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02 maio 2019

Regras contábeis e efeito na Petrobras

O texto a seguir, publicado no início de abril no Estado de S Paulo, ainda é relevante. Trata do efeito na nova norma de arrendamento mercantil:

Os resultados financeiros da Petrobrás e de outras petroleiras presentes no Brasil trarão adequações às normas internacionais de contabilidade que vão elevar seus endividamentos. No caso da Petrobrás, o crescimento contábil da dívida será de US$ 28 bilhões, como informou a empresa no documento 20-F, enviado à agência de regulação do mercado financeiro dos Estados Unidos, a SEC.

A variação não afetará a capacidade da companhia de investir e de pagar, porque, com essas adaptações às normas internacionais, vão crescer também a geração de caixa e o resultado operacional.

Assim, mesmo com um crescimento tão elevado da dívida, equivalente a R$ 110 bilhões, a meta de redução do compromisso do caixa com empréstimos e financiamentos está mantida. Segundo fonte, como já estavam previstas, as alterações contábeis foram consideradas no cálculo da meta financeira.

Câmbio
Especialistas destacam, no entanto, que, com as mudanças, a dívida da Petrobrás vai ficar ainda mais exposta ao câmbio, justamente num momento de alta do dólar; e o caixa, a operações financeiras de proteção à variação da moeda americana, as operações de hedge.
No primeiro dia deste ano, entrou em vigor no Brasil uma regra contábil já adotada por petroleiras de outros países desde o ano passado - o arrendamento de equipamentos deixou de ser registrado como um aluguel, um custo de operação, para constar como passivo, como financiamento e, portanto, dívida.

A Petrobrás possui US$ 28 bilhões em arrendamentos de uma série de equipamentos envolvidos na produção de petróleo, como plataformas, sondas, navios de apoio e helicópteros, além de terrenos e edifícios. Na prática, são aluguéis com prazo de validade de décadas, assumidos em larga escala pela empresa no passado, como alternativa à construção de bens próprios.

Como são ativos utilizados por um longo período, em alguns casos por toda vida útil de uma concessão de petróleo e gás, passarão a ser considerados como parte do patrimônio da petroleira. O crescimento do ativo é o fator positivo da mudança. O negativo é que a depreciação do bem, as despesas com juros e a variação cambial pesarão na mesma proporção sobre o passivo. No fim das contas, "não há previsão de efeitos sobre o resultado financeiro anual", ressalta Marcelo Cavalcanti Almeida, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e autor de livros sobre o tema. Passivo e ativos se compensarão, desde que o dólar não fuja às projeções.

Hedge
No 20-F, a Petrobrás avisa que possui ferramenta de hedge para fazer frente às variações cambiais, mas, se contratada em bancos, as operações de hedge podem custar milhões à empresa. "A Petrobrás vai trabalhar muito para que o impacto não seja relevante. Só que não tem muito como garantir, por causa da questão cambial. Se o câmbio disparar e ficar muito acima do projetado, a dívida pode subir", afirma o especialista de petróleo e gás e sócio da área Tributária do escritório de advocacia Vieira Rezende, Tiago Severini.

Existem duas soluções viáveis para proteger uma empresa das variações cambiais - uma simplesmente trava a cotação do petróleo e, em outra, é feita uma aposta na cotação da moeda estrangeira. A Petrobrás faz as duas coisas. "Do ponto de vista estratégico é efetivamente correta essa postura. Entretanto, sua eficiência depende da análise do cenário econômico, das premissas e decisões tomadas. Para dar certo, é preciso acertar o cenário e tomar as decisões corretamente", avaliou Gilberto Braga, especialista em Finanças e professor do Ibmec.

Estilos diferentes

O site Quartz comparou os estilos de Mackenzie Bezos e seu esposo durante o processo de separação. O foco foi no texto produzido por ambos sobre o assunto.

Mackenzie fez uma declaração dizendo está feliz com o acordo. Era o seu primeiro Twitter (Jeff entrou há mais de uma década):

Já Jeff Bezos fez uma declaração agradecendo amigos e familiares, com uma grande ênfase na palavra "eu". Conforme lembrou Quartz:

No ano passado, a Quartz acompanhou seu uso do "eu" versus “nós” em mais de 20 anos de cartas de acionistas da Amazon e descobriu que o uso de “eu” por Jeff aumentou com o passar do tempo.


Uma outra diferença, no entanto: Jeff, que entrou no Twitter há mais de uma década, retuitou a declaração de sua ex-mulher. MacKenzie não retornou a cortesia.

Copa do Mundo e Demonstrações Contábeis


  • A Copa do Mundo foi assunto de algumas demonstrações contábeis. A maioria achou ruim o evento. 
  • Um segundo grupo aproveitou o evento para ações de marketing. 
  • Um último grupo comparou o ano com 2014 (aeroporto de Guarulhos) ou lembraram que ainda possuem algo a receber em razão da Copa de 2014.

