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09 agosto 2020

Donald Trump e a declaração do Imposto de Renda

Há tempos é uma tradição na política dos EUA o presidente abrir seu imposto de renda. Isto demonstra transparência na vida financeira do político mais importante daquele país. Mas esta tradição foi quebrada com o atual presidente, que recusou a entregar suas informações financeiras. Isto provoca uma curiosidade natural. Provavelmente Trump está querendo esconder algo. Uma notícia recente sobre este assunto:

O gabinete de Vance intimou a empresa de contabilidade de Trump, Mazars USA, em agosto de 2019, solicitando as declarações de impostos como parte de sua investigação, que até agora se acreditava estar focada em pagamentos ocultos feitos durante a campanha de 2016 para comprar o silêncio de duas mulheres que disseram ter tido relações com Trump, incluindo a atriz pornô Stormy Daniels. 

Cohen organizou os pagamentos para Daniels e a outra mulher, a modelo Karen McDougal. O escritório de Vance está investigando se alguma lei eleitoral do Estado de Nova York foi violada quando esses pagamentos foram feitos.

Há também uma desconfiança que Trump superestimou seu patrimônio. 

Vivendo sem os Gigantes da Internet

Depoimento interessante sobre como seria a vida sem Amazon, Facebook, Google, Apple e Microsoft. Eis um trecho:

Em seguida bloqueei Amazon, Facebook, Google, Apple e Microsoft, uma por uma - e então todas de uma vez - ao longo de seis semanas. De longe, Amazon e Google foram as empresas mais difíceis de evitar. 

Para eliminar a Amazon da minha vida, tive que perder o acesso a qualquer site hospedado pela Amazon Web Services, maior provedora de espaço na nuvem da internet. Muitos aplicativos e boa parte da internet usam os servidores da Amazon para hospedar seu conteúdo digital, e uma grande fatia do mundo digital se tornou inacessível quando me despedi da Amazon, incluindo a Netflix, concorrente do Amazon Prime Video.

A Amazon também foi difícil de evitar no mundo real. Quando usei o eBay para encomendar um suporte de celular para o carro, o produto chegou em uma embalagem da Amazon, porque o vendedor usou a opção “Enviado pela Amazon", pagando à empresa pelo armazenamento e envio do seu produto. Quando bloqueei o Google, a internet inteira ficou lenta para mim, pois quase todos os sites que eu visitava usavam o Google para o fornecimento de suas fontes, anúncios, rastreamento de usuários e identificação de humanos ou bots. Ao bloquear o Google, perdi acesso ao serviço de armazenamento de dados Dropbox porque o site pensou que eu não era uma pessoa de verdade. Uber e Lyft pararam de funcionar para mim porque ambos dependem do Google Maps para sua navegação. Descobri que, na prática, o Google Maps exerce um monopólio no segmento dos mapas on-line. Até a Yelp, que há muito critica o Google, usa os mapas da empresa para dizer aos usuários de computador onde se localizam os negócios. (...)

Com frequência, diz-se aos críticos das grandes empresas de tecnologia que “se não gostam das empresas, não usem seus produtos". Depois de realizar esse experimento, posso concluir que é impossível fazer isso. Não se trata apenas dos produtos e serviços que recebem diretamente as marcas dessas gigantes, mas também do fato dessas empresas serem donas de uma série de produtos e serviços mais obscuros dos quais é difícil desvencilhar, as ferramentas das quais dependemos para tudo que fazemos, seja no trabalho ou para chegar do ponto A ao ponto B.

Fonte: 

Tentei viver sem as gigantes da tecnologia, e foi impossível. Kashmir Hill, The New York Times 03 de agosto de 2020 | 10h00. Imagem: aqui

Análise Fundamentalista está morta !

 Value Investing é um fracasso há 30 anos, segundo o professor de de contabilidade   Baruch Lev da NYU:

Resumo:

It is widely believed that the long-standing and highly popular value investing strategy—investing in low-valued stocks and selling short high-valued equities—lost its edge in the past 10-12 years. The reasons for this putative failure of value investing elude investors and academics, making it a challenge to assess the likelihood of the return of value investing to its days of glory. Based on extensive data analysis we show that value investing has generally been unprofitable for almost 30 years, barring a brief resurrection following the dotcom bust. We identify two major reasons for the failure of value investing: (1) accounting deficiencies causing systematic misidentification of value, and particularly of glamour (growth) stocks, and (2) fundamental economic developments which slowed down significantly the reshuffling of value and glamour stocks (mean reversion) which drove the erstwhile gains from the value strategy. We end up by identifying the type of companies (stocks) that may still generate gains from value investing.

Lev, Baruch Itamar and Srivastava, Anup, Explaining the Recent Failure of Value Investing (October 25, 2019). NYU Stern School of Business, Available at http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3442539


[...]

In our widely debated paper (“Explaining the Recent Failure of Value Investing”), we have established empirically the following:

  • The failure of value investing isn’t a recent phenomenon. In fact, this highly touted and widely used investment technology stopped performing in the late 1980s.
  • Value investing had a five-to six-year resurgence in the early 2000s, mainly due to Nasdaq’s collapse, and then returned to its long-term underperformance.
  • An important reason for the failure of value investing is the use of highly deficient accounting data ― book values and earnings, in particular ― in selecting “value” and “growth” stocks.
  • Beyond such mismeasurements, the main reasons for the failure of value investing are long-term, structural economic changes, causing a significant slowdown of the mean reversion of both value and growth stocks.

