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16 outubro 2019

Rir é o melhor remédio

Socorro. Não consegui traduzir o que significa "aprovar à tangente", manchete do Jornal Econômico.

15 outubro 2019

Dois conselhos

Meu irmão mais velho, Colas - que é professor de filosofia na França e, apesar disso, uma das pessoas mais práticas que já conheci (pelo menos na academia) - me deu dois conselhos quando perguntei como começar a carreira como acadêmico.

A primeira foi "escreva uma página todos os dias". Foi assim que ele escreveu sua dissertação. Ele marcava os dias de folga de um calendário com uma cruz, de modo que escrever duas páginas em um determinado dia lhe daria uma trégua no dia seguinte. Mas o sistema significava que ele escreveria em média 365 páginas em um ano e, portanto, uma dissertação em duas. (As dissertações de filosofia francesa são longas!) É claro que o princípio precisa de algum ajuste quando aplicado à economia, uma vez que a escrita em si não é tão importante quanto o trabalho analítico que a precede. Mas o princípio subjacente é essencial: progresso lento e constante. Escrever uma página por dia deixa tempo de sobra para preparação, pesquisa primária ou reflexão sobre o plano geral do livro. Fornece uma estrutura para reforçar o progresso contínuo. Não se cria uma agenda de pesquisa esperando infinitamente até que a Grande Idéia chegue, mas começando a trabalhar em um tópico, aprendendo mais sobre o tópico (e os vizinhos no processo) e conectando progressivamente os pontos.

A segunda coisa que Colas disse foi: “Escreva o livro (ou o artigo) que você gostaria de ler, mas não conseguiu encontrar.” Isso pode parecer bastante óbvio, mas sempre me surpreendo com o fato de muitos jovens pesquisadores fazerem isso. parecem não saber por que estão pesquisando um tópico específico ou, quando sabem, parecem tê-lo escolhido pelo motivo errado. Eles simplesmente encontraram um conjunto de dados e, em seguida, procuraram por uma pergunta; eles queriam experimentar alguma técnica específica e isso parecia ser um cenário apropriado para isso; ou descartaram todas as perguntas que pensavam em responder porque pareciam muito "pequenas". Em geral, essa é uma receita para, na melhor das hipóteses, uma vida muito chata e, na pior, um desastre. Você logo descobrirá (se ainda não o fez) que trabalhar em sua pesquisa é a recompensa por todas as outras coisas que você deve fazer na vida (...) E o que é melhor do que ler um bom artigo ao mesmo tempo em que está trabalhando nele?


Esther Duflo, 2011

Nobel de Economia e a Índia

Três pesquisadores que estudam experimentos para ajudar a combater a pobreza foram contemplados com o Nobel de Economia. Um texto bastante interessante da Quartz mostra a reação da Índia à premiação.

Em primeiro lugar, confesso que não sabia que Banerjee, um dos premiados, era esposo de Duflo, a economista que também recebeu o prêmio, junto com Michael Kremer. (Confesso, na minha ignorância, que já tinha escutado falar de Duflo e sabia que era uma pesquisadora brilhante)

A imprensa indiana destacou que Banerjee, e sua esposa, tinham ganho o Nobel

O ponto fica mais complicado nestes tempos de radicalismo quando sabemos que Banerjee é oposição. No passado, ele criticou a política econômica do atual governo, inclusive a decisão de retirar de circulação as notas de elevado valor. Esta medida foi tomada pelo governo para "combater a corrupção". Mas Banerjee criticava a mudança, assim como uma mudança na metodologia de cálculo do PIB, vista como manipulação por ele e outros opositores.

Como o governo e apoiadores reagiram? Veja
Desmerecendo o prêmio, dizendo não ser um Nobel. Que país estranho. Ainda bem que o Brasil não é assim.

Pergunta da pesquisa: sim ou não

Já escutei isto muito: você não pode fazer um trabalho onde o problema de pesquisa é uma resposta do tipo "sim" ou "não". Um artigo do Journal of Financial Economics, o segundo melhor periódico de finanças, tem no título uma pergunta. O resumo começa com "Sim".
(Via aqui)

Rir é o melhor remédio


14 outubro 2019

KPMG e PCOB

Mais uma pessoa foi condenado no escândalo PCAOB e KPMG. Jeffrey Wada, um funcionário o regulador das empresas de auditorias, PCAOB, pegou noves meses de prisão e outros três anos de liberdade vigiada. Wada entregou para KPMG os planos que o regulador tinha na supervisão da empresa de auditoria. Ele fez isto esperando obter um emprego na empresa de auditoria. E disse que estava com raiva, pois não recebeu uma promoção interna na entidade.

Outros dois funcionários do PCAOB e da KPMG já foram condenados: Cynthia Holder (ex-PCAOB e depois KPMG), que recebeu oito meses de prisão, Middendorf (ex-KPMG), que recebeu um ano e um dia. Aguardam sentença David Britt (ex-KPMG), Thomas Whittle (idem) e Brian Sweet (idem).

Custo da Formatação de um artigo

Uma das piores partes de uma pesquisa é fazer a formatação do trabalho final. É preciso observar o espaço entre linhas, a letra solicitada, o tamanho da margem, sem falar na norma de citação e outras observações. Leva-se muito tempo nesta estimativa. Cada periódico tem sua regra, assim como cada congresso, programa de pós, etc. Além disto, algumas entidades insistem em mudar regularmente as normas ou criar novas normas para situações específicas.

Uma pesquisa realizada por cientistas canadenses encontrou o tempo que se gasta para fazer este trabalho. Usando mais de 300 respondentes, o pesquisadores descobriram o tempo por artigo submetido e a quantidade de artigos. Além disto, solicitaram o valor da renda anual. Considerando uma carga de trabalho anual de 1950 horas, a pesquisa obteve que o custo anual de formatação de artigos é de ...1.908 dólares. Por artigo, o custo seria perto de 500 dólares ou 477 dólares.

Eles também encontraram que este custo é maior para os mais idosos, para os homens e os não cientistas.

Assim, quando você estiver em uma posição de editoria de um periódico ou de um congresso, procure ser mais flexível neste aspecto.

Scientific sinkhole: The pernicious price of formatting. Allana G. LeBlanc, Joel D. Barnes, Travis J. Saunders, Mark S. Tremblay, Jean-Philippe Chaput. PLOS One September 26, 2019)