A Copa do Mundo foi um grande evento do ano de 2018. Algumas empresas consideraram este fato nas demonstrações contábeis. As poucas empresas que citaram a Copa nas demonstrações contábeis já divulgadas ou reclamaram deste fato ou enfatizaram que aproveitaram do fato ou citaram em outro contexto.

O grupo de empresas que reclamaram da Copa associaram o evento a redução da produção ou algo do tipo. A Via Varejo - mesmo comercializando televisão - afirmou o seguinte:

Além do profundo processo de transformação que passamos em 2018, o ano foi marcado por eventos macroeconômicos  que  influenciaram  negativamente  o  padrão  de  consumo  da  população  (greve  dos caminhoneiros, copa do mundo e eleição) e, consequentemente, a Via Varejo dentro de seu processo de  transformação.

A Sapore, do ramo de alimentação, deixou seu descontentamento em um pequeno trecho: "com jogos em pleno horário de expediente no Brasil."

A empresa SER, da área educacional, culpou a greve dos caminhoneiros, a Copa e a eleições pelos problemas da economia:

“o setor de ensino superior também apresentou retração de demanda, novamente em função do desempenho anêmico da economia a partir de junho, dessa vez por conta de eventos como a greve dos caminhoneiros, Copa do Mundo e eleições para presidência da república e governadores dos estados, eventos extemporâneos que acabaram por reduzir a demanda durante o segundo semestre do ano”

Mas será que a Copa provoca retração de demanda no setor educacional? Não parece fazer muito sentido. O PDG associa a Copa a eventos extraordinários, apesar de ser um evento regular. Veja o comentário da empresa de construção:

Muito embora a recuperação do setor e da economia tenha sido prejudicada por certos eventos extraordinários, tais como a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e o período pré-eleitoral, ainda assim foi possível observar uma pequena melhora no mercado imobiliário.

A empresa de eventos T4f parece ter mais razão em reclamar:

No Brasil, fomos afetados pelos acontecimentos da Greve dos Caminhoneiros, seguido pela Copa  do  Mundo,  e,  no  último  semestre,  pela  forte  polarização  das  eleições,  que  concentraram  as  atenções  da  mídia  e,  consequentemente,  do  nosso  público.  Essa  sequência  de eventos gerou um ambiente bastante adverso para a venda de ingressos, principalmente em música ao vivo, intensificado por um fluxo reduzido de artistas para a região, principalmente a partir do segundo trimestre de 2018.

A BK chama a Copa de "desafio" no seu comentário:

apesar dos desafios enfrentados principalmente durante o 2T18 com a greve dos caminhoneiros e a Copa do Mundo de Futebol.

Finalmente, o Iguatemi fez a reclamação de maneira um pouco diferente das empresas citadas anteriormente. Para o Iguatemi, "apesar da Copa" a empresa foi bem:

O ano de 2018 foi desafiador. Apesar de uma economia ainda fragilizada que cresceu menos do que se esperava  no  início  do  ano  e  de  alguns  eventos  pontuais  que  trouxeram  bastante  volatilidade  (Copa  do  mundo, greve dos caminhoneiros, eleições) fomos capazes de entregar um crescimento de 18% do nosso Lucro Líquido e seguir na trajetória de redução do endividamento da companhia.

O segundo grupo são as empresas que consideraram a Copa uma oportunidade. Duas delas patrocinaram a Seleção e aproveitaram deste fato. Lembraram sua decisão de apoio, seja ao evento ou a seleção. Veja o que disse a Ambev:

A  marca  Brahma  vive  um  bom  momento, reforçado pelas campanhas da Copa do Mundo FIFA 2018. (...) Esse desempenho foi liderado pela cerveja Corona, uma das marcas que mais cresce no país, seguida pela Stella Artois, com nossas novas embalagens, e pela Budweiser, patrocinadora da  Copa  do  Mundo  FIFA  2018.

Já a Telefônica afirmou:

Cabe destaque ainda à atuação da marca durante o ano de Copa do Mundo, com campanhas no período que se utilizaram do mote #joguejunto, contribuindo para reforçar nosso papel como Patrocinadora Oficial da Seleção Brasileira. (...) O ano de 2018 teve como destaque as ações da Copa do Mundo e do Patrocínio da Seleção Brasileira. Para fortalecermos  o  nosso  patrocínio,  foi  criado  o  conceito  “#JogueJunto”  e  o  logo  Vivo  foi  transformado  na  bandeira  do  Brasil,  seguido  pelo  texto  “Vivo.  Patrocinadora  oficial  da  Seleção  dos  brasileiros”,  colocando torcida, jogadores e marca no mesmo patamar. A Vivo foi a 1ª marca mais lembrada 7  entre os patrocinadores da Copa e a 3ª marca mais mencionada no Twitter durante os jogos Realizamos ainda ações ligadas ao patrocínio da Seleção Brasileira de Futebol, em parceria com o Programa de Relacionamento Vivo Valoriza: alguns clientes puderam assistir aos treinos da Seleção Brasileira na Granja Comary (Rio de Janeiro), às vésperas da Copa do Mundo na Rússia

