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20 setembro 2020

Frase


A meu ver, há três motivos principais para a mudança [nos padrões contábeis]: primeiro, fornecer aos usuários informações melhores e mais úteis que influenciarão diretamente suas decisões e comportamento; segundo, remover o custo e a complexidade do sistema; e terceiro, para esclarecer e melhorar a consistência em torno da codificação. ” (Jones, novo presidente do Fasb)

Interessante a parte em que Jones diz que seu filho, que está estudando contabilidade intermediária, afirma que o trabalho do Fasb não parece tão interessante. Foto: aqui

19 setembro 2020

Rir é o melhor remédio

 


Dois brasileiros ganham o Ignobel 2020

Eis os ganhadores do IgNobel de 2020:

Acústica: Stephan Reber, Takeshi Nishimura, Judith Janisch, Mark Robertson e Tecumseh Fitch, por induzir uma fêmea de jacaré-da-china a berrar em uma câmara hermética cheia de ar enriquecido com gas hélio.

Psicologia: Miranda Giacomin e Nicholas Rule, por desenvolver um método para identificar narcisistas, examinando suas sobrancelhas.

Paz: governos da Índia e do Paquistão, por seus diplomatas tocarem secretamente as campainhas uns dos outros no meio da noite, e depois fugir antes que alguém atenda a porta. 

Física: Ivan Maksymov e Andriy Pototsky, por determinar, experimentalmente, o que acontece com a forma de uma minhoca viva quando ela vibra em alta frequência.

Economia: Christopher Watkins, Juan David Leongómez, Jeanne Bovet, Agnieszka Żelaźniewicz, Max Korbmacher, Marco Antônio Corrêa Varella, Ana Maria Fernandez, Danielle Wagstaff e Samuela Bolgan, por tentar quantificar a relação entre a desigualdade de renda nacional dos diferentes países e a quantidade média de beijos na boca.

Gestão: Xi Guang-An, Mo Tian-Xiang, Yang Kang-Sheng, Yang Guang-Sheng e Ling Xian Si, cinco pistoleiros profissionais em Guangxi, na China, que conseguiram um contrato para um trabalho de assassinato por dinheiro da seguinte maneira: depois de receber o pagamento para realizar o assassinato, Xi Guang-An subcontratou a tarefa para Mo Tian-Xiang, que subcontratou Yang Kang-Sheng, que subcontratou Yang Guang-Sheng, que subcontratou Ling Xian-Si, com cada subcontratado recebendo porcentagens cada vez menores. Nenhum deles efetivamente realizou o trabalho. 

Entomologia: Richard Vetter, por coletar evidências de que muitos entomologistas têm medo de aranhas, que não são insetos.

Medicina: Nienke Vulink, Damiaan Denys e Arnoud van Loon, por diagnosticar uma condição médica há muito não reconhecida: misofonia, a dificuldade em ouvir outras pessoas emitindo sons como o da mastigação.

Ensino de Medicina: Jair Bolsonaro (presidente do Brasil), Boris Johnson (primeiro ministro do Reino Unido), Narendra Modi (primeiro ministro da Índia), Andrés Manuel López Obrador (presidente do México), Alexander Lukashenko (presidente da Bielorrússia), Donald Trump (presidente dos Estados Unidos), Recep Tayyip Erdogan (primeiro ministro da Turquia), Vladimir Putin (presidente da Rússia) e Gurbanguly Berdimuhamedow (presidente do Turquemenistão), por usarem a pandemia de COVID-19 para ensinar ao mundo que os políticos podem ter um efeito mais imediato sobre a vida e a morte do que os cientistas e médicos.

Ciência dos Materiais: Metin Eren, Michelle Bebber, James Norris, Alyssa Perrone, Ashley Rutkoski, Michael Wilson e Mary Ann Raghanti, por mostrar que facas fabricadas a partir de fezes humanas congeladas não funcionam bem.

A imprensa destacou um brasileiro que ganhou o de ensino de medicina. Mas há outro: Varella possui um blog de divulgação científica. Fico imaginando o impacto disto na pessoa

Esportes mais caros do mundo

O site Sports Economics fez uma lista dos esportes mais caros do mundo. 

1. Pentatlo - Um pentatlo é, na verdade, uma combinação de cinco esportes diferentes, o que o torna automaticamente caro. As atividades que normalmente compõem um Pentatlo incluem esgrima, natação, tiro, corrida e salto. Eles são obviamente completamente diferentes uns dos outros ...

2. Wingsuiting [aquela roupa que permite você plainar no ar] ... este é um caso caro é porque o material em si custa perto de $ 3.000. O treinamento envolve horas de treinamento saltando de aeronaves. Some os custos do aluguel da aeronave e você saberá por queesse esporte entrou nesta lista.

3. Polo - Basicamente, envolve andar a cavalo e jogar algum tipo de hóquei. Os cavalos custam dinheiro, assim como o resto do equipamento. O pólo também é um jogo muito perigoso, pois as chances de cair do cavalo são muito altas. Portanto, convém levar em consideração suas despesas médicas também.

