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11 agosto 2020

Segredos sujos do carro elétrico

 Um texto muito bom da Forbes analisa até que ponto o carro elétrico é um carro "limpo". A narrativa oficial diz que o carro elétrico é um bom substituto para o carro movido com derivado do petróleo. Entretanto, esquece de levar em consideração o insumo necessário para construção das baterias. Muitos dos insumos são originários de países pobres, onde a sua extração representa a exploração de trabalho infantil. Além disto, mesmo comparando o desempenho, o carro elétrico não se sai muito bem. Eis um trecho:

se substituirmos toda a frota de veículos do Reino Unido por veículos elétricos, supondo que eles usem as baterias de última geração mais econômicas, precisaríamos dos seguintes materiais: cerca do dobro da produção global anual de cobalto; três quartos da produção mundial de carbonato de lítio; quase toda a produção mundial de neodímio; e mais da metade da produção mundial de cobre em 2018. (...) O impacto ambiental e social da mineração amplamente expandida para esses materiais - alguns dos quais são altamente tóxicos quando extraídos, transportados e processados ​​- em países afetados pela corrupção e por registros deficientes de direitos humanos só pode ser imaginado.

(...) Uma vez na estrada, as emissões de dióxido de carbono de EVs [carro elétrico] dependem do combustível de geração de energia usado para recarregar sua bateria. Se vier principalmente de usinas movidas a carvão, levará a cerca de 15 onças de dióxido de carbono para cada quilômetro percorrido - três onças a mais do que um carro similar movido a gasolina. (...) se um EV for dirigido por 50.000 milhas ao longo de sua vida útil, as enormes emissões iniciais de sua fabricação significam que o EV terá realmente colocado mais dióxido de carbono na atmosfera do que um veículo de tamanho semelhante movido a gasolina(...) "Isso está muito longe de 'zero emissões'".


Por sinal, pode ser que exista uma relação entre a Tesla e a derrubada do governo Morales (imagem acima)

Rir é o melhor remédio

 

Explicação do professor x explicação do colega

10 agosto 2020

Escravos e a contabilidade

Em uma entrevista com a historiadora Caitlin Rosenthal, a discussão sobre o tratamento do ser humano como mercadoria. Eis um trecho: 

(...) o artigo explora quatro estudos de caso sobre como as pessoas escravizadas eram precificadas e avaliadas. Os três primeiros mostram o processo de comoditização, revelando como os proprietários de escravos viam os escravos não como indivíduos, mas como unidades fungíveis de capital e trabalho. Isto incluía (1) inventários de pessoas escravizadas, (2) listas de preços que classificavam os escravos em categorias comercializáveis e (3) um sistema que classificava as pessoas escravizadas como ¼, ½, ¾ ou inteiras (...) o que permitia aos proprietários de escravos fazer comparações entre diversos grupos de pessoas. A seção (4) do artigo explora a auto compra, examinando como funcionava a precificação quando as próprias pessoas escravizadas participavam de mercados para comprar sua liberdade. Este último gênero de negociação mostra que os proprietários transformaram seu poder sobre os escravos em poder de monopólio, usando-o para extrair preços acima do mercado daqueles que buscavam comprar sua liberdade.

É importante destacar que Rosenthal escreveu um livro com o título Accounting for Slavery: Masters and Management

Ainda sobre o mesmo assunto, a Slate publicou um texto onde analisou a estreita ligação do trono inglês com a escravidão. O texto mostra como os reis britânicos lucraram, na história, com o comércio de escravos. No final:

Nos últimos dias, o duque e a duquesa de Sussex [príncipe Harry e a atriz negra Meghan Markle] argumentaram que, à luz do movimento Black Lives Matter, é hora de a Grã-Bretanha lidar com seu passado “desconfortável”. Mas a monarquia britânica continua se recusando a reconhecer seus laços históricos com o comércio de escravos e a opressão racial.

