A pandemia parecia que iria trazer resultados ruins para as empresas brasileiras. Mas um texto publicado hoje, no jornal Valor Econômico, mostra que o resultado foi melhor do que esperado (Exportações atenuam efeitos da pandemia no balanço trimestral, Valor, 24 de agosto de 2020, Raquel Brandão):
Levantamento feito pelo Valor Data com as demonstrações financeiras divulgadas por 231 companhias de capital aberto mostra que a receita líquida ficou praticamente estável, com recuo de apenas 1,8% ante o segundo trimestre de 2019. O lucro operacional da amostra cai 29%. Os dados não incluem empresas financeiras.
O texto deixa claro que o resultado foi influenciado pelas exportadoras, que tiveram aumento na receita em razão da taxa de câmbio e do mercado chinês.
Mas nem todas as empresas tiveram este comportamento. Os dados do texto citado dizem respeito as grandes empresas brasileiras, que podem ter se beneficiado da crise. Isto obviamente é válido para parte das empresas. Veja que entre as empresas de energia elétrica o resultado não foi adequado. Em outro texto (Distribuidoras têm piora dos balanços, Valor, 24 de agosto de 2020, Letícia Fucuchima), este fato é demonstrado. A causa são dois fatores:
De um lado, a redução da atividade econômica provocou queda da demanda de energia, o que prejudicou a receita. De outro, a inadimplência no pagamento da conta de luz aumentou, o que diminuiu a arrecadação.
E parece que o efeito não foi o mesmo no Brasil. Conforme citação do artigo:
Carolina Carneiro, analista do Credit Suisse, aponta que as empresas tiveram impactos distintos no Ebitda principalmente por causa das diferentes regiões em que atuam. “Olhando para o indicador de volume, vemos que as companhias com subsidiárias no Nordeste e Sudeste sofreram muito mais do que às que estão no Norte e Centro-Oeste”. Ela observa ainda que os impactos foram relativamente menores para as empresas “integradas”, que operam em outros segmentos e estão menos expostas em distribuição, em comparação com as distribuidoras “puras”.
Uma das marcas mais evidentes da pandemia nos balanços é a escalada das perdas esperadas de créditos de liquidação duvidosa (“PECLD”). De acordo com as empresas, a constituição dessas provisões se intensificou entre abril e junho já que uma das principais ferramentas de combate à inadimplência - o corte de fornecimento de energia - não era uma opção.