4. Fórmula 1 - A Fórmula 1 é talvez o esporte [será que é esporte mesmo?] mais caro do mundo. Muito poucas pessoas podem pagar este esporte e o seu próprio e isso geralmente é feito com a ajuda de patrocinadores corporativos ou patrocinadores. Um carro de F1 pode custar mais de um milhão de dólares. O combustível, o aluguel de pistas de corrida, a equipe e as horas de prática podem realmente render uma conta que só pode ser paga por alguns poucos selecionados.

Além destes também são citados: 

trenó, salto de esqui e hipismo. Mesmo velejar, que parece um esporte bastante tranquilo, requer muito investimento. A moral da história é que, se você não tem dinheiro, tente correr.

Imagem aqui

PCAF e a ética do ambiente


(...) quase 70 grandes instituições financeiras em cinco continentes com ativos financeiros totais de mais de US $ 10 trilhões formaram a Parceria para Contabilidade e Finanças de Carbono (PCAF), que visa incutir uma ética ambiental em empréstimos e investimentos e harmonizar a forma como eles medir e divulgar o impacto de carbono destes.

O PCAF é uma ideia extraordinária da Guidehouse, a consultoria global, adotada por um grupo de pequenos bancos na Holanda em 2015. A organização cresceu muito, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Seus membros americanos incluem Amalgamated Bank, Bank of America BAC -0,1%, Citibank, Morgan Stanley MS + 0,9% e BlackRock BLK + 0,1%. O NatWest da Grã-Bretanha ingressou recentemente.

Via aqui. Segundo o site da entidade, faz parte somente o Bradesco (junho 2020, committed) pelo Brasil.

Os padrões da instituição podem ser encontrados aqui

Avaliando o hotel de Trump


No livro Casa Branca, Inc: Como Donald Trump transformou a presidência em um negócio, de Dan Alexander (um extrato via aqui) um exemplo de uso de múltiplo 

Basicamente os métodos de avaliação podem ser divididos em dois tipos. A primeira categoria inclui todos aqueles baseados na estimativa de um fluxo de caixa projetado do negócio, descontado por uma taxa que reflita o custo de oportunidade do capital. Este é o método mais recomendado pela literatura, por diversas razões. Um outro grupo abrange a avaliação baseada em um múltiplo. A partir de transações passadas, o analista utiliza uma informação relevante, como a receita ou uma medida física, para determinar o valor do negócio, usando um múltiplo para chegar ao resultado final. Este é o método mais usado. 

Um problema do uso do múltiplo é que o parâmetro usado pode variar de analista para analista e entre os setores analisados. É comum, por exemplo, usar a receita para alguns comércios varejistas, mudando somente o múltiplo usado. Mas para outro setor, clientes pode ser mais usual. 

Voltando ao livro de Alexander, o autor discute a avaliação de duas propriedades imobiliárias de Donald Trump, especificamente dois hotéis do presidente dos Estados Unidos. E no caso narrado por Alexander, a presença de Trump e seu nome nos negócios pode ser um problema. O texto analisa do Trump National Doral, em Miami, e o Trump International Hotel, em Washington.

O primeiro, Doral, é um resort localizado em Miami, com diária de mais de mil reais, chegou a hospedar um famoso torneio de golfe nas suas dependências. A presença do evento esportivo traz um grande número de clientes para o resort. Entretanto, o polêmico presidente afastou o torneio já em 2016, quando a organização do evento transferiu o mesmo para o México. O motivo foi o fato de que o nome Trump afasta patrocinadores que poderiam investir no torneio. A transferência fez com que o resort perdesse uma grande receita. Um operador de resort, citado por Alexander, chegou a dizer que a mudança do evento matou Doral. Mas não é somente isto; outros eventos que eram realizados na propriedade foram cancelados por conta da associação com o nome Trump. Segundo o autor, a marca Trump deixou de ser um ativo e passou a ser um risco. 

Somente entre 2015 e 2016 ocorreu uma redução na receita de 5%. Uma estimativa citada fala em 100 mil diárias perdidas após a eleição de Trump. Com 643 quartos, isto significa 155 dias de lotação (cem mil por 643 quartos) ou mais de cinco meses de ocupação. Em 2017 nova queda na receita. Como afirma Alexander, “um resort que se orgulha do serviço excepcional, cortar cursos não é fácil”; em outras palavras, a queda na receita provocou uma redução mais que proporcional no lucro. Isto é alavancagem operacional. Com efeito, segundo os dados de Alexander, os lucro reduziram em 66%. Em 2018 a receita foi de 76 milhões de dólares; no ano seguinte, de 77 milhões. Em alguns momentos, a ocupação do resort é de 15%, um valor muito baixo. Um ex-empregado chegou a dizer: “acho que tiveram o azar de seu proprietário se tornar presidente”. 

