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30 março 2020

Covid e desempenho

A empresa Terra Santo Agro apresentou no relatório da administração:

As cotações da soja no ano de 2019 foram marcadas por alta volatilidade diante da: (I) Guerra Comercial entre China e Estados Unidos; (II) Crise africana da peste suína e (III) Surto “Coronavírus”. (...) Também no mês de dezembro, a China anunciou a aparição de um novo vírus, o Coronavírus. A primeira medida para evitar a disseminação do vírus foi a restrição na movimentação de pessoas, o que impactou negativamente na atividade econômica do país, isto é, menor geração de renda e de consumo. Como consequência, observa-se a falta de produtos no mercado interno acompanhado de uma redução acentuada da importação de carnes e grãos. O esperado é que, com o passar do tempo, a escassez de alimentos resulte em uma aceleração da demanda para reposição dos estoques.

Mas o surto do coronavírus só foi anunciado ao mundo no final de dezembro. Como poderia afetar o preço da soja no ano de 2019?

Arte como um ativo: a coleção de Keynes

A carteira de obra de artes de keynes gerou um retorno de 4,2% ao ano nos últimos 50 anos.

Resumo:

The risk-return characteristics of art as an asset have been previously studied through aggregate price indexes. By contrast, we examine the long-run buy-and-hold performance of an actual portfolio, namely, the collection of John Maynard Keynes. We find that its performance has substantially exceeded existing estimates of art market returns. Our analysis of the collection identifies general attributes of art portfolios crucial in explaining why investor returns can substantially diverge from market returns: transaction-specific risk, buyer heterogeneity, return skewness, and portfolio concentration. Furthermore, our findings highlight the limitations of art price indexes as a guide to asset allocation or performance benchmarking. 


Fonte: David Chambers, Elroy Dimson, Christophe Spaenjers, Art as an Asset: Evidence from Keynes the Collector, The Review of Asset Pricing Studies, , raaa001, https://doi.org/10.1093/rapstu/raaa001

John Maynard Keynes. Image via Wikimedia Commons.

Tem ou não tem dinheiro?

Eis duas manchetes de dois jornais sobre o mesmo assunto:

Grandes empresas têm recursos para crise 

(Fernando Torres, Valor, 27 de março de 2020)

Metade das grandes empresas tem caixa para suportar até três meses sem receita

(René Pereira, Estadão, 30 de março de 2020) 

O que justifica esta diferença? Duas razões importantes.

Primeiro, a amostra. O Valor usou os dados de balanços de 97 empresas não financeiras com ações negociadas na bolsa. O Estadão trabalhou com 245 empresas de capital aberto da base Economática, também com ações na bolsa. Mas o aumento da amostra tende a acrescentar empresas de menor porte, o que pode aumentar o número em dificuldade.

Segundo, o método. O Valor focou na folha de pagamento. O Estadão também incluiu fornecedores e outras despesas operacionais. Assim, a premissa do jornal Valor é que as empresas conseguiriam reduzir rapidamente os custos fixos; já o Estadão pressupõe que as empresas tenderiam a manter estes custos. O resultado do segundo é pior.

Mas é importante lembrar que ambos levantamentos foram baseados na posição de caixa de final de dezembro e na estrutura de custos existentes então. Uma espécie de ceteribus paribus. E que não conseguiriam receita neste período, o que também é irreal para estas grandes empresas.

Rir é o melhor remédio


29 março 2020

Bola de cristal da BrMalls

Na divulgação das demonstrações contábeis da BrMalls, um empresa com ativos de 18 bilhões de reais, agora em março, um texto elucidativo da bola de cristal:

Redução de riscos implementamos medidas ao longo dos últimos meses que reduziram o patamar de risco da Companhia: (I) maior qualidade do portfólio, que se torna mais atrativos para os lojistas e resiliente aos ciclos (ii) melhor carteira de lojistas, apresentando maiores vendas, inadimplência líquida negativa e custo de ocupação saudável (iii) balanço forte e com alta liquidez (iv) forte governança corporativa, com maior nível de rating da ISS e reforçada área de gestão de riscos (v) cultura adaptativa e novas soluções digitais, adaptabilidade importante para mudanças estruturais de mercado. Após uma longa recessão, o país está em momento passível para uma retomada, com destaque para impacto do patamar inédito de juros nos planos expansionistas de varejistas e estamos prontos para capturar os benefícios decorrentes. Neste cenário, poderemos acelerar planos de investimentos e crescimento futuro. Estamos alertas aos impactos do novo Coronavírus (2019-nCoV), adotando medidas visando proteger a saúde dos colaboradores e clientes. Não obstante, os fundamentos do nosso negócio e estratégias de longo prazo seguem inalteradas e estamos entusiasmados com as oportunidades futuras.

Por que a reforma da comunicação científica parece tão difícil e lenta?

Jan Velterop responde a pergunta para o blog Scielo. Achei confusa, mas gostei da seguinte parte:

A pesquisa em si precisa de tempo necessário para que seja feita de forma responsável e completa, mas uma vez que haja resultados sólidos, a comunicação deles com outros cientistas pode e deve ser mais rápida. A velocidade é essencial para tirar o máximo proveito dos esforços coletivos da comunidade científica. Qualquer atraso na comunicação dos resultados da pesquisa é um atraso na busca de soluções. Atrasos desnecessários são devastadores em casos de vida ou morte.

Ele usa um termo interessante: o bolismo. Ou seja, você não pode ter tudo.

Mas há um problema subjacente que impede a comunicação científica rápida, eficiente e aberta necessária para fazer o progresso necessário. Em inglês se usa a expressão “ficar com o bolo e comê-lo”. Não é possível. Depois de comer o bolo, você não o terá mais. Em outras palavras, “você não pode ter tudo”. A crença teimosa de que você pode é conhecida como “bolismo”. Há um sabor diferente de “bolismo” no sistema. Vários atores na área da comunicação científica têm desejos difíceis de conciliar, ou apenas incompatíveis entre si. Quais são estes desejos? Por parte dos pesquisadores, geralmente temos: o desejo de publicar rapidamente; ter seus artigos revisados pelos pares; ser publicado em um periódico de prestígio; ser citado amplamente e com frequência; ter acesso ilimitado a trabalhos de outros pesquisadores; enfrentar pouco ou nenhum custo para publicar em acesso aberto; obter reconhecimento pelo trabalho publicado quando avaliados para promoção, estabilidade, convites para conferências e similares. Pesquisadores individuais podem até mesmo ter mais desejos.