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12 setembro 2019

IA, Capital Humano e Inovação

Uma pesquisa mostrou como a fuga de profissionais das universidades pode afetar a inovação. Entre 2004 a 2018, muitos professores na área de tecnologia saíram das universidades. E isto reduziu a criação de starups por parte dos alunos.

Human capital is essential to AI-driven innovation. The scarcity of the human capital needed for AI RD created an unprecedented brain drain of AI professors from North American universities into the industry between 2004 and 2018. We provide a causal evidence that AI faculty departures from universities reduced the creation of startups by students who then graduated from these universities. On the intensive margin, these departures also reduce the early-stage funding graduates’ startups receive. The disruption in the knowledge transfer from professors to students emerges as the main channel for the negative effect of the human capital reallocation for innovation.

11 setembro 2019

Cão ou Cãozinho

O PCAOB é uma entidade criada para fiscalizar as empresas de auditoria. Entretanto, apesar do grande número de "falhas" que foram constatadas na fiscalização (gráfico), raramente as empresas são punidas.



Um relatório divulgado pelo Project on Government Oversight (POGO) mostra este histórico. Em 16 anos, o PCAOB apresentou somente 18 processos contra as maiores empresas. O valor das multas foi de 6,5 milhões de dólares. O POGO calculou que se o PCAOB cobrasse as multas máximas o valor seria de 1,6 bilhão.

Dos 31,1% casos com problemas, somente 6,6% renderam alguma punição. A KPMG, líder em erro, não foi multada uma única vez. Em 2017, esta empresa tinha um índice de baixa qualidade de 50%. Ou seja, para cada 2 clientes, em um o trabalho foi inadequado.

"Temos um cão de guarda que se parece cada vez mais com um cãozinho.", diz John Coffee, da Columbia Law School

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10 setembro 2019

Nobel ou Ignóbil?

Recentemente, o economista ambiental Martin Weitzman cometeu suicídio. Uma possível explicação foi o fato dele não receber o Nobel por suas pesquisas; e ver Nordhaus vencer o prêmio, em 2018.

I was surprised and upset to hear that Marty Weitzman, a Harvard environmental-economist of 77 years, killed himself recently. Weitzman brought, in my opinion, the right perspective to the costs and benefits of acting on climate change, and it was his work that motivated me to start the Life plus 2 meters project. I initially assumed he killed himself in despair over climate chaos, it seems that he was upset to not win the Nobel. (A third possibility is that the award of the Nobel to Nordhaus, who deserves zero respect for his highly flawed model and its recommendation to leave action to future generations,* convinced Weitzman that his work would not get the attention it deserves, thus sealing the miserable fate of our civilization.)

Basicamente, Nordhaus sugere que os efeitos das mudanças climáticas devem ser descontadas por uma taxa de mercado. Em termos práticos, Nordhaus defende que o problema do clima seja um problema da geração futura.

When comparing these two environmental economists, I would have preferred that Weitzman get the Nobel and Nordhaus get the Ignobel prize, which is “devoted to people who’s research makes people laugh and then think.” Nordhaus’s work is worth thinking about (and laughing at once that’s done), but it’s instead taken seriously, which explains (partially) why the world has taken no substantial steps to slow CC.

Faleceu James Schnurr

O ex-contador da SEC, James Schnurr, faleceu ontem. Proveniente de uma Big Four, a Deloitte, assim como muitos daqueles que o antecederam, Schnurr assumiu o cargo em 2014. Durante sua curta gestão, Schnurr enterrou de vez a possibilidade de convergência com as normas do Iasb e fez pressão contra o trabalho do PCAOB.

Em 2016, Schnurr caiu da bike perto de sua casa e ficou quadriplégico. Em maio deste ano ganhou uma ação judicial contra o condado em Palm Beach, no valor de 41 milhões de dólares.

Rir é o melhor remédio


09 setembro 2019

Novela Nissan

Saiu na Veja:

O CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, 9, segundo divulgou a montadora em comunicado. [...] Saikawa era o sucessor do franco-brasileiro-libanês Carlos Ghosn, preso em 2018 por atitudes ilícitas envolvendo a companhia — ele nega as acusações.

A saída vem na esteira de um novo escândalo que abala a fabricante japonesa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido pagamentos indevidos ligados à cotação das ações do grupo.

Segundo a Nissan, um novo nome deve assumir o comando da empresa até outubro. Enquanto isso, o atual diretor de operações, Yasuhiro Yamauchi, ficará à frente da montadora. Saikawa pediu perdão “pela perturbação provocada” e garantiu que vai devolver o dinheiro recebido indevidamente.

No comunicado, a companhia cita que a renúncia veio a pedido do conselho de diretores da empresa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido uma remuneração superior à que lhe correspondia. “Recebi uma retribuição sob uma forma que não corresponde às normas em vigor. Acreditava que era fruto de um procedimento correto”, declarou o CEO.

A confissão de Saikawa ocorreu após a publicação de uma série de artigos sobre investigações internas da Nissan, que revelam possíveis pagamentos irregulares que teriam beneficiado o CEO e outros executivos. Os pagamentos questionados foram realizados com base no mecanismo conhecido como “stock appreciation rights” (SAR)”, pelo qual os dirigentes podem receber um prêmio em dinheiro vinculado ao aumento do valor da ação do grupo durante um período definido.
[...]


Você pode ler mais sobre a novela Nissan: aqui.

Custo perdido

Parece um raro caso onde o conceito de custo perdido parece ter sido apreendido (e usado) por alguém:

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) afirmou nesta quinta-feira, 5, que a estação de metrô inacabada da Gávea, na zona sul do Rio, será aterrada. O motivo é o alto custo previsto para a conclusão da obra, em torno de R$ 1 bilhão. Integrante da Linha 4 do metrô carioca, a obra está parada desde 2015.

“Eu (1) fiz vários estudos na tentativa de concluir a obra. Infelizmente, o custo com aquela obra é de R$ 1 bilhão ou até mais (2). Nós não temos esse dinheiro” (3), argumentou Witzel. Segundo o governador, “é mais fácil aterrar e no futuro, quem sabe, se tiver dinheiro, se faz o metrô. Infelizmente temos outras prioridades neste momento”.

A Linha 4 do metrô começou a ser construída em 2010 e foi inaugurada, às pressas e sem todo o projeto original concluído, poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. A Linha liga a zona sul do Rio à zona oeste. A obra custou (4) quase R$ 10 bilhões aos cofres públicos e, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), foi superfaturada em R$ 1,3 bilhão.


Observações

(1) O egocentrismo predominou aqui. Certamente foi uma equipe técnica do governo, não o governador.
(2) Se a decisão fosse continuar, estaria na falácia do custo perdido.
(3) Mas parece que a decisão só ocorreu em razão da falta do dinheiro.
(4) Como não está concluída, o custo pode ser maior, caso fosse continuada.

Leia mais:
O caso clássico de análise de uma linha de metrê é o artigo Social Benefit of Constructing an Underground Railway in London, de Foster e Beesley, publicado no Journal of the Royal Statistical Society Series A, 1963. Esta pesquisa inaugurou a análise custo-benefício no setor público.

A dissertação de Naiara Domingos sobre o assunto ainda é atual.