Em junho, o Facebook detalhou seus planos para lançar uma criptomoeda (leia mais: aqui). Ela será lastreada em uma cesta de moedas tradicionais, e a rede social promete um funcionamento simples. Será possível, por exemplo, enviar e receber dinheiro via WhatsApp. A empresa de Mark Zuckerberg não é a única por trás do projeto. A Libra Association, uma organização sem fins lucrativos com base em Genebra responsável pela moeda virtual, conta com a participação de empresas como Uber, Visa, PayPal e MercadoLibre, que investiram US$ 10 milhões cada uma para fazer parte do grupo. [...]
Estudiosa e defensora das criptomoedas, Anne Connelly tem uma opinião forte sobre o lançamento. Diz que, apesar dos “grandes” benefícios, será um desastre para nossa sociedade nas próximas décadas. Professora da Singularity University, ela critica o caráter centralizado da moeda virtual do Facebook. Segundo ela, a criptomoeda vai contra a ideia de descentralização trazida pelo blockchain. [...]
Qual você acha que será o impacto da criptomoeda do Facebook, a Libra?
Ela tem o potencial de ser muito boa e muito muito ruim para o mundo. Do lado positivo, há muitas pessoas no globo que não têm acesso a serviços financeiros. Para grande parte delas, a principal forma de acessar a internet é o Facebook. A Libra será absolutamente transformadora para elas.
E qual o lado negativo?
O problema é que, como resultado disso, essas pessoas estarão vulneráveis a muitas das táticas que o Facebook costuma usar. Na história da empresa, há casos como o da Cambridge Analytica, de venda de dados de usuários e de uso da rede para manipulação em eleições nos Estados Unidos e em outros países africanos. Essa não é uma companhia ética e honrada. Quando você pensa no aumento do poder do Facebook, que passará a ter acesso a dados financeiros, a situação pode ficar bem distópica. É assustador que um homem rico de um país ocidental rico tenha controle sobre o sistema financeiro mundial. Há alternativas no setor de criptomoedas para isso, como o bitcoin e outras moedas estáveis [lastreadas em moedas tradicionais]. Portanto, não acho que devamos ver a Libra como uma boa opção.
É muito poder para o Facebook e as empresas envolvidas na Libra Association?
Sim, eles dizem que são descentralizados, mas não são. Em outras criptomoedas, qualquer desenvolvedor pode ter acesso a todo o código. No caso da Libra, esses parceiros são escolhidos a dedo e tiveram de pagar US$ 10 milhões para participar da associação.
A Libra tem enfrentado algumas questões regulatórias antes mesmo de ser lançada. Você acha que o projeto vai ser realmente implementado?
Como é uma grande empresa centralizada, eles podem enfrentar esses desafios regulatórios. Não é o caso de uma moeda descentralizada, como o bitcoin. Acho bom os reguladores estarem assustados. Eles perceberam que se não for o Facebook será a Amazon ou o Walmart ou qualquer outra grande empresa. Os governos precisam começar a pensar em como será um mundo em que as moedas tradicionais podem não ser a escolha princial das pessoas. Mas é difícil aplicar regulações geográficas a um produto que é essencialmente digital. Acho que o Facebook irá tentar entrar com a Libra primeiro em países onde a regulação não é tão rígida, para usá-los como exemplo para pressionar os demais. E, sim, eu acho que a Libra será lançada. Do ponto de vista de sustentabilidade de longo prazo e soberania do indivíduo, será um desastre. Estaremos tirando o controle do sistema financeiro mundial da mão dos governos e passando para uma corporação.
Como a sociedade poderia evitar isso?
Algumas das pessoas mais inteligentes do mundo estão hoje trabalhando em produtos descentralizados. Isso me deixa otimista quanto ao futuro. Se não houvesse nenhuma moeda descentralizada no mundo, eu teria medo. Mas o que o Facebook está fazendo irá levar muita gente para o bitcoin, que oferece uma plataforma melhor. Só de ter as pessoas imaginando um mundo em que haja mais opções de meios de pagamento é uma coisa boa.
Já estamos falando do blockchain há alguns anos. Qual o estágio de adoção dessa tecnologia?
