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27 janeiro 2019

Uma pesquisa comportamental sob suspeita

Um dos mais famosos experimentos das finanças comportamentais está sob questionamento. Em 2008, Amir, Mazar e Ariely publicaram um estudo sobre resolução de matrizes. Foi dado a algumas pessoas, um conjunto de números e solicitado que respondessem quantos problemas eles resolveram. Os pesquisadores não controlaram se a informação era correta ou não. A pesquisa estava focada na honestidade das pessoas.

Os pesquisadores dividiram as pessoas em grupos. Para um grupo, solicitou que lessem os dez mandamentos. Para outro, uma listagem de livros que leram. O primeiro grupo indicaram um número de resoluções menor do que aqueles que fizeram a outra tarefa. Assim, a leitura dos dez mandamentos seria um “lembrete” mental para que as pessoas fossem honestas. Isto realmente era interessante e revolucionário sobre o assunto.

Este talvez seja o principal mote do livro de Ariely sobre desonestidade. Muitos anos depois e com várias pesquisas realizadas reproduzindo o tema, um grupo de pesquisadores reuniu estas pesquisas e ... não encontrou nada. Os resultados (figura abaixo) mostram que os efeitos da leitura dos dez mandamentos, se existirem, estão no sentido oposto.

Amir, Mazar e Ariely fizeram uma réplica as críticas recebidas. A réplica não convenceu a Jason Collins e a Andrew

Despesa para ganhar o Oscar

Harvey Weinstein tinha um grande número de estratégias para fazer com que os filmes que produzia ganhassem prêmios.

A empresa de streaming Netflix parece desejar muito prêmios para ser levada à sério como produtora. E esta apostando muito no filme Roma. Enquanto o filme teve um custo de US$15 milhões, a empresa tem um orçamento de US$25 milhões na campanha do filme. Isto inclui Angelina Jolie na campanha, material promocional para os eleitores, livro de 200 páginas, chocolates artesanais com bilhete da atriz protagonista. E também um spot publicitário na CBS, anúncios impressos e digitais, um coquetel de degustadores (com a presença de Jolie).

Uma das condições para um filme concorrer ao Oscar é ser exibido em cinemas. Muitos concorrentes divulgam os números de receita obtida no cinema. No caso de Roma, a Netflix não somente não divulga como restringiu o lançamento a um número de locais o suficiente para cumprir os critérios. 

Roma é um filme adorado pelos críticos; mas nem tanto pelo público. No Metacritic a avaliação é muito positiva, uma das melhores de todos os tempos. Mas no IMBD, onde prevalece a crítica os não especialistas, sua nota é 8, bem abaixo de uma unanimidade. (Uma nota: comecei a ver e não consegui acabar)

Assim, os eleitores do Oscar, optando pelo filme, estarão concordando com os críticos e com a campanha de marketing. Muitos deles (muitos mesmo) sequer assistem os filmes que concorrem, mas votam e são influenciados por estes gastos. Não por coincidência, a pessoa que comanda a campanha do filme é Lisa Taback que trabalhou para ... Harvey Weinstein, com Shakespeare Apaixonado, Discurso do Rei, Spotlight e Moonlight.

Fonte: The Telegraph. Fonte da fotografia: aqui (montagem a partir de uma cena do filme)

História da Contabilidade: Ensino à distância e o IUB

O Instituto Universal Brasileiro foi durante muitos anos uma referência no ensino à distância no Brasil. No caso, o aluno mandava um formulário indicando o curso de seu interesse, o endereço e efetuava o pagamento para receber o material em sua casa, pelos correios.

Um dos cursos oferecidos pelo Instituto era o de contabilidade. Talvez fosse um dos mais importantes, pelo volume de propaganda que era feita. Talvez seja impossível de precisar a quantidade de alunos formados pelo Instituto ao longo do anos, mas não era um valor desprezível.

Durante a década de 30 a 40, analisando a principal revista brasileira da época, “O Cruzeiro”, era possível achar uma propaganda do IUB em quase todas as edições. A seguir, um exemplo de uma destas propagandas. Ela ocupava cerca de um quarto da página 21, edição 6, de 6 de dezembro de 1941.

