Translate

04 fevereiro 2019

Música cada vez menor


A música está encolhendo:

De 2013 a 2018, [o tempo médio] da música na Billboard Hot 100 caiu de 3 minutos e 50 segundos para cerca de 3 minutos e 30 segundos. Em 2018 seis por cento das músicas de sucesso foram 2 minutos e 30 segundos ou menos, acima de 1% cinco anos atrás.

A razão deste encolhimento seriam os serviços de streaming (Spotify e Apple Music). O pagamento é feito por música, entre 0,004 e 0,008 dólares. Isto está criando um incentivo a produzir músicas mais curtas. Entretanto, é difícil comprovar esta tese, já que a duração estava em queda desde os anos 90. Outra possibilidade é a atenção dos ouvintes, já que nossa capacidade de atenção está mudando.

Obsessão por custos

A Ryanair é uma empresa de baixo custo, reestruturada em 1990, a partir do modelo da Southwest. Em 1994 assume a direção da empresa Michael O´Leary. Este executivo, contador de formação, é conhecido por ter obsessão com o corte de custo. Um especialista do setor diz que O´Leary

"Ele foi mais longe do que qualquer outro chefe de companhia aérea em termos de apenas cortar, cortar e cortar"

A forma como a empresa reduz seus custos é bastante variada, incluindo check-in oline (ou pagam por isto), cobrança pela colocação de malas no porão, dos clientes que querem escolher o assento. Ou como indicamos no ano passado:

Se o foco é o custo, voar pela Ryanair significa assento não reclinável, sem bolso no banco, colete salva-vida no teto, limpeza rápida entre os voos, entre outras medidas. Mesmo com este foco, a margem operacional da empresa é bastante elevada (acima de 20%) e apresenta lucro (16% de margem líquida). Para conseguir isto, a empresa enfrenta a ira dos consumidores e dos empregados, usa publicidade polêmica (como uma declaração do seu executivo afirmando que a empresa estava pretendendo cobrar pelo uso do banheiro).

Previsão, contabilidade e futebol

A contabilidade do mundo atual exige, cada vez mais, que muitos registros sejam baseados no futuro. Há muito que a contabilidade deixou de ser sinônimo de custo histórico. Este é o caso, por exemplo, das provisões ou de um teste de imparidade.

Em razão desta mudança, é importante tentar entender como funciona um modelo preditivo. De uma forma muito simplificada, um modelo de previsão deve levar em consideração os elementos mais relevantes de cada caso e deve ter um resultado melhor do que o mero acaso. Em algumas situações, o modelo de previsão na contabilidade também deve ser capaz de apoiar o profissional, justificando sua decisão para uma auditoria ou para os acionistas relevantes da empresa.

Nesta situação, aprendemos muito com os modelos preditivos usados em outras situações. Este é o caso de um modelo que tenta fazer previsões sobre o resultado do futebol. O modelo apresentado abaixo é resultado de uma tese de doutorado. Isto significa dizer que alguém gastou bastante horas estudando a situação e tentando montar uma explicação para o que ocorre no mundo real. O pesquisador considerou que cada jogador de um time contribui para o resultado; assim, a habilidade individual poderia ajudar a entender os resultados.

É como dizer que um medicamento deve ser avaliado de acordo com o resultado para a saúde de um paciente quando ele toma o medicamento. A eficácia de um medicamento é medida pela soma dos resultados para pacientes individuais que o tomam; a eficácia de um jogador é a soma dos resultados para os jogos em que eles jogaram.

Sabendo a habilidade de cada jogador, é possível prever melhor o resultado. Mas o modelo passa por (a) coletar os dados dos jogos e jogadores; (b) fazer um modelo de previsão. Todos os dois passos são complicados; muitas vezes não temos dados para fazer estimativas, o que prejudica o nosso modelo. Mesmo com dados, é necessário estimar um bom modelo, que seja capaz de uma melhor previsão. O modelo apresentado aqui usa 66 mil jogos e trabalha com 25 ligas.

