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19 setembro 2018

Qual o prejuízo da corrupção na Petrobras?

Ao receber 1 bilhão de real da operação Lava Jato, o portal G1 publicou o seguinte:

De acordo com o laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da operação, o prejuízo causado pelas irregularidades na Petrobras descobertas pela Operação Lava Jato pode chegar à casa dos R$ 42,8 bilhões. A estimativa tem como base uma tabela com os pagamentos indevidos envolvendo as 27 empresas apontadas como integrantes do cartel na Petrobras.


Esta estimativa é de 2017, mas bem superior a estimativa que a empresa fez na gestão Bendine, de 6 bilhões. A diferença permite questionar sobre a conveniência ou não do teste de recuperabilidade.

Em 2014, este blog publicou uma estimativa conservadora de 20 bilhões de prejuízo, com as informações disponíveis na época.  Todavia hoje, quatro anos depois, ainda não sabemos responder a pergunta do título. Talvez nunca saberemos.

Mas é importante ter algum número, para lembrar o impacto da gestão da empresa.

KPMG, Reino Unido, Dinamarca e Estados Unidos

A KPMG admitiu que seu trabalho sobre as demonstrações do BNY Mellon e a filial de Londres não foi executado a contento. Em razão disto, o regulador britânico, o Financial Reporting Council (FRC), deverá impor sanções à empresa de auditoria. Mas a KPMG não concordou com o nível de penalidade, já que nenhum cliente sofreu perda. Mas o banco já foi multado anteriormente. Além disto, a FRC parece estar investigando outros problemas em outras empresas, inclusive a Carillion e já multou a KPMG em 3 milhões de libras pelo trabalho na Ted Baker.

Nos Estados Unidos, o PCAOB ainda não divulgou sua inspeção na KPMG, muito embora tenha feito para as outras big (Deloitte, EY e PwC). Um possível motivo é a investigação que a KPMG contratou ex-funcionários do regulador e que isto pode ter dado alguma vantagem para a auditoria.

Sobre bancos, o maior banco dinarmaquês, o Danske, reconheceu que a sua filial da Estônia lavou dinheiro entre 2007 a 2015. O problema foi descoberto pelo regulador da Estônia. Neste último fato, parece que a KPMG não está envolvida.

Leia também: Solução para Big Four

Custo do Casamento e Duração

Qual o segredo de um casamento? Certamente não são os gastos com a cerimônia. Nos dias atuais, uma cerimônia de casamento é um ritual complexo e luxuoso (ou seja, caro), mesmo em países pobres. Pesquisas anteriores já mostraram que o casamento possui suas vantagens, indicando a existência de um prêmio pelo casamento (aqui também).

Um aspecto chama a atenção nesta discussão: a cerimônia. E a pergunta que segue: é um investimento ou uma perda? Uma pesquisa analisou, de forma inédita, os efeitos da cerimônia sobre a duração do casamento. Se os gastos com a cerimônia forem elevados, isto poderia indicar um grande comprometimento do casal e elevaria a duração do casamento. Mas o resultados não indicaram existir esta relação. Pelo contrário, controlando as variáveis, o gasto é inversamente proporcional com a duração do casamento. Gastar pouco, aumenta a duração. Outro efeito interessante: ter lua de mel aumenta a chance de sucesso.

Será que o desgaste com os preparativos conduzem a isto? A pesquisa parece indicar que a cerimônia é uma perda, não um investimento.

Francis-Tan, Andrew e Mialon, Hugo M., 'Um diamante é para sempre' e outros contos de fadas: A relação entre as despesas do casamento e a duração do casamento (15 de setembro de 2014). Disponível no SSRN ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2501480

Valor Terminal em Medicamentos

Estava estudando sobre valor terminal (ou residual) e por coincidência encontrei este exemplo. Em uma companhia farmacêutica, existe um período onde a empresa que descobriu um fármaco teria o direito de exclusividade, seguido por um período de livre concorrência. No segundo período, o governo passa a permitir genéricos. Estes concorrentes possuem preço baixo, com a mesma qualidade do produto desenvolvido anteriormente.

Um exemplo, citado no texto, é a estatina. O produto como Lipitor tem um custo de 165 dólares com 30 comprimidos; o genérico custa 19 dólares para 90 comprimidos. Além de perder a receita, a empresa dona da marca também reduz sua participação no mercado.

Mas o texto mostra que as empresas aprenderam a jogar com a lei:

À medida que a patente do medicamento original se aproximava da expiração, as empresas acrescentaram rugas - um novo revestimento para a pílula, uma versão de lançamento no tempo e assim por diante - que então patenteiam. E se estas [novas] patentes forem aprovadas, e geralmente são, o relógio de exclusividade começaria a funcionar novamente. Em outros casos, eles pagam a empresa de genéricos para manter sua versão do medicamento fora do mercado por mais alguns anos. Ou elas entram contra a empresa de genéricos na justiça, alegando [alguma] infração. 

Isto ocorreu com Humira, um medicamento exclusivo para um tipo de artrite, que gera 16 bilhões de dólares de receita no mundo e pode custar até 50 mil dólares por ano para um paciente. A patente acabou em 2016 e não existe genérico, pois a empresa criou 100 novas patentes.

Rir é o melhor remédio

18 setembro 2018

Estrutura Conceitual do Fasb

Até recentemente, o Fasb e o Iasb estavam trabalhando juntos na adoção de uma estrutura conceitual. As divergências entre as duas entidades fez com que a estrutura resultante fosse aproximadamente igual. Recentemente o Iasb divulgou sua estrutura; e o Fasb agora está propondo alterações na sua estrutura. Assim, haverá uma tendência que as estruturas sejam divergentes.

Uma alteração proposta agora pelo Fasb é um capítulo adicional para sua Estrutura denominado de Notas às Demonstrações Financeiras. Neste capítulo o Fasb descreve “o propósito das notas, a natureza do conteúdo apropriado e as limitações gerais. O capítulo também aborda as considerações do conselho sobre os requisitos de divulgação de relatórios intermediários.”

Além disto, o Fasb está atualizando a definição de materialidade. Isto torna o conceito consistente "com a definição usada pela SEC, o sistema judicial dos EUA e os padrões de auditoria do PCAOB e do AICPA." Isto afeta o capítulo 3, Características Qualitativas de Informações Financeiras Úteis.

Estas alterações tendem a aumentar a distância entre as duas estruturas. Divergência, não convergência.