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22 agosto 2018

Como prever eleições?

No artigo abaixo, Nassim Taleb mostra como prever eleições usando probabilidade avançada.

Resumo:

We consider the estimation of binary election outcomes as martingales and propose an arbitrage pricing when one continuously updates estimates. We argue that the estimator needs to be priced as a binary option as the arbitrage valuation minimizes the conventionally used Brier score for tracking the accuracy of probability assessors.

We create a dual martingale process Y, in [L,H] from the standard arithmetic Brownian motion, X in (,) and price elections accordingly. The dual process Y can represent the numerical votes needed for success.

We show the relationship between the volatility of the estimator in relation to that of the underlying variable. When there is a high uncertainty about the final outcome, 1) the arbitrage value of the binary gets closer to 50\%, 2) the estimate should not undergo large changes even if polls or other bases show significant variations.

There are arbitrage relationships between 1) the binary value, 2) the estimation of Y, 3) the volatility of the estimation of Y over the remaining time to expiration. We note that these arbitrage relationships were often violated by the various forecasting groups in the U.S. presidential elections of 2016, as well as the notion that all intermediate assessments of the success of a candidate need to be considered, not just the final one.

Fonte: Election Predictions as Martingales: An Arbitrage Approach - Forthcoming Quantitative Finance


Plágio

Olhando uma listagem de candidatos a deputado distrital, uma pessoa comentou: "conheço este candidato; é aluno da UnB e cola nas provas". O comportamento como este diz muito do candidato. Recentemente comentamos sobre um político espanhol que parece ter obtido o diploma sem ter frequentado as aulas.

Uma notícia parecida, no governo da República Checa:

Dois ministros do gabinete (...) deixaram seus postos por plagiar trabalhos acadêmicos nos tempos de universidade. Ministra da Justiça por poucas semanas, Tatana Mala, de 36 anos, pediu demissão no início de julho ante as evidências de que suas duas monografias de bacharelado – ela é graduada em direito e em engenharia agrícola – continham trechos copiados de outros trabalhos sem dar o crédito. Um software de detecção de plágio constatou que pelo menos 5% da monografia defendida por Mala em 2011 na Universidade Pan-europeia, em Bratislava, Eslováquia, fora reproduzido de um trabalho apresentado cinco anos antes na Universidade Masaryk, na cidade de Brno, na República Checa – o texto repetia até erros ortográficos do original. Trechos de um livro de referência em direito também foram plagiados. O mesmo problema foi observado na monografia que a ministra apresentou em 2005 na Universidade Mendell, em Brno, sobre influência de condições microclimáticas na reprodução de coelhos. Ela copiou pelo menos 11 páginas de um trabalho sobre o tema apresentado por outro estudante dois anos antes.

Em meados de julho, foi a vez de Petr Krcal, de 53 anos, titular da pasta do Trabalho e dos Assuntos Sociais. Ele renunciou logo quando se divulgou que três quartos de seu trabalho de conclusão de bacharelado em pedagogia social, defendido em 2007 na Universidade Tomas Bata, na cidade checa de Zlin, foram copiados de outros textos. Com formação secundária em eletrotécnica, Krcal resolveu fazer graduação aos 40 anos de idade, quando já tinha uma carreira política. “Trabalhei duro na minha monografia, mas admito que há irregularidades nela”, disse Krcal, ao anunciar sua demissão. (...)


Imagem, daqui

Rir é o melhor remédio

Duas do PhD Comics:


21 agosto 2018

Exxon e o aquecimento 2

Em setembro postamos que a empresa Exxon não estava reconhecendo o risco potencial de não explorar suas reservas em razão da pressão pública contra o uso de combustível fóssil.

No início de agosto, a SEC encerrou a investigação de dois anos sobre o cálculo do valor do ativo por parte da empresa. A SEC optou por não adotar nenhuma medida contra a Exxon. Alguns investidores não ficaram satisfeitos e ajuizaram uma ação coletiva contra a empresa e vários executivos. Um desses executivos é Rex Tillerson, que saiu da empresa para ser o poderoso secretário de estado de Trump, até ser demitido em março deste ano.

Informação trimestral sob crítica nos EUA

Com um tuíte, o presidente dos Estados Unidos propôs que a SEC, o regulador do mercado de capitais dos Estados Unidos, abolisse a exigência de que empresas com ações negociadas em bolsa divulgassem demonstrações contábeis trimestrais.

