Parece que existe um documento chamado "planilha contábil". Eis um resumo de uma notícia do TST:
O empregado propôs a ação com o fim de obter a condenação da empresa ao pagamento de direitos trabalhistas que, segundo ele, teriam sido sonegados. O juízo de primeiro grau determinou que ele complementasse o pedido com uma planilha contábil dos valores pleiteados, caso contrário o processo seria extinto. Ele então impetrou mandado de segurança, em que sustentou que a legislação não prevê a juntada de memória de cálculo.
(...) Segundo a relatora, a planilha contábil não pode ser considerada documento indispensável para a propositura da ação, por falta de previsão em lei e, ainda que o documento fosse imprescindível, não há justificativa para exigi-la. Na fase de conhecimento da ação (em que se discute o direito alegado pelo empregado), é suficiente a apresentação da causa de pedir e do pedido, com a indicação dos valores controvertidos.
(...) A Subseção II Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2) do Tribunal Superior do Trabalho considerou ilegal a exigência de que um empregado da Marcelino Construção e Administração Ltda., de Joinville (SC), juntasse à reclamação trabalhista um laudo pericial contábil.
31 outubro 2019
Pirâmide Netflix
A Netflix pode ser um sucesso em termos de prestação de serviço, mas suas demonstrações contábeis são um horror. Veja alguns detalhes (via aqui)
Na semana passada ela informou que tomaria outro empréstimo de 2 bilhões de dólares (via venda de títulos). Em abril já tinha feito uma operação nas mesmas proporções. Os títulos irão vencer em 2030. Estes títulos estão classificados como Ba3 (Moody´s) ou BB- (SP), perto, muito perto, da pior classificação possível. E olhe que as empresas de ratings são ...
A própria Moody´s estimou que o ponto de equilíbrio financeiro somente será obtido em 2023. Como ela foi fundada em 1997, a Netflix parece um filho que ainda depende dos país.
Suas dívidas chegam a 25 bilhões de dólares, sendo 12 bi de “passivo de conteúdo”. O que é isto?
Quando a Netflix adquire o direito de reproduzir um filme ou série, o valor fica no passivo e faz um registro equivalente no ativo, chamado “ativo de conteúdo”. Se o passivo era de 12 bi, o ativo de conteúdo chegava a 23 bi. Mas isto é uma despesa futura. A questão é que o passivo deve ser pago em algum momento. Estima que esta despesa seja de 4 bilhões por ano, próximo ao valor das novas captações.
Esta questão contábil faz com que o fluxo de caixa seja negativo, mas a empresa tenha lucro. Afinal, o dinheiro da compra dos filmes e séries saem do caixa, mas só vão para a DRE a conta gotas. Veja a diferença: de janeiro a setembro de 2019 a empresa teve um lucro de 1,28 bi e um fluxo de caixa livre de menos 1,6 bi. Uma diferença de quase 3 bilhões.
E quando divulga seus balanços, a empresa enfatiza substancialmente o aumento no número de assinantes, como se isto garantisse o seu caixa futuro.
Não parece uma pirâmide?
Na semana passada ela informou que tomaria outro empréstimo de 2 bilhões de dólares (via venda de títulos). Em abril já tinha feito uma operação nas mesmas proporções. Os títulos irão vencer em 2030. Estes títulos estão classificados como Ba3 (Moody´s) ou BB- (SP), perto, muito perto, da pior classificação possível. E olhe que as empresas de ratings são ...
A própria Moody´s estimou que o ponto de equilíbrio financeiro somente será obtido em 2023. Como ela foi fundada em 1997, a Netflix parece um filho que ainda depende dos país.
Suas dívidas chegam a 25 bilhões de dólares, sendo 12 bi de “passivo de conteúdo”. O que é isto?
Quando a Netflix adquire o direito de reproduzir um filme ou série, o valor fica no passivo e faz um registro equivalente no ativo, chamado “ativo de conteúdo”. Se o passivo era de 12 bi, o ativo de conteúdo chegava a 23 bi. Mas isto é uma despesa futura. A questão é que o passivo deve ser pago em algum momento. Estima que esta despesa seja de 4 bilhões por ano, próximo ao valor das novas captações.
Esta questão contábil faz com que o fluxo de caixa seja negativo, mas a empresa tenha lucro. Afinal, o dinheiro da compra dos filmes e séries saem do caixa, mas só vão para a DRE a conta gotas. Veja a diferença: de janeiro a setembro de 2019 a empresa teve um lucro de 1,28 bi e um fluxo de caixa livre de menos 1,6 bi. Uma diferença de quase 3 bilhões.
