A empresa MoviePass foi fundada em 2011. Seu produto era a venda de assinatura para os amantes de cinema. O cliente assinava o MoviePass por uma taxa fixa e tinha direito a assistir filmes nos cinemas. O ingresso era pago pela empresa. Inicialmente, o negócio custava menos de dez dólares e o assinante poderia ver até um filme por dia.
Mais recentemente, a empresa não estava gerando lucro e mudou um pouco os valores (14,95 dólares) e limitou a quantidade de filme que um cliente poderia assistir. A empresa foi chamada de disruptiva; chegou a ter 2 milhões de assinantes, em fevereiro de 2018.
Entretanto, a empresa não conseguia gerar caixa e lucro. O valor recebido dos assinantes não era suficiente para pagar os cinemas. Quando uma empresa não consegue gerar caixa/lucro, existem três possíveis alternativas: (a) aumentar as receitas; (b) reduzir os custos; (c) obter dinheiro para sustentar os negócios.
A primeira opção pode ajudar uma empresa através da estrutura de custos, quando o preço de venda unitário é superior ao custo variável. Com aumento da receita é possível cruzar o ponto de equilíbrio, tornando a empresa lucrativa. Entretanto, parece que o valor da subscrição cobrado pela MoviePass era muito baixo, o que inviabilizava esta solução.
Reduzir custos poderia ser uma solução desde que a empresa conseguisse uma boa negociação com as redes de cinema. O ingresso do cliente MoviePass teria um valor menor que o ingresso tradicional. Isto não foi possível, já que em muitos casos o valor de um único ingresso para uma sessão do cinema poderia ser superior ao valor da assinatura mensal.
A terceira opção seria obter dinheiro através de venda de ativos (que não era o caso) ou através de investimentos. Em muitos setores “disruptivos” a lógica que prevalece é a seguinte: criou um mercado e domino; tendo estabelecido como o nome do mercado, posso usar meu papel de monopólio para entrar em outros negócios ou ter melhores condições de negociação. Este é o caso da Uber, da Netflix, da Tesla e da MoviePass. Para isto, é necessário ter investidores que apostem na empresa. Estes colocam dinheiro em caixa, que será usado para “dominar” o mercado. Entretanto, o negócio não gera caixa com as operações, muito menos lucro. O endividamento aumenta. No médio prazo, o dinheiro sai do bolso do investidor para o bolso do consumidor. É o que ocorre com a Uber ou a Netflix. Em alguns casos isto pode ser uma estratégia de sucesso (a exemplo da Amazon, no passado). Mas o investidor pode se cansar de jogar seu dinheiro fora e resolver sair da aposta, perdendo seu dinheiro.
É o que ocorreu com a MoviePass. Veja no gráfico o comportamento das ações da empresa. Tendo o sonho acabado, só resta à empresa decretar falência. Quem investiu na empresa, perdeu seu dinheiro. O cliente foi durante estes anos subsidiado pelo investidor. Em setembro passado a empresa encerrou o serviço de bilhete de cinema. No dia 28 de janeiro a controladora decretou falência e encerrou todas as operações comerciais.
Próximo da fila.
01 fevereiro 2020
Melhorias IPSASB
O International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB) publicou em dezembro (mas com copyright de 2020) uma série de melhorias nas normas contábeis para o setor público. O documento possui 29 páginas e pode ser acessado aqui
A entidade é responsável pelo desenvolvimento (adaptação) das normas para o setor público no mundo.
A entidade é responsável pelo desenvolvimento (adaptação) das normas para o setor público no mundo.
31 janeiro 2020
Geometria Algébrica e Teoria do Aprendizado Estatístico
Muito interessante este livro:
A parametric model in statistics or a learning machine in information science is called singular if the map from the parameter to the probability distribution is not one-to-one, or if its Fisher information matrix is not positive definite. A lot of statistical models are singular, for example, artificial neural networks, reduced rank regressions, normal mixtures, binomial mixtures, hidden Markov models, stochastic context-free grammars, Bayesian networks, and so on. In general, if a statistical model contains hierarchical structure, sub-module, or hidden variables, then it is singular.
