Segundo uma notícia da Dow Jones (publicada no site do Valor), os auditores da PwC não assinaram o balanço da Kraft Heinz. A notícia vem do investidor Warren Buffett, que disse que existe uma disputa entre a empresa, controlada pela Berkshire e a 3G. As demonstrações contábeis deveriam ter sido divulgadas na sexta, mas isto não ocorreu.
A recusa de assinar um relatório de auditoria é algo pouco usual e geralmente significa problemas. Nos últimos meses, a Kraf Heinz, fruto de uma fusão entre duas grandes empresas, passou por corte de custos, o que reduziu o valor de mercado da empresa.
05 maio 2019
Como as redes sociais afetam o nosso cérebro
FONTES CIENTÍFICAS:
População mundial que usa as redes
Áreas do cérebro afetadas
Prejuízo nº 1 Estudo sobre danos à habilidade de multitarefa
Prejuízo nº 2 - Interrupção
Prejuízo nº 3 - Egocentrismo e efeitos da dopamina
Prejuízo nº 4 - Pensamento raso
Extinção do Fundo Soberano (?)
O Fundo Soberano Brasileiro foi extinto com a Medida Provisória 881, do final de abril de 2019 (dica de Claudio Santana, grato). Criado em 2008, na gestão de Guido Mantega, com um capital inicial de 14 bilhões de dólares, o fundo seguia uma tendência de diversos países que, com os recursos obtidos, em geral, da riqueza mineral, tinham por meta fazer uma poupança para futuras gerações.
O mais conhecido fundo soberano existente é o da Noruega. Com o dinheiro da exploração do petróleo do Mar do Norte, o país reservou 1002 bilhões de dólares, a partir de 1990. Em 2007, a China criou um fundo que contaria com 941 bilhões. É o segundo fundo maior do mundo. O fundo brasileiro contaria com 7,3 bilhões de dólares, um valor irrisório perto de outros fundos (Líbia, Coréia do Sul, Turquia, Timor Leste e Chile possui fundos com valores maiores).
Se o fundo brasileiro foi criado com 14 bilhões e possui hoje 7,3 bilhões, para onde foi a diferença? Aplicações ruins é a resposta. No ano passado, a Câmara rejeitou a MP 830 com esta mesma finalidade. O dinheiro seria usado para pagar a dívida pública. A medida de agora extingue o Fundo, sem indicar a destinação dos recursos.
Um aspecto “curioso” é que a MP trata de Direitos de Liberdade Econômica, sem nenhuma relação com a extinção do Fundo Soberano. Obviamente que a extinção dependerá da aprovação da MP.
O mais conhecido fundo soberano existente é o da Noruega. Com o dinheiro da exploração do petróleo do Mar do Norte, o país reservou 1002 bilhões de dólares, a partir de 1990. Em 2007, a China criou um fundo que contaria com 941 bilhões. É o segundo fundo maior do mundo. O fundo brasileiro contaria com 7,3 bilhões de dólares, um valor irrisório perto de outros fundos (Líbia, Coréia do Sul, Turquia, Timor Leste e Chile possui fundos com valores maiores).
Se o fundo brasileiro foi criado com 14 bilhões e possui hoje 7,3 bilhões, para onde foi a diferença? Aplicações ruins é a resposta. No ano passado, a Câmara rejeitou a MP 830 com esta mesma finalidade. O dinheiro seria usado para pagar a dívida pública. A medida de agora extingue o Fundo, sem indicar a destinação dos recursos.
Um aspecto “curioso” é que a MP trata de Direitos de Liberdade Econômica, sem nenhuma relação com a extinção do Fundo Soberano. Obviamente que a extinção dependerá da aprovação da MP.
03 maio 2019
Campeão voltou
No início do ano, o enxadrista norueguês Magnus Carlsen apresentava um rating de 2835. Apesar de continuar sendo o campeão do mundo de xadrez clássico e ter a melhor pontuação no xadrez rápido (partidas de 15 minutos) e blitz (5 minutos), a série de doze empates contra o desafiante ao título Fabiano Caruana parecia mostrar que o auge da sua carreira já tinha passado. Em junho de 2014, Carlsen tinha alcançado a marca de 2882 de rating no xadrez clássico, muito acima dos 2850 de Kasparov ou 2844, de Caruana.
