Wedgwood, nascido em 1730 e falecido em 1795, é conhecido pela sua contribuição para fabricação de cerâmica. Mas sua contribuição foi muito mais ampla. Wedgwood é considerado como criador do marketing moderno, incluindo a mala direta, garantia de devolução do dinheiro, entrega gratuita, atendimento ao cliente na língua nativa, catálogos com os produtos, entre outras “invenções”.
Mas Wedgwood teve uma importante contribuição histórica para contabilidade gerencial. Ele calculava o custo das máquinas, do trabalho, dos materiais e das vendas. Quando ele fez estes progressos, a contabilidade ainda era “mercantil”, originária de Pacioli e outros autores originários do comércio. Este tipo de contabilidade não era útil para o novo setor que estava surgindo, com a fábrica demandava uma contabilidade mais evoluída, mensurando os custos de produção. Mais do que isto, ele calculava a depreciação e até o juros do capital.
A época de Wedgood é também a época de Watt, que sabia que a contabilidade era uma vantagem competitiva. Watt, um inventor conterrâneo do mestre da cerâmica, entendeu que os métodos contábeis poderiam ser um segredo industrial. Mas Wedgood não somente calculava seus custos; ele usava as informações para ter uma posição competitiva melhor que seus concorrentes. Se sabia os custos de produção, Wedgood também conhecia que o trabalho infantil era mais barato e mais eficiente. Em lugar de pagar por dia, ele adotou o pagamento por peça. Ele entendia que a qualidade da contabilidade não dependia somente do cálculo dos custos, mas também o trabalho do auditor, que poderia tornar os números contábeis mais confiáveis.
Se Datini foi o caso prático de aplicação da contabilidade mercantil, Wedgood é a essência da aplicação da contabilidade gerencial. Com esta, ele conseguia produzir cerâmicas caras para nobreza e produtos acessíveis para aqueles que queriam seus produtos, mas que talvez não tivessem dinheiro se o preço não fosse baixo.
Para ler mais: O capítulo 8 do livro The Reckoning, de Jacob Soll, é um bom começo para termos uma dimensão da importância de Wedgood para contabilidade gerencial.
17 março 2019
Caplan, segundo Demo
Pedro Demo publica um longo comentário do livro de Caplan, que já fizemos uma resenha e recomendamos. O comentário de Demo pode ser acesso aqui e colocamos a conclusão abaixo:
É provocativamente ousada a proposta de Caplan, embora, olhando mais de perto, exale o contexto do mercado por todos os poros. Isto não admira em contexto americano, porque educação sempre foi vista – cruamente – como serva do mercado. A relação assumida é dura e reta: avalia-se o que educação traz para o mercado; não se fala de “formação”, cidadania, convivência, a não ser quando empregadores veem nisso algum benefício para a empresa. Podemos acentuar consciência, elegância, comunicação, mas o que vale é a empregabilidade, que fica por conta do empregado – a empresa não tem nenhum compromisso. Sob este ângulo, a maior parte do que se faz na escola/faculdade é olimpicamente inútil. Entretanto, Caplan deixa de lado que o próprio mercado tem preferido graduados com formação geral mais visível, que a seleção é feita em entrevista para ver se o candidato tem projeto de vida interessante, mostra maturidade, sabe argumentar e expressar-se... Embora a indicação de “espírito crítico” seja uma farsa escabrosa, porque totalmente unilateral, indica, a seu jeito, que formação ampla é trunfo importante. Mas, como autores mais diretos e críticos constatam, a maior qualidade é conformidade inteligente!
Caplan descasca a inutilidade dos conteúdos – muitos são inventados e apenas enchem a cabeça. Mas há outra inutilidade: ficar na escola para não aprender nada, anos a fio, saindo, por exemplo, sem saber matemática ou sem redigir uma página. O exagero da hipótese tem finalidade provocativa, instigadora, e dificilmente “prova” que educação é apenas sinalização. Mas é muito interessante esta perspectiva, iluminando muito da relação empregador/empregado – uma encenação ostensiva, onde a aparência vale mais que qualquer realidade.
É provocativamente ousada a proposta de Caplan, embora, olhando mais de perto, exale o contexto do mercado por todos os poros. Isto não admira em contexto americano, porque educação sempre foi vista – cruamente – como serva do mercado. A relação assumida é dura e reta: avalia-se o que educação traz para o mercado; não se fala de “formação”, cidadania, convivência, a não ser quando empregadores veem nisso algum benefício para a empresa. Podemos acentuar consciência, elegância, comunicação, mas o que vale é a empregabilidade, que fica por conta do empregado – a empresa não tem nenhum compromisso. Sob este ângulo, a maior parte do que se faz na escola/faculdade é olimpicamente inútil. Entretanto, Caplan deixa de lado que o próprio mercado tem preferido graduados com formação geral mais visível, que a seleção é feita em entrevista para ver se o candidato tem projeto de vida interessante, mostra maturidade, sabe argumentar e expressar-se... Embora a indicação de “espírito crítico” seja uma farsa escabrosa, porque totalmente unilateral, indica, a seu jeito, que formação ampla é trunfo importante. Mas, como autores mais diretos e críticos constatam, a maior qualidade é conformidade inteligente!
