Há quem não veja problema nisso, argumentando que basta o Banco Central emitir moeda para pagar a dívida. Em um contexto de deflação em todo o mundo, essa expansão não aumentaria nossa inflação.
Infelizmente, não é o caso.
Operamos em um regime de política monetária no qual o BC fixa uma taxa de juros, para atingir uma meta para a inflação. Para tanto, ele precisa prover a quantidade de moeda demandada pelo sistema, seja ela qual for, para atingir a taxa Selic determinada pelo Copom. Não é possível, simultaneamente, fixar juros e controlar a quantidade de moeda.
Se o BC passar a emitir moeda, para pagar a dívida do Tesouro (abstraindo da restrição legal para fazê-lo), haverá aumento da liquidez no mercado e a taxa Selic ficará abaixo do valor fixado pelo Copom. A reação do BC terá que ser a de vender títulos públicos (via operações compromissadas) para reduzir a liquidez e puxar os juros para cima. Esses títulos colocados em mercado aumentarão a dívida bruta medida pelo BC.
Somente poderíamos recorrer à monetização da dívida se abandonássemos o bem-sucedido sistema de metas de inflação. O BC passaria a atuar com metas de agregados monetários, e os deixaria crescer frouxamente. Mesmo com baixa inflação internacional, os preços se acelerariam no Brasil. Para quem acha que a atual conjuntura mundial deflacionária não permitiria isso, basta olhar para a Argentina.
[...]
Não existe mágica para nos livrarmos da dívida que ora se acumula. Serão décadas de esforço fiscal. Já estamos mais pobres.
Temos que evitar dois graves erros, que facilmente podem ocorrer em meio às imprescindíveis ações para vencer a atual crise: dar dinheiro público a quem dele não precisa e estender os gastos emergenciais para além do tempo estritamente necessário, agravando nossa já precária situação fiscal.
Sem esses cuidados, corremos o risco de sair da pandemia voltando a conviver com inflação elevada e com grande dificuldade de retomar o crescimento.
Somente poderíamos recorrer à monetização da dívida se abandonássemos o bem-sucedido sistema de metas de inflação. O BC passaria a atuar com metas de agregados monetários, e os deixaria crescer frouxamente. Mesmo com baixa inflação internacional, os preços se acelerariam no Brasil. Para quem acha que a atual conjuntura mundial deflacionária não permitiria isso, basta olhar para a Argentina.
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Não existe mágica para nos livrarmos da dívida que ora se acumula. Serão décadas de esforço fiscal. Já estamos mais pobres.
Temos que evitar dois graves erros, que facilmente podem ocorrer em meio às imprescindíveis ações para vencer a atual crise: dar dinheiro público a quem dele não precisa e estender os gastos emergenciais para além do tempo estritamente necessário, agravando nossa já precária situação fiscal.
Sem esses cuidados, corremos o risco de sair da pandemia voltando a conviver com inflação elevada e com grande dificuldade de retomar o crescimento.
Fonte: aqui