Um pouco do hype se dissipou. Depois de vários ICOs, o setor agora parece estar mais focado em construir as aplicações de que temos falado e com as quais temos sonhado há anos. Há uma adoção mais difundida dessa tecnologia em todo o mundo. As pessoas estão começando a ver o potencial dela, e vários governos e empresas estão cogitando o blockchain para melhorar suas operações. Estamos em um dos períodos mais animadores da tecnologia, onde conceitos e ideias começam a se tornar realidade.
Como as empresas podem aplicar o blockchain?
Primeiro, é preciso ter funcionários que entendam a tecnologia e participem da criptoeconomia. Depois, a empresa deve olhar para si mesma e entender quais são os intermediários que hoje não criam valor para ela. Nessas situações, é viável usar o blockchain. Há bons exemplos atualmente, especialmente em cadeias de fornecimento e na indústria de alimentos, onde informações de procedência são importantes para a saúde e segurança dos consumidores. Outros casos incluem a verificação da veracidade de objetos valiosos.
Há outros setores que podem ser beneficiados pelo blockchain?
Os setores que serão afetados pelo blockchain são os mesmos que foram afetados pela internet: ou seja, todos. A questão é entender quais têm mais potencial de adoção rapidamente, como o de alimentos e o financeiro, e quais irão adotar a tecnologia mais para frente. Há um grande potencial para o blockchain nos governos, por exemplo.
Fonte: Aqui
26 agosto 2019
24 agosto 2019
23 agosto 2019
22 agosto 2019
Disney também
Francine Mckenna traz um caso importante: uma ex-contadora da Walt Disney registrou denúncias sobre a superestimação de receita da empresa durante anos. A denunciante trabalhou na empresa por 18 anos e afirma que o setor de parques e resorts adotava padrões inadequados de reconhecimento da receita. Isto incluía registrar duas vezes a mesma receita, com cartões de brindes - uma quando ocorria a compra e outra quando o brinde era usado - ou registrar quando o cartão era gratuito, recebido por um cliente após uma reclamação.
Kuba, a contadora, oficializou a denúncia na SEC. E logo depois foi demitida. Uma estimativa é que o erro pode ter atingido a 6 bilhões de dólares, somente em um ano (2008-09). Sua primeira denúncia foi feita em 2013. Em 2016 registrou novamente os problemas, com um superior. E somente em 2017 fez o registro na SEC.
A empresa afirmou que as denúncias não têm mérito. Mas Mckenna afirma que SEC está considerando as denúncias e solicitou mais informações.
Kuba, a contadora, oficializou a denúncia na SEC. E logo depois foi demitida. Uma estimativa é que o erro pode ter atingido a 6 bilhões de dólares, somente em um ano (2008-09). Sua primeira denúncia foi feita em 2013. Em 2016 registrou novamente os problemas, com um superior. E somente em 2017 fez o registro na SEC.
A empresa afirmou que as denúncias não têm mérito. Mas Mckenna afirma que SEC está considerando as denúncias e solicitou mais informações.
General Electric 3
Enquanto a saga da General Electric continua no mercado:
(No gráfico o preço da ação no último mês até o dia de hoje). O presidente da SEC, quando o escândalo da Enron, Harvey Pitt, afirmou, em entrevista a CNBC, que o denunciante, Harry Markopolos, poderia ter feito sua denúncia para SEC em primeiro lugar. Isto permitiria receber 30% do valor que seria recuperado pela SEC no caso. Entretanto, ficou estranho que ele fez a denúncia em termos públicos, segundo Pitt. Mas ele reconhece que esta é uma questão secundária. O principal é a contabilidade da empresa.
(No gráfico o preço da ação no último mês até o dia de hoje). O presidente da SEC, quando o escândalo da Enron, Harvey Pitt, afirmou, em entrevista a CNBC, que o denunciante, Harry Markopolos, poderia ter feito sua denúncia para SEC em primeiro lugar. Isto permitiria receber 30% do valor que seria recuperado pela SEC no caso. Entretanto, ficou estranho que ele fez a denúncia em termos públicos, segundo Pitt. Mas ele reconhece que esta é uma questão secundária. O principal é a contabilidade da empresa.
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