Por quanto tempo o Brasil irá continuar existindo como nação? Este tipo de pergunta é bastante difícil de responder e provavelmente o leitor irá achar um “chute” qualquer resposta. Baseado no Princípio Copernicano a resposta seria entre 66 a 198 anos.
O princípio copernicano pode ser usado para fazer diversos tipos de previsão, que inclui quanto tempo irá passar até o próximo ônibus, a idade que irá viver uma pessoa, a receita total de um filme, entre outras coisas. O princípio surgiu em 1969 quando Richard Gott visitou o Muro de Berlim, que tinha então 8 anos, e anunciou que o tempo de sua existência. Este método foi explicado no livro Algoritmos para Viver, mas julgo que a resposta de Poundstone (autor de vários livros de divulgação científica, como Fórmula da Fortuna) melhor.
Quando Gott visitou o muro de Berlim em 1969, o mesmo já existia desde 1961. Gott imaginou que naquele momento era um tempo aleatório, não especial da história, que poderia ser “precoce” (ou seja, o muro iria durar muito tempo) ou tardia (o muro não existiria mais em pouco tempo). Mas como este é um evento “aleatório”, existe 50% de chance de que a visita de Gott tenha ocorrido entre 25% a 75% da “vida” do muro.
Se esta tal visita tivesse ocorrido muito precocemente, isto corresponde a 25% do tempo de vida do muro ou 3 vezes a duração, até então, do muro. Como já tinha passado 8 anos, o muro teria uma vida de 24 anos.
Mas se Gott tivesse visitado o muro muito tardiamente. Neste caso, 8 anos corresponde a 75% do tempo total de vida do muro de Berlim. O restante 25% da vida futura do muro corresponde a somente 1/3 da vida anterior (igual a 8 anos). Ou seja: 8/3 = 2,67 anos. Este é a estimativa pessimista de Gott. Então, em 1969, Gott poderia dizer que o Muro deixaria de existir entre 2,67 e 24 anos, a partir daquele momento. Com 50% de chance de acerto.
Vamos ver o caso do Brasil. A independência ocorreu em 1822, ou há 198 anos. Se estamos no limite inferior, este tempo corresponde a 25% da vida do Brasil como país. Assim, a previsão extrema seria de 3 x 198 ou 594 anos. Se estamos no limite superior seria 66 anos. Assim, nosso país tem 50% de chance de durar entre 66 a 198 anos.
A ideia de Gott foi publicada na Nature em 1993. Ele estimou que o ser humano teria 95% de chance de extinção entre 12 a 18 mil anos, a partir de 1993. Isto tudo parece loucura e muitas pessoas acharam que a ideia de Gott não era ciência. Poudstone considera que o método funciona para situações como monumentos mundiais e peças da Broadway. Mas isto não seria útil em situações práticas, uma vez que o intervalo pode ser muito amplo.
Veja que a previsão de Gott para raça humana estaria entre 12 a 18 mil anos.
Se você for solicitado a fazer uma previsão, lembre-se de Gott e use-o. Mas não se esqueça de dizer que ele publicou na Nature seu trabalho.
(Atente para o fato de que a probabilidade é aleatória, o que nem sempre é verdadeiro)
22 janeiro 2020
70 anos de pesquisa médica
O vídeo a seguir mostra a evolução dos 70 anos de pesquisa médica. O trabalho foi feito pelo brasileiro Helder Nakaya, que analisou 29 milhões de artigos. É possível perceber que nos primeiros anos domina a pesquisa sobre tuberculose; depois, hipertensão, Aids e, no final, neoplasia dos seios.
21 janeiro 2020
Eficiência de Mercado na Era do Big Data
Resumo:
Modern investors face a high-dimensional prediction problem: thousands of observable variables are potentially relevant for forecasting. We reassess the conventional wisdom on market efficiency in light of this fact. In our model economy, which resembles a typical machine learning setting, N assets have cash flows that are a linear function of J firm characteristics, but with uncertain coefficients. Risk-neutral Bayesian investors impose shrinkage (ridge regression) or sparsity (Lasso) when they estimate the J coefficients of the model and use them to price assets. When J is comparable in size to N, returns appear cross-sectionally predictable using firm characteristics to an econometrician who analyzes data from the economy ex post. A factor zoo emerges even without p-hacking and data-mining. Standard in-sample tests of market efficiency reject the no-predictability null with high probability, despite the fact that investors optimally use the information available to them in real time. In contrast, out-of-sample tests retain their economic meaning.
