Translate

14 abril 2019

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-Livros 6

Um dos números da Revista da Associação dos Guarda-Livros (ed 10, 1875, p. 8, seção variada) (imagem ao lado) é possível notar a maneira como a mulher era considerada naquela época. A notícia é sobre a mulher na contabilidade:

Aqueles que tem viajado a Europa e America do Norte sabem que papel consideravel representa a mulher no commercio, na industria e nas artes. No commercio sobretudo, a mulher tornou-se precioso auxilio para o marido negociante, porque encontra n´ella o mais fiel e zeloso empregado, quer ella se ocupe da venda dos artefactos, quer se empregue na comptabilidade, quando sabe escripturação. (...) 

Inspirados n´esta ideia a Camara do commercio de Pariz facilitou ás mulheres o conhecimento da escripturação commercial, e há um anno abrio uma aula nocturna, a qual tem produzido excellentes resultados, segundo lemos em um jornal que temos á vista. [conforme grafia original] 

E aí a Revista narra o caso de uma escola que existe em Paris. Para concluir:

Amantes do progresso como somos, applaudimos ao exito da aula da contabilidade para as mulheres e sentimos que a educação da mulher no Brazil não seja encaminhada para este ramo de industria, pois muitas moças que vegetam em trabalho ingrato, e porventura á mingua dos trabalhos a que se dedidam, vão engrossar as fileiras do vicio, encontrariam nesta profissão senão feliz futuro, certamente honesto e vantajoso meio de vida.

(Confesso que ainda não entendi direito se o redator defende a possibilidade da mulher da contabilidade ou não).

História da contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-livros 5

Os mais antigos devem saber o que é cabedal. Uma pesquisa no dicionário revela que o termo equivale a posse materiais, bens, riqueza, patrimônio.

No código de comércio de 1850, no seu artigo 800 (isto mesmo), afirma que uma quebra será considerada com culpa quando entre a data do último balanço e a falência, existirem obrigações diretas que represente o "dobro do seu cabedal apurado nesse balanço".

No número 2 da edição de 1875 da Revista da Associação dos Guarda-Livros, Lucas Faria já alertava para os dois significados da palavra cabedal:

Assim, o termo pode representar dois conceitos distintos na contabilidade. Mais adiante Lucas Faria esclarece que cabedal é sinônimo de ativo:

História da Contabilidade: Revista da Associação dos Guarda-livros - 4

Há duas semanas comentamos sobre a Revista da Associação dos Guarda-livros (aqui, aqui e aqui). Infelizmente a leitura da Revista, disponibilizada na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, não modifica muito o que já sabemos sobre a história da contabilidade no Brasil. Isto por dois motivos. Em primeiro lugar, a revista teve uma duração relativamente pequena: dois anos ou doze números. Isto corresponde a 96 páginas, já que cada número tinha 8 páginas. O segundo ponto é que o conteúdo das páginas estava muito focado em uma longa discussão sobre a crise de 1864 e a transcrição das assembleias da Associação onde o assunto foi tratado.

Um aspecto importante é que a Revista teve uma duração de dois anos e três meses quando se conta os três números da Revista Mercantil. Em dezembro de 1875, na primeira página do número 12, a revista anuncia que estaria quitando sua dívida com os assinantes. E que a partir de janeiro de 1876 passaria a chamar Revista Mercantil. A ideia seria focar nos assuntos mercantis, deixando o registro das atas da Associação em segundo plano. Nos últimos números de 1875 já era perceptível uma "crise" na revista, com mudanças regulares na tipografia responsável pela impressão e no formato do periódico. A Revista da Associação passou a admitir textos de "humor", poemas e o registro das atas ficaram mais sucintos.

Um aspecto curioso é que em um dos números é revelado o número de assinantes da revista: 22. Mesmo sabendo que o público alfabetizado era reduzido no Brasil daquele período, este número realmente é pequeno. Além disto, parecia que a Revista tinha dificuldade em encontrar textos para serem publicados, já que em diversos números o editor apela para que os profissionais ajudassem também encaminhando artigos.

Em termos de assunto, uma olhada nos 24 números da revista revela pouco assunto contábil. Um ou outro artigo onde algo é comentado.

A figura mostra o último número da revista. Na parte final, a assinatura da diretoria da Associação. É possível perceber que alguns dos colaboradores usuais da revista, como Lucas Faria, já não constava desta relação.

Rir é o melhor remédio

E hoje nos preparamos para o início da última temporada de Game of Thrones!

Tive que cobrar uns favores e prometer outros tantos para que GoT tivesse a estréia adiada para abril, por ser niver da minha irmã Renata! \o/ Que presente maravilhoso, heim!? ;)




12 abril 2019

Disney+

Ontem, em uma reunião com investidores, a Disney anunciou oficialmente quais exatamente são os seus planos para o Disney+, o futuro serviço de streaming da empresa. A revelação de ontem foi completa, e mostrou todo o plano de conteúdos do serviço, a data de lançamento nos Estados Unidos e, de forma global, o preço da mensalidade e até mesmo o layout de como será o acesso ao Disney+. E, pelo jeito, os investidores gostaram bastante do que viram.

Após o anúncio ocorrido na noite de ontem, as ações da Disney na Bolsa de Nova York subiram 9%, deixando claro que os investidores acreditam que a Disney está no rumo certo com seus planos para o serviço de streaming, e que ela está pronta a competir de igual para igual com a Netflix, que hoje domina completamente esse mercado. Na manhã desta sexta-feira (12) o valor teve uma leve queda de 3,5%, para se estabilizar como a maior alta da empresa na última semana.

Para os acionistas, a grande questão era nem tanto o conteúdo que seria oferecido, mas o preço cobrado para se acessar esse conteúdo, e a Disney não desapontou ao anunciar que seu serviço teria uma mensalidade na metade do preço do que é cobrado hoje pela Netflix.

De acordo com o analista e ex-chefe de estratégia de marketing da Amazon Studios, Matthew Ball, o preço da Disney torna a empresa imediatamente competitiva porque não será uma despesa a mais para o público dos Estados Unidos, mas apenas uma mudança de como essas pessoas gastam seu dinheiro. Ball relembra que, segundo os últimos relatórios de padrões de compra, os consumidores do país gastam US$ 2,8 bilhões por ano alugando ou comprando DVDs e Blu-rays de filmes e animações da Disney, valor que, caso seja dividido pelo número de residências do último censo dos Estados Unidos, daria uma média de US$ 24 gastos por ano, por cada residência, em produtos Disney. Como não são literalmente todas as pessoas do país que compram ou alugam filmes da Disney, na prática o que irá acontecer é que, ao cobrar US$ 70 em uma assinatura anual para o Disney+, esses consumidores que já gastam comprando e alugando DVDs passarão rapidamente a assinar o serviço, o que deverá significar que, assim que lançar seu streaming, a Disney já possui de cara cerca 40 milhões de potenciais consumidores.

Apesar de possuir outros concorrentes que já estão ou que deverão entrar logo no setor — como a Apple, a Amazon, a Warner e a CBS —, tudo se desenha para que no futuro a principal disputa pela dominância do mercado de streaming seja entre a Disney e a Netflix. Por enquanto, a alta das ações da Disney mostram que investidores e consumidores acham justo o preço anunciado pela empresa e estão dispostos a assinar o Disney+, mas só poderemos saber se esses consumidores realmente irão se tornar clientes do serviço e que essa previsão está correta a partir de novembro.


Fonte: Aqui