05 setembro 2019
04 setembro 2019
A importância do rosto do executivo
Sabemos que parte do nosso julgamento sobre outra pessoa é baseado naquilo que vemos. Isto pode incluir a aparência e tudo aquilo que esta palavra representa: se encontramos alguém com a camisa do time adversário, se alguém aparece desleixado para uma entrevista, se usa uma roupa inadequada para ocasião e um grande número de situações.
A aparência também pode estar expressa na face. Quem gosta de série e assistiu Lie to Me sabe que existem estudos que revelam, a partir das expressões do rosto de uma pessoa, os sentimentos. A série se baseia nas pesquisas de Paul Ekman. Há controvérsias se isto é verdadeiro ou se é possível treinar uma pessoa para ler expressões faciais (via aqui).
Uma pesquisa partiu desta ideia para mostrar que as expressões faciais podem afetar a contabilidade. Inicialmente, os pesquisadores coletaram as imagens dos executivos de várias empresas no Google Image. Depois disto, usaram algumas medidas físicas que expressam se uma pessoa é confiável ou não. Estas medidas já foram usadas no passado e inclui coisas como o arredondamento da face, largura do queixo, distância do nariz para o lábio e a sobrancelha. Parece estranho isto, mas veja que existem pesquisas que associam estas medidas físicas a uma imagem de confiança de cada pessoa. Com isto, fizeram um programa de linguagem de máquina para calcular estas medidas e criaram uma medida de confiança a partir daí.
Para cada empresa, os pesquisadores associaram o custo da auditoria com diversas medidas, inclusive o índice de confiabilidade. A ideia era simples: se eu não confio na pessoa que irei auditar, devo cobrar mais dele. Afinal, esta auditoria deverá dar trabalho.
Juntando isto tudo, a pesquisa descobriu que não existe uma relação entre o índice de confiança do executivo principal, o CEO, e os padrões de confiança gerado nas imagens. Mas um auditor geralmente não lida diretamente com o executivo principal, mas com o CFO. Quando eles consideraram a imagem do CFO e o seu grau de confiança o resultado foi que nas empresas onde os executivos financeiros, o CFO, parecem mais confiáveis, o valor da auditoria é menor. Ou seja, a expressão facial do CFO interfere nos valores cobrados pela empresa de auditoria.
Assim, mesmo uma profissão que é vista como “fria e calculista”, o julgamento pode afetar as decisões tomadas.
Hsieh, T.-S., Kim, J.-B., Wang, R.R., Wang, Z., Seeing is believing?
Executives’ facial trustworthiness, auditor tenure, and audit fees Journal of Accounting and Economics, https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2019.101260.
A aparência também pode estar expressa na face. Quem gosta de série e assistiu Lie to Me sabe que existem estudos que revelam, a partir das expressões do rosto de uma pessoa, os sentimentos. A série se baseia nas pesquisas de Paul Ekman. Há controvérsias se isto é verdadeiro ou se é possível treinar uma pessoa para ler expressões faciais (via aqui).
Uma pesquisa partiu desta ideia para mostrar que as expressões faciais podem afetar a contabilidade. Inicialmente, os pesquisadores coletaram as imagens dos executivos de várias empresas no Google Image. Depois disto, usaram algumas medidas físicas que expressam se uma pessoa é confiável ou não. Estas medidas já foram usadas no passado e inclui coisas como o arredondamento da face, largura do queixo, distância do nariz para o lábio e a sobrancelha. Parece estranho isto, mas veja que existem pesquisas que associam estas medidas físicas a uma imagem de confiança de cada pessoa. Com isto, fizeram um programa de linguagem de máquina para calcular estas medidas e criaram uma medida de confiança a partir daí.
Para cada empresa, os pesquisadores associaram o custo da auditoria com diversas medidas, inclusive o índice de confiabilidade. A ideia era simples: se eu não confio na pessoa que irei auditar, devo cobrar mais dele. Afinal, esta auditoria deverá dar trabalho.
Juntando isto tudo, a pesquisa descobriu que não existe uma relação entre o índice de confiança do executivo principal, o CEO, e os padrões de confiança gerado nas imagens. Mas um auditor geralmente não lida diretamente com o executivo principal, mas com o CFO. Quando eles consideraram a imagem do CFO e o seu grau de confiança o resultado foi que nas empresas onde os executivos financeiros, o CFO, parecem mais confiáveis, o valor da auditoria é menor. Ou seja, a expressão facial do CFO interfere nos valores cobrados pela empresa de auditoria.
Assim, mesmo uma profissão que é vista como “fria e calculista”, o julgamento pode afetar as decisões tomadas.
Hsieh, T.-S., Kim, J.-B., Wang, R.R., Wang, Z., Seeing is believing?
Executives’ facial trustworthiness, auditor tenure, and audit fees Journal of Accounting and Economics, https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2019.101260.