A outra propriedade é o Trump International Hotel, localizado na capital, com diárias acima de dois mil reais. O prédio onde está localizado o hotel foi dos Correios e construído em 1800. Em 2011, o governo federal licitou o prédio e a família Trump venceu o leilão. A família gastou muito dinheiro no prédio para fazer a conversão em hotel. Os números do hotel não são divulgados, mas a estimativa é que a receita do hotel, localizado na Avenida Pensilvânia, é algo em torno de 50 milhões de dólares por ano. O autor estimou a margem de lucro do hotel, baseado em uma série de inferências, em 11%. Um valor reduzido para o setor. 

O processo de avaliação começa com a decisão da Trump Organization em vender o hotel de Washington. A estimativa do vendedor seria uma receita de 68 milhões em 2020, com lucro de 6 milhões (lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização, LAJIDA. Provavelmente o hotel está no prejuízo, já que possui uma dívida que deve levar boa parte do LAJIDA. Ou seja, o hotel de Washington dá prejuízo ao presidente Trump, o que é irônico, já que o presidente pretende ter uma imagem de gestor eficiente. 

Entre os interessantes pela compra, um investidor ofereceu US$175 milhões. O número do vendedor talvez seja 500 milhões, segundo Alexander. Aqui entra o processo de avaliação. Será que o hotel de Washington vale realmente 500 milhões? Parece que a maior oferta máxima seja de 240 milhões para um comprador agressivo. Eis a parte que interessa sobre a avaliação: 

Existem duas maneiras principais de descobrir quanto vale um hotel. A primeira é aplicando um múltiplo a seus lucros, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Isso permite que os investidores em potencial vejam quanto tempo pode levar para recuperar seu dinheiro. Quanto mais agradável for o hotel, maior será a probabilidade de eles esperarem mais tempo. Para uma propriedade super luxuosa como a de Trump, pode-se esperar que alguém pague, digamos, 20 vezes o fluxo de caixa [o LAJIDA não é bem fluxo de caixa]. Se está gerando US $ 10 milhões por ano, por exemplo, há uma boa chance de alguém pagar US $ 200 milhões pelo local. Mas o lucro antes dos impostos e antes dos juros parecem ser de cerca de US $ 5 milhões. Nesse nível, Trump estava pedindo cerca de 100 vezes os lucros anuais. Um vendedor mais realista poderia ter pedido, digamos, US $ 100 milhões por uma propriedade que estava produzindo US $ 5 milhões por ano.

Dada sua grandeza, no entanto, é improvável que o hotel Trump valia apenas US $ 100 milhões, o que nos leva à segunda maneira de avaliar um hotel. Os investidores costumam aplicar um preço a cada quarto e multiplicar esse valor pelo número de quartos. (...) é possível considerar mais de US $ 1 milhão por quarto para o hotel de Trump. Valorizar algo é uma arte e não uma ciência. Sete especialistas em hospitalidade, falando entre janeiro e início de março, ofereceram estimativas de algo entre US $ 500.000 e US $ 1,2 milhão por quarto para a propriedade de Trump, após serem informados sobre suas baixas margens de lucro. A média foi de $ 761.000. Como o local tem 263 quartos de hotel, isso sugere que vale US $ 200 milhões. Essa parecia ser uma avaliação justa que levou em consideração tanto a renda quanto o preço por quarto.

O primeiro método apresentado parece múltiplo, mas trata de uma estimativa de fluxo de caixa, considerando uma perpetuidade na sua geração e uma taxa de desconto igual a 5% ou 1/20 (1). Outra possibilidade é usar o múltiplo de um negociação próxima. O Mayflower Hotel, com 581 quartos, foi negociado a 175 milhões. Isto corresponde a 300 mil por quarto. O valor multiplicado por 263 corresponde a menos de 100 milhões de dólares. 

Mas há dois fatores adicionais nesta análise. O comprador potencial do hotel pode ostentar que comprou o hotel do presidente dos Estados Unidos. Isto pode implicar em um adicional ao valor calculado, embora seja difícil imaginar quanto valeria este capricho, mas isto pode resultado em um valor de negociação acima do valor estimado por um avaliador. 

O segundo fator é negativo, que é a questão política. Com o coronavírus, o governo dos Estados Unidos conseguiu a aprovação de ajuda para diversos setores da economia, no valor de 350 bilhões de dólares. O governo oferece o apoio, desde que a empresa não demitisse. Os hotéis estavam entre os setores que poderiam se beneficiar. Mas os legisladores, ao aprovarem a ajuda, proibiram que empresas pertencentes a funcionários com altos cargos tivessem acesso ao empréstimo. Isto incluiu os hotéis de Trump, que tiveram que demitir e na reabertura não conseguiram um número de clientes adequado. 

Para complicar, a Trump tem uma grande dívida com o Deutsche Bank, o que significa uma posição complicada para a instituição financeira alemã. Renegociar empréstimo poderia parecer um favor ao presidente dos Estados Unidos, justamente quando o governo está investigando o banco. E não fazer pode ter um risco de retaliação. 

(1) A bem da verdade, os dois grupos de métodos devem ter uma convergência. O múltiplo nada mais é do que um fluxo de caixa descontado simplificado. 

Rir é o melhor remédio


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