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02 julho 2020

EY e Wirecard

A associação, conhecida como Schutzgemeinschaft der Kapitalanleger (SdK), disse que é inaceitável que demore 11 anos e uma investigação especial da KPMG para a EY aceite que falta 1,9 bilhão de euros no balanço da empresa de pagamento alemã [Wirecard].

Alega-se nas últimas semanas que os auditores não obtiveram confirmações de saldo de dois bancos com sede nas Filipinas nos anos de 2016 a 2018.

"Esse comportamento é incompreensível e levanta inúmeras questões", afirmou SdK em comunicado. "Verificar a existência de saldos bancários é uma das tarefas mais fáceis de um auditor e o procedimento é claramente regulamentado." (...) 

Ações judiciais privadas foram iniciadas na Alemanha e outro grande investidor no Wirecard, o conglomerado japonês SoftBank, também planeja processar a EY, de acordo com a revista alemã Der Spiegel. A SoftBank Investment Advisers, a subsidiária que administra o Vision Fund de US $ 100 bilhões da SoftBank, se recusou a comentar. (...) 

"Esse tipo de fraude não é novidade", disse Brian Fox, fundador da Confirmation, que permite que auditores e bancos certifiquem eletronicamente os saldos das contas. "Alguns auditores ainda estão usando procedimentos e técnicas de auditoria de 100 anos, desatualizados e facilmente manipuláveis ​​que permitem que a fraude escape pelas falhas".

Os principais bancos e instituições financeiras contam com trilhas de papel e tecnologias facilmente manipuladas para confirmar bilhões de dólares em ativos e recebíveis, disse Fox, tornando-os mais suscetíveis a fraudes e manipulação.

"Quando uma empresa deseja aumentar a receita registrando receitas falsas em suas demonstrações financeiras, a contrapartida deve ser" Dinheiro "ou" Contas a receber "", disse Fox.

"Nesse caso, com a Wirecard, eles registraram a entrada falsa de compensação em 'Cash' e contornaram os procedimentos de confirmação bancária dos auditores. Isso foi feito orientando os auditores a enviarem a confirmação do banco a uma pessoa que eles sabiam que responderia com as informações do saldo falso para corresponder ao que a empresa havia fornecido aos auditores. ”


Se encobrir a fraude, o autor usará contas bancárias falsas que realmente não existem, disse Fox à AccountingWEB. "O auditor acaba confirmando um saldo em dinheiro que eles consideravam legítimo e confirmado por um banco, mas na verdade era o fraudador interno que usava uma conta falsa".

Fonte: Aqui. Outro texto interessante está aqui. O autor toma grandes empresas dos EUA que tiveram boa parte da sua auditoria realizada pela EY da Alemanha. E lança dúvidas sobre os números reportados, já que a filial alemã foi enganada de forma, digamos, primária. 

Competição na política faz bem

Uma pesquisa analisou o que aconteceu com os municípios brasileiros durante a ditadura militar. O governo militar, tentando reduzir o poder das elites locais, aumentou a concorrência e estes municípios eram mais ricos em 2000. Eis o resumo:

This paper analyzes how changes in the concentration of political power affect long-run development. We study Brazil’s military dictatorship whose rise to power dramatically altered the distribution of power of local political elites. We document that municipalities that were more politically concentrated prior to the dictatorship in the 1960s are relatively richer in 2000, despite being poorer initially. Our evidence suggests that this reversal of fortune was the result of the military’s policies aimed at undermining the power of traditional elites. These policies increased political competition locally, which ultimately led to better governance, more public goods, and higher income levels.

Rir é o melhor remédio

Vida como conhecemos

01 julho 2020

Perguntas e Respostas no escândalo da Wirecard

Segundo o Financial Times (via aqui) a empresa de auditoria EY preparou um roteiro para conversas sobre o trabalho de auditoria realizado na Wirecard. Recentemente revelou-se que a empresa alemã não tinha 1,9 bilhão de euros. O roteiro é dizer que o objetivo da fraude era enganar os investidores e a EY. A empresa de auditoria destacou dois executivos para responder dúvidas das discussões.

O jornal inglês revelou na última semana que os auditores da EY falharam em solicitar, por três anos, informações sobre a conta bancária da empresa em um banco da Cingapura, onde deveria ter pelo menos 1 bilhão em dinheiro.

Balanço da Fundação IFRS

Sairam as demonstrações do exercício de 2019 da Fundação IFRS. Uma análise permite notar que a Fundação está cada vez menos dependente das Big Four - que em 2019 doaram quase 4 milhões de libras esterlinas. Parte desta redução da dependência deve-se ao aumento da receita obtida com publicações, um caminho já trilhado pelo Fasb. O Brasil contribuiu com mais de 70 mil libras, sendo que a Fundação CPC (leia-se CFC) e o Banco Central contribuíram com mais de 25 mil libras.

Destaco que o termo Covid foi citado 14 vezes. E no final do documento, uma homenagem a Paul Vocker, que faleceu em 2019, autor dos dizeres abaixo:

Bancos Europeus e a Crise

Segundo Daniel Lacalle (via aqui) existem três fatores que podem provocar uma crise no setor bancário europeu: aumento nos empréstimos vencidos, deflação e taxa de juros dos bancos centrais negativa. Estes três fatores deve reduzir substancialmente a lucratividade e solvência dos bancos.

Essa combinação de três problemas ao mesmo tempo pode gerar um risco de crise financeira criada pelo uso massivo do balanço dos bancos para tratar do resgate de todos os setores possíveis. Pode desfazer toda a melhoria no balanço patrimonial das entidades financeiras alcançada lenta e penosamente na última década e destruí-la em alguns meses.

Enfraquecer o balanço dos bancos e ocultar maiores riscos a taxas mais baixas em seus balanços pode ser uma política extremamente perigosa a longo prazo. Os governos pressionaram os bancos a conceder empréstimos a empresas e famílias com condições financeiras muito desafiadoras e isso pode voltar como um boomerang e atingir a economia europeia, onde 80% da economia real é financiada pelo setor bancário, de acordo com o BCE.


Estas condições parecem similares ao caso brasileiro, talvez exceto pela presença do estado no setor bancário, o que aumenta a tentação de usar os bancos na concessão de empréstimos de maior risco. Além disto, a redução da lucratividade gerada pelos títulos públicos pode ser um problema. No setor bancário é importante atentar para o contágio que eventualmente os bancos europeus podem provocar aqui. Nunca é demais lembrar que entre os cincos maiores bancos que atuam no Brasil temos um de origem europeia.

Rir é o melhor remédio

Acabei de descobrir sobre impostos.. Não é pra mim, mas obrigada