Em fevereiro, Carlsen disputou um torneio na Holanda. Foram 13 partidas, Carlsen ganhou 5 e empatou as demais, ficando em primeiro. Com o desempenho, ele ganhou 9,5 pontos no rating. Agora em maio, em outro torneio, Carlsen jogou nove partidas e obteve 7 pontos, uma proporção alta para um torneio de xadrez. Em uma delas, deu cheque-mate em Peter Svidler (rating de 2738). E mais 15,8 pontos no rating, sem ter perdido nenhuma partida em 2019. Com isto, Carlsen possui hoje 2875 pontos (oficialmente 2861, por uma questão burocrática), estando a poucos pontos da maior pontuação de todos os tempos. O segundo melhor jogador hoje, Caruana, tem 56,7 pontos a menos.
O que impressiona em Carlsen é, além dos resultados, a vontade de vencer. No Shamkir Chess, o torneio de abril de 2019, em um determinado momento o norueguês tinha uma partida média com mais de 60 lances e mais de 5 horas de duração. Diversas partidas, potencialmente empatadas, foram conduzidas por muitos lances adicionais, até a obtenção da vitória. Outra enxadrista contentaria com o empate, visando o resultado geral do torneio. Em fevereiro, Carlsen já tinha vencido o torneio antes de iniciar a última rodada. Poderia ter empatado rapidamente o seu jogo, mas insistiu até a vitória contra um dos jogadores mais fortes do mundo. O mesmo ocorreu em Shamkir. Na última rodada bastava um empate para vencer o torneio. Jogando contra Vachier-Lagrave, o atual sexto melhor do mundo, levou o jogo até o 43o. lance, até a vitória. Não precisava da vitória, mas buscou fortemente.
A pergunta que se faz hoje é se estamos no ano GOAT (ou Great of All Time). Há um burburinho se ele conseguirá ultrapassar os 2900 de rating. O que seria um sonho parece hoje mais uma realidade. Seu desempenho com as brancas em 2019 ultrapassa a 3000 pontos. O maior de todos os tempos?
Quem é agora o número 1 de todos os tempos, Fischer, Kasparov ou Carlsen? A comparação direta de diferentes épocas é difícil, já que Carlsen tem o benefício de treinar com computadores muito fortes e com o conhecimento acumulado de seus predecessores. Carlsen tem a classificação mais alta de todos os tempos, 32 pontos acima do pico de Kasparov e 99 acima de Fischer, mas o grupo de jogadores com pontuação acima de 2700 que fornece a oposição exigida é agora muito maior.
Fisher tem um feito notável: 20 vitórias seguidas, incluindo dois 6-0 na disputa para ser desafiante na década de setenta. Já Kasparov tem mais vitórias consecutivas em torneios (15) e foi campeão por 16 anos. Mas Carlsen tem força de vontade para buscar vitória, tem maior rating e pode quebrar todos estas recordes.
Em fevereiro, Carlsen disputou um torneio na Holanda. Foram 13 partidas, Carlsen ganhou 5 e empatou as demais, ficando em primeiro. Com o desempenho, ele ganhou 9,5 pontos no rating. Agora em maio, em outro torneio, Carlsen jogou nove partidas e obteve 7 pontos, uma proporção alta para um torneio de xadrez. Em uma delas, deu cheque-mate em Peter Svidler (rating de 2738). E mais 15,8 pontos no rating, sem ter perdido nenhuma partida em 2019. Com isto, Carlsen possui hoje 2875 pontos (oficialmente 2861, por uma questão burocrática), estando a poucos pontos da maior pontuação de todos os tempos. O segundo melhor jogador hoje, Caruana, tem 56,7 pontos a menos.
O que impressiona em Carlsen é, além dos resultados, a vontade de vencer. No Shamkir Chess, o torneio de abril de 2019, em um determinado momento o norueguês tinha uma partida média com mais de 60 lances e mais de 5 horas de duração. Diversas partidas, potencialmente empatadas, foram conduzidas por muitos lances adicionais, até a obtenção da vitória. Outra enxadrista contentaria com o empate, visando o resultado geral do torneio. Em fevereiro, Carlsen já tinha vencido o torneio antes de iniciar a última rodada. Poderia ter empatado rapidamente o seu jogo, mas insistiu até a vitória contra um dos jogadores mais fortes do mundo. O mesmo ocorreu em Shamkir. Na última rodada bastava um empate para vencer o torneio. Jogando contra Vachier-Lagrave, o atual sexto melhor do mundo, levou o jogo até o 43o. lance, até a vitória. Não precisava da vitória, mas buscou fortemente.