De uma maneira geral, os resultado tem um acerto de 40 a 50%. Se fosse aleatório, o percentual médio de acerto seria de 33%, já que seriam três os resultados possíveis: vitória, derrota ou empate. Não é algo excelente, mas as previsões das casas de apostas, que seria o “mercado”, é um pouco melhor: 55%.

Apesar da grande quantidade de dados (66 mil jogos) e do envolvimento de especialistas (um doutor, cujo tema foi justamente este assunto), o percentual de acerto mostra como é difícil fazer projeções sobre o futuro. Além disto, em um jogo tão complexo quanto o futebol, o modelo usa somente os nomes dos jogadores para fazer a projeção.

Em situações práticas da contabilidade é muito difícil coletar um número tão grande de observações. Mesmo que uma empresa tenha um grande conjunto de dados, imaginar a possibilidade de construir um modelo a partir dos mesmos, com um grau de acerto que seja razoável. Para o profissional contábil, neste momento talvez seja interessante levar em consideração a regra do custo-benefício da informação.

Diferenças entre US GAAP e IFRS

A EY preparou um material com as diferenças entre as normas dos EUA e as normas IFRS. O Link apresenta um resumo das principais diferenças. Um detalhamento está aqui. (é possível que o interessado deva fazer um breve cadastro)

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

03 fevereiro 2019

Monumento antigo e novo

Esta notícia lembrou A Invenção das Tradições, onde o historiador Hobsbawn mostra que saia escocesa é algo bem mais moderno que pensamos.

Em Aberdeenshire existe um conjunto de pedras, menos suntuoso que Stonehegue. Mas que desperta a atenção de curiosos. O Conselho da província declarou que as pedras não são "antigas", mas da década de 90. Não são antigas, mas possuem uma boa localização.

CGD, com certeza. Parte II

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) é o maior banco de Portugal. Seu controle é exercido pelo governo. Durante os anos de 2000 a 2015 a CGD não prestou muita atenção nos riscos dos empréstimos.

Em postagem anterior comentamos de uma auditoria que estava sendo feita pela empresa de auditoria EY. Parte do documento tinha sido divulgado

Nesta confusão, a empresa de auditoria EY fez um relatório preliminar sobre a entidade, com data de dezembro de 2017. O documento mostra que diversos empréstimos foram realizados, mesmo com parecer desfavorável da área técnica. Mais ainda, o relatório mostra que gestores da CGD receberam bônus de desempenho, mesmo com prejuízos. Esta política de remuneração não ajudou muito a instituição.

Mais detalhes do relatório apareceram. Inicialmente, o judiciário negou o acesso do legislativo ao documento, mas isto ocorreu nos últimos dias. O relato da EY contempla 186 operações de crédito analisadas, com perdas de 1,6 bilhão de euro. A maior parte das operações ocorreu entre 2000 a 2007 (127 operações e perdas de 1,1 bilhão) e 2008 a 2011 (47 e perdas de 477 milhões de euros).

O relato da EY mostra os procedimentos adotados na concessão de crédito e monitoramento. Somente 25 operações representaram 77% das perdas. A partir de 2000, as operações vultuosas da CGD deveriam ter uma análise de risco. Das operações que se enquadram (170), somente 14 tiveram um parecer de risco favorável.

Isto levantou uma suspeita sobre o papel do auditor externo da instituição na época, a Deloitte. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que saber se a empresa avaliou os riscos das operações de crédito. O irônico é que somente em janeiro de 2016 que a CMVM ganhou poderes para avaliar os auditores. Mas o risco de estarem existindo fraudes na gestão da CGD (e o conhecimento deste risco) já existia desde 2007.

O Revisor Oficial de Contas (ROC) da Caixa alertou, em 2007, para o risco de “fraudes ou erros” poderem ocorrer sem serem detetados devido às limitações do sistema de controlo interno (SCI) do banco público nas áreas de gestão de risco, compliance e auditoria interna.

Entretanto, o alerta não foi levado a sério (ou não quiseram levar a sério) pelo governo de José Socrates (foto, à direita. Socrates chegou a ter prisão preventiva).

Em junho de 2012, o governo português aumentou o capital da CGD em 1,65 bilhão.