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02 abril 2019

Significância estatística

Esta é uma discussão que interessa aos pesquisadores: há um movimento para repensar a questão da significância estatística. Em outras palavras, os famosos 5% de qualquer pesquisa. Um manifesto, com mais de 800 assinaturas chama a atenção para o uso incorreto do assunto:

Pesquisas de centenas de artigos descobriram que os resultados estatisticamente não significativos são interpretados como indicando "nenhuma diferença" ou "nenhum efeito" em cerca de metade (ver "Interpretações erradas" e Informações suplementares). (...) Concordamos e pedimos que todo o conceito de significância estatística seja abandonado. (...)

Em vez disso [proibição dos valores p], e em consonância com muitos outros ao longo das décadas, estamos pedindo uma parada no uso de valores de P de maneira convencional e dicotômica - para decidir se um resultado refuta ou apóia uma hipótese científica


Bogard critica um pouco a abordagem do artigo:

Embora eu concorde com os sentimentos do resto do artigo da Nature, tenho medo de que os ideais expressos pelos autores possam ser abusados ​​por outros, querendo fugir das salvaguardas do rigor científico ou não compreender completamente os princípios da inferência estatística.

Segundo ele, Gellman também teria preocupações semelhantes. Bogard confessa que o assunto não é trivial, mesmo para ele:

É difícil para os Phds que passaram a vida toda fazendo essas coisas. É difícil para os profissionais que fizeram suas carreiras com isso. Isso é difícil para mim.

Uma palavra de alento no final:

O economista Noah Smith discutiu o retrocesso em relação aos valores de p há alguns anos. Ele afirmou corretamente que "se as pessoas estão fazendo ciência corretamente, esses problemas não serão importantes a longo prazo".

Mistério na DFC


  • A Energisa divulgou uma DFC partindo de um lucro positivo e chegando a um fluxo das atividades operacionais negativo
  • Duas contas destacam: "ganho com combinação de negócios" e "diminuição de fornecedores"
  • A primeira é justificada em notas explicativas; a segunda não, permanecendo um mistério

As demonstrações contábeis da empresa Energisa chama a atenção para um aspecto curioso na sua Demonstração dos Fluxos de Caixa. De um lucro líquido de 1,180 bilhão de reais no consolidado, a empresa teve um caixa negativo das operações de 968 milhões de reais. Qual a explicação para esta mudança. Olhando os itens temos “ganho auferido na combinação de negócios” de menos 1,170 bilhão. Esta valor substancial é decorrente da aquisição, por parte da empresa, das ações da Ceron e da Eletroacre, em razão do leilão da Eletrobras. Isto é o que informa as notas explicativas da empresa.

Mas outra conta de destaque é a diminuição de fornecedores. O valor da DFC é de menos 1,783 bilhão. Geralmente esta conta está associada a variação que ocorre na conta de fornecedores da empresa. Mas isto não justifica. Veja que o valor de fornecedores no final de 2017 era de 1,418 bilhão no curto prazo e 96 milhões no longo prazo; já no final de 2018 este saldo era de 1,653 bilhão e 75 milhões, curto e longo prazo, nesta ordem. Ou seja, a variação ocorrida nos fornecedores não justifica este montante.

De onde veio esta variação? Também é decorrente da mesma operação de aquisição de ação. Na semana passada encaminhamos esta dúvida para o RI da empresa. Não obtivemos resposta. Permanece o mistério.

Rir é o melhor remédio


01 abril 2019

Fatores de Prêmio Global

Resumo:

We examine 24 global factor premiums across the main asset classes via replication and new-sample evidence spanning more than 200 years of data. Replication yields ambiguous evidence within a unified testing framework with methods that account for p-hacking. The new-sample evidence reveals that the large majority of global factors are strongly present under conservative p-hacking perspectives, with limited out-of-sample decay of the premiums. Further, utilizing our deep sample, we find global factor premiums to be not driven by market, downside, or macroeconomic risks. These results reveal strong global factor premiums that present a challenge to asset pricing theories.

Baltussen, Guido and Swinkels, Laurens and van Vliet, Pim, Global Factor Premiums (January 31, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3325720 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3325720

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

31 março 2019

Swedbank e a lavagem de dinheiro na Estônia

Lembram do Danske Bank? O banco dinamarquês foi convidado a sair da Estônia depois da descoberta que estava ajudando a lavar dinheiro. Em razão disto, o banco ganhou um prêmio internacional de corrupção. O tradicional banco da Dinamarca parece que não estava sozinho na história.

Um programa de televisão sueco mostrou que o problema também pode ter acontecido com o Swedbank. Com ativos de 230 bilhões de dólares, 16 mil funcionários, sede em Estocolmo, e tendo sido fundado em 1820, o Swedbank é uma instituição financeira tradicional.

A CEO da instituição (na verdade ex-CEO desde quinta) tinha afirmado que o Swedbank não estava envolvido em operações de lavagem de dinheiro, como o Danske Bank. O que o programa de televisão fez foi revelar que isto era uma mentira: não somente o banco ajudou na lavagem de dinheiro, como isto ocorre há mais de uma década. O programa de televisão conseguiu documentos mostrando transações do Danske e do Swedbank nos países bálticos.

Um dos clientes do Swedbank foi o ex-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, que foi deposto após diversos protestos populares. Atualmente este político vive na Rússia.

Após a divulgação, a CEO Birgitte Bonnesen afirmou que a instituição tinha descoberto uma suspeita de lavagem de dinheiro e tinha feito uma comunicação a órgãos reguladores. Aparentemente a CEO mentiu. Logo após, a instituição contratou a EY para uma investigação. Mas a EY também estava sendo investigada no escândalo. As ações da instituição caíram na bolsa. Finalmente, no dia 28 de março, a CEO, que entre 2009 a 2011 foi chefe de auditoria das instituição, foi demitida.

Frase

Nada no mundo se compara à persistência. Nem o talento; não há nada mais comum do que homens malsucedidos e com talento. Nem a genialidade; a existência de gênios não recompensados é quase um provérbio. Nem a educação; o mundo está cheio de negligenciados educados. A persistência e determinação são, por si sós, onipotentes. O slogan "não desista" já salvou e sempre salvará os problemas da raça humana.

Calvin Coolidge