06 novembro 2020
05 novembro 2020
Aprendendo (menos) durante a pandemia
Durante a pandemia, as atividades escolares foram transferidas para o acesso remoto. Isto melhorou ou piorou o ensino? Alguns, baseados nas avaliações de alunos de EAD, afirmam que pode ter melhorado. Mas esta não parece ser a impressão de professores com quem converso (a maioria deles, pelo menos). Uma pesquisa com curso de economia, nos Estados Unidos, mostrou que o desempenho foi pior.
We use standardized end-of-course knowledge assessments to examine student learning during the disruptions induced by the COVID-19 pandemic. Examining seven economics courses taught at four US R1 institutions, we find that students performed substantially worse, on average, in Spring 2020 when compared to Spring or Fall 2019. We find no evidence that the effect was driven by specific demographic groups. However, our results suggest that teaching methods that encourage active engagement, such as the use of small group activities and projects, played an important role in mitigating this negative effect. Our results point to methods for more effective online teaching as the pandemic continues.
Learning During the COVID-19 Pandemic: It Is Not Who You Teach, but How You Teach - George Orlov, Douglas McKee, James Berry, Austin Boyle, Thomas DiCiccio, Tyler Ransom, Alex Rees-Jones & Jörg Stoye
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Estética e a era do Zoom
Em um texto sobre odontologia em tempos do covid (Tempo em casa e nas redes sociais aumenta busca por procedimentos, João Ker, Estado de S Paulo, 28/10/2020), eis um trecho interessante:
Além do aumento em casos de bruximos e fraturas dentárias após os meses de quarentena, alguns profissionais de odontologia e saúde bucal começam a relatar também uma alta nas buscas por procedimento estéticos como harmonização facial, bichectomia e aplicação de botox. "As pessoas fizeram muitas lives e, se vendo depois no vídeo, queriam mudar o sorriso, melhorar a cor dos dentes, alguns também quiseram retocar a face", aponta Mario Cappellette, presidente do núcleo paulista da Associação Brasileira de Odontologia (ABO-SP).
O movimento foi sentido também por Kamila Godoy. Pesquisadora da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) e ortodontista, ela diz que primeiro começou a receber pacientes com dentes quebrados, fissuras e dor na articulação temporomandibular (ATM). Em meados de julho, a demanda mudou. "Houve aumento absurdo de procura por procedimentos estéticos. As pessoas queriam aproveitar o momento para fazer algum procedimento que precisasse de repouso e, por ter que ficar em casa, houve uma procura bem alta de cirurgias para retirar o siso, bichectomia (procedimento para reduzir as bochechas) etc.", conta.
"A questão de ficar em casa levou a um tempo ocioso muito grande. Como aumentou também o uso de redes sociais, a pessoa passou a vislumbrar a imagem dela com mais frequência e visualizar pessoas 'perfeitas' o tempo todo", explica a psicóloga Katree Zuanazzi, diretora do Instituto Brilhar Saúde e Mental, de Curitiba.
Ela aponta que há uma diferença entre buscar o aperfeiçoamento e a mudança completa do rosto, provocado pelo mar de filtros e falsas perfeições que as redes sociais oferecem. "Todo mundo tem algo que gostaria de melhorar ou que não é perfeito. É importante ver quais desejos são amadurecidos e vêm de anos. Toda ideia que vem de repente foi, provavelmente, implantada por redes sociais ou ideais de perfeição."
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04 novembro 2020
CVM absolve auditor da Petrobras
Conforme notícia publicada no site da CVM, a entidade absolveu auditores envolvidos nas demonstrações da Petrobras, entre 2010 a 2015. A PwC (e seu funcionário) foram absolvidos com respeito as demonstrações financeiras de 2012 a 2014. No exercício de 2009 a 2010, quando a empresa de auditoria era a KPMG, a entidade condenou a Big Four em uma multa de 300 mil reais, condenou o auditor a uma multa de 150 mil reais e absolveu a empresa de auditoria e os auditores de outras acusações. Só. Faz sentido?
The show must go on
Sunstein e o excesso de confiança dos "especialistas"
No início da pandemia, Cass Sunstein (co-autor de Nudge) criticou o excesso de medo das pessoas, em fevereiro deste ano. Um mês depois, mudou de opinião. Conforme Michael Story e Stuart Richie (How the experts messed up on Covid), se tivesse reconhecido a besteira que disse, talvez Sunstein não seria contratado pela Organização Mundial de Saúde para ser o chair em “Technical Advisory Group on Behavioural Insights and Sciences for Health”.
Mas há outros exemplos. A própria OMS foi contra o uso de máscaras. O problema não seria declarações erradas de entidades como a OMS ou pessoas como Sunstein. O problema real é o excesso de confiança. E humildade para o debate, como parece ser o caso de Sunstein. O caso das máscaras mostra como fazer afirmações sem uma base sedimentada por tornar difícil a mudança de opinião, como novos fatos, sem perder prestígio. E as pessoas continuarão a usar seus argumentos para defender uma posição contra o uso de máscaras, mesmo que tenha mudado de opinião.
Uma entidade de saúde dos Estados Unidos chegou a apelar para as pessoas "não comprarem máscaras".