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18 dezembro 2018

Aula ou Consultoria

Vale a pena o governo ajudar as pequenas e médias empresas? No momento em que o Brasil discute a qualidade da destinação de recursos privados para o Sistema S, seria importante ter elementos para verificar se a destinação de bilhões de reais para estas entidades, entre as quais uma delas destinada a fomentar empresas de pequeno porte, é justificado. O problema é que não temos um levantamento sério sobre o desempenho das entidades (aqui um texto do jornal Valor Econômico sobre a dificuldade de obter esta informação). As entidades de fiscalização do gasto público não conseguem romper a barreira.

Uma pesquisa (via aqui) realizada no Quênia mostrou que pode valer a pena, mas depende da forma como é feita a ajuda. A pesquisa comparou o lucro das empresas que não receberam nenhum apoio com as empresas que tiveram aulas e aquelas que foram orientadas. O lucro seria uma medida do sucesso da empresa.

Quando se compara a empresa sem apoio com outra onde o apoio estava restrito a sala de aula é possível notar pouca diferença. Já quando é empresa é orientada, como seria a “consultoria” do Sebrae, há claramente uma melhoria na lucratividade.

Isto não garante que o Sebrae seja rentável para a sociedade. Em primeiro lugar, a pesquisa foi realizada em outro país; segundo, seria necessário levar em consideração o custo da "consultoria" fornecida pelo Sebrae para saber se é viável ou não.

Rir é o melhor remédio

Com os astros:
 Com uma pequena adaptação:



17 dezembro 2018

Profissões Comuns

Eis as ocupações mais comuns no Brasil:

1) Auxiliar de escritório = 2.127.915 pessoas ou 4,54% do total
2) Assistente administrativo = 2.112.999 ou 4,51%
3) Vendedor de comércio varejista = 1.976.793
4) Faxineiro = 1.437.387
5) Alimentador de linha de produção = 1.058.543
6) Motorista de caminhão = 907.832
7) Operador de caixa = 817.895
8) Professor de nível médio no ensino fundamental = 757.397
9) Servente de obras = 639.424
10) Vigilante = 615.840
11) Técnico de enfermagem = 598.258
12) Trabalhador de serviços de limpeza e conservação de áreas públicas = 576.145
13) Porteiro de edifícios = 570.055
14) Recepcionista, em geral = 568.230
15) Cozinheiro geral = 531.992
16) Repositor de mercadorias = 511.468
17) Almoxarife = 437.309
18) Professor de nível superior do ensino fundamental (primeira a quarta série) = 430.509
19) Dirigente do serviço público estadual e distrital = 427.864
20) Atendente de lanchonete = 410.197

Isto representa 41% de todas as pessoas com emprego formal no Brasil. A ocupação de contador apresentava 122.659 registros, abaixo de escriturário de banco (207.988) e auxiliar de contabilidade (186.478).Os auditores de diferentes formas somam 46.835.

Fonte: aqui

Onde estão os profissionais contábeis?

A relação entre a questão geográfica e uma profissão já foi explorada em diversos trabalhos e teorias. Há mais de dez anos, Gary Richardson mostrou que as guildas (associações de profissionais) conseguiram criar e defender os interesses profissionais de pessoas de uma mesma região. Através de diversos mecanismos, as guildas regulavam as atividades econômicas de seus sócios. Elas tiveram tanta influência que até os dias de hoje falamos no queijo parmesão (de Parma), por exemplo.

Antes dele, Michael Porter enfatizava o papel dos clusters. Algumas regiões tinham certas vantagens sobre outras que permitiam a criação de negócios vinculados a certos produtos. É o caso da região do Porto, que produz um vinho que excelente qualidade, ou do Vale do Silício, que reune empresas de tecnologia. Porter tentou estruturar um teoria que explicasse a existência destas regiões e da razão da concentração de produtos/profissões em certos locais do mundo. Recentemente, Stephens-Davidowitz mostrou que a presença de uma grande universidade parece ser um razão para que uma região geográfica produza pessoas famosas. A existência de imigração seria outra possível razão.

Mas será que existe cluster de contadores? Existiria alguma região onde seria mais favorável a presença destes profissionais? Usando dados municipais, um artigo analisou a possível relação entre o número de profissionais contábeis e variáveis como o PIB per capita, a densidade populacional, o número de estabelecimentos e o IDH. O que a pesquisa encontrou é algo muito positivo para a contabilidade: parece existir uma relação entre o número de profissionais em cada região (estado ou município) e o índice de desenvolvimento humano.