Aqui outra, agora com um depoimento de um aluno do Poxoreu, Mato Grosso:

História da Contabilidade: Nasser e a UBC em 1948

David Nasser foi um conhecido compositor brasileiro (“A Camisola do Dia”, “Nega do cabelo duro” entre outras) e jornalista. Talvez tenha sido um dos jornalistas brasileiros mais conhecidos de todos os tempos, tendo atuado na revista O Cruzeiro, Manchete entre outros.

Em 1948, Nasser publicou na revista O Cruzeiro um texto chamado: Que Cigarro Fuma o Tesoureiro? (edição 11 de 1948, p. 62, 4 e 6, nesta ordem, de 3 de janeiro de 1948). O texto comentava sobre uma queixa-crime apresentada por Osvaldo Santiago, tesoureiro da União Brasileira de Compositores. A UBC era responsável por ajudar os compositores a arrecadar os direitos autorais de suas obras. Na abertura do texto, Nasser escreveu:

"(...) Osvaldo Santiago deveria, imediatamente, antes de qualquer processo criminal contra seus denunciadores, vir a público e, com o desassombro de quem tem a consciência tranquila, solicitar, êle mesmo, a abertura de um inquérito, com o exame de tôda escrita da sociedade."

(grafia da época, conforme página 62 da revista. O termo "escrita" refere-se a "contabilidade")

Mais adiante, na página 4, Nasser informa que o perito Florindo Focaccia, "membro efetivo da Câmara de Peritos Contadores do Instituto Brasileiro de Contabilidade" apresentou um laudo sobre a contabilidade da UBC. E cita parte deste laudo, reproduzido, também em parte, a seguir:

a U.B.C não se esforça nem mantém aceitável serviço de contabilidade, visto que o técnico que se propõe a fazer uma investigação contábil no seu campo administrativo, enfrenta tamanho "cáos", que, fatalmente, se embaraçará no cipoal de detalhes (...) [grifo no original]. 

(...) Ora, esta modalidade é inteiramente irregular e pode bem ser chamada de "martelo contábil", porque no fim do exercício financeiro, a diretoria vê-se na situação bastante cômoda" de fazer lançamentos de ajustes" que não se recomendam. 

Na página 6, continuando o texto, Nasser afirma que não é possível analisar os balanços patrimoniais e a "receita e despesa" em razão dos problemas contábeis da entidade. Como o texto é de 1948, observe que o termo "martelo contábil" (que alguns ainda hoje conhecem como "princípio da marreta") é anterior a esta data.

Apesar de ser um famoso jornalista, Nasser esteve envolvido em diversas polêmicas. Esta parece ter sido mais uma delas.

Rir é o melhor remédio

Esta é uma história sobre gasto público. Vou contar uma versão que saiu na O Cruzeiro, de 20 de dezembro de 1930 (existem outras).

O Barão do Rio Branco, um dos maiores nomes da história brasileira, foi importante na definição das fronteiras do Brasil. Também era conhecido por esbanjar o dinheiro público. No tempo que o Barão era ministro da Relações Exteriores existia um diretor da contabilidade, ótimo funcionário, mas bastante surdo. Um dia este funcionário estava atravessando uma sala, quando o Barão gentilmente o interpelou:

- Então, como vai o senhor? Está melhor?

Como o funcionário não conseguiu ouvir, replicou frenético:

- Não há mais dinheiro, Senhor Barão, não há mais dinheiro.

O Barão achou graça e aproximando mais disse:

- Não senhor Ernesto. Estou perguntando como estás?

- Ah, entendeu o diretor da Contabilidade. Um pouco melhor, senhor Barão. Muito obrigado.

E apressou em sair, antes que o Barão arrumasse outro gasto.

26 janeiro 2019

Impostos de celebridades

A conhecida atriz chinesa Fan BingBing ficou oficialmente desaparecida em 2018. No final do ano confirmou a notícia que a atriz ficou detida em razão da evasão de impostos. A China tomou sua atriz mais conhecida para mandar um aviso para as demais celebridades: paguem seus impostos.

Segundo a Forbes, a China conseguiu obter 1,62 bilhão de dolar em impostos por parte de celebridades e empresas na área do entreterimento. A informação da Forbes tem sua origem na própria empresa estatal Xinhua.