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24 agosto 2018

Alerta vermelho

Todo contador - realmente contador - deveria ler as demonstrações contábeis das empresas com quem ele tem algum tipo de relação comercial. Se for comprar um carro, analisar os balanços da fabricante para saber se as condições financeiras são boas; se for colocar seu filho em uma escola, verificar o endividamento; e assim por diante. Mas não fazemos isto, lógico. E temos surpresas.

O Deep Throat IPO via Wolfstreet fez uma análise do Alibaba. E no meio de tanta ironia do texto, algumas coisas são tão absurdas que o cliente da empresa deveria pensar realmente no que está fazendo ao clicar em uma compra na empresa. Eis uma amostra:

Criaram 300 novas entidades “legais” vinculadas ao “ecossistema” Alibaba nos últimos dois anos

O Partido Comunista manipula os lances para criar uma ilusão de mercado. “O risco de colapso aumenta a cada dia”.

A remuneração cobrada pela PwC Hong Kong para auditar uma empresa global é do padrão de um trabalho feito para uma concessionária de carros

Para concluir:

Se a Alibaba não é realmente a ponta da lança do ataque frontal total do Partido Comunista Chinês ao Sistema Financeiro Ocidental, a única outra conclusão que eu posso chegar é que o Alibaba é uma estrutura de negócios e de bagunça mais idiota, mais complicada, mais opaca e mal administrada da história

Cuentas saco

Há meses ocorreu um problema relacionado com a contabilidade no Bankia. A Deloitte, responsável pela auditoria, justificou que era impossível perceber o problema pois as transações estavam escondidas. Segundo manchete do El País

Las Black no las detectamos, estaban ocultas em “cuentas saco”

O nome chama a atenção do leitor. Em um trecho da reportagem tem-se:

Deloitte ha tenido un gran protagonismo a lo largo del caso Bankia, cuyo punto álgido fue el escándalo de las tarjetas black de Caja Madrid. Sobre este tema Ruiz dijo: "Las tarjetas black no las detectamos porque esas remuneraciones se contabilizaron en cuentas de errores por descuadre y no como remuneraciones… estaban escondidas en una cuenta de errores por descuadre que lógicamente con la magnitud de cifras que maneja la entidad pues no se ve, por una cuestión de materialidad. Son cuentas saco y no entras a ver este tipo de cosas y por eso no lo vimos. No teníamos ni idea”.


É possível entender o contexto geral, mas o termo não. Em outro link:

Preguntado por los grupos por las tarjetas "black", ha explicado que no se detectaron porque estaban escondidas en "cuentas por errores de descuadre", "cuentas saco" en las que "no entras a ver estas cosas".

Procurei na internet, que tudo responde, e não consegui achar o sentido mais preciso do termo. Afinal, o que é "cuentas saco"?

Futuro das Big Four na Bretanha

A Grã-Bretanha está pensando seriamente em adotar medidas para reduzir o poder das grandes empresas de auditoria. Segundo notícia da Reuters haverá uma reunião dos reguladores para discutir a limitação da participação do mercado das empresas. Esta reunião é decorrente de solicitação de parlamentares que querem a cisão das empresas sob a acusação de oligopólio depois do colapso da Carillion.

A discussão parece contar com apoio dos executivos das empresas e pode levar a fixação de um teto para quantas das maiores empresas britânicas as big four poderão trabalhar. Outra possibilidade é o regulador indicar o auditor para as empresas, tarefa esta que hoje é realizada pelo comitê de auditoria.

Rir é o melhor remédio





Efeito do cartão vermelho no futebol

Um estudo analisou mais de dois mil jogos de futebol da UEFA para verificar se "jogar com dez é melhor". Há um mito que quando um time tem um jogador expulso, os outros jogadores fazem um esforço substancial para suprir a ausência do colega, trazendo um resultado melhor.

Descobrimos que quando as equipes da casa recebem um cartão vermelho, isso prejudica suas probabilidades de gol e de vitória. Por outro lado, um cartão vermelho para as equipes visitantes pode ter um efeito positivo, negativo ou neutro, dependendo do tempo da expulsão do jogador.


O que eu achei interessante é que a pesquisa possui um modelo econométrico, uma boa análise dos dados e está postada em um lugar de boa reputação (o IZA). São três autores de uma das maiores universidades belgas (Ghent University)

O trabalho tem uma introdução, uma seção de método, os resultados e a conclusão. Não há uma discussão sobre a teoria que poderia justificar os resultados da pesquisa. Fica a pergunta: há um problema aqui ou esta é a forma de pesquisa do futuro.

(Esta postagem é uma grande provocação aos pesquisadores que gostam de uma teoria)