Em novembro de 2014, uma nova fase da operação Lava-Jato começou a investigar o grupo Odebrecht. Estima-se que a empresa pagou mais de 3 bilhões de dólares em propinas, em diversos países do mundo. As investigações levaram a condenação do então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Marcelo era neto do fundador da empresa e tinha assumido o posto da empresa anos antes.
Recentemente, a prisão foi relaxada. Mas Marcelo tinha perdido poder na empresa e estava excluído das grandes decisões. No dia 16, a empresa trocou o executivo Luciano Guidolin por Ruy Sampaio na presidência do grupo. Sampaio é um executivo da confiança de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Na sexta, dia 20, uma extensa reportagem do Valor Econômico traz revelações do novo presidente. Sampaio afirmou que Marcelo fez chantagem com a empresa, antes de assinar o acordo de delação premiada, em novembro de 2016. Marcelo exigiu, e conseguiu, que a empresa pagasse 310 milhões de reais para o presidente, sendo 70 milhões através de um título de VGBL em nome da esposa. Somente com o pagamento ele assinaria o acordo de delação. A acusação de chantagem revelou que Marcelo foi o único a receber um valor bem acima da multa que deveria pagar pelo escândalo. Mais ainda, Sampaio revelou que Marcelo era funcionário licenciado da empresa, mas que ainda recebia R$100 mil reais.
No sábado, dia 21 de dezembro, surgiu a notícia que Marcelo tinha sido demitido por e-mail por justa causa, sem direito a indenização. A razão é que ele teria extorquido a empresa. A explicação da empresa era que a demissão foi uma exigência do Ministério Público Federal e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Isto realmente pareceu estranho. Um detalhe é que a ameaça de Marcelo e a aceitação da empresa foi concretizada em um contrato assinado pelas partes, onde existia uma clausula de confidencialidade. E a imprensa teve acesso ao documento, de maneira sigilosa.
Além disto, foi informado que as regras da delação obrigam a revelação do patrimônio da pessoa e Marcelo não teria feito esta revelação. Na segunda, dia 23, mais informação divulgada na imprensa mostra que Marcelo recebia salário durante seu afastamento e benefícios, que totalizavam 200 mil por mês. Desde então, mais nenhuma notícia. Estranho?
Baseado nos seguintes textos:
Valenti, Graziella. Após saída de Marcelo, 8 delatores continuam na Odebrecht. Valor, 23 dez B5
Pereira, Reneé e outros. Odebrecht vai investigar Marcelo. Estado de S Paulo, 22 dez B3
Pereira, Reneé e outros. Por ordem do pai, Marcelo Odebrecht é demitido por justa causa do grupo. Estado de S Paulo, 21 dez B1
Valenti, Graziella. Odebrecht acusa ex-CEO Marcelo de chantagear empresa. Valor, 20 dez B2
Valenti, Graziella. Odebrecht troca presidência do grupo. Valor, 17 dez B3
29 dezembro 2019
Fracasso da Libra
O projeto de criação da moeda digital libra, do Facebook, falhou em sua forma atual e precisa ser reformulado para ser aprovado, disse o ministro das Finanças da Suíça, onde a criptomoeda está buscando aprovação.
“Eu não acho [que a libra tem uma chance em sua forma atual], porque os bancos centrais não aceitarão a cesta de moedas”, disse o ministro Ueli Maurer à emissora SRF. “O projeto, desta forma, fracassou”, acrescentou.
A Associação Libra não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.
VEJA TAMBÉM: BR Distribuidora acerta venda de fatia de 49% na CDGN Logística
Os planos para a moeda digital liderada pelo Facebook, a ser emitida e administrada pela Associação Libra, com sede em Genebra, levantaram preocupações entre reguladores e políticos ao redor do mundo, que vão desde a privacidade até o potencial de influenciar a política monetária e mudar o cenário financeiro global.
Representantes do projeto, incluindo o co-criador David Marcus, do Facebook, disseram que os obstáculos regulatórios podem adiar o lançamento para além da data planejada em junho do próximo ano.
A proposta da libra prevê que a criptomoeda deve ser apoiada por uma reserva de ativos, como depósitos bancários e dívidas governamentais mantidas por uma rede de depositários. Essa estrutura visa promover a confiança e evitar as oscilações de preço que afetam outras criptomoedas como o bitcoin.
Fonte: Aqui
“Eu não acho [que a libra tem uma chance em sua forma atual], porque os bancos centrais não aceitarão a cesta de moedas”, disse o ministro Ueli Maurer à emissora SRF. “O projeto, desta forma, fracassou”, acrescentou.
A Associação Libra não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.
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Os planos para a moeda digital liderada pelo Facebook, a ser emitida e administrada pela Associação Libra, com sede em Genebra, levantaram preocupações entre reguladores e políticos ao redor do mundo, que vão desde a privacidade até o potencial de influenciar a política monetária e mudar o cenário financeiro global.
Representantes do projeto, incluindo o co-criador David Marcus, do Facebook, disseram que os obstáculos regulatórios podem adiar o lançamento para além da data planejada em junho do próximo ano.