Market Efficiency in the Age of Big DataIan Martin and Stefan NagelNBER Working Paper No. 26586December 2019JEL No. C11,G12,G14
Modern investors face a high-dimensional prediction problem: thousands of observable variables are potentially relevant for forecasting. We reassess the conventional wisdom on market efficiency in light of this fact. In our model economy, which resembles a typical machine learning setting, N assets have cash flows that are a linear function of J firm characteristics, but with uncertain coefficients. Risk-neutral Bayesian investors impose shrinkage (ridge regression) or sparsity (Lasso) when they estimate the J coefficients of the model and use them to price assets. When J is comparable in size to N, returns appear cross-sectionally predictable using firm characteristics to an econometrician who analyzes data from the economy ex post. A factor zoo emerges even without p-hacking and data-mining. Standard in-sample tests of market efficiency reject the no-predictability null with high probability, despite the fact that investors optimally use the information available to them in real time. In contrast, out-of-sample tests retain their economic meaning.
Market Efficiency in the Age of Big DataIan Martin and Stefan NagelNBER Working Paper No. 26586December 2019JEL No. C11,G12,G14
Advogados fazendo auditoria
A notícia continua:
O valor foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP, que subcontratou outro brasileiro, o Levy & Salomão. A assessoria do BNDES informou que o relatório de oito páginas, antecipado pelo estadão.com.br, é um resumo crítico da auditoria e que outro parecer, “mais robusto” foi entregue às autoridades.
A conclusão nos dois documentos é a mesma: as decisões do banco “parecem ter sido tomadas depois de considerados diversos fatores negociais e de sopesados os riscos e potenciais benefícios para o banco”. “Os documentos da época e as entrevistas realizadas não indicaram que as operações tenham sido motivadas por influência indevida sobre o banco, nem por corrupção ou pressão para conceder tratamento preferencial à JBS, à Bertin e à Eldorado”, diz trecho do relatório.
Lembrando que o presidente da república trocou a presidência do BNDES na metade do ano passado e nunca escondeu que desejava que a gestão da entidade “provasse” o uso inadequado do dinheiro público. Este foi, inclusive, um dos temas da campanha eleitoral.
O interessante é que a auditoria
não investigou, por exemplo, operações com a Odebrecht, principal beneficiada dos empréstimos do BNDES destinados a financiar empreendimentos fora do Brasil. Também ficaram de fora os aportes do Tesouro com o objetivo de aumentar o volume de empréstimos do banco, para financiar setores que eram considerados “estratégicos” pelo governo PT.
Um desdobramento da notícia:
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou nesta terça-feira, 21, que vai notificar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para solicitar informações sobre o contrato do banco público com o escritório estrangeiro de advocacia Cleary Gopttlieb Steen Hamilton LLP. O objetivo, de acordo com a entidade, é "verificar se foram cumpridas as normas legais que disciplinam o exercício da atividade de consultores em direito estrangeiros no país". (...)
O valor da auditoria foi pago a um escritório estrangeiro, o Cleary Gottlieb Steen Hamilton LLP, que subcontratou outro brasileiro, o Levy e Salomão.
Um aspecto que não passa desapercebido: o governo contrata um escritório estrangeiro para fazer uma auditoria. Este repassa o trabalho para um escritório de advocacia nacional. A OAB protesta pelo fato de ser um escritório estrangeiro contratado. O CFC não deveria protestar também? Afinal, pode advogados fazendo auditoria?
Como o FC Barcelona agrediu a contabilidade
As demonstrações contábeis de uma entidade é base para as decisões de um usuário. Isto não significa dizer que o usuário deve aceitar tudo que está divulgado. Além disto, o usuário pode tomar a informação divulgado e ele mesmo fazer sua análise, reclassificando valores e fazendo cálculos que lhe interessa.
Veja um caso interessante que ocorreu com o Barcelona, o time de futebol da cidade com mesmo nome. Recentemente, o clube apareceu, pela primeira vez na história, no podium máximo dos clubes de futebol https://www.contabilidade-financeira.com/2020/01/barcelona-primeiro.html, conforme divulgado pela Deloitte. Apesar da honraria, parece que o Barcelona não gostou muito de um determinado ponto: o valor imputado da receita. Para a Deloitte, a receita do clube espanhol é de 836 milhões de euros. Mas as demonstrações contábeis do clube indicam um valor de 990 milhões ou 154 milhões de euros de diferença.