For the unfamiliar: Value investing is a popular investment scheme of buying low-valued stocks (e.g., low market-to-book or price-to-earnings stocks), and selling short highly valued stocks. The natural rebound of the former (“value” stocks) and the price drop of the latter (“growth” stocks) — namely, mean reversion ― generated the gains from value investing in the 1970s and 1980s.

But despite the clear and damning empirical evidence and the protracted underperformance of most value funds, there are still die-hards claiming that value investing will return to its former glory. In particular, some assert now that value investing is a safeguard in time of crisis. We decided to examine this claim on two recent crises: the financial crisis (December 2007 through June 2009, both inclusive), and the COVID crisis (2020 year, until July 27, 2020). Our data, presented below, will continue to disappoint value believers.

Saiba o que é Value Investing: Estratégia de Warren Buffett

fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

 

08 agosto 2020

Pandemia e Ciência 2

 Tim Harford lembra um aspecto importante: adoramos "casos" neste sentido deixamos de lado a ciência (os números, as probabilidades, ...). Na realidade, isto não é originalmente dele, mas de Kahneman. Para este ganhador de Nobel, as "histórias vivas" tendem a embaçar nossa avaliação de risco. 

Em lugar da descrição simples "morrendo de Covid", contarmos uma história sobre infecção, preocupação familiar, febre, recuperação aparente, mudança acentuada para pior, ser levado rapidamente para o hospital, sedação e morte, separação da família, bem, nesta altura, ninguém se importa com a percentagens. O risco ficou terrivelmente real, pelo menos por um tempo. 

Por isto ficamos impressionados com as reportagens jornalísticas que contam os casos reais de uma pessoa específica e temos a tendência a extrapolar para todos os casos. 

Harford lembra um trabalho recente (e já polêmico) divulgado pelo NBER. O estudo solicitou que as pessoas respondessem sobre os riscos do coronavírus. O resultado mostrou que os jovens apresentaram uma estimativa de risco muito superior ao risco real. Já os mais velhos foi justamente o contrário: eles colocaram um risco bem menor. Já sabemos que o Covid apresenta uma taxa de risco muito reduzida para os jovens e um risco superior para os idosos. Vale a pena dar uma olhada no artigo de Harford.

Pandemia e a Ciência 1

 

Muito ainda iremos discutir sobre algumas questões estatísticas no mundo de pandemia. Mas já sabemos de algumas falhas cometidas neste ano por parte dos cientistas e das autoridades. 

Uma discussão importante e que deve ser feita sem alarme é se a forma como reagimos a doença foi razoável ou não. Neste momento é preciso analisar os argumentos, sem o viés da confirmação. O site ZeroHedge tem postado alguns textos contrários a forma como os governos reagiram à pandemia. Em um deles, "A maior fraude de todos os tempos" é muito afirmativo e contrário aos bloqueios. É importante ler e analisar criticamente os argumentos. O modelo do Imperial College parece que tinha falhas e a OMS cometeu erros grosseiros (e políticos). Escutamos demais Fergunson e pouco John Ioannidis:

Quando o bloqueio foi imposto, fomos informados de que estávamos enfrentando uma segunda pandemia de gripe espanhola (que provavelmente matou até 50 milhões de pessoas); que os hospitais seriam invadidos e haveria 500.000 mortes somente no Reino Unido. Era uma narrativa poderosa e emotiva, mas nunca era verdade. Os governos e uma mídia obediente focaram-se exclusivamente no cenário apocalíptico do Imperial College, agora baseado em um modelo hipotético e mal codificado, ignorando a história de seu autor de previsões fracassadas do apocalipse e as diferentes visões de outros cientistas.

O risco de mortalidade populacional do vírus foi inicialmente estimado em 3,8% pela OMS, que chegou a esse número simplesmente dividindo o número de mortes chinesas pelo número de casos confirmados, ignorando o fato de que apenas uma pequena proporção das pessoas infectadas provavelmente havia realmente foi testado; que os casos assintomáticos provavelmente apresentavam uma sub-representação significativa nos testes e que os casos mais graves provavelmente estavam altamente correlacionados a sintomas graves. Esse erro estatístico básico de simplesmente dividir as mortes por infecções relatadas não apenas exagerou a gravidade do risco, mas também levou diretamente a um erro político sobre a capacidade hospitalar e as mortes no domicílio.

Os relatórios da mídia também falharam intencionalmente em reconhecer que o risco de mortalidade estava altamente inclinado à idade ( idade mediana da mortalidade de 82 29), a fim de assustar toda a população a observar o bloqueio com relatos falsamente exagerados da mídia de jovens e saudáveis que morrem devido ao vírus. O risco de mortalidade entre os idosos foi distorcido para aqueles com problemas de saúde existentes (presença de comorbidades), com a Itália relatando que 96% das mortes por vírus também sofriam de outras doenças, mas isso não se encaixava na narrativa desejada.

Mas a falta de coordenação (e o descaso de alguns) também deve ser considerado. A obtenção da imunidade do rebanho por incompetência (IRPI), termo criado por Fernando Reinach, mostra nosso fracasso. Novamente, que fique bem claro, não é ser "contra ou a favor", mas de tentar olhar os argumentos dos dois lados. 

Rir é o melhor remédio