A pergunta que se faz hoje é se estamos no ano GOAT (ou Great of All Time). Há um burburinho se ele conseguirá ultrapassar os 2900 de rating. O que seria um sonho parece hoje mais uma realidade. Seu desempenho com as brancas em 2019 ultrapassa a 3000 pontos. O maior de todos os tempos?
Quem é agora o número 1 de todos os tempos, Fischer, Kasparov ou Carlsen? A comparação direta de diferentes épocas é difícil, já que Carlsen tem o benefício de treinar com computadores muito fortes e com o conhecimento acumulado de seus predecessores. Carlsen tem a classificação mais alta de todos os tempos, 32 pontos acima do pico de Kasparov e 99 acima de Fischer, mas o grupo de jogadores com pontuação acima de 2700 que fornece a oposição exigida é agora muito maior.
Fisher tem um feito notável: 20 vitórias seguidas, incluindo dois 6-0 na disputa para ser desafiante na década de setenta. Já Kasparov tem mais vitórias consecutivas em torneios (15) e foi campeão por 16 anos. Mas Carlsen tem força de vontade para buscar vitória, tem maior rating e pode quebrar todos estas recordes.
02 maio 2019
Regras contábeis e efeito na Petrobras
O texto a seguir, publicado no início de abril no Estado de S Paulo, ainda é relevante. Trata do efeito na nova norma de arrendamento mercantil:
Os resultados financeiros da Petrobrás e de outras petroleiras presentes no Brasil trarão adequações às normas internacionais de contabilidade que vão elevar seus endividamentos. No caso da Petrobrás, o crescimento contábil da dívida será de US$ 28 bilhões, como informou a empresa no documento 20-F, enviado à agência de regulação do mercado financeiro dos Estados Unidos, a SEC.
A variação não afetará a capacidade da companhia de investir e de pagar, porque, com essas adaptações às normas internacionais, vão crescer também a geração de caixa e o resultado operacional.
Assim, mesmo com um crescimento tão elevado da dívida, equivalente a R$ 110 bilhões, a meta de redução do compromisso do caixa com empréstimos e financiamentos está mantida. Segundo fonte, como já estavam previstas, as alterações contábeis foram consideradas no cálculo da meta financeira.
Câmbio
Especialistas destacam, no entanto, que, com as mudanças, a dívida da Petrobrás vai ficar ainda mais exposta ao câmbio, justamente num momento de alta do dólar; e o caixa, a operações financeiras de proteção à variação da moeda americana, as operações de hedge.
No primeiro dia deste ano, entrou em vigor no Brasil uma regra contábil já adotada por petroleiras de outros países desde o ano passado - o arrendamento de equipamentos deixou de ser registrado como um aluguel, um custo de operação, para constar como passivo, como financiamento e, portanto, dívida.
A Petrobrás possui US$ 28 bilhões em arrendamentos de uma série de equipamentos envolvidos na produção de petróleo, como plataformas, sondas, navios de apoio e helicópteros, além de terrenos e edifícios. Na prática, são aluguéis com prazo de validade de décadas, assumidos em larga escala pela empresa no passado, como alternativa à construção de bens próprios.
Como são ativos utilizados por um longo período, em alguns casos por toda vida útil de uma concessão de petróleo e gás, passarão a ser considerados como parte do patrimônio da petroleira. O crescimento do ativo é o fator positivo da mudança. O negativo é que a depreciação do bem, as despesas com juros e a variação cambial pesarão na mesma proporção sobre o passivo. No fim das contas, "não há previsão de efeitos sobre o resultado financeiro anual", ressalta Marcelo Cavalcanti Almeida, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e autor de livros sobre o tema. Passivo e ativos se compensarão, desde que o dólar não fuja às projeções.