Onde surge esta diferença? Para Deloitte, não deve entrar no cálculo os valores relacionados com as transferências e os itens extraordinários. Eis como seria a conciliação entre os números da Deloitte e os números do clube:
A Deloitte, o usuário da contabilidade do clube, tem todo o direito de usar a informação como desejar. Assim, como usuário, a Deloitte entende que 836 milhões é uma representação melhor do que ocorreu com o clube. É bem razoável não reconhecer o ganho com a venda de jogadores, uma vez que isto é um valor “extraordinário”.
Mas chama a atenção para o segundo maior número: reversão do Impairment. A explicação para este item, segundo o clube, seria da seguinte forma:corresponde a contabilização do valor dos jogadores emprestados. Se um jogador do Barcelona é emprestado e joga por outro clube, há uma despesa de amortização anual, assim como uma perda por redução do valor recuperável, já que o jogador se desvaloriza. Lançar os dois valores no resultado seria inadequado, pois teria uma despesa dupla. Por isto a reversão da redução. Seria assim:
D - Despesa de Impairment
D - Despesa de Amortização
C - Ativo
D - Despesa de Impairment
C - Receita
Segundo o clube, “fazemos isso de acordo com os critérios atuais de contabilidade e auditoria”.
O problema está, em especial, no segundo lançamento. O valor é considerado dentro da receita do clube, quando poderia ser lançado contra a conta de despesa.
O Barcelona decidiu que será o primeiro clube de futebol a romper a barreira simbólica da receita de 1 bilhão de euros. Mesmo que para isto seja necessário ir contra o bom senso contábil.
Leia mais em McLohan, Bobby. Forbes
Veja um caso interessante que ocorreu com o Barcelona, o time de futebol da cidade com mesmo nome. Recentemente, o clube apareceu, pela primeira vez na história, no podium máximo dos clubes de futebol https://www.contabilidade-financeira.com/2020/01/barcelona-primeiro.html, conforme divulgado pela Deloitte. Apesar da honraria, parece que o Barcelona não gostou muito de um determinado ponto: o valor imputado da receita. Para a Deloitte, a receita do clube espanhol é de 836 milhões de euros. Mas as demonstrações contábeis do clube indicam um valor de 990 milhões ou 154 milhões de euros de diferença.
Onde surge esta diferença? Para Deloitte, não deve entrar no cálculo os valores relacionados com as transferências e os itens extraordinários. Eis como seria a conciliação entre os números da Deloitte e os números do clube:
A Deloitte, o usuário da contabilidade do clube, tem todo o direito de usar a informação como desejar. Assim, como usuário, a Deloitte entende que 836 milhões é uma representação melhor do que ocorreu com o clube. É bem razoável não reconhecer o ganho com a venda de jogadores, uma vez que isto é um valor “extraordinário”.
Mas chama a atenção para o segundo maior número: reversão do Impairment. A explicação para este item, segundo o clube, seria da seguinte forma:corresponde a contabilização do valor dos jogadores emprestados. Se um jogador do Barcelona é emprestado e joga por outro clube, há uma despesa de amortização anual, assim como uma perda por redução do valor recuperável, já que o jogador se desvaloriza. Lançar os dois valores no resultado seria inadequado, pois teria uma despesa dupla. Por isto a reversão da redução. Seria assim:
D - Despesa de Impairment
D - Despesa de Amortização
C - Ativo
D - Despesa de Impairment
C - Receita
Segundo o clube, “fazemos isso de acordo com os critérios atuais de contabilidade e auditoria”.
O problema está, em especial, no segundo lançamento. O valor é considerado dentro da receita do clube, quando poderia ser lançado contra a conta de despesa.
O Barcelona decidiu que será o primeiro clube de futebol a romper a barreira simbólica da receita de 1 bilhão de euros. Mesmo que para isto seja necessário ir contra o bom senso contábil.
Leia mais em McLohan, Bobby. Forbes
Agenda lotada
O Board do Iasb irá reunir no final de janeiro. Eis os temas que serão discutidos:
Subsidiaries that are SMEs
Business combinations under common control
Pensions benefits that depend on asset returns
Implementation matters
Disclosure initiative: Targeted standards-level review of disclosures
Reference to the Conceptual Framework (Amendments to IFRS 3)
Provisions
Research programme update
IBOR reform and the effects on financial reporting
Amendments to IFRS 17 Insurance Contracts
Taxonomy – IBOR Update
Subsidiaries that are SMEs
Business combinations under common control
Pensions benefits that depend on asset returns
Implementation matters
Disclosure initiative: Targeted standards-level review of disclosures
Reference to the Conceptual Framework (Amendments to IFRS 3)
Provisions
Research programme update
IBOR reform and the effects on financial reporting
Amendments to IFRS 17 Insurance Contracts
Taxonomy – IBOR Update
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