Viés da publicação
Um dos grandes problemas da pesquisa científica é o chamado viés da publicação. Geralmente as pesquisas com resultados estatisticamente significativos possuem maiores chances de serem publicados. Uma pesquisa, da edição de agosto do American Economic Review (via aqui) mostrou que estas chances são de 30 vezes para os resultados da economia experimental. Como consequência, os resultados publicados podem estar inflados.
A figura abaixo mostra uma correção para experimentos que foram publicados no The American Economic Review e no Quarterly Journal of Economics, entre 2011 e 2014. A estimativa original está em roxo e a estimativa revisada em cor preta. O gráfico apresenta os intervalos de confiança de 95%. Os valores ajustados são, em geral, menores que os valores originais. Observe que o último estudo, de Kuziemko et al, tornou-se insignificante depois da correção.
No entanto, muitos resultados passam de significativos para insignificantes. Apenas dois dos dezoito resultados originais foram estatisticamente insignificantes. Após considerar o viés de publicação, doze resultados são estatisticamente insignificantes no nível de 5%.
A figura abaixo mostra uma correção para experimentos que foram publicados no The American Economic Review e no Quarterly Journal of Economics, entre 2011 e 2014. A estimativa original está em roxo e a estimativa revisada em cor preta. O gráfico apresenta os intervalos de confiança de 95%. Os valores ajustados são, em geral, menores que os valores originais. Observe que o último estudo, de Kuziemko et al, tornou-se insignificante depois da correção.
No entanto, muitos resultados passam de significativos para insignificantes. Apenas dois dos dezoito resultados originais foram estatisticamente insignificantes. Após considerar o viés de publicação, doze resultados são estatisticamente insignificantes no nível de 5%.
Resenha: Audible 2
Um dos programas que mais uso no meu dia-a-dia é o Audible, da Amazon, um aplicativo para áudio-livros. Tenho uma assinatura que me permite baixar um livro por mês, além da possibilidade de devolvê-lo se não tiver gostado.
Recentemente publiquei um texto, com base em um vídeo do Max Joseph, com a dica de se ouvir um áudio livro pela manhã, ao preparar o café, para adiantar as suas leituras do dia, e é exatamente o que eu faço. Também vale como companhia no trânsito, ou em alguma atividade chatinha como enquanto se lava a louça, ou até mesmo antes de dormir. Basta acessar o app do seu celular, tablet, ipod... a fonte que desejar. Alguns modelos do kindle suportam essa opção também.
É um programa relativamente caro – US$ 14,95 – mas acho válido por, além de haver disponibilidade dos títulos que mais gosto, também me permitir treinar o inglês. Caso não se interesse pela assinatura, você pode comprar o próprio livro, que sai por uma média de US$ 20. Existem outros tipos de assinatura. Você pode clicar aqui para avalia-las e é muito simples cancelá-las ou suspendê-las temporariamente.
Para os que estiverem se sentindo especialmente generosos, existe a possibilidade fenomenal do whispersync. É aquela mesma funcionalidade que é aplicada quando você abre o seu e-book em um outro aparelho ou aplicativo e ele te pergunta se você quer sincronizar e ir para a última página lida. Ao comprar o áudio você tem um mega desonto para adquirir o ebook na Amazon. E aí os arquivos – áudio e ebook – se sincronizam. Eu acho isso de uma genialidade fenomenal! E especialmente útil quando a obra é assustadoramente grande, ou precisamos termina-la com alguma rapidez. Li diversos livros das Crônicas de Gelo e Fogo assim.
Às vezes eu fico meio dispersa e tenho dificuldade de começar um livro, então acabo pegando a amostra da versão do ebook que a Amazon fornece e, após ler e pegar o começo da história, acho mais fácil me concentrar no áudio. Outra dica é ouvir a amostra do próprio áudio livro para que você teste se entenderá o sotaque, se gostará da voz do narrador, etc.
Outras qualidades:
- Os créditos mensais não vencem;
- É muito fácil devolver um livro;
- Há o sleep timer, com o qual você pode programar para que o áudio seja desligado após um tempo pré-selecionado. Ótimo para os que gostam de ir dormir ouvindo algo;
- Velocidade de narração personalizável. Apesar de isso ser o terror dos narradores, que planejam muito bem a entonação e as pausas, há a possibilidade de diminuir o ritmo ou aumenta-lo;
- Mensalmente há também uma seleção de 6 títulos dos quais você pode escolher dois como cortesia. São os chamados “originais Audible”. Já os baixei, mas ainda não ouvi nenhum então não tenho opinião sobre...;
- Existem uns conteúdos diferentes, tipo meditação guiada, preparação para correr maratonas, notícias... Que são cortesia aos membros. Ouvi um programa para meditação guiada e curti.
Vale a pena: Sim! Caso você tenha se interessado, o primeiro livro é de graça para que você experimente o programa.