Caplan descasca a inutilidade dos conteúdos – muitos são inventados e apenas enchem a cabeça. Mas há outra inutilidade: ficar na escola para não aprender nada, anos a fio, saindo, por exemplo, sem saber matemática ou sem redigir uma página. O exagero da hipótese tem finalidade provocativa, instigadora, e dificilmente “prova” que educação é apenas sinalização. Mas é muito interessante esta perspectiva, iluminando muito da relação empregador/empregado – uma encenação ostensiva, onde a aparência vale mais que qualquer realidade.
Palestra
Análise de grande volume de dados de gasto público para identificação de corrupção - oportunidades para agendas de pesquisa
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (PPGCont/UnB) convida a comunidade acadêmica para a Aula Inaugural do 1.º período letivo de 2019, a ser ministrada pelo Prof. Me. Rafael Antonio Braem Velasco, da FGV-RJ, no dia 18 de março de 2019, a partir das 14 horas, no Auditório Azul (subsolo) da FACE (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas), na Universidade de Brasília. O referido docente participou da equipe da força-tarefa da Lava-jato e da 4.ª edição do Congresso UnB de Contabilidade e Governança (CCGUnB), ocorrido em novembro de 2018.
O Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (PPGCont/UnB) convida a comunidade acadêmica para a Aula Inaugural do 1.º período letivo de 2019, a ser ministrada pelo Prof. Me. Rafael Antonio Braem Velasco, da FGV-RJ, no dia 18 de março de 2019, a partir das 14 horas, no Auditório Azul (subsolo) da FACE (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas), na Universidade de Brasília. O referido docente participou da equipe da força-tarefa da Lava-jato e da 4.ª edição do Congresso UnB de Contabilidade e Governança (CCGUnB), ocorrido em novembro de 2018.
16 março 2019
Análise custo e benefício
Lendo John Kay aprendo a origem da análise custo e benefício. Ao comentar sobre o novo livro de Cass Sunstein, que enaltece a análise, Kay acrescenta:
Não foi uma revolução [a análise] de custo-benefício, que começou na Grã-Bretanha, na década de 1960. A análise de custo-benefício em todo o mundo ainda segue um modelo estabelecido pela primeira vez em um estudo de 1962 de Michael Beesley e Christopher Foster [citado somente 215 vezes no Google Acadêmico], que estudou a construção da linha Victoria em Londres. Eles demonstraram que, embora a linha gerasse pouca receita adicional, o valor criado em economia de tempo e redução do congestionamento acima e abaixo do solo excedia em muito os custos. Cinquenta anos depois, não pode haver dúvida de que eles estavam certos. O custo total de menos de 100 milhões de libras, equivalente a pouco mais de 1 bilhão de libras esterlinas, parece um preço muito baixo para o que hoje é parte indispensável da infraestrutura de transporte da capital.
Mais uma regra para as finanças pessoais
Tanza Loudenback escreve sobre um regra que não conhecia:
Há uma regra geral que a maioria dos especialistas em finanças recomenda: se você puder pagar, atribua 20% a 30% de sua renda para poupanças e saldando dívidas
Já tinha visto uma regra de você ter uma economia para eventualidades que corresponderia a 6 meses de seu salário. Você pode explicar esta regra imaginando uma pessoa que fica desempregado e precisa de um prazo de um ano para recolocação no mercado de trabalho. Com uma economia de 6 meses de salário e fazendo corte nas despesas é possível sobreviver até achar uma nova fonte de renda.
A regra apresentada por Loudenback naturalmente depende dos seus objetivos pessoais. Se você pretende comprar um automóvel, economizar 20% pode ajudar, mas é necessário levar em consideração o preço do carro, o valor do seu salário e quando você quer ter um automóvel. Ou seja, talvez esta regra não seja tão infalível. Mas a vantagens de regras como esta em finanças pessoais é permitir que uma pessoa comum possa ter uma "meta" para conseguir atingir seus objetivos pessoais. Não são regras "científicas", mas podem funcionar.
Há uma regra geral que a maioria dos especialistas em finanças recomenda: se você puder pagar, atribua 20% a 30% de sua renda para poupanças e saldando dívidas
Já tinha visto uma regra de você ter uma economia para eventualidades que corresponderia a 6 meses de seu salário. Você pode explicar esta regra imaginando uma pessoa que fica desempregado e precisa de um prazo de um ano para recolocação no mercado de trabalho. Com uma economia de 6 meses de salário e fazendo corte nas despesas é possível sobreviver até achar uma nova fonte de renda.
A regra apresentada por Loudenback naturalmente depende dos seus objetivos pessoais. Se você pretende comprar um automóvel, economizar 20% pode ajudar, mas é necessário levar em consideração o preço do carro, o valor do seu salário e quando você quer ter um automóvel. Ou seja, talvez esta regra não seja tão infalível. Mas a vantagens de regras como esta em finanças pessoais é permitir que uma pessoa comum possa ter uma "meta" para conseguir atingir seus objetivos pessoais. Não são regras "científicas", mas podem funcionar.
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