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02 novembro 2020

Contabilidade Conectada - episódio #14

Já está no ar o Episódio #14 – As IFRS e a Comunicação Contábil – da Série Ciência Aberta!

Amigo Secreto 2020


Nesse fim de semana demos início à nossa brincadeira anual de amigo secreto entre os blogueiros de contabilidade. Este ano somos onze participantes, divididos em nove blogs:

Alexandre Alcantara: Alcantara
César Tibúrcio: Contabilidade Financeira
Claudia Cruz: Ideias Contábeis
Orleans Martins: Informação Contábil
Pedro Correia: Contabilidade Financeira
Polyana Silva: Histórias Contábeis
Roberto Sousa Lima: Panorama Público
Roberto Ushisima: Alfa Valoro
Sandro Vieira Soares: Acervo Contábil
Vladmir Ferreira Almeida: Vladmir F Almeida

Este é o nosso 5º ano nos reunimos virtualmente para brindar à nossa amizade e celebrar esta comunidade. Para tanto realizamos a brincadeira por meio da plataforma Amigo Secreto, que organiza a comunicação anônima entre os participantes e promove o sorteio. O presente vai por correspondência, já que temos a sorte de ter blogueiros em cada canto desse país enorme e maravilhoso.

Estamos com duas novidades este ano. Ao invés da revelação dos presentes em cada blog a medida em que os recebemos, a faremos ao vivo em nossa primeira reunião virtual liderada pelo Alexandre

Também há um movimento, liderado pela Polyana, para que além do presente façamos uma doação para uma instituição de caridade em homenagem aos nossos amigos. Assim, como sugestão do Sandro, estamos apoiando o Centro de Ações Solidárias da Universidade Federal de Santa Catarina, que pede uma doação de R$ 70 para cestas básicas (clique aqui para mais informações). Há também o Centro de Valorização da Vida, que recebe doações de qualquer valor: aqui. Convidamos os nossos amigos e leitores a reforçarem este movimento de caridade.


31 outubro 2020

Contabilidade e Livros

O Ngram é uma função criada pelo Google que determina a frequência de um ou mais termos encontrados em livros. Você pode determinar quantas vezes uma palavra ou frase apareceu e isto é plotado em um gráfico temporal. Veja uma pesquisa que fiz com o termo "accounting":
A pesquisa abrangeu o período entre 1809 a 2019. Há uma clara tendência do termo ficar mais popular no século XX, tendo atingido seu ponto máximo antes dos anos 1980. A partir do novo século, o termo começa a perder relevância. Os dados são normalizados, em termos percentuais, pelo número de livros publicados em cada ano. 

Veja agora os dados para a palavra "cost":

O termo atinge um ponto alto nos anos 20. Na década de 1980, em Relevance Lost, Kaplan e Johnson criticaram a prevalência da contabilidade financeira sobre as informações gerenciais. A proposta do custeamento por atividades é decorrente deste fato e faz com que o termo fique popular. Depois disto, uma queda acentuada. Custos estaria fora de moda?

Veja agora a comparação entre os termos Ifrs e Fasb, com uma série histórica entre 1973 e os anos atuais:
De vermelho, o termo Fasb; em azul, Ifrs, que aparece somente após os anos 2000. É bom lembrar que o Iasb foi criado no dia 1o. de abril de 2001. O processo de harmonização fez com que o termo IFRS ganhasse relevância, enquanto Fasb deixa de ser tão popular. Mas o fim do processo faz com que o Fasb recupere sua importância. 

Mas os dados são confiáveis? É importante destacar que pode existir inconsistência, já que a pesquisa do Google é feita em OCR. Além disto, a popularização de uma literatura em uma área - por exemplo, computação - pode ter impacto sobre o número de vezes que um termo aparece. Isto pode ajudar a explicar o primeiro gráfico. Outro ponto é que um termo pode aparecer fora de um contexto originário (é o caso do termo "contador", que pode estar associado a um "contador" de história). 

Leia como usar Ngram aqui

30 outubro 2020

Separando os efeitos da pandemia nos resultados: caso do United

 


As demonstrações financeiras do Manchester United, time de futebol da Inglaterra, mostra o que devemos considerar e o que não devemos considerar ao analisar o efeito da Covid em uma empresa. É importante esclarecer que o United é um clube e, ao mesmo tempo, uma empresa. Assim, sua gestão é “profissional”, o que inclui demonstrações contábeis de melhor qualidade do que aquelas preparadas por um time de futebol tradicional. O exercício social do United, encerrado em 30 de junho, incluiu uma grande parte das atividades normais de um clube e um breve período onde os efeitos da pandemia. Uma reportagem da BBC traz alguns elementos interessantes, mas gostaria de destacar dois pontos. 

A primeira situação importante é a da receita. A receita do clube teve uma redução de 627 milhões de libras para 509 milhões e teve o efeito da pandemia. A redução de 118 milhões decorreu da sua não classificação para Liga dos Campeões também. Existia uma expectativa de receita de 580 milhões. 

Todas as áreas de receita da United foram afetadas, mas as receitas de transmissão foram especialmente afetadas, reduzindo 41,9% de £ 240,2 milhões para £ 141,2 milhões. Parte da redução da despesa ocorreu pela realização dos jogos com portões fechados, redução das vendas de camisas e produtos do clube e descontos concedidos para as emissoras. Estima-se que estes três itens corresponda a 40 milhões de libras. 

