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08 julho 2018

Cinco anos da Lei Anticorrupção

Um texto do Estado de S. Paulo lembra os cinco anos da lei Anticorrupção. O título mostra que a autora adotou partido na matéria: Lei Anticorrupção faz 5 anos sem comprovar eficácia. E no subtítulo informa que especialistas avaliam que a lei precisa de ajustes.

O texto afirma que a lei nasceu de uma resposta do legislativo às manifestações populares de 2013. E para comprovar que a lei não "comprovou" a eficácia, o texto procura argumento na Transparência Internacional e na Fundação Getúlio Vargas. Em primeiro lugar, a comprovação do impacto da lei deveria ser feita por uma pesquisa acadêmica séria, não por "opiniões" ou "avaliações". Segundo, e mais grave, tanto a Transparência quanto a FGV possuem interesses na matéria: as duas entidades propuseram "medidas contra a corrupção".

A seguir o texto é incoerente, já que afirma que "as empresas brasileiras tentam seguir à risca seus mandamentos". E cita exemplo da Petrobras (que não é um bom exemplo, já que "pior do que estava não podia ficar"), que recebeu nota 10 no índice de governança das estatais do Ministério do Planejamento (que não é isento), a Odebrecht (idem) e J & F (ibidem).

Rir é o melhor remédio


07 julho 2018

Experimento da prisão foi teatro?

Uma das pesquisas comportamentais mais famosas foi colocada em dúvida. Segundo um artigo (via aqui) que ainda será publicado, de autoria de Alex Haslam e colaboradores, o experimento da prisão de Stanford pode ter sido uma forma de teatro.

Em 1971 o psicólogo Philip Zimbardo (ao lado) e equipe distribuiu alunos em dois grupos. O primeiro seriam os prisioneiros; os segundos, guardas. O que seria uma simulação, tornou-se uma realidade muito próxima ao que ocorrida em uma prisão verdadeira. Os guardas voluntários começaram a ter uma postura tirânica e começaram a maltratar os prisioneiros fictícios. O experimento mostraria que as pessoas se transformam quando assumem um papel, uma vestimenta, de “guarda” ou “prisioneiro”.

Os críticos do experimento de Stanford afirmam que a equipe de Zimbardo não foi isenta e participou ativamente do que ocorreu. Haslam e colaboradores analisaram uma gravação de uma conversa entre um “guarda” e um membro da equipe de Zimbardo, David Jaffe, que seria o diretor da prisão do estudo. Na conversa, o diretor tenta influenciar o guarda a comportar de maneira mais tirânica e o voluntário reluta em assumir esta postura. Este fato, e outros já conhecidos, são contraditórios com a meneira como Zimbardo retratou o experimento, como se os fatos tivessem ocorrido naturalmente:

Parece mais correto ver o Stanford Prison Experiment como um exemplo convincente de teatro improvisado semi-roteirizado, em vez de pesquisa científica objetiva. 

Rir é o melhor remédio









História da Contabilidade: Primeiro Livro

Em 2015 fiz uma postagem neste blog sobre a primeira obra de contabilidade publicada no Brasil. Em 1840 Burnier publica o que imaginava ser a primeira obra sobre contabilidade em língua portuguesa e publicada no Brasil.

Entretanto, o livro “Elementos de Contabilidade Comercial”, de Burnier, não foi o primeiro publicado. Antes dele, um livro escrito por um autor nacional e outro, traduzido, seriam os precursores.

O autor nacional seria Estevão Rafael de Carvalho, um político do Maranhão, que escreveu “A Metafísica da Contabilidade Commercial”. Em 1833 apareceria um anúncio sobre a obra, mas somente em 1837 a mesma foi publicada. Mas em 1836, já existia o anúncio do Tratado Completo de Escripturação, uma tradução de Jaclot. Há controvérsias sobre isto, e aqui tem alguns fatos. Além disto, em 1835 parece ter surgido a obra Sciencia do Guarda-Livros, de João Candido de Deus e Silva. Na postagem escrevi:

Diante disto permanecem as seguintes dúvidas: (a) qual a data de publicação original do livro de Rafael de Carvalho: 1833, tornando-o pioneiro na área, ou 1837/1838; (b) qual a data da publicação do livro traduzido: 1835, como encontra-se na dissertação de Amado Silva, 1836, pelas obras de referências do século XIX, ou 1836, conforme noticiou o Diário do Rio de Janeiro ou o ano seguinte? (c) a obra traduzida é uma adaptação de Jaclot ou de Degrange?; (d) quem foi seu tradutor: M. J. da Silva Porto ou João Candido de Deus e Silva? (e) se é verdade que Rafael de Carvalho publicou apostilas do seu livro em 1833, isto poderia ser considerada a primeira obra publicada no Brasil sobre o assunto? (f) devemos realmente confiar no ano de publicação que aparece na obra impressa?

Um artigo publicado recentemente afirma:

Na primeira metade do século XIX, entre os professores de matemática que viviam na cidade de São Luís, Maranhão, identificou-se aquele que foi o autor do primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil. O professor/autor era o maranhense Estevão Rafael de Carvalho e o livro “A Metafísica da Contabilidade Commercial”, publicado em 1837.

O artigo apresenta uma descrição da vida de Estevão, assim faz um panorama da sua obra. Entretanto, apesar de afirmar que a Metafísica foi a primeira obra publicada no Brasil

como o primeiro sobre contabilidade publicado no Brasil em língua portuguesa, pois anteriormente a ele tivemos apenas traduções ou manuscritos

não considera, por exemplo, a obra de João Candido.

Assim, julgo que ainda não ficou esclarecido qual foi o primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil.

ESTEVÃO RAFAEL DE CARVALHO E A MATEMÁTICA PARA O COMÉRCIO NO PRIMEIRO LIVRO DE CONTABILIDADE PUBLICADO NO BRASIL. Waléria de Jeus Barbosa Soares. Revista Educação Matemática em Foco. v. 7, n 1.

06 julho 2018

Capa


A obra Curso de Contabilidade Básica, de coautoria deste blogueiro e a prof. Dra. Fernanda Fernandes Rodrigues, terá algumas modificações. Além da capa (acima), a obra terá um só volume. Breve, pela editora Gen/Atlas.

Atualização: disponível aqui.

Normas internacionais das receitas de incorporadoras

Fernando Torres, no Valor, discute sobre a questão do reconhecimento de receita nas incorporadoras. Quando da adoção das normas internacionais de contabilidade um dos problemas era justamente este um dos pontos controversos. Tradicionalmente as empresas brasileiras reconheciam a receita ao longo da obra. Isto suavizava a receita ao longo do tempo. Entretanto, as IFRS indicava que isto deveria ocorrer na entrega das chaves.

Inicialmente optou-se por não adotar a norma internacional para este caso. Posteriormente, consultou-se o próprio Iasb para saber o que deveria ser feito. O Iasb insistiu que seria na entrega de chaves. Conforme noticiou Torres, agora a CVM autorizou que as incorporadoras a manter o que estava sendo feito.

A decisão pode ajudar as auditorias a se posicionarem neste assunto no seu relatório. E acreditando que a opção brasileira seja melhor (acho que é), a decisão não atrapalha a análise do desempenho das empresas.

O problema: não estamos adotando as normas internacionais em sua totalidade. Na realidade, nunca adotamos 100% estas normas. Isto mostra a dificuldade de colocar nas mãos de uma entidade internacional a responsabilidade de fazer suas normas.