Hedge
No 20-F, a Petrobrás avisa que possui ferramenta de hedge para fazer frente às variações cambiais, mas, se contratada em bancos, as operações de hedge podem custar milhões à empresa. "A Petrobrás vai trabalhar muito para que o impacto não seja relevante. Só que não tem muito como garantir, por causa da questão cambial. Se o câmbio disparar e ficar muito acima do projetado, a dívida pode subir", afirma o especialista de petróleo e gás e sócio da área Tributária do escritório de advocacia Vieira Rezende, Tiago Severini.
Existem duas soluções viáveis para proteger uma empresa das variações cambiais - uma simplesmente trava a cotação do petróleo e, em outra, é feita uma aposta na cotação da moeda estrangeira. A Petrobrás faz as duas coisas. "Do ponto de vista estratégico é efetivamente correta essa postura. Entretanto, sua eficiência depende da análise do cenário econômico, das premissas e decisões tomadas. Para dar certo, é preciso acertar o cenário e tomar as decisões corretamente", avaliou Gilberto Braga, especialista em Finanças e professor do Ibmec.
Os resultados financeiros da Petrobrás e de outras petroleiras presentes no Brasil trarão adequações às normas internacionais de contabilidade que vão elevar seus endividamentos. No caso da Petrobrás, o crescimento contábil da dívida será de US$ 28 bilhões, como informou a empresa no documento 20-F, enviado à agência de regulação do mercado financeiro dos Estados Unidos, a SEC.
A variação não afetará a capacidade da companhia de investir e de pagar, porque, com essas adaptações às normas internacionais, vão crescer também a geração de caixa e o resultado operacional.
Assim, mesmo com um crescimento tão elevado da dívida, equivalente a R$ 110 bilhões, a meta de redução do compromisso do caixa com empréstimos e financiamentos está mantida. Segundo fonte, como já estavam previstas, as alterações contábeis foram consideradas no cálculo da meta financeira.
Câmbio
Especialistas destacam, no entanto, que, com as mudanças, a dívida da Petrobrás vai ficar ainda mais exposta ao câmbio, justamente num momento de alta do dólar; e o caixa, a operações financeiras de proteção à variação da moeda americana, as operações de hedge.
No primeiro dia deste ano, entrou em vigor no Brasil uma regra contábil já adotada por petroleiras de outros países desde o ano passado - o arrendamento de equipamentos deixou de ser registrado como um aluguel, um custo de operação, para constar como passivo, como financiamento e, portanto, dívida.
A Petrobrás possui US$ 28 bilhões em arrendamentos de uma série de equipamentos envolvidos na produção de petróleo, como plataformas, sondas, navios de apoio e helicópteros, além de terrenos e edifícios. Na prática, são aluguéis com prazo de validade de décadas, assumidos em larga escala pela empresa no passado, como alternativa à construção de bens próprios.
Como são ativos utilizados por um longo período, em alguns casos por toda vida útil de uma concessão de petróleo e gás, passarão a ser considerados como parte do patrimônio da petroleira. O crescimento do ativo é o fator positivo da mudança. O negativo é que a depreciação do bem, as despesas com juros e a variação cambial pesarão na mesma proporção sobre o passivo. No fim das contas, "não há previsão de efeitos sobre o resultado financeiro anual", ressalta Marcelo Cavalcanti Almeida, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e autor de livros sobre o tema. Passivo e ativos se compensarão, desde que o dólar não fuja às projeções.
Hedge
No 20-F, a Petrobrás avisa que possui ferramenta de hedge para fazer frente às variações cambiais, mas, se contratada em bancos, as operações de hedge podem custar milhões à empresa. "A Petrobrás vai trabalhar muito para que o impacto não seja relevante. Só que não tem muito como garantir, por causa da questão cambial. Se o câmbio disparar e ficar muito acima do projetado, a dívida pode subir", afirma o especialista de petróleo e gás e sócio da área Tributária do escritório de advocacia Vieira Rezende, Tiago Severini.
Existem duas soluções viáveis para proteger uma empresa das variações cambiais - uma simplesmente trava a cotação do petróleo e, em outra, é feita uma aposta na cotação da moeda estrangeira. A Petrobrás faz as duas coisas. "Do ponto de vista estratégico é efetivamente correta essa postura. Entretanto, sua eficiência depende da análise do cenário econômico, das premissas e decisões tomadas. Para dar certo, é preciso acertar o cenário e tomar as decisões corretamente", avaliou Gilberto Braga, especialista em Finanças e professor do Ibmec.
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