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15 fevereiro 2020

Abordagem Informação Zero

Parece que a contabilidade do goodwill e o teste de recuperabilidade voltou para a agenda do Fasb e do Iasb. No caso do Iasb, os problemas com a empresa britânica Carillion, despertou a agenda. Nos Estados Unidos, os problemas com a General Electric e na Kraft Heinz provocaram o interesse no Fasb.

No caso Fasb, o excesso de ágio existente em várias empresas chama atenção. Em 2018, as empresas com ações negociadas na bolsa tinham 5,6 trilhões de dólares, o que significa 6% dos ativos e 32% do patrimônio. Das empresas que participam do índice SP500, o ágio era de 3,3 trilhões ou 9% dos ativos e 41% do patrimônio.

Uma alternativa que está sendo discutido é fazer a amortização, tendo como contrapartida o patrimônio líquido. Ou seja, não transitaria pelo resultado. Mas muitas empresas possuem um valor de goodwill superior ao patrimônio líquido. Esta abordagem enfrenta críticas. Se isto ocorresse, os investidores não teriam um grande informação, segundo Sandra Peters. Para ela, seria uma “abordagem com informação zero”. Os investidores não seriam capazes de reconhecer uma boa e má administração, segundo ele.

Quando as empresas fazem uma redução no valor recuperável, que é a abordagem atual para a contabilização de ágio, estão baixando um pouco de ágio porque os fluxos de caixa prospectivos da entidade adquirida não parecem bons. Isso vai para a demonstração de resultados. Diz algo para um investidor ou analista. Mas com a amortização [direto para o PL], a demonstração do resultado não mudaria.

Além disso, a amortização do ágio levaria, sem dúvida, a uma maior proliferação de medidas de lucro não-GAAP.

Oscar: alguns números

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio



Dia dos namorados (capas do New Yorker,via aqui)

14 fevereiro 2020

JBS x Paper

A Forbes fez um resumo da briga entre a JBS (dos enrolados irmãos Batista) e a empresa da Indonésia Paper Excelence, pela Eldorado Celulose.

Como a JBS tornou-se dano colateral numa guerra entre bilionários
Redação, com Reuters
11 de fevereiro de 2020
Paulo Whitaker

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil, da J&F Investimentos, holding que controla a JBS

A disputa entre os irmãos bilionários brasileiros Batista e o herdeiro de uma fortuna de papel e celulose da Indonésia está colocando pressão sobre os planos da JBS de listar suas operações internacionais nos EUA.

A briga se originou da aquisição em 2017, por R$ 15 bilhões, da empresa Eldorado Brasil por Jackson Widjaja, membro da segunda família mais rica da Indonésia, cuja fortuna a Forbes estima em US$ 9,6 bilhões.

A Paper Excellence, de Jackson Widjaja, acertou a compra da Eldorado com a JF Investimentos, holding de participações da família Batista que também controla a JBS, em 2017.

O negócio deveria ser feito em duas etapas, mas não houve acordo para completar a segunda etapa e agora a decisão está nas mãos de um tribunal de arbitragem no Brasil.

Ontem (10), a JBS acusou a Paper Excellence de fazer campanha de lobby nos Estados Unidos contra a JBS, que tem grandes operações no país, segundo pedido cautelar protocolado pela JBS na Oitava Vara Federal Civel do Rio de Janeiro.

No pedido, a JBS diz que a Paper Excellence contratou lobistas nos EUA para argumentarem contra o recebimento pela JBS de subsídios do governo do país desenhados para agricultores que sofrem as consequências da guerra comercial contra a China, e persuadiram membros do Congresso a enviar cartas ao Departamento de Agricultura dos EUA pedindo a interrupção dos pagamentos.

Os lobistas também pediram investigações sobre a JBS, citando a confissão dos irmãos Batista de terem pago propina a quase 2 mil políticos, e levantam possíveis riscos da listagem das operações internacionais do frigorífico nos EUA, segundo o pedido ao juiz.

Numa nota enviada a Reuters, a Paper Excellence negou todas as acusações e disse que são “insinuações caluniosas e de má fé” feitas para “atacar a companhia, seus acionistas e trabalhadores”. A empresa disse estar focada em completar o negócio de compra da Eldorado Celulose.

Mesmo assim, documentos judiciais, formulários de lobby entregues ao Congresso americano e entrevistas com pessoas dos dois lados da disputa mostram que a Paper Excellence fez lobby contra a JBS nos EUA em meio à disputa pela compra da Eldorado.

O lobby aumenta a pressão sobre os irmãos Batista, que esperam para junho uma decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade de suas delações premiadas.

Nos últimos meses, congressistas americanos, incluindo os senadores Marco Rubio e Bob Menendez, escreveram para o governo Trump pedindo para investigar a JBS e o pagamento de subsídios a suas subsidiárias nos EUA. A Reuters não conseguiu determinar se as cartas foram resultado do lobby da Paper Excellence.

Um alto executivo da JBS disse à Reuters que a companhia segue com planos de listar as operações internacionais nos EUA, mas sem levantar recursos de investidores americanos. Os planos iniciais de IPO, desenhados há quatro anos, foram frustrados pelo veto do BNDES e depois por condições de mercado adversas.

O executivo negou que a mudança nos planos tenha alguma relação com o lobby, e disse que a expectativa é concretizar a transação na primeira metade do ano.

A JBS no Brasil e a subsidiária americana preferiram não comentar a listagem e o lobby.

A virada no relacionamento entre Widjaja e os irmãos Batista foi numa reunião em agosto de 2018. Na época Widjaja tinha comprado 49% do negócio e os dois lados marcaram reunião a pedido de um juiz do primeiro litígio entre as partes.