Nota: (i) A resenha envolveu essencialmente o Audible por ser o que eu uso, mas já há disponibilidade de programas com títulos em português, como o Google Livros. Por ainda serem poucos os títulos, só ouvi amostras gratuitas, mas me pareceu inicialmente razoável. (ii) Não é material promocional e os links não são afiliados. (iii) o Audible já havia sido resenhado também em 2016. Clique: aqui para acessá-la.
P.S. - Nessa assinatura o meu cartão é cobrado mensalmente, como acontece com o Netflix por exemplo. Com isso a cada dia 15 recebo um crédito e com ele posso escolher uma obra. Caso eu não queira mais participar, basta cancelar o plano. É bem simples e fácil... Tirando as tentações que eles oferecem para te fazer mudar de ideia... Na primeira vez que cancelei, me ofereceram mais um livro naquele mês! Hoje em dia quando estou com muitos créditos, acabo optando por suspender a assinatura por alguns meses, que também é uma possibilidade.
03 setembro 2019
Sorteio no instagram
Empresas não sabem o que fazer com os dados que coletam
Uma das características do mundo atual é o grande volume de dados. O baixo custo de reprodução, os canais de compartilhamento de dados - como as redes sociais, a digitalização de informações que antes estavam no papel são alguns dos fatores que ajudam a explicar o que observamos no mundo atual. Sob a ótica do indivíduo, este excessivo número de dados termina por gerar problemas de atenção, ansiedade, depressão, entre outros.
Neste cenário, é comum imaginarmos de um lado o indivíduo usando os meios digitais e entregando informação. De outro lado, uma empresa coletando dados para seu uso pessoal. Quando o Facebook comprou o Wpp, sabia-se que a operação de mensagem não seria lucrativa. No passado, para associar ao Wpp era necessário um pagamento anual. Hoje, nem isto. Mas a empresa de Zuckerberg não joga dinheiro fora. Se com a compra do Wpp seria possível reduzir um potencial concorrente, o Facebook também estava de olho na grande quantidade de informações que os usuários entregam nas suas conversas. A operação de compra do Wpp seria rentável somente com os dados que seriam obtidos no aplicativo.
Temos uma noção de que as empresas estão sempre coletando dados e usando estas informações para determinadas finalidades. Entretanto, uma pesquisa mostra que a maioria dos dados coletados não são usados. Parte desses dados são desconhecidos; outros simplesmente não são usados. Entrevistando 1.300 líderes da Austrália, China, França, Alemanha, Japão, EUA e Reino Unido, a pesquisa mostrou que segundo a estimativa dos entrevistados 55% do dados não são usados. Segundo a pesquisa, a principal razão é a ausência de uma ferramenta para capturar e analisar os dados. Isto pode ocorrer em razão da empresa trabalhar com sistemas separados, por exemplo. Mas os dados podem também não serem bons, pois faltariam informações relevantes. Ou por não saber com usar.
Observe que o percentual de não aproveitamento é declaratório. Na prática isto deve ser maior. Assim, da mesma forma que o usuário fica perdido com tanta informação, as empresas também não sabem o que fazer com os dados. Um consolo?
Neste cenário, é comum imaginarmos de um lado o indivíduo usando os meios digitais e entregando informação. De outro lado, uma empresa coletando dados para seu uso pessoal. Quando o Facebook comprou o Wpp, sabia-se que a operação de mensagem não seria lucrativa. No passado, para associar ao Wpp era necessário um pagamento anual. Hoje, nem isto. Mas a empresa de Zuckerberg não joga dinheiro fora. Se com a compra do Wpp seria possível reduzir um potencial concorrente, o Facebook também estava de olho na grande quantidade de informações que os usuários entregam nas suas conversas. A operação de compra do Wpp seria rentável somente com os dados que seriam obtidos no aplicativo.
Temos uma noção de que as empresas estão sempre coletando dados e usando estas informações para determinadas finalidades. Entretanto, uma pesquisa mostra que a maioria dos dados coletados não são usados. Parte desses dados são desconhecidos; outros simplesmente não são usados. Entrevistando 1.300 líderes da Austrália, China, França, Alemanha, Japão, EUA e Reino Unido, a pesquisa mostrou que segundo a estimativa dos entrevistados 55% do dados não são usados. Segundo a pesquisa, a principal razão é a ausência de uma ferramenta para capturar e analisar os dados. Isto pode ocorrer em razão da empresa trabalhar com sistemas separados, por exemplo. Mas os dados podem também não serem bons, pois faltariam informações relevantes. Ou por não saber com usar.
Observe que o percentual de não aproveitamento é declaratório. Na prática isto deve ser maior. Assim, da mesma forma que o usuário fica perdido com tanta informação, as empresas também não sabem o que fazer com os dados. Um consolo?
Assinar:
Postagens (Atom)