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25 dezembro 2019

Contabilidade do Carbono

A cimeira sobre o clima (COP 25) terminou sem que os países participantes tivessem chegado a acordo sobre a regulamentação do “mercado de carbono”. Falta consenso para prosseguir com medidas eficazes, quer para o combate ao aquecimento global quer para a plena divulgação dos custos do carbono.

O comércio internacional de licenças de emissão teve origem no Protocolo de Quioto. Na UE, para cumprir as metas assumidas, foi lançado, em 2005, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE). É um sistema “cap and trade” que define um limite (cap) à emissão de gases com efeito de estufa (GEE) para as instalações abrangidas.

As empresas que operam tais instalações recebem licenças que podem utilizar ou vender. No final de cada período, devem entregar licenças equivalentes às emissões realizadas, pelo que se excederem o limite atribuído têm de adquirir licenças (ou outros instrumentos elegíveis para colmatar o défice) ou pagar uma multa. O número restrito de licenças disponíveis faz com que estas tenham valor de mercado.

Através do preço do carbono pretende-se transmitir um sinal aos agentes económicos, de forma a direcionar as suas decisões para uma economia menos poluente. Para as empresas, o valor comercial das licenças é um incentivo para emitir abaixo do limite, já que podem vender o excedente. Para um crescente número de stakeholders, os custos do carbono são relevantes para a tomada de decisão.

Porém, as empresas que usam normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) não têm regras específicas sobre o tema, tendo surgido práticas contabilísticas diversas. A mais frequente consiste em reconhecer apenas as licenças compradas e adotar uma abordagem líquida que através da compensação de posições pode levar a que o carbono fique invisível nas contas das empresas. Os organismos regulamentadores reconhecem a necessidade de normalização, mas este não tem sido um tópico prioritário.

No âmbito das IAS/IFRS, foi emitida uma norma interpretativa (IFRIC 3), para entrar em vigor em 2005, ano de início do CELE. As soluções aí preconizadas provocariam volatilidade nos resultados das empresas, pelo que a norma foi alvo de contestação e, não tendo obtido parecer favorável para adoção na UE, acabou por ser retirada em 2005. Desde então, apesar de o projeto ter sido retomado em 2007, reativado em 2012 e sujeito a um alargamento de âmbito em 2015, o IASB não voltou a emitir orientação sobre o tema.

Note-se que a evolução do relato sobre matérias ambientais tem sido significativa, mas aparece na esfera da responsabilidade social e ambiental das empresas, fora das demonstrações financeiras. Porém, cada vez mais, os investidores consideram as questões ambientais como fonte de risco e pretendem mais informação financeira.

Em entrevista à Reuters, a 14 de agosto de 2017, Glenn Booraem, do Vanguard Group, defendia que as empresas deviam dar a conhecer de que forma as alterações climáticas podem afetar o seu modelo de negócio e o valor dos seus ativos. Não sendo o Vanguard Group apoiante de medidas ambientais, Glenn Booraem foi questionado sobre as razões desta posição, ao que respondeu “…is not a matter of ideology, it´s a matter of economics…”.

Na medida em que há riscos significativos para a criação de valor, o mercado reclama a plena divulgação desses riscos. Para quem (ainda) não é sensível à causa ambiental, este pode ser o argumento para colocar a contabilidade financeira do carbono na ordem do dia.


Ana Pina - Contabilidade Financeira do Carbono, um projeto sempre adiado - Jornal Econômico. Imagem: aqui

Rir é o melhor remédio

Que este natal nos inspire a sermos bons uns com os outros todos os dias.

Fonte: Aqui

24 dezembro 2019

Auditoria: origem das receitas

Os dados da AuditAnalytics mostra as receitas da auditoria desde 2002 nos EUA. Após o escândalo da Enron, a receita de atividades não relacionadas com auditoria reduziu substancialmente (laranja no gráfico), enquanto a receita de auditoria aumentou a partir de 2004 (de azul).


Teste de resistência



Um vídeo da KPMG da Dinamarca (New J & A's - Last day at KPMG 2019) representou, para o Going Concern, um teste de resistência. Eu consegui assistir até o segundo minuto e parei.

Goodreads: melhores livros de 2019


Ficção: Os Testamentos, Margaret Atwood

Mistério e suspense: A Paciente Silenciosa, Alex Michaelides

Ficção histórica: Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música, Taylor Jenkins Reid

Fantasia: Ninth House, Leigh Bardugo

Romance: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Ficção científica: Recursão, Blake Crouch

Terror: The Institute, Stephen King

Humor: Dear Girls, Ali Wong

Memória e autobiografia: Over The Top, Jonathan Van Ness

História e biografia: The Five: the untold lives of the women killed by Jack the Ripper, Hallie Rubenhold

Ciência e tecnologia: Will My Cat Eat My Eyeballs?: big questions from tiny mortals about death, Caitlin Doughty

Graphic Novel e Quadrinhos: Pumpkinheads, Rainbow Rowell

Poesia: Shout, Laurie Halse Anderson
Romance de estreia: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Fantasia jovem adulto: O Príncipe Cruel, Holly Black

Nível médio e infantil: A Tumba do Tirano (As provações de Apolo Livro 4), Rick Riordan

Livro de imagens: A Beautiful Day in the Neighborhood: the poetry of mister Rogers, Fred Rogers

Desses o único que eu li foi “A Paciente Silenciosa” e achei uma ótima leitura para quem gosta do gênero. 

O prêmio Goodreads Choice Awards é um dos meus preferidos, pois permite que os usuários da plataforma votem. Isso faz com que apareçam algumas distorções e a principal, a meu ver, é o fato de quem vota provavelmente não leu todos os concorrentes de cada categoria. Além de dar muito poder aos autores com grandes fã clubes, aos livros com grandes campahas publicitárias e etc. Mas... não deixa de ser divertido! ;) Salvo engano, também consideram apenas os livros publicados nos Estados Unidos.

Nota: O Skoob, plataforma similar, mas brasileira, não realiza este tipo de evento.

Rir é o melhor remédio

23 dezembro 2019

Emprego no setor contábil

Em novembro, pelo oitavo mês seguido, o país registrou a criação de 99 mil novos empregos formais. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e correspondem ao mês de novembro. Este foi o melhor resultado de novembro, desde 2010.

Já o setor contábil, considerado o contadores e auditores, escriturários e técnicos em contabilidade, o problema permanece.

A diferença entre o que ocorre na economia e o setor contábil está expressa no gráfico acima. Na linha vermelha, o desempenho do emprego na economia. Se os valores ainda não são próximos ao existente antes da maior crise econômica da história brasileira, o setor contábil continua em crise. São mais de 44 mil vagas destruídas desde 2014, conforme pode ser notado na linha azul.
É possível perceber que o problema da crise também acompanhou o setor contábil até recentemente. O gráfico acima mostra a correlação entre os números do setor versus os valores totais, usando uma série de 24 meses, dados móveis. Recentemente, a correlação que era elevada e positiva caiu e agora é negativa. O que isto significa? Que o que está ocorrendo na economia não está afetando o setor contábil.

A tabela a seguir é uma comparação entre o mês de novembro de 2019 e o mês de novembro de 2018.