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06 fevereiro 2020

Receita ou faturamento

A receita de publicidade do Youtube ultrapassou US$ 15 bilhões no ano fiscal de 2019, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (03/01) pela Alphabet, companhia dona do Google. É primeira vez que a empresa divulga números de receita da plataforma. No último trimestre do ano passado, o Youtube obteve faturamento de US$ 4,7 bilhões com a venda de anúncios — acima dos US$ 3,61 bilhões registrados nos últimos três meses de 2018, segundo a empresa.

Entretanto, a Alphabet afirma que "a maioria" da receita de publicidade do YouTube é redirecionada aos criadores de conteúdo da plataforma — assim, fica difícil saber o quanto os anúncios rendem em lucro para a empresa.

Eis uma questão contábil interessante: como classificar os 15 bilhões. Se fôssemos usar a similaridade com uma agência de viagem, que vende uma passagem e repassa a maior parte do valor para a cia aérea, talvez o mais adequado fosse registrar o valor com receita bruta, deduzindo dos custos dos criadores de conteúdo. Mas tomando um paralelo com uma "indústria", o valor para os criadores de conteúdo seria como um "custo dos serviços prestados", podendo os 15 bilhões ser uma receita líquida. Confuso, não?

Guiana e os recursos minerais

É a maldição dos recursos naturais. A Guiana, um país que fica ao norte do Brasil, teve a sorte de descobrir petróleo no alto mar, em um bloco chamado Stabroek. Em junho de 2016, o país fez uma negociação, em que irá receber 52% das receitas provenientes desta exploração. Tradicionalmente, um acordo como este envolve percentual entre 65 a 85%.

De qualquer forma, a participação de 52% significa 168 bilhões de dólares. Mas poderia render 223 bilhões se o percentual fosse de 69%, um valor “mais justo”, segundo um grupo de políticas públicas chamado OpenOil. Isto corresponde a 1,3 bilhão a mais por ano. Como o PIB do país é de 3,7 bilhões, somente esta diferença será muito expressiva.

Segundo a entidade que divulgou estas informações, o que ocorreu é que os governantes, incluindo o ministro de recursos minerais, recusou a escutar os especialistas. Como o país terá nos próximos dias eleições, o relatório do Global Witness, que divulgou as informações, foi classificado como político. Mas é interessante notar que mesmo a oposição é contra qualquer renegociação da licença de Stabroek. Como a Venezuela reivindica parte do território da Guiana, o acordo inclui, segundo o ministro de recursos minerais, “alguma segurança e estabilidade para a área”.

Rir é o melhor remédio

Dificuldade de leitura

05 fevereiro 2020

Ação contra eleição no CFC

Um texto que foi publicado no Diário de Aparecida (via Caio Tibúrcio, grato) trata de uma ação popular na terceira vara federal cível da SJDF. A autora da ação afirma que as eleições para os conselhos regionais estão sendo registradas em desacordo com a Lei de Regência da Profissão. , já que a competência para estabelecer instruções reguladoras é do Ministério do Trabalho e Previdência Social (atualmente Ministério da Justiça e da Economia). Segunda a autora da ação, não existe nas atribuições do CFC a de legislar sobre o processo eleitoral; caberia adotar a legislação eleitoral.

Minha opinião: não conheço a norma, mas parece que cabe um esclarecimento pelo CFC.

Buzina

Em Mumbai, na Índia, os motoristas gostam de uma buzina. Uma campanha feita pelo Detran de lá começou a punir os motoristas pelo uso da buzina: o tempo de espera no sinal passou a ser determinado pelos decibéis medidos. Ou seja, quando maior o uso da buzina, maior o tempo de espera. Eis o vídeo da campanha:

Petrobras e a Corrupção do Circulante

Um trader que trabalhava para a Petrobras em Houston, nos Estados Unidos, chegou a um acordo com a justiça no final de fevereiro, anunciou a Reuters (aqui). O trader afirmou que as empresas Vitol, Glencore e Trafigura, entre outras, pagaram milhões de dólares em propinas para os funcionários da estatal brasileira, entre 2011 a 2014. Com o suborno, a Petrobras comprava produtos das empresas por um preço maior ou vendia combustível por um valor menor.

A corrupção da Petrobras já foi objeto de várias notícias. Entretanto, há um ponto interessante neste fato: o impacto contábil. As denúncias anteriores mostraram que os antigos diretores da empresa recebiam dinheiro pelos investimentos realizados pela Petrobras nas refinarias, nos complexos petroquímicos e outros. Os empreiteiros brasileiros pagavam para os ex-executivos da estatal e tinham contratos acima do "valor justo". Isto significava que o ativo não circulante da empresa estava superestimado. Para resolver este problema, a empresa teve que reconhecer isto através de uma perda na demonstração de resultado.

No caso agora relatado, os problemas de corrupção atingiam em especial ao ativo circulante da empresa, com reflexo no resultado. Quando a Petrobras comprava produtos por um preço maior, o estoque adquirido estava avaliado por um valor maior, aumentando o custo do produto/serviços vendidos da empresa e reduzindo o lucro. Já quando a empresa vendia combustível, o reflexo estava na receita, que seria a menor, e nos valores a receber, também a menor. Nos dois casos, um resultado menor do que seria possível. Mas aqui, não haverá necessidade do registro da perda, pois a mesma já foi registrada no passado, indiretamente.

Rir é o melhor remédio

Realmente as moscas caseiras podem multiplicar rápido.