Finalmente, um grupo associou a Copa em outro contexto. GRU Airport lembrou que o movimento do ano foi superior ao de 2014, quando o Brasil sediou a Copa. Três outras empresas lembraram da Copa de 2014, destacando que ainda tem algo a receber no seu balanço por conta do evento: CEB, Invepar e Metrô Rio destacaram isto.

Rir é o melhor remédio


01 maio 2019

Fraude Contábil na China: 4 bilhões sumiram

One of China’s largest listed drugmakers said it overstated cash holdings by $4.4 billion, sending its shares and bonds tumbling and heightening concerns about the quality of accounting in a country that has become a fast-growing part of global investment portfolios.

Kangmei Pharmaceutical Co., a producer of traditional Chinese medicines, said in a filing on Tuesday that an accounting “error” led to the overstatement of its 2017 cash position. The disclosure came about four months after Kangmei told investors it was being investigated by regulators. The stock, a constituent of MSCI Inc.’s global indexes, plunged by the 10 percent daily limit. Kangmei’s 2.4 billion yuan ($356 million) notes due 2022 fell as much as 14 yuan to 60 yuan.

The immense size of Kangmei’s restatement, described by one securities lawyer as unprecedented for China, puts a spotlight on disclosure practices in a country where companies are defaulting at a record pace and several instances of questionable accounting have emerged in recent months. The issue has become increasingly important for global investors and securities firms as they gain unprecedented access to China’s gargantuan stock and bond markets.

"Investors have to be more careful about Chinese firms’ reporting," said Andrew Lam, a director at BDO, an international accounting firm. "They will have to do real homework, examining closely companies' financial reporting for any potential irregularities."

The China Securities Regulatory Commission, which in recent years has been pushing the nation’s stock exchanges to delist companies that provide inaccurate disclosures, didn’t immediately reply to a faxed request for comment. The Shanghai Composite Index rose 0.5 percent at 1:36 p.m. local time.

[...]

Fonte: aqui

Resultado de imagem para Kangmei Pharmaceutical C

Emi Nakamura vence Clark

A economista Emi Nakamura (foto) venceu a Medalha John Bates Clark. A Medalha Clark é uma "antecipação" ao Nobel de Economia, sendo concedida a economistas com idade abaixo de 40 anos. No passado era concedida a cada dois anos e "famosos" economistas venceram esta premiação. O primeiro contemplado foi Paul Samuelson, um dos três maiores economistas do século XX. O terceiro, Friedman. A premiação seguiu com James Tobin, K Arrow, L Klein, R Solow, Gary Becker, Michael Spence, Paul Krugman, entre outros. Dos premiados, 12 também foram premiados com o Nobel de Economia.

Emi Nakamura é a quarta mulher premiada (de um total de 41 premiados). Atualmente trabalhando em Berkerly, Nakamura tem vários trabalhos em macroeconomia, sendo esta a primeira premiação da área no século XXI. No AFineTheorem encontrei a seguinte frase resumo do trabalho dela:

Nakamura é mais conhecido por usar essa combinação profunda de dados e teoria para entender exatamente como as empresas definem os preços.

Isto é muito importante para as empresas e, por consequência, para a contabilidade. Uma das pesquisas dela relaciona a mudança de preços com inflação:

Quando a inflação é maior, as empresas ajustam os preços com igual frequência, mas com maiores saltos nos preços (considere a famosa duplicação do preço da Coca-Cola), ou eles ajustam os preços com mais frequência, mantendo a mudança percentual semelhante a ambientes com baixa inflação?

No passado fiz uma orientação de mestrado, do professor Paulo Mendes, sobre a variação de preços em ambientes inflacionários por setores da economia. É uma orientação que gostei de ter realizado, pois Mendes analisou como ocorria as mudanças de preços nos setores e como a dispersão aumentava quando o governo brasileiro fazia os planos econômicos. Obviamente que o trabalho de Nakamura não era conhecido do orientador e do orientando.

Além  disto, Nakamura lida bem com o grande número de informações existentes nos dias atuais.

Ela construiu conjuntos de dados de preços insanos, criou estratégias inteligentes de identificação para separar modelos de preços e usou essas ferramentas para aumentar amplamente nossa compreensão da interação entre a rigidez dos preços e o ciclo de negócios.