Apesar do achado, não é possível afirmar que exista uma relação de causa e efeito entre o IDH e a região geográfica. Mas pode ser um início de uma investigação para tentar verificar se existe “cluster” profissional.

SOUZA, Francisca Aparecida de; SILVA, César Augusto Tibúrcio; SILVA, Polyana Batista da; SOUZA, Paulo Vitor Souza da. Onde estão os profissionais contábeis no Brasil?. Ambiente Contábil

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

16 dezembro 2018

Vale a pena continuar Angra 3?

O novo governo pretende retomar as obras de Angra 3. Os dados mostram o seguinte:

a) a capacidade da usina é de 1.405 megawatts
b) uma usina hidrelétrica equivalente custa o equivalente a 3 bilhões de reais
c) desistir da usina agora teria um custo de 12 bilhões para quitar os empréstimos e desmontar a estrutura
d) mas continuar com a construção exigiria 15 bilhões de reais. Como o custo de oportunidade é de 12 bilhões, o valor adicional seria de 3 bilhões de reais.

Vale a pena? Existem benefícios que não estão mensurados nesta conta: (a) a redução do risco energético global e (b) o controle de uma tecnologia que pode ser estratégica para o país. Confesso que não consigo lembrar que outro risco. Mas existem custos não mensurados nos números acima. Talvez o principal é o fato de que a energia só estará disponível para o consumidor em 2026, em uma hipótese otimista. Assim, é necessário levar o prazo de início de operação na conta.

Mas é preciso cuidado com o problema do custo perdido. Acredito que exista uma tendência do gestor a favorecer a continuidade da obra. 

História da Contabilidade: Ensino por correspondência

Uma história que ainda está por ser contada é do ensino a distância no Brasil nos seus primórdios. Eram os chamados cursos por correspondência. O aluno se inscrevia, mandando uma carta com suas informações. Recebia uma propaganda do curso desejado. Se tivesse interesse, efetuava o pagamento para receber o material instrucional. Lendo este material, ao final de alguns meses, o aluno aprendia uma profissão. Muitas pessoas aprenderam a consertar rádio, a desenhar e a ser uma modista (corte e costura, como se dizia) através desses cursos. Provavelmente as escolas que preparavam o material tinha um receita razoável, já que anunciavam nas principais revistas da época. O Instituto Universal Brasileiro, o Instituto Monitor e Dom Bosco eram algumas das escolas mais conhecidas.

Entre as matérias ensinadas havia a contabilidade. É sempre bom lembrar que a contabilidade, desde os tempos do império, era um meio de ascensão social para aqueles que desejam trabalhar e não vinham de uma família rica. Ao ler os anúncios destas matérias, também temos um boa noção do tipo de conteúdo era ensinado.

Fazendo uma análise dos anúncios publicados entre 1959 até a década de 70 na Revista do Rádio, encontrei algumas propagandas interessantes. O primeiro anúncio, embaixo, conclama o potencial cliente a ganhar dinheiro, admiração e posição social com a contabilidade. Em meros cinco meses, o Instituto Monitor prometia que o aluno poderia executar todos os trabalhos de contabilidade de uma empresa, incluindo o encerramento social, sob a denominação de “levantamento de balanços”. Os instrutores resumiram o que se tem de mais útil e essencial na contabilidade. Além do material instrucional, o aluno recebe livros fiscais para a escrituração mercantil. O anúncio é de 1959:


O Instituto Universal Brasileiro promete que o aluno pode fazer a escrituração de uma casa comercial. Além do material de estudo, o aluno receberia uma máquina de calcular de bolso.

E para reforçar, um depoimento de aluno, que fez o curso de contabilidade e tornou-se um vendedor (?) de uma importante firma. Outro, de Três Lagoas, MT, diz que o curso aumentou o seu salário. Este depoimento destaca a importância do curso por correspondência na difusão do conhecimento em uma época que não existia a internet.


O anúncio a seguir é da Dom Bosco Escolas Reunidas. O curso é de contabilidade moderna e prometia desvendar os segredos da contabilidade “Manual” e “Mecanizada”. Com uma duração de cinco meses, o estudante terminaria o curso apto em fazer a escrituração. Observe o desenho, com o profissional na máquina de datilografia.


Outra propaganda do Instituto Universal promete aluno apto a fazer a escrituração completa de uma casa comercial, ensinando o Sistema Ruf de contabilidade mecanizada e as últimas alterações na legislação fiscal. O texto diz: O Brasil sente, nos dias atuais, imensa necessidade de contabilistas práticos.


Você conhece alguém que fez este curso? Se sim, deixe o depoimento nos comentários.