Mas algumas das receitas do clube, como aquelas decorrentes dos jogos, somente foram postergadas. Um jogo que seria transmitido no exercício ficou postergado para alguns meses depois. Mas os portões fechados representam realmente uma perda de receita que não será recuperada. A redução no fluxo de caixa originário dos patrocinadores, que também estão com dificuldade de caixa, poderá ocorrer em futuro próximo. Mas isto cria um descasamento entre caixa e competência. 

O segundo aspecto é a questão do endividamento. Sendo um clube-empresa, seus gestores optaram por trabalhar com um elevado endividamento. Um resultado desta opção é que a dívida líquida duplicou, para 474 milhões de libras. As despesas financeiras aumentaram para 26 milhões, com redução do caixa. Como dívida líquida corresponde a dívida bruta menos caixa, o que ocorreu no clube foi que a dívida bruta manteve constante. Veja que este fato decorre de uma decisão de financiamento, que ocorreu antes da pandemia. Assim, não se pode colocar este fato na conta da Covid. 

O caso do United mostra que é importante separar os efeitos da pandemia das outras decisões. Este clube de futebol teria resultados ruins, mesmo com a paralisação das atividades do futebol na Inglaterra. A pandemia somente agravou a situação. (Fonte da foto aqui)

29 outubro 2020

Normas são negócios e ESG é um bom exemplo


Um texto da Accounting Today, chamado PwC working with SASB on XBRL taxonomy while developing ESG app (de Michael Cohn, 19 de outubro de 2020) me pareceu bastante revelador de como funciona o mecanismo de pressão para criação de normas para as empresas e como isto interessa de perto não ao usuário, mas algumas empresas com fins lucrativos. É bom lembrar que normas são negócios antes de qualquer coisa

Talvez o leitor tenha notado como surgiram, nos últimos dias, uma grande quantidade de textos defendendo a criação de normas relacionadas com a sustentabilidade, a questão social e a governança. O tema ficou tão popular que ganhou uma sigla: ESG. Chegamos a postar aqui no blog que dezenas de entidades estão em uma competição para criar um padrão de norma que abranja este campo. Isto pode ser interessante, mas se muitas entidades criarem suas normas, não haverá uma “padronização” mínima, que permita vender projetos de consultoria. É de interesse que exista somente alguns poucos reguladores, o suficiente para que as empresas que prestam serviço na área possam vender suas “soluções”. 

Neste ponto entra a Fundação IFRS. Sendo patrocinado em um terço do seu orçamento pelas Big Four, a entidade que padroniza as normas internacionais de contabilidade abriu uma consulta sobre o assunto: será importante ter uma norma internacional sobre o tema? Isto é estranho por dois motivos: há uma agenda, onde a Fundação define estas prioridades; e existem diversos temas pendentes para serem resolvidos pela Fundação, como o término da Estrutura Conceitual. 

O texto citado no início da postagem afirma que a PwC, uma das Big Four, estaria trabalhando em desenvolver um app sobre o assunto. O porta-voz da empresa de auditoria é nada menos que  Wes Bricker. Bricker trabalhou na PwC entre 2011 a 2015, quando foi ser contador-chefe da SEC. Recentemente, Bricker saiu da SEC e voltou para a PwC, no movimento de porta giratória contábil, uma tradição da SEC

Mesmo com o interesse de Bricker, o texto da Accounting Today afirma que a SEC, em anos recentes, era cética com respeito a materialidade da informação ambiental, social e de governança. Existiria um sentimento de que este tipo de informação seria muito mais um propaganda falsa na promoção da empresa para investidores. Mas Bricker, mesmo já não sendo mais da SEC, opina que como a entidade que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos tem interesse na qualidade da informação, a informação relacionada com a sigla ESG teria que ser divulgada. 

Para as Big Four, a ESG representa, antes de qualquer coisa, um negócio de venda de soluções. Não importa se o padrão seja originário dos Estados Unidos ou da Fundação IFRS. Quanto maior o número de empresas que forem obrigadas a fazer esta evidenciação, melhor será. O grande obstáculo são as empresas: as novas informações possuem um custo. Quem sabe as empresas poderão se opor a este movimento? 

O texto da Accounting Today dá a clara sensação que estão construindo uma necessidade de uma informação ambiental, social e de governança de forma artificial. Negócios. (Foto aqui)

Segredo de uma boa apresentação

 De uma resposta do Quora

Aprenda com o mestre, Steve Jobs... 

Uma palavra: SIMPLICIDADE

Poucas palavras
Fatos simples


Grandes gráficos com pouco texto


Letras pequenas para esclarecer os dados

O apresentador dá os detalhes, não o gráfico 
Poucas cores


Mais uma coisa: se você fornece muita informação na sua apresentação, as pessoas irão distrair tentando ler ou entender seu conteúdo. Eles irão perder o interesse em você e no que você está dizendo. Como apresentador, você deveria ser o foco da audiência. A missão do seu power point deveria ser apoiar sua apresentação, não roubar o centro das atenções. 

E a Contabilidade? - Os contadores tendem a valorizar demais a apresentação dos números. Possuem uma grande fixação pela precisão, com o número exato ou com muitas casas depois da vírgula. Em lugar de colocar no gráfico R$12.345.678,99 é bem mais didático colocar R$12 milhões. A não ser que você queira que sua plateia caia no sono...