reduzir a poluição do carbono como parte de um estranho debate de energia. A estrutura da pesquisa girou em torno de escolhas pessoais, o que há muito é uma tática de desvio da indústria do petróleo para evitar o escrutínio de seu modelo operacional. (Curiosidade: a pegada de carbono pessoal foi uma ideia popularizada pela BP)

No caso da Shell, sua pesquisa fez florescer milhares de reações iradas. (...) este foi um sinal claro do desaparecimento da licença social da indústria do petróleo.

Aqui estão alguns fatos sobre a Shell. Os próprios cientistas da empresa alertaram sobre seu papel em impulsionar a crise climática que data pelo menos dos anos 1980 , e ainda assim ela avançou a todo vapor desempenhando esse papel. Suas ações desde 1988 são responsáveis ​​por 2% de todas as emissões globais. É a segunda maior fonte de emissões de propriedade de investidores no mundo naquela época, atrás apenas da Exxon. A Shell também é o sétimo maior contribuinte para a acidificação dos oceanos  desde 1880 . Esta é uma empresa que nunca mereceu a licença social para operar, mas à medida que os impactos da crise climática se tornam mais claros, ela se torna ainda mais restrita.

No seguimento de sua enquete condenada, a Shell tuitou: “Mudar o sistema de energia exige que todos façam sua parte. ... De nossa parte, dissemos na semana passada que a Shell remodelará seu portfólio de ativos e produtos para atender às necessidades de energia mais limpa de seus clientes nas próximas décadas ”.

Como você deve ter adivinhado, um relatório publicado no início deste ano pela Oil Change International descobriu que a Shell, juntamente com todas as grandes empresas de petróleo que propuseram um plano climático, está falhando. No caso da Shell, seus esforços foram considerados “grosseiramente insuficientes” em oito das 10 categorias incluídas na análise. (Era simplesmente “insuficiente” nas outras duas categorias.) As únicas empresas que estão fazendo menos são a Chevron e a Exxon.

28 novembro 2020

Rir é o melhor remédio

 




Rejeição de artigos


Em geral um periódico de boa qualidade tem uma taxa de rejeição de 90% ou mais. Um periódico de boa qualidade este número é menor, algo em torno de 75%. Assim, ter um artigo rejeitado é algo comum. Há histórias de pesquisas fundamentais que foram recusadas pelos periódicos; a teoria das opções é um exemplo.  

Alguns periódicos apresentam esta informação para ajudar o autor na escolha da submissão. Existem sites que também divulgam isto. Há aqui um problema: o que seria rejeição de um artigo? Quando um autor submete um artigo fora das normas do periódico, o texto pode ser devolvido para correções. Este caso entraria na estatística de rejeição? Alguns periódicos consideram que sim, outros só passam a contar a partir da análise do texto. 

Alguns estudos mostraram que a taxa de rejeição estaria em torno de 60% (vide aqui as referências). Mas que artigos submetidos por países como China, Índia e Brasil o nível de aceitação é menor. Por exemplo, artigos de países desenvolvidos tem uma taxa de rejeição média de 50%; já países com piores desempenho - que inclui o Brasil - a taxa de rejeição estaria entre 73% a 81%

Os periódicos abertos possuem uma taxa de rejeição menor. Mas estes periódicos são mais recentes e geralmente estão em áreas onde a aceitação é geralmente maior. 


27 novembro 2020

Resposta do Fasb à crise


Estamos deixando de olhar o que está ocorrendo com o Fasb. Desde 2010, quando o Brasil adotou as normas internacionais do Iasb, passamos a acompanhar de perto o que se passa na Fundação IFRS. (Acho que este blog é uma resistência: entendemos que o Fasb produz normas melhores que o Iasb e estas normas ainda são relevantes para algumas empresas brasileiras). 

Como o Fasb reagiu diante da crise de saúde mundial? Basicamente postergou a adoção de normas que já estavam aprovadas e divulgadas. Algumas destas normas foram elaboradas em conjunto com o Iasb; enquanto o Iasb correu para implantar, o Fasb foi mais lento (menos eficiente?) e em alguns casos não adotou a mesma norma do Iasb (caso do leasing). A primeira atitude do Fasb foi então postergar, ainda mais, a adoção destas normas. Eis um trecho do Accounting Today sobre a questão do Seguros: 

[O Fasb] está adiando a data de vigência de seu padrão de contabilidade de seguro de longa duração por um ano e tornando mais fácil sua adoção antecipada.

No mês passado, os membros do conselho votaram para adiar o padrão em resposta à pandemia de coronavírus. (...) O FASB tem adiado vários de seus padrões este ano em resposta à pandemia COVID-19, incluindo arrendamentos e perdas de crédito, bem como reconhecimento de receita para empresas de franquia. Em julho, propôs atrasar o padrão de seguro após a votação em junho para emitir a proposta

Enquanto isto, o Fasb continuou com a modificação da sua estrutura conceitual (com algumas alterações bem interessantes) (breve iremos postar sobre isto)

(Em tempo, o IPSASB também adiou as datas efetivas de normas para o setor público)