Divulgar demonstrações trimestrais teria as seguintes desvantagens:

1 - É caro - mesmo com a redução do custo da informação, proporcionada pela revolução da internet, fechar as demonstrações com este intervalo de tempo é caro. Além dos pagamentos para o auditor e conselheiros, existem custos de obtenção da informação e sua divulgação, mesmo quando só publicado na internet.
2 - Foco no curto prazo - a divulgação trimestral faz com que os investidores tenham foco nos resultados trimestrais, de curto prazo. Algumas empresas esquecem da visão estratégica de longo prazo, para focar nos resultados com periodicidade reduzida.
3 - Há formas de divulgação mais efetivas e com menor custo - em lugar de uma longa divulgação, com um processo interno complexo, que inclui passar por diversos conselhos, é possível divulgar algumas informações mais relevantes. Em algumas empresas, alguns poucos números já é suficiente para se ter uma ideia do desempenho de uma empresa.
4 - Experiência de alguns países - Recentemente diversos países aboliram a exisgência e isto não provocou uma grande perda na qualidade das transações no mercado. Desde 2013, a Comissão Européia já não tem esta exigência.

A favor da manutenção da prática é importante citar que alguns consideram uma informação relevante. Saber o que está ocorrendo em uma empresa com uma periodicidade menor pode ajudar a ter um quadro melhor da empresa. Além disto, se existem problemas (ou tendências) em uma empresa, tal fato pode ser notado de forma mais ágil.

Leia mais: EDGECLIFFE-JOHNSON, Andrew; BADKAR, Mamta. Trump propõe à SEC acabar com balanço trimestral. Financial Times, publicado no Valor, 20 de agosto de 2018, C2.

Auditoria

Parece notícia velha. Em lugar da PwC, entra a KPMG. Em lugar da BHS, uma empresa de moda chamada Ted Baker. A multa foi de 2,1 milhões de libras aplicada pelo FRC, o que mesmo que multou a Price há dias. O motivo foi a KPMG ter prestado serviço de perícia para Ted Baker

Enquanto isto no Brasil, na divulgação do balanço da Caixa, o parecer da PwC foi com ressalva:

A PricewaterhouseCoopers (PwC) manteve ressalvas no balanço do segundo trimestre da Caixa devido a investigações de supostos casos de corrupção envolvendo executivos do banco público. A consultoria explica que as demonstrações financeiras da instituição estão adequadas com exceção da seção “base para opinião com ressalva” uma vez que as ações em questão estão em andamento e os possíveis impactos decorrentes não são conhecidos.

“Consequentemente, não foi possível determinar se havia necessidade de ajustes ou divulgações adicionais relacionados a esse assunto sobre as demonstrações contábeis consolidadas em 30 de junho de 2018”, acrescenta a PwC, em relatório que acompanha as demonstrações financeiras da Caixa.

A EY foi recentemente punida pela CVM por não respeitar as normas de contabilidade na empresa TPI em 2012 com uma multa de 650 mil reais. O auditor foi suspenso por dois anos. A EY regateou o valor e reduziu para 350 mil.

Este é também o valor que será pago pela PwC por problemas na auditoria da ALL de 2012 a 2014. O problema foi a contabilização da ALL no capital da Vetria Mineração:

Segundo a área técnica, os registros contábeis referentes à aquisição do controle compartilhado da Vetria, bem como aqueles referentes aos reflexos da utilização da contabilidade de hedge, não teriam representado adequadamente os eventos econômicos e os desdobramentos ao longo do tempo, de forma que estariam em desacordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

Made in China

Se você acha o trabalho das agências de rating ruim, pense em uma agência de rating “made in China”. Na Dagong, enquanto o título do tesouro dos Estados Unidos é classificado como BBB+, o Brasil recebe uma nota A-, melhor que a nota de todas as outras agências (Moody, Fitch, SP ...). Em geral, os países pagam para as agências fazerem a classificação de rating; assim, ou a agência de rating usa critérios ideológicos ou não recebeu para fazer a classificação.

Mais ou menos na mesma época [que rebaixo os títulos dos EUA], a Dagong forneceu à Sunshine Kaidi New Energy Group, uma empresa chinesa de capital fechado, uma classificação AA, embora já houvesse relatos das dificuldades que a empresa enfrentava com sua dívida. Em junho, a empresa deixou de pagar 18 bilhões de yuans (US $ 2,6 bilhões) em bônus.

Parece ser uma prática dar boas notas na China:

Das 1.744 empresas chinesas que emitiram títulos, 97% foram classificadas como AA ou superior pelas agências de classificação chinesas, com 27% (464 empresas) sendo classificadas como AAA. (...)

A NAFMII, uma agência do Banco Popular da China, disse em comunicado que a Dagong havia "fornecido diretamente serviços de consultoria para empresas avaliadas", o que é proibido, e "cobrava taxas elevadas", que comprometiam sua independência