E quando divulga seus balanços, a empresa enfatiza substancialmente o aumento no número de assinantes, como se isto garantisse o seu caixa futuro.
Não parece uma pirâmide?
30 outubro 2019
Aramco é a empresa mais lucrativa do ano
A empresa estatal de petróleo Saudi Aramco informou que seu lucro, nos nove meses do ano, foi de 68 bilhões de dólares. Isto faz da empresa a mais lucrativa do mundo. Recentemente parte das instalações da empresa sofreu um ataque de drones. Parece que as instalações atingidas foram consertadas.
O lucro é importante para viabilizar a tão aguardada oferta pública de ações da empresa.
O lucro é importante para viabilizar a tão aguardada oferta pública de ações da empresa.
Celebridades mortas
A Forbes fez um ranking das celebridades mortas mais lucrativas. A divulgação desta notícia agora não parece ser despropositada: perto dos dias dos mortos. Foram 13 celebridades que geraram milhões para os herdeiros. Deste total, nove são músicos. A ordem é a seguinte:
Michael Jackson
Elvis Presley
Charles Schulz
Existem algumas questões contábeis interessantes: de quem é o ativo?; como mensurar o seu valor?; irá diminuir com o passar do tempo ou aumenta com as lembranças? (lembro que a família Cash ganhou muito quando lançaram o filme da sua vida, assim como os herdeiros de Jackson tiveram um grande ganho o ano passado.
Michael Jackson
Elvis Presley
Charles Schulz
Existem algumas questões contábeis interessantes: de quem é o ativo?; como mensurar o seu valor?; irá diminuir com o passar do tempo ou aumenta com as lembranças? (lembro que a família Cash ganhou muito quando lançaram o filme da sua vida, assim como os herdeiros de Jackson tiveram um grande ganho o ano passado.
29 outubro 2019
A Arte da Escolha
A escolha é um processo demorado e díficil. Em 2010, Sheena Iyengar escreveu um livro bem interessante sobre o assunto. Desde então, cresceram o número de opções disponíveis e as possibilidades de escolha.
Lembrei do livro de Ivengar ao ler uma estatística impressionante, apresentada no Valor (Quando é muito difícil escolher o quer ver, João Luiz Rosa, 27 de ago 2019, A2).
Um estudo de 2016 mostra que, naquele ano, as pessoas gastavam, em média, 17,8 minutos na Netflix para escolher um filme ou programa. Segundo o levantamento (...) isso era o dobro do tempo médio gasto para escolher o que ver na TV paga. Outro levantamento, do mesmo ano, mostra que o espectador médio americano gastava 23 minutos por dia para escolher o que ver na televisão, o equivalente a quase 18% do total de 129 minutos diários de programação vista. No caso do Netflix, a proporação era de 28 minutos de busca para 91 minutos totais, quase 30%, e no Amazon Video, de 27 minutos para 64 mintuos ao todo, ou 42%. (...) ao longo de 80 anos - o tempo de vida médio do consumidor americano - cerca de 1,3 ano é gasto apenas se escolhendo o que ver
O livro de Iyengar tratava de vários tipos de escolha. Há uma frase famosa do Obama, sobre suas roupas, parecidas. O ex-presidente falava que tinha muitas decisões que precisava tomar e não podia ficar muito tempo pensando sobre qual terno vestir.
Lembrei do livro de Ivengar ao ler uma estatística impressionante, apresentada no Valor (Quando é muito difícil escolher o quer ver, João Luiz Rosa, 27 de ago 2019, A2).
Um estudo de 2016 mostra que, naquele ano, as pessoas gastavam, em média, 17,8 minutos na Netflix para escolher um filme ou programa. Segundo o levantamento (...) isso era o dobro do tempo médio gasto para escolher o que ver na TV paga. Outro levantamento, do mesmo ano, mostra que o espectador médio americano gastava 23 minutos por dia para escolher o que ver na televisão, o equivalente a quase 18% do total de 129 minutos diários de programação vista. No caso do Netflix, a proporação era de 28 minutos de busca para 91 minutos totais, quase 30%, e no Amazon Video, de 27 minutos para 64 mintuos ao todo, ou 42%. (...) ao longo de 80 anos - o tempo de vida médio do consumidor americano - cerca de 1,3 ano é gasto apenas se escolhendo o que ver
O livro de Iyengar tratava de vários tipos de escolha. Há uma frase famosa do Obama, sobre suas roupas, parecidas. O ex-presidente falava que tinha muitas decisões que precisava tomar e não podia ficar muito tempo pensando sobre qual terno vestir.
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