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17 julho 2018

Turismo e Bens Culturais

Para se tornar Patrimônio Mundial da Unesco, um local deve submeter a um processo bastante competitivo. Mas muitos buscam este status para promover um local como atração turística e também ajudar na sua conservação. Mas segundo Jo Caust, um professor australiano, a chancela de Patrimônio por parte da Unesco tem um armadilha inesperada e pode estar ajudando a matar os locais que deveriam ser promovidos.

Segundo Caust, o principal ponto é justamente a atenção recebida pelo local. Após a promoção, existe um aumento no número de turistas. Isto pode trazer problemas que não existiam antes. Caust cita Hoi An, uma cidade do Vietnã, que teve um aumento de 22% no número de turistas em um ano. Hoi An foi considerada Patrimônio Mundial em 1999 e mesmo com a cobrança de ingresso, o número de turistas fez com que as casas fossem transformadas em cafés e lojas e as pessoas passassem a morar fora da cidade. Outra situação é Angkor Wat (foto), que recebeu o título em 1992. De 2004 a 2014, o número de turistas aumento em mais de 300%. Isto coloca em risco da estrutura da cidade, seja pela presença de muitos turistas, pela construção de grandes hotéis ou uso ilícito de água que afeta o lençol subterrâneo.

(É interessante notar que alguns modelos de avaliação de bens culturais levam em consideração o afluxo de turistas ao local. Diante dos fatos narrados por Caust, isto seria incoerente, já que aumenta o risco de destruição destes ativos)

Custo da arena

Barry Ritholtz analisa o custo de construir e manter instalações esportivas nos Estados Unidos. Segundo dados do New York Times, cerca de 330 mil novos assentos em arenas esportivas tiveram um custo de 7,5 bilhões de dólares, sendo 2,75 bilhões pagos pelos contribuintes dos Estados Unidos. Ou 8.200 mil dólares por assento.

O colunista apresenta quatro razões para a não construção destas arenas:

1. Concorrência : Esportes e música ao vivo são negócios incrivelmente bem-sucedidos e lucrativos em geral. Eles devem ser capazes de competir por conta própria pelos dólares dos consumidores. Se um local não puder gerar a receita necessária, isso indica que ele é mal administrado ou visto como não é necessário pelo mercado. Em ambos os casos, os contribuintes não deve subsidiá-lo.
2. Riquezas para os ricos: as equipes esportivas são propriedades extremamente valiosas. Por que os não-proprietários devem subsidiar empresas que podem facilmente construir suas próprias instalações? Os subsídios do contribuinte também distorcem o cálculo do mercado, destruindo os sinais que a oferta e a demanda devem enviar. Portanto, os donos ricos não apenas evitam pagar o custo total por seus locais, mas também obtêm toda um aumento do valor de suas equipes. E diminuindo o custo real da operação, os subsídios tornam muito mais fácil para os proprietários ricos obter lucro.
3. Impacto econômico : os acadêmicos analisaram os dados e há pouca dúvida: os estádios acrescentam pouco ou nada à economia local. Certamente não vale a pena dar bilhões de dólares para essas empresas. O retorno do investimento para o público é nulo. Esses subsídios perdulários têm demonstrado pouco ou nenhum impacto econômico positivo nos municípios e estados.
4. Prioridades : Dado o estado da infra-estrutura do país , é possível imaginar que possa haver projetos com maior prioridade para os dólares dos contribuintes. (...)

Nós, brasileiros, temos experiência sobre este assunto.  Talvez o nosso caso seja pior, já que os estádios construídos geraram não somente valores elevados de construção, mas representam hoje um grande problema em razão do custo elevado de manutenção. A falácia do custo perdido impede que a quase totalidade destas obras seja simplesmente derrubada.

