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01 outubro 2020

IFRS para sustentabilidade


A Fundação IFRS, que promulga as normas internacionais de contabilidade, está abrindo consulta para a possibilidade de termos um padrão sobre sustentabilidade. Atualmente há diversas entidades tentando criar um padrão que inclua a questão ambiental, social e de governança (sigla ESG). 

No início de setembro o Carbon Disclosure Project, o Climate Disclosure Standards Board, o Global Reporting Initiative, o International Integrated Reporting Council e o Sustainability Accounting Standards Board fizeram uma declaração conjunta (via aqui) favorável a um maior alinhamentos das estruturas. Haveria uma demanda por padrões únicos em razão do crescimento dos investimentos com a preocupação ambiental, social e na governança das empresas. 

Uma proposta é a criação de um conselho específico para a questão da sustentabilidade. As empresas Big Four, de auditoria, também lançaram um documento com métricas sobre o assunto. Isto não deixa de ser estranho, pois não seria papel destas empresas trabalhar a criação de normas. 

Diante da pressão, os curadores da Fundação IFRS divulgaram uma consulta para avaliar a demanda por padrões na área de sustentabilidade. Conforme a resposta, a IFRS pode lançar na tarefa de tentar uma padronização de um assunto que certamente será uma dor de cabeça para a fundação. Mas pode indicar a existência de uma demanda - ou não - por um padrão único. A consulta irá até o final do ano e tem o apoio do IFAC. 

É importante salientar que nos últimos anos a Fundação IFRS trabalhou na conclusão dos diversos projetos iniciados em parceria com o Fasb a partir do acordo de Norwalk. Isto incluiu os padrões de seguros, instrumentos financeiros, estrutura conceitual (ainda não terminado), receita e leasing. Quando ocorreu os descolamento dos projetos, o Fasb - que possui uma experiência e uma estrutura melhor - tratou das suas demandas. Isto inclui uma melhoria na estrutura conceitual e uma atenção maior para o terceiro setor. 

A Fundação não tinha a questão da sustentabilidade na sua agenda. Mas as preocupações recentes e - talvez - a possibilidade de criação de um padrão fora do Iasb deve ter demandado uma pressão para a consulta. 

Rir é o melhor remédio

Ontem faleceu o Quino, cartunista argentino criador da Mafalda. Quem nos acompanha há algum tempo sabe do nosso carinho pelas tirinhas dessa menina esperta, que leva o leitor não só a rir, como também a pensar e refletir. Hoje, em um “Rir” especial, deixamos algumas homenagens que encontramos no Instagram.









30 setembro 2020

EY sabia dos problemas da Wirecard em 2016


A fraude na Wirecard trouxe vexame para sua empresa de auditoria, a EY. Os auditores passaram anos sem fazer uma checagem da conta bancária e no final faltaram quase 2 bilhões de euros na conta corrente da empresa. 

Recentemente o presidente da EY fez uma mea culpa do auditor. Mas parece que isto não será suficiente. O jornal Financial Times revelou que em 2016 um empregado da EY relatou suspeita de suborno e que os executivos da Wirecard poderiam estar cometendo fraude. Quase quatro anos antes do problema ter sido divulgado ao público. 

A notícia surgiu a partir da investigação que foi realizada por outra empresa de auditoria, a KPMG, que encontrou este fato. Entretanto, a informação terminou não sendo divulgada no relatório da KPMG, que implodiu a empresa alemã e o esquema de fraude existente. O Going Concern enfatiza que o Financial Times, novamente, apresenta uma investigação bem apurada sobre o fato. 

O documento obtido pelo FT é importante

O adendo de 61 páginas descreve as conclusões da KPMG que não estavam diretamente sob sua responsabilidade, mas que a empresa considerou tão significativa que decidiu relatá-las de qualquer maneira. O adendo, visto pelo Financial Times, equivale a uma acusação contundente da EY. De acordo com a KPMG, o denunciante não identificado da EY, em maio de 2016, enviou uma carta à sede da EY Alemanha em Stuttgart. A carta não abordou toda a extensão do esquema de fraude global da Wirecard que se desfez este ano, mas se concentrou em uma das quatro áreas contenciosas que foram o foco da auditoria especial da KPMG no final de 2019: uma série de aquisições na Índia que a Wirecard havia fechado no início 2016. A Wirecard pagou € 340 milhões pela Hermes i, GI Technology e Star Global, três empresas de pagamentos que comprou de uma entidade opaca de Maurício chamada Emerging Market Investment Fund 1A. O denunciante da EY afirmou que a “Wirecard Germany senior management” detinha direta ou indiretamente participações na EMIF 1A e, portanto, estava envolvida em um conflito de interesses.