If a statistical model is singular, then the log likelihood function can not be approximated by any quadratic form, resulting that the conventional statistical theory of regular statistical models does not hold. In fact, Cramer-Rao inequality has no meaning, asymptotic normality of the maximum likelihood estimator does not hold, and the Bayes a posteriori distribution can not be approximated by any normal distribution. Neither AIC corresponds to the asymptotic average generalization error nor BIC is equal to the asymptotic Bayes marginal likelihood. It has been difficult to study singular models, because there are so many types of singularities in their log likelihood functions.
[...]
A parametric model in statistics or a learning machine in information science is called singular if the map from the parameter to the probability distribution is not one-to-one, or if its Fisher information matrix is not positive definite. A lot of statistical models are singular, for example, artificial neural networks, reduced rank regressions, normal mixtures, binomial mixtures, hidden Markov models, stochastic context-free grammars, Bayesian networks, and so on. In general, if a statistical model contains hierarchical structure, sub-module, or hidden variables, then it is singular.
If a statistical model is singular, then the log likelihood function can not be approximated by any quadratic form, resulting that the conventional statistical theory of regular statistical models does not hold. In fact, Cramer-Rao inequality has no meaning, asymptotic normality of the maximum likelihood estimator does not hold, and the Bayes a posteriori distribution can not be approximated by any normal distribution. Neither AIC corresponds to the asymptotic average generalization error nor BIC is equal to the asymptotic Bayes marginal likelihood. It has been difficult to study singular models, because there are so many types of singularities in their log likelihood functions.
[...]
Cisne Verde
No dia 20 de janeiro, o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na
sigla em inglês), entidade baseada na Suíça e considerada “o banco
central dos bancos centrais”, divulgou um extenso documento no qual
alerta que as mudanças climáticas podem ser o gatilho de uma nova crise
financeira global. Segundo o BIS, esse risco está associado a eventos
não previstos, que a instituição chama de “cisnes verdes” — numa
analogia aos “cisnes negros”, o termo foi criado por Nassim Taleb,
ensaísta libanês radicado nos Estados Unidos, para se referir a eventos
improváveis com grande impacto. “Abordagens tradicionais de
gerenciamento de riscos, baseadas na extrapolação de dados históricos e
em suposições de normalidade, são amplamente irrelevantes para aferir os
riscos futuros relacionados ao clima”, diz o estudo, de coautoria do
brasileiro Luiz Awazu Pereira da Silva, ex-diretor de política econômica
do Banco Central do Brasil que desde 2015 ocupa o cargo de
vice-gerente-geral do BIS.
Riscos sistêmicos para a economia gerados por prejuízos decorrentes de eventos como secas, enchentes e furacões justificam a preocupação. Um estudo da consultoria McKinsey, divulgado neste ano, afirma que até 2030 os 105 países pesquisados, responsáveis por 90% da economia global, deverão enfrentar mudanças ambientais, como aumento de chuvas e de pessoas expostas a calor extremo. A Índia, um dos países mais expostos a elevação da temperatura, pode ter de 2,5% a 4,5% do produto interno bruto em risco dentro de dez anos se o cenário se mantiver. O estudo também alerta que as reservas do setor de seguros são insuficientes para arcar com os prejuízos materiais caso a ocorrência de situações extremas continue a crescer no ritmo atual. (...)
A ideia de usar o poder dos bancos centrais para conter as emissões ganhou um tom de urgência agora, mas já vem sendo discutida há alguns anos. “É uma estratégia incomum, mas que pode funcionar”, afirma Sérgio Werlang, assessor da presidência da Fundação Getulio Vargas e ex-diretor do Banco Central. Em 2017, oito bancos centrais — de Inglaterra, França, Holanda, Alemanha, Finlândia, Singapura, México e China — criaram a Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System, uma rede de reguladores cujo objetivo é a troca de informações e práticas que favoreçam a mobilização de capital para setores de baixo carbono. Hoje, 54 instituições fazem parte da iniciativa (o Brasil não é signatário). Quando assumiu o comando do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional, classificou o combate às mudanças climáticas como uma “missão crítica” do BCE.