A proposta da libra prevê que a criptomoeda deve ser apoiada por uma reserva de ativos, como depósitos bancários e dívidas governamentais mantidas por uma rede de depositários. Essa estrutura visa promover a confiança e evitar as oscilações de preço que afetam outras criptomoedas como o bitcoin.
Fonte: Aqui
28 dezembro 2019
Trabalhadores na Samsung
A empresa coreana fundada em 1938 tem sido acusada há tempos de não tratar bem seus empregados. Isto inclui o uso de trabalho infantil por parte dos fornecedores. Mais recentemente, a empresa tem adotado uma postura diferente, incluindo uma política de tolerância zero para violações das leis de trabalho infantil.
Uma das posturas da empresa é a aversão aos sindicatos. Agora o presidente do conselho de administração da Samsung Electronics foi condenado a 18 meses de prisão por sabotar as entidades que representam os funcionários. A condenação é em primeira instância, mas o executivo já foi preso. Entre as atitudes que condenaram o executivo, a ameaça de corte de salários dos funcionários sindicalizados e punir os fornecedores que eram favoráveis aos sindicatos.
Recentemente a empresa começou a ter uma postura mais liberal sobre o assunto. Um sindicato foi criado na empresa em novembro de 2019.
Uma das posturas da empresa é a aversão aos sindicatos. Agora o presidente do conselho de administração da Samsung Electronics foi condenado a 18 meses de prisão por sabotar as entidades que representam os funcionários. A condenação é em primeira instância, mas o executivo já foi preso. Entre as atitudes que condenaram o executivo, a ameaça de corte de salários dos funcionários sindicalizados e punir os fornecedores que eram favoráveis aos sindicatos.
Recentemente a empresa começou a ter uma postura mais liberal sobre o assunto. Um sindicato foi criado na empresa em novembro de 2019.
XP
Fernando Torres, em Reflexões sobre o prospecto da oferta inicial de ações da XP, Valor Econômico em 10 de dezembro, chama a atenção para alguns aspectos da operação:
1. A sede formal da XP é nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal.
2. A estrutura societária permite que alguns minoritários controlem a entidade através da quebra da regra "um voto, uma ação". Isto significa que alguns acionistas são mais acionistas que outros.
Torres lembra também que no Conselho de Administração tem a presença da ex-presidente da CVM, Maria Helena Santana, que muito defendeu a regra de "um voto, uma ação" no Brasil.
O valor da empresa realmente pareceu exagerado. Mas este é o mercado exuberante, nem sempre racional.
1. A sede formal da XP é nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal.
2. A estrutura societária permite que alguns minoritários controlem a entidade através da quebra da regra "um voto, uma ação". Isto significa que alguns acionistas são mais acionistas que outros.
Torres lembra também que no Conselho de Administração tem a presença da ex-presidente da CVM, Maria Helena Santana, que muito defendeu a regra de "um voto, uma ação" no Brasil.
O valor da empresa realmente pareceu exagerado. Mas este é o mercado exuberante, nem sempre racional.
Logistica e Controle na Amazon
A Amazon está se tornando a maior empresa mundial de entregas de encomendas. No passado, a empresa contratava os serviços postais do governo ou empresas de entrega privados, como UPS ou Fedex. No passado a empresa teve problemas de entrega e desde então tem construído uma rede de distribuição mundial.
O objetivo da empresa é reduzir o custo da entrega e ter o controle da cadeia de distribuição. A partir daí, a empresa criou uma estratégia brilhante: começou a incentivar a criação de pequenos negócios que pudesse fazer entregas para a Amazon. O empreendedor entra com veículo e funcionário e a Amazon garante um apoio logístico, um volume de entrega mínimo e outras vantagens. Ou seja, a empresa estaria ajudando a criar milhares de empresas menores e substitui as empresas tradicionais (Correios, UPS, Fedex etc).
A questão do custo de entrega é fundamental para o comércio eletrônico. Quanto mais atrativo for este custo, mais rápido será sua expansão. Ao atrair estes empreendedores, a Amazon consegue empresas com baixo (ou zero) custo de marketing, trabalhadores não sindicalizados e baixo custo administrativo. Atualmente, são 800 empresas só nos Estados Unidos, que empregam 75 mil motoristas, uma média de 94 motoristas por empresa. Estes negócios não existiam há dez anos.
A empresa de entrega tem somente um cliente, que controla tudo. Este é o segundo objetivo. E ao controlar tudo, a Amazon consegue atingir o primeiro objetivo: redução do custo. Como? Apertando estas empresas. Afinal
seu negócio prospera ou morre pela graça da Amazônia
No Brasil, a estratégia da empresa pode ser ajudada pelo enfraquecimento recente dos Correios e a redução da proteção trabalhista. Mas se o nosso país tem uma extensão territorial próxima aos EUA, a distribuição populacional é mais esparsa (temos quase 100 milhões a menos de habitantes e uma parcela expressiva não tem as mesmas condições de renda). Neste sentido, parte da rede de distribuição poderia ficar com a ECT, enquanto a distribuição nas zonas mais populosas seria feita pelo governo.
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