Para complicar, parece que escândalo está chegando na política alemã:

Em uma peça de "análise de notícias" publicada no jornal de terça-feira, o FT relata que o escândalo está se aproximando cada vez mais da chanceler Angela Merkel, que certa vez fez um favor pessoal a um executivo sênior da Wirecard em nome da empresa.

Foto: aqui

Disney e os 28 mil "colaboradores"

 


A empresa Disney anunciou  que irá demitir 28 mil empregados, especialmente dos parques de diversão. A decisão decorre da crise provocada pelo Covid-19 e após o prejuízo apurado pela empresa no primeiro semestre. 

Nos parques, a empresa conseguiu reabrir as unidades da Flórida, Paris, Xangai, Japão e Hong Kong, mas com restrições ao número de visitantes. Os parques da Califórnia continuam fechados. A unidade de negócios que inclui estes parques era responsável por mais de um terço da receita do grupo. (Imagem: aqui)

Cliente pode ser preso por comentários negativos sobre empresa na Tailândia


Parece muito estranha a notícia do NY Times (traduzida e publicada no Estado de S Paulo): um hóspede de um resort na Tailândia publicou comentários negativos sobre um resort (fotografia) no site do TripAdvisor. O cliente entrou com uma garrafa de gin no hotel e um empregado apresentou uma conta de 15 dólares pela garrafa. O hóspede, um estadunidense, reclamou da taxa cobrada com o garçom. Depois da reclamação, o hotel retirou o valor cobrado da conta. Depois disto, Wesley Barnes, o cliente, postou diversos comentários no site de turismo, com críticas ao hotel. E deu nota mínima ao estabelecimento. 

O hotel afirma que tentou procurar o cliente, mas não recebeu resposta. Então, optou por acionar uma lei da Tailândia de difamação. Como Barnes mora na Tailândia, ele foi preso e passou dois dias na prisão, antes de ser solto pagando fiança. O processo prosseguiu e pela lei Barnes pode ser condenado a até dois anos de confinamento. O caso foi divulgado pelo blogueiro de viagens Richard Barrow e, agora, pelo jornal New York Times. 

Contabilidade? - A reputação de um estabelecimento interessa para a contabilidade. A ideia extrema do hotel, de usar a lei de difamação, parece que estraga a sua imagem perante o público. Isto deverá afetar o fluxo futuro de caixa, que deveriam impacto nos testes de recuperabilidade. Além disto, o caso é uma lição a ser estudada para empresas que consideram que "cliente tem sempre razão". Como agir em casos onde o cliente divulga calúnias contra a empresa (a reportagem reconhece isto no final)? Isto está diretamente ligado a área de marketing, mas a contabilidade deve estar atenta também. 

Outra questão importante do texto é que a forma como a história é contada pelo jornal afeta nossa percepção da notícia. O texto tem o título "Americano pode ser preso na Tailândia por postar comentários negativos sobre um resort". E traz como comentário a questão dos direitos humanos. Somente no final do texto é que somos informados que o hotel procurou diversas vezes o hóspede para conversar, que o mesmo ao ver uma discussão entre o gerente e o empregado inferiu existir uma relação patrão e escravo e, finalmente, que as pessoas deveriam fugir do local "como se fosse o coronavírus". Há uma sutil manipulação no texto. 

Rir é o melhor remédio

 


29 setembro 2020

Uma preocupação relevante


Os reguladores estão sempre preocupados em preencher a qualidade questionável de algumas normas pedindo que as empresas apresentem mais informações. É raro ver uma preocupação com o excesso de informação. Mas um documento do Securities and Markets Stakeholder Group, de 14 de setembro deste ano, chama a atenção para explorar a sinergia (nunca gostei desta palavra) entre diferentes peças da legislação. Isto inclui os relatórios de evidenciação sustentável. Em um determinado trecho o SMSG diz que uma grande preocupação é com a "sobrecarga de informação". 

A frase In der Beschränkung zeigt sich der Meister foi usada no documento.