As medidas práticas começam a despontar. Desde o ano passado, o Banco da Inglaterra conduz testes de estresse climático com bancos e seguradoras do país. Estão sendo considerados três cenários. O mais severo prevê uma elevação de 4 graus na temperatura global até 2080. Os resultados serão divulgados em 2021. No Brasil, a Febraban, federação que reúne os bancos, e o Banco Central conduzem um projeto semelhante. De forma voluntária, as instituições financeiras estão criando a chamada “régua de sensibilidade climática”, que vai determinar a exposição de cada uma às mudanças climáticas. Segundo Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de sustentabilidade da federação, os resultados devem sair em dois ou três anos. “Essa é uma pauta nova para o mercado financeiro, porém permanente e liderada pelo setor privado”, afirma Vasconcelos.
Em paralelo, existe um esforço das próprias empresas e instituições financeiras para criar um padrão de divulgação de informações relacionadas a riscos climáticos, algo que vai facilitar a análise de riscos sistêmicos. Em Davos, as quatro maiores empresas de auditoria do mundo, Deloitte, EY (antiga Ernst &Young), KPMG e PwC, assinaram um acordo em que estabelecem um modelo contábil para os dados de impacto climático. A iniciativa foi capitaneada pelo presidente mundial do Bank of America, Brian Moynihan, diretor do International Business Council, conselho ligado ao Fórum Econômico Mundial que reúne cerca de 100 presidentes de empresas de vários setores. A ideia é unificar diversos padrões de relatórios existentes, entre eles o Global Reporting Initiative (GRI), o mais utilizado atualmente, e o TCFD — sigla em inglês para força-tarefa sobre divulgação de informações financeiras ligadas ao clima, iniciativa presidida por Michael Bloomberg, pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, criada em 2015 pelo Financial Stability Board, órgão internacional que monitora o sistema financeiro.
Leia mais aqui
Riscos sistêmicos para a economia gerados por prejuízos decorrentes de eventos como secas, enchentes e furacões justificam a preocupação. Um estudo da consultoria McKinsey, divulgado neste ano, afirma que até 2030 os 105 países pesquisados, responsáveis por 90% da economia global, deverão enfrentar mudanças ambientais, como aumento de chuvas e de pessoas expostas a calor extremo. A Índia, um dos países mais expostos a elevação da temperatura, pode ter de 2,5% a 4,5% do produto interno bruto em risco dentro de dez anos se o cenário se mantiver. O estudo também alerta que as reservas do setor de seguros são insuficientes para arcar com os prejuízos materiais caso a ocorrência de situações extremas continue a crescer no ritmo atual. (...)
A ideia de usar o poder dos bancos centrais para conter as emissões ganhou um tom de urgência agora, mas já vem sendo discutida há alguns anos. “É uma estratégia incomum, mas que pode funcionar”, afirma Sérgio Werlang, assessor da presidência da Fundação Getulio Vargas e ex-diretor do Banco Central. Em 2017, oito bancos centrais — de Inglaterra, França, Holanda, Alemanha, Finlândia, Singapura, México e China — criaram a Network of Central Banks and Supervisors for Greening the Financial System, uma rede de reguladores cujo objetivo é a troca de informações e práticas que favoreçam a mobilização de capital para setores de baixo carbono. Hoje, 54 instituições fazem parte da iniciativa (o Brasil não é signatário). Quando assumiu o comando do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ex-chefe do Fundo Monetário Internacional, classificou o combate às mudanças climáticas como uma “missão crítica” do BCE.
As medidas práticas começam a despontar. Desde o ano passado, o Banco da Inglaterra conduz testes de estresse climático com bancos e seguradoras do país. Estão sendo considerados três cenários. O mais severo prevê uma elevação de 4 graus na temperatura global até 2080. Os resultados serão divulgados em 2021. No Brasil, a Febraban, federação que reúne os bancos, e o Banco Central conduzem um projeto semelhante. De forma voluntária, as instituições financeiras estão criando a chamada “régua de sensibilidade climática”, que vai determinar a exposição de cada uma às mudanças climáticas. Segundo Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de sustentabilidade da federação, os resultados devem sair em dois ou três anos. “Essa é uma pauta nova para o mercado financeiro, porém permanente e liderada pelo setor privado”, afirma Vasconcelos.
