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16 novembro 2020

Frase


De um artigo que conta a história da fraude empresa de jogos Sierra:

Há um segredo de negócios que Ken Williams diz ter aprendido com Bill Gates. Pergunte a um executivo ou candidato a contratação pelo seu handicap no golfe e, se eles derem uma resposta, ignore essa pessoa. Executivos sérios não jogam golfe.

Imagem aqui

15 novembro 2020

Uma empresa malvada


Uma empresa talvez não precise ser boazinha. Mas ser a representação do mal talvez não seja o adequado. A tinta de impressora é um dos líquidos mais caros do mundo. Sabendo disto, as empresas que fazem impressoras querem aprisionar seu cliente, no pior sentido da palavra. Um texto bem interessante (dica de Claudio Santana, grato) trata da HP. Eis alguns trechos selecionados: 

Não surpreende, portanto, que a HP use de meios maquiavélicos para amarrar seus consumidores à companhia, desde impedir o uso de cartuchos de terceiros (prática que todas as fabricantes tentaram implementar) a planos de consumo supostamente vantajosos. 

(...) Hoje em dia, boa parte das impressoras para usuários finais funcionam online, permitindo ao usuário enviar documentos para impressão a distância, enquanto a fabricante pode despachar atualizações do firmware via OTA. 

E é aqui que reside o problema. Assim como a Lexmark, Epson e outras empresas, a HP odeia clientes "espertinhos" que usam cartuchos de tinta de terceiros, ou que recondicionam os antigos. É interessante para a companhia que os clientes continuem comprando novos cartuchos, mesmo quando você sabe que há tinta e a impressora diz que não, ou você quer imprimir um documento em preto apenas e ela diz "pouca tinta magenta, não posso imprimir". 

(...) Em março de 2016, a HP liberou uma controversa atualização para suas impressoras conectadas, que ao atualizar o firmware, instalava um contador programado para ativar um recurso em setembro do mesmo ano. O recurso fez com que os equipamentos rejeitassem cartuchos de terceiros, apenas os dela própria passaram a ser aceitos. A atualização foi calculada minuciosamente para coincidir com o período de volta às aulas, onde pais e estudantes deram de cara com a limitação ao comprar novos suprimentos e materiais escolares. 

Oficialmente a HP se refere ao update como uma "atualização de segurança", mas só se for para proteger a empresa dos seus consumidores. A "bomba-relógio" foi sob todos os aspectos um malware, programado para permanecer assintomático por meses, até ser ativado no momento oportuno. 

Claro que a marmotagem pegou muito mal. A HP entrou em modo full-caveat emptor, dizendo que nunca prometeu ao consumidor que suas impressoras iriam funcionar sempre com cartuchos que não fossem fabricados por ela mesma, e que a "medida de segurança" foi tomada para evitar que "cartuchos maliciosos", que pudessem comprometer os equipamentos, pudessem ser instalados. 

Como nada disso colou, a HP acabou liberando uma atualização que removeu o update malvado, apenas para fazer tudo de novo em 2017, 2018, 2019 e 2020, sempre sincronizando o disparo do malware com a volta às aulas. 

Rir é o melhor remédio

 


14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

Golpe do namoro on-line

Saiu no The New York Times uma manchete me chamou a atenção por ter relação com um livro que estou lendo atualmente, que fala sobre golpes. O título traduzido da postagem é algo como “como me envolvi em um golpe romântico mundial”.

A história resumida é a seguinte: o Michael, que escreve o texto, recebeu mensagens no Instagram o alertando que a sua foto estava sendo utilizada em um golpe. As mulheres explicaram que conheceram online a pessoa alegando ser ele, se apaixonaram e o golpista eventualmente solicitou dinheiro.

Com isso, o Michael percebeu que as fotos dele estavam circulando em vários lugares, em diferentes tipos de perfis: um corretor de bolsa de Chicago, um policial florestal de Oregon, um passeador de cães que se chamava Larry. Ele não tinha controle sobre isso.

Uma das pessoas que o contatou repassou um número de WhatsApp e o Michael entrou em contato com o golpista. Conversa vai, conversa vem, ele convenceu o golpista que ele era o verdadeiro Michael. O golpista então explicou que com a pandemia perdeu o emprego e precisava sustentar a família. Essa foi uma forma que ele encontrou de tentar conseguir dinheiro, mas segundo ele, não deu certo. A parte que me surpreendeu na história? O golpista é brasileiro. E pra piorar a história, tentou convencer o Michael com a conversa triste dele e também pediu dinheiro! O Michael se dispôs a doar US$ 25 pra ele, que ele achou pouco.

Segundo o FBI essa é uma das formas mais comuns de fraude online. Está cada dia mais fácil pedir dinheiro para estranhos e esta semana mesmo recebi uma mensagem de alguém bem aleatório no WhatsApp me solicitando uma transferência bancária. (Aqui vale ressaltar que a principal dica para que o seu whatsapp não seja clonado é a verificação em duas etapas.)

É triste quando vemos brasileiros fazendo parte de histórias como essa.

Rir é o melhor remédio

 


13 novembro 2020

Os últimos anos de Stan Lee


Stan Lee foi um dos maiores autores de comics de todos os tempos. Ele foi responsável pelo Homem-aranha, Homem de aço, Thor, Hulk, Black Panther, Demolidor, entre outros heróis. 

A história de Lee também pode ser um exemplo para o ensino de Finanças Pessoais. Ou melhor, como "não" gerenciar suas finanças pessoais. No final da vida, Lee foi vítima de abuso por parte de pessoas próximas, que usaram Lee, seu patrimônio e fama, para enriquecerem. Em alguns casos, roubaram objetos pessoais de Lee, inclusive dinheiro. É uma história bem triste

Para quem se interessar, recomendo fortemente este texto, em espanhol, sobre as desventuras de Lee e sua exploração por parte dos seguranças, advogados e, até, sua única filha. Eis um trecho:

Los retrasos llevan a aplazamientos, y los acusados permanecen en sus casas como el resto de nosotros este año. Como en tantos casos de abuso de adultos mayores, los que involucran el patrimonio de Lee probablemente se reducirán a "él dijo, ella dijo". Excepto que, en esta situación, hay un circo de tres pistas de ladrones y actores que pueden no haber tenido los mejores intereses de Lee en el corazón, en una farsa que se prolongó durante años. Llamémoslo una estafa muy larga, pero "esos tipos de relaciones son mucho más difíciles de señalar como perpetradores", dijo el fiscal de abuso de adultos mayores, Paul Greenwood. "Siempre digo que cuanto más tiempo se conozcan la víctima y el sospechoso, más difícil será establecer más allá de toda duda razonable que se ejerció una influencia indebida sobre esa persona, porque a veces la lealtad es recompensada".