Os fatores políticos também parecem cada vez mais desempenhar um papel importante na geração de lucros corporativos, à medida que novos regulamentos ajudam empresas estabelecidas (...)
David Graeber da London School of Economics argumenta em um livro recente que os mitos predominantes sobre a eficiência do capitalismo nos cegam para o fato de que grande parte da realidade econômica é moldada pela disputa por poder e status e não possui nenhuma função econômica.
É claro que a ideia de que os negócios podem ser um desperdício não é nova. Há trinta anos, o economista William Baumol sugeriu que o futuro do capitalismo poderia muito bem pertencer a empresas improdutivas, que usam o poder e a influência para lucrar sem necessariamente beneficiar a sociedade. Ele se preocupava com a ascensão de “empreendedores improdutivos” que compram rivais ou usam regulamentações para sufocar a concorrência, prosperando como parasitas em partes produtivas da economia. (...)
Xavier Gabaix, economista do MIT, mostrou que os indivíduos mais ricos (...) encontraram maneiras - como acesso a melhores informações, serviços jurídicos ou de planejamento tributário - para captar mais lucros provenientes do trabalho produtivo. Luigi Zingales argumentou que o comportamento das empresas mudou à medida que as corporações se tornaram tão grandes. As grandes corporações agora veem exercendo influência política por meio de doações de campanha ou lobbying como parte importante de assegurar sua vantagem econômica.
Em um ensaio há cinco anos, ele [David Graeber] fez a afirmação aparentemente bizarra de que talvez 30% de todos os empregos realmente não contribuem para a sociedade. Pode parecer uma afirmação desagradável, se não pelo fato de que um grande número de pessoas atestam voluntariamente a inutilidade de seus próprios empregos. Uma pesquisa realizada em 2015 no Reino Unido revelou que 37 por cento das pessoas sentiram que seus empregos “não deram uma contribuição significativa para o mundo”, e uma pesquisa posterior na Holanda encontrou 40 por cento dizendo a mesma coisa.
(...) Desde que escreveu seu ensaio, Graeber diz que ele foi contatado por centenas de pessoas dizendo concordar com ele - trabalham em empregos inúteis que poderiam ser eliminados sem absolutamente nenhuma perda para a sociedade - e os empregos vêm principalmente de recursos humanos, relações públicas, lobby ou telemarketing, ou em finanças e banca, consultoria, gestão e direito societário.
Depois que li Against Education, de Bryan Caplan, senti um pouco nesta parcela de inutilidade. E agora, na quinta, dando aula para graduação, com muitos alunos no celular, sem prestar nenhuma atenção no que estava apresentando.