Em paralelo, existe um esforço das próprias empresas e instituições financeiras para criar um padrão de divulgação de informações relacionadas a riscos climáticos, algo que vai facilitar a análise de riscos sistêmicos. Em Davos, as quatro maiores empresas de auditoria do mundo, Deloitte, EY (antiga Ernst &Young), KPMG e PwC, assinaram um acordo em que estabelecem um modelo contábil para os dados de impacto climático. A iniciativa foi capitaneada pelo presidente mundial do Bank of America, Brian Moynihan, diretor do International Business Council, conselho ligado ao Fórum Econômico Mundial que reúne cerca de 100 presidentes de empresas de vários setores. A ideia é unificar diversos padrões de relatórios existentes, entre eles o Global Reporting Initiative (GRI), o mais utilizado atualmente, e o TCFD — sigla em inglês para força-tarefa sobre divulgação de informações financeiras ligadas ao clima, iniciativa presidida por Michael Bloomberg, pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, criada em 2015 pelo Financial Stability Board, órgão internacional que monitora o sistema financeiro.
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Joias da Coroa
A joalheira De Grisogono, detida parcialmente por Sindika Dokolo, marido da empresária Isabel dos Santos, anunciou hoje que entrou em falência, depois de não ter conseguido encontrar um comprador e perante a acumulação de dívidas. De acordo com a imprensa suíça, a decisão será anunciada hoje aos 65 trabalhadores na fábrica de Plan-les-Ouates, na Suíça, e surge na sequência da divulgação, por um consórcio internacional de jornalistas, da utilização de dinheiro público angolano nesta joalheira.
Na semana passada, em entrevista à agência Lusa, o Procurador-Geral de Angola, Hélder Pitta Grós, admitiu que entre os processos em investigação está o financiamento com dinheiros públicos da empresa pública de diamantes, Sodiam (200 milhões de dólares, 180 milhões de euros] para a compra da joalheira De Grisogono.
No despacho-sentença que determinou o arresto de bens de Isabel dos Santos, divulgado no final do ano passado, é dito que em audiência de produção de prova, ouvidas as testemunhas, resultou provado, entre outros factos, que, em agosto de 2010, o executivo angolano, chefiado então por José Eduardo dos Santos, decidiu comercializar diamantes angolanos no exterior do país.
Ficou também provado que “o antigo Presidente da República decidiu investir numa empresa suíça – De Grisogono/Joalharia de Luxo – que se encontrava em falência técnica em virtude de uma dívida para com os bancos UBS-Banco Cantonale de Genebra e BCV”.
Segundo a providência cautelar de arresto, ficou igualmente provado que José Eduardo dos Santos decidiu comprar a dívida da sociedade De Grisogono/Joalharia de Luxo junto dos bancos e “oferecer o negócio a Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, sua filha e genro”. (...)
Fonte: Aqui
Na semana passada, em entrevista à agência Lusa, o Procurador-Geral de Angola, Hélder Pitta Grós, admitiu que entre os processos em investigação está o financiamento com dinheiros públicos da empresa pública de diamantes, Sodiam (200 milhões de dólares, 180 milhões de euros] para a compra da joalheira De Grisogono.
No despacho-sentença que determinou o arresto de bens de Isabel dos Santos, divulgado no final do ano passado, é dito que em audiência de produção de prova, ouvidas as testemunhas, resultou provado, entre outros factos, que, em agosto de 2010, o executivo angolano, chefiado então por José Eduardo dos Santos, decidiu comercializar diamantes angolanos no exterior do país.
Ficou também provado que “o antigo Presidente da República decidiu investir numa empresa suíça – De Grisogono/Joalharia de Luxo – que se encontrava em falência técnica em virtude de uma dívida para com os bancos UBS-Banco Cantonale de Genebra e BCV”.
Segundo a providência cautelar de arresto, ficou igualmente provado que José Eduardo dos Santos decidiu comprar a dívida da sociedade De Grisogono/Joalharia de Luxo junto dos bancos e “oferecer o negócio a Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, sua filha e genro”. (...)
Fonte: Aqui
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