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11 maio 2018

GM da Coréia

A GM da Coréia do Sul, uma empresa com participação do governo do país asiático (17%), ameaçou pedir falência em razão dos problemas estruturais. Depois de um acordo com os sindicatos, que implicou na concessão salarial e na redução no número de funcionários em quase 3 mil (de um total de 16 mil), a empresa divulgou esperar que a unidade volte a ter lucro. O banco de fomento da Coréia disse que este resultado pode demorar, em razão de uma diligência feita por uma afiliada da PwC, em uma análise mais pessimista.

O prejuízo líquido anual da GM Coréia aumentou para US $ 1,1 bilhão no ano passado, seu quarto ano consecutivo em vermelho, depois que a decisão da GM de retirar sua marca Chevy da Europa levou à redução das exportações para o principal mercado de exportação.

Para evitar a falência da GM da Coréia os principais acionistas concordaram com um pacote de resgate de 7 bilhões de dólares, sendo um pouco mais de 10% do governo coreano. Pelo acordo, a GM não pode fechar a fábrica nos próximos dez anos.

Desde que os problemas da filial coreana foram divulgados, as ações da GM caíram no mercado acionário (gráfico).

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Efeito do escândalo

No início de 2017 a empresa de telecomunicações BT descobriu uma fraude envolvendo a filial italiana. O preço das ações caiu em 18%. Alguns meses depois, a empresa anunciou que a PwC deixaria a função de auditor. Uma investigação descobriu práticas contábeis inadequadas envolvendo receita, compras e leasing.

Agora, a BT anunciou medidas para reduzir custos, o que inclui a demissão de 13 mil pessoas, de um total de mais de 100 mil empregados, além da mudança de sede.

Muralha da China e o Popular

Durante 30 anos, a empresa PwC auditou o Banco Popular, uma instituição financeira espanhola. Em nenhum momento, a empresa de auditoria fez ressalva na contabilidade do Popular. O sexto maior banco da Espanha começou a apresentar problemas em 2017. Em poucos dias, o Popular foi adquirido pelo Santander por um euro.

No balanço de 2016, com prejuízo de 3,5 bilhões, a PwC só apresentou uma parágrafo de ênfase. Depois de vendio ao Santander, o Popular teve um prejuízo divulgado de 12,2 bilhões e a PwC, neste momento, fez um parecer mais realista. A empresa de auditoria ainda está sendo investigada sobre possíveis crimes cometidos no trabalho no Popular. A PwC também é a empresa que faz a auditoria no Santander.

O jornal El País revelou que durante a crise do Popular, um outro banco, o BBVA, analisou a possibilidade de fazer uma oferta. No mês de maio de 2017, o BBVA analisou o Popular; e entre os dias 4 e 6 de junho novamente discutiu esta possibilidade. O Popular foi liquidado entre os dias 6 e 7 de junho. O BBVA decidiu não fazer uma oferta em razão

un gran déficit de provisiones para cubrir los créditos inmobiliarios y los de pymes, así como un gran riesgo por los posibles litigios legales de los afectados, por los créditos fiscales y por otros riesgos genéricos.

El BBVA calculó que, para absorber al Popular, necesitaba una ampliación de capital de 13.900 millones, casi el doble de la cantidad que precisó el Santander para adquirirlo.

Um fato importante nesta análise. Segundo o El País, o BBVA contou com a assessoria de um empresa de auditoria. Quem?

Fuentes de PwC y del BBVA no hicieron comentarios sobre esta cuestión por motivos de confidencialidad en sus contratos de colaboración. Esta colaboración no es ilegal ya que las auditoras tienen otros departamentos que realizan trabajos de asesoría y trabajan con el principio de “muralla china”, es decir, sin comunicación de información.

10 maio 2018

Auditoria de algoritmo

Já sabemos que os algoritmos são construidos, em muitos casos, baseados na experiência prévia. Por este motivo, muitas vezes estão incorporados nas linhas de código preconceitos e falhas, o que pode levar a um aumento da desigualdade e, até, uma ameaça a democracia. O que ocorreu com as eleições dos Estados Unidos e o Facebook é um alerta desses problemas.

Uma solução para corrigir isto é um processo de auditoria. Neste caso, as empresas abrem sua tecnologia para avaliação. O lado negativo é revelar segredos existentes nos algoritmos. Mesmo assim,

as empresas estão começando a empregar auditorias algorítmicas para ajudá-las a pensar nesses sistemas (...) A Deloitte desenvolveuuma prática para ajudar as empresas a gerenciar o risco algorítmico, e a Accenture também relata aconselhando clientes sobre o tópico.

O´Neill, autora de Weapons of Math Destruction e do site Mathbabe, criou uma matriz ética que ajuda as empresas a pensarem nos efeitos dos algoritmos. A matriz olha aspectos como transparência e justiça presente nos algoritmos.

Aquisição inadequada da Steinhoff

Contamos, em postagens anteriores, as peripécias da Steinhoff. Atuando no mercado de varejo, a empresa, com sede na África do Sul, apresentou problemas financeiros no final de 2017. A questão também envolvia o trabalho do auditor.

Um capítulo na história da Steinhoff foi a aquisição da Mattress Firm, uma empresa com mais de 3600 lojas em 48 estados dos Estados Unidos. A Mattress, um varejo de colchões, foi construída a partir da aquisição de diversas empresas pequenas. Em 2016, a empresa foi adquirida pela Steinhoff por 3,8 bilhões. Chris Bryant, da Bloomberg, chama a atenção para este grande erro da empresa Steinhoff.

1) A Mattress era uma empresa fortemente endividada, com 1,3 bilhão de US$ de dívida líquida, sem computar o leasing fora de balanço
2) O prêmio pago, de 115%, foi absurdamente elevado
3) A margem operacional da Mattress tem uma tendência de queda, mesmo com o crescimento acelerado da receita
4) O crescimento da receita é decorrente das aquisições realizadas e não da conquista do mercado. Na realidade, o mercado começou a ter concorrência das vendas online e os concorrentes estavam reduzindo a presença física, enquanto a a Mattress fazia esta expansão
5) O due dilligence durou somente cinco dias
6) Muitas lojas estavam localizadas no mesmo mercado, existindo um claro problema de canibalismo
7) Decisões erradas de marketing, envolvendo mudança de nome de loja e retirada de um produto popular das opções de venda

A parte interessante do comentário de Bryant refere-se a uma nota explicativa que a Mattress divulgou referente a uma ação contra dois gestores antigos. Segundo a empresa, estes administradores, em conluio com um corretor imobiliário, montaram um esquema de fraude, suborno e propina, envolvendo a descoberta de lojas para alugar, contratos elevados de locação e abertura de lojas desnecessárias (fotografia). Isto é um claro sinal de falta de controle.

E a Steinhoff tinha esta informação quando comprou a Mattress, já que o problema foi divulgado nas notas explicativas.

Agora , a Steinhoff terá que fechar lojas da Mattress, o que deverá ter efeitos nos resultados da empresa. E lidar com um ágio elevado, pago em 2016, na aquisição da loja de colchões.

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