Novos membros do Comitê de Interpretação da IFRS

Entre os nomeados, a brasileira Renata Bandeira para o IFRS Interpretations Committee: 

Renata Bandeira is the Accounting and Tax Director at GOL Linhas Aéreas Inteligentes in Brazil. She has more than 20 years of experience in accounting, including more than a decade of service as an auditor at Deloitte. She has advised numerous companies on the adoption of IFRS Standards.

Foto: aqui

Futebol, visitante e desempenho

A questão do desempenho é importante para contabilidade, especialmente para contabilidade gerencial. A pesquisa interessa em tentar entender como o desempenho é influenciado por variáveis como dinheiro, recompensa não monetária, pressões externas etc. Em muitos casos, não temos condições de fazer uma verificação adequada em uma empresa. Mas o que acontece em outras atividades coletivas, praticadas em grupos, pode ajudar a entender algumas das questões relacionadas com o desempenho. 

Este é o caso do esporte. Com a pandemia, algumas partidas de futebol (e de outros esportes) estão sendo disputadas em estádios sem torcidas. O fator campo pode ser estudado através desta situação prática. Pesquisa anterior mostrou que o fator campo proporcionava uma vantagem para o dono da casa. A razão disto nunca foi claramente esclarecida. 

E, no entanto, a fonte dessa vantagem nunca foi realmente identificada. Os analistas atribuíram isso a uma variedade de fatores. Alguns dizem que a equipe visitante sofre por causa do cansaço das viagens. Outros acham que é porque o time da casa tem certa familiaridade com o campo - a superfície de jogo no futebol ou as dimensões do parque no beisebol. Alguns afirmam que é porque os árbitros e árbitros são influenciados pela multidão e, portanto, são tendenciosos a favor do time da casa, ou que os sons do estádio e a zombaria da multidão podem entrar na cabeça dos jogadores adversários. 

Os pesquisadores da psicologia também ficaram intrigados com a causa da vantagem do campo doméstico. 

O psicólogo Robert Zajonc propôs uma teoria chamada facilitação social, em que a "excitação" de um artista aumenta na presença de outras pessoas. Nesse contexto, excitação significa que você se preocupa mais com o que está fazendo quando está sendo observado. Para os atletas, significa que eles ficarão mais motivados quando houver multidão. E se a torcida apoiar, isso pode “facilitar” um melhor desempenho do atleta. Mas, desde então, outros relataram que os efeitos da facilitação social nos estudos dos esportes tendem a ser fracos. E há quem acredite que a multidão nada tem a ver com o desempenho.

Fonte: The Conversation. Imagem aqui

Rir é o melhor remédio

 

09 agosto 2020

Contabilidade de empresas chinesas

O governo Donald Trump emitiu ontem suas recomendações para impedir que as companhias chinesas que não se enquadrarem nas normas contábeis dos EUA sejam listadas nas bolsas americanas. (...) 

As medidas forçarão a remoção das bolsas americanas das ações das companhias chinesas auditadas por firmas cujos trabalhos não podem ser analisados pelo Conselho de Supervisão de Assuntos Contábeis das Companhias Abertas dos EUA (PCAOB), por causa das restrições do governo chinês. 

Há anos o PCAOB não consegue analisar as auditorias das companhias chinesas que possuem ações listadas em bolsas americanas. Pequim proíbe a autoridade reguladora americana de inspecionar as firmas de auditoria no país e também o compartilhamento de documentos de auditorias internos. (...)

Fonte: aqui. (Cartoon: aqui)

Há anos esta reclamação - sobre a qualidade das demonstrações contábeis das empresas Chinesas - existe. O caso da Luckin (aqui e aqui) mostrou a dimensão do problema. Existe uma possível solução:

As recomendações do governo Trump preveem uma alternativa às chinesas, a contratação de um auditor adjunto fora da China, possivelmente uma instituição baseada nos EUA e de dentro do mesmo grupo auditor, possibilitando assim ao PCAOB outros meios para analisar as auditorias. A proposta recomenda a retirada das ações de empresas que não se enquadrarem na exigência até 1º de janeiro de 2022, e a proibição de novas listagens sem o cumprimento dessa regra, o que passaria a valer imediatamente.