Em 2012 fizemos uma análise do custo dos estádios da Copa. Afirmamos que “talvez” (em negrito) o custo da copa não estivesse tão superfaturado assim. Naquele momento, com um câmbio a 2,02, 587 mil assentos custavam 4,1 bilhões de dólares ou cerca de 7 mil dólares por assento para o contribuinte, um pouco abaixo do valor citado pelo colunista (aqui outros valores). Quatro pontos nestes cálculos: (1) os valores brasileiros precisariam ser atualizados (2) cada arena esportiva possui sua estrutura e torna-se complicado fazer estas comparações; (3) o desembolso do contribuinte brasileiro continua, já que ainda existem gastos de manutenção das arenas; e (4) o valor de 8.200 dólares refere-se somente a parcela paga pelo contribuinte, enquanto que os 7 mil dólares dos estádios brasileiros dizem respeito ao custo total. Provavelmente os três primeiros pontos podem significar um aumento no valor do estádio no Brasil, enquanto o último seria desfavorável ao caso dos EUA.

(Fotografia: Estádio Mané Garrincha, um dos estádios que deveriam ser derrubados, se prevalecesse a análise dos números)

Rir é o melhor remédio

Enquanto isto na internet:



16 julho 2018

Carb Rising

Durante os jogos da Copa, talvez você tenha percebido alguns jogadores tomando água e logo após cuspindo. Isto pode parecer algo "nojento", mas é um técnica chamada Carb Rising. Beber muita água pode levar a um inchaço. Os que os jogadores fazem é colocar uma solução de carboidrato na boca para enganar o corpo de forma deliberada. Quando ingerida, a boca envia um sinal para o cérebro, dizendo que há energia a caminho. Há controvérsias se isto realmente ocorre, mas parece ser uma prática padrão em alguns times de futebol, como a Inglaterra.

Participação no lucro sem lucro

A empresa Eletrobras teria pago aos funcionários uma participação nos lucros em exercícios onde não teve lucros. Parece absurdo, mas esta é a afirmação de um relatório da CGU, segundo notícia divulgada no G1.

Particularmente acho mais estranho é o fato de que somente agora isto foi levantado. Os pagamentos são de 2013 e 2014. A Eletrobras é uma empresa que divulga suas demonstrações. É bastante conhecida de todos

Amazon

Quando a Amazon surgiu, a empresa vendia livros. Hoje é um gigante em muitos setores. É a maior empresa de serviços de computação em nuvem com 33% do mercado, na frente da Microsoft (13%) e Google (6%). Possui 49,1% das vendas de e-commerce dos EUA. Neste caso, a empresa tem vendas diretas, com um terço do total, ou vendas de outros vendedores (que usam a plataforma).

Recentemente a empresa comprou um comércio físico de comida com objetivo de dominar o setor. A empresa está conseguindo mudar a forma de compras dos consumidores: sapatos já estão sendo comprados online.

A Amazon levou 25 anos para conquistar essa fatia de mercado e continuará tentando atrair mais. A Amazon abalou o varejo dos EUA e agora é totalmente dominante. Tem o sistema de distribuição mais formidável dos EUA. O “ efeito amazônico” se tornou uma expressão comum - a Amazon compra uma farmácia on-line e as ações da CVS e da Walgreens despencam. (...)

A Amazon é uma editora de livros. É invadiu o território da TV, Netflix e outros, com suas ofertas de vídeo. Recentemente, ela começou a invadir a publicidade on-line (...). Sua Alexa e outros dispositivos inteligentes conectados à Internet estão ocupando casas e influenciando todos os tipos de decisões que as famílias tomam - sem falar nos dados que enviam de volta. A Amazon continua expandindo para novos territórios. (fonte: aqui)


O setor de atuação que acho interessante a presença da empresa é na pesquisa científica. A Amazon vende o tempo de pessoas que podem responder a sua pesquisa pela internet. (Foto: Rio Amazonas, que inspirou o nome da empresa)

Conselho para empreendedores

Sou cético aos efeitos dos conselhos para empreendedores. Mas uma pesquisa parece indicar que alguns conselhos podem realmente influenciar o desempenho. Um experimento aleatório realizado na Índia, com cem empresas de tecnologia, cujos fundadores receberam conselhos de outros empreendedores, mostrou que o tipo de conselho influenciou posteriormente. Aqueles que receberam conselhos com uma abordagem de gerenciamento de pessoas ativa (reuniões regulares, metas claras e feedback frequente) cresceram mais e foram menos propensos ao fracasso.

Vide mais detalhes em: When Does Advice Impact Startup Performance? - Aaron Chatterji, Solene Delecourt, Sharique Hasan, Rembrand M. Koning