No encontro no hotel Ritz Carlton de Los Angeles, representantes dos Batista disseram que o valor da empresa havia mudado desde a assinatura do contrato e que o preço deveria ser maior se o contrato fosse estendido por seis meses, segundo um áudio secretamente gravado ouvido pela Reuters. É possível ouvir Widjaja dizendo que os novos números eram “chocantes”.

Depois do encontro, Widjaja disse a Claudio Cotrim, seu principal executivo no Brasil, que ele preferia “gastar milhões em advogados do que pagar mais um centavo a eles (Batistas)”, segundo o relato de Cotrim.

Em nota enviada à Reuters, a J&F disse que não infringiu o contrato original pedindo recursos adicionais. Para estender o prazo de pagamento por um tempo longo, o negócio teria que envolver novos riscos e análises não previstos nos contratos.

Quando ficou claro que o litígio era inevitável, a Paper Excellence desenhou uma estratégia com três pilares para conter os Batista. A primeira foi escolha de advogados para arbitragem, a segunda indicar executivos para compor o conselho da Eldorado e a terceira uma “guerra de relações publicas”, com a contratação de assessoria de imprensa.

No ano passado, a Paper Excellence contratou Jeff Miller, um ex-deputado da Flórida, como lobista. Embora a empresa não tenha atividades agrícolas nos EUA, a empresa de Miller trabalhou em “esforços ligados a subsídios da farm bill de 2018 pagos a empresas estrangeiras”, segundo relatório de lobby do Congresso.

A Paper Excellence não comentou a contratação de Miller.

Em janeiro, Miller entrou para outra empresa de lobby de Washington, a Mercury Public Affairs, que já fez lobby para empresas como a Chinesa ZTE e companhias controladas pelo oligarca russo Oleg Deripaska. A Mercury disse que Miller não trouxe o contrato com a Paper Excellence para a companhia.

Desde ao menos dezembro outro co-chairman da Mercury, o ex-senador David Vitter, tem contatado assessores da Câmara dos deputados dos EUA pedindo investigações e apontando riscos para investidores na listagem das operações da JBS nos EUA, segundo e-mails vistos pela Reuters e confirmados pela Mercury.

No pedido judicial, a JBS alega que a Mercury foi contratada indiretamente pela Paper Excellence, mas não mostra provas concretas. A Paper Excellence e a Mercury negam a alegação.

Irani e a data da venda

Em 2016, a Celulose Irani faz um contrato com a Global Fund. Pelo acordo, a Irani transfere a exploração de uma área por um período de onze anos, mas durante este período a Irani teria opções de recompra de madeira produzida na base florestal.

O que ocorreu aqui? A primeira opção é uma venda de ativo (a floresta). Se isto for o correto, a empresa deve fazer o registro da saída do ativo, no valor de R$55,5 milhões, e confrontar com o valor de custo (R$51,8 milhões). A diferença é a baixa de um ativo e o registro da diferença como resultado.

Mas será que o ativo foi efetivamente transferido? Uma das condições é que os riscos e os benefícios de uso do ativo passou a ser do comprador. Mas como a Irani tinha opção de recompra de madeira e o contrato tem um prazo de onze anos, talvez não tenha existido esta transferência.

Em 2016, a empresa reconheceu a operação como sendo uma venda. Reduziu o ativo, mas registrou uma receita oriunda da venda de floresta. O auditor da época, a PwC, somente considerou a transação como sendo uma dos principais assuntos de auditoria, reconhecendo que se dedicou muitas horas ao assunto. Mas o relatório foi sem ressalvas.

Em 2019 o novo auditor fez ressalva a este tratamento. Para a Deloitte, o registro deveria ter sido como um tipo de empréstimo, com garantia. Afinal, não teria existido uma mudança no dono do ativo. Para a Deloitte, não ocorreu uma mudança no risco e no benefício pelo uso da floresta. A empresa fez ressalva nas demonstrações contábeis de final de ano e publicadas no início de 2018. No ano que a ressalva foi publicada, o contrato foi alterado: deixou de existir a opção de recompra.

A CVM considerou que a transação foi de uma compra e venda de ativo. Ou seja, a Irani vendeu florestas para terceiros. A questão é que a CVM considera que esta transação só ocorreu quando isto ficou caracterizado, com a mudança no contrato. Ou seja, para CVM, a operação de venda ocorreu em 2018, não em 2016. E para apresentar de maneira mais adequada o assunto, a entidade determinou que a Irani republicasse os balanços de 2016 a 2018, considerando a operação como sendo um empréstimo nos dois primeiros anos e uma venda em 2018.

Rir é o melhor remédio

Big Four na rede x vida real.

13 fevereiro 2020

Aumento do poder de mercado: implicações macroeconômicas

We document the evolution of market power based on firm-level data for the US economy since 1955. We measure both markups and profitability. In 1980, aggregate markups start to rise from 21% above marginal cost to 61% now. The increase is driven mainly by the upper tail of the markup distribution: the upper percentiles have increased sharply. Quite strikingly, the median is unchanged. In addition to the fattening upper tail of the markup distribution, there is reallocation of market share from low to high markup firms. This rise occurs mostly within industry. We also find an increase in the average profit rate from 1% to 8%. While there is also an increase in overhead costs, the markup increase is in excess of overhead. We then discuss the macroeconomic implications of an increase in average market power, which can account for a number of secular trends in the last four decades, most notably the declining labor and capital shares as well as the decrease in labor market dynamism.

Jan De Loecker, Jan Eeckhout, Gabriel Unger, The Rise of Market Power and the Macroeconomic Implications, The Quarterly Journal of Economics, , qjz041, https://doi.org/10.1093/qje/qjz041

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