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09 maio 2018

O primeiro trimestre da Petrobras

A Petrobras divulgou os resultados do primeiro trimestre de 2018 (aqui, aqui e aqui). De uma maneira geral, a atual gestão da Petrobras tem dois aspectos positivos que a credenciam: sorte e um parâmetro comparativo bastante favorável.

Desde que Parente assumiu a empresa, a Petrobras teve, em alguns momentos, a seu favor, o câmbio favorável, que permitiu manter sob controle sua dívida. Agora, o preço internacional do petróleo parece voltar a aumentar, o que pode ajudar a atual gestão nas melhorias implantadas de controle da dívida e redução dos investimentos inadequados. Para completar, a gestão atual tem como parâmetro de comparação duas gestões desastrosas da empresa, marcada por investimentos de péssima qualidade e um grande esquema de corrupção.

O resultado divulgado nesta semana mostra uma empresa mais enxuta, com menor endividamento e que começa a ter resultados positivos. O gráfico abaixo apresenta o comportamento da receita da empresa desde 2010, corrigido pela inflação. A empresa atingiu, entre o final de 2013 e o final de 2014, o auge, quando, a receita chegou, a preços de hoje, a receita ultrapassou a casa de 100 bilhões de reais por trimestre. Desde então, a empresa reduziu sua receita em um quarto do valor, através de um processo de venda de diversos ativos. Além disto, a recessão na economia brasileira também ajudou no valor menor da receita da empresa.


Ao mesmo tempo, a redução nas amortizações dos investimentos realizados nas gestões passadas parecem ter terminado. Entre 2014 a 2017 a Petrobras levou para resultado 116 bilhões de reais (não corrigidos), o que representa algo em torno de 15% dos ativos. Neste período, o prejuízo acumulado da empresa, sem a correção da inflação, chegou a 70 bilhões ou 77 bilhões. Mais do que os valores, o destaque no resultado líquido foi a decisão da empresa em fazer as amortizações de maneira parcela e alguns trimestres, o que aumentou a variabilidade do resultado, conforme gráfico abaixo.


Como resultado do teste de impairment e das decisões de vendas de ativos, o ativo da empresa, que no passado chegou a marca de 1 trilhão de reais, a preços de hoje, agora é quase 200 bilhões de reais a menos. E tem-se mantido neste novo patamar há mais de dois anos.



Uma empresa menor, com menos faturamente, menos investimento e menos caixa. Antes da crise, a empresa chegou a ter quase 100 bilhões nominais (R$130 bilhões a preços de hoje) de dinheiro e aplicações de curto prazo. Este valor atingiu a menos de 30 bilhões e, pelo terceiro trimestre consecutivo, mostrou um crescimento. A quantidade de recursos em caixa é crucial para uma empresa endividada, como a Petrobras, e que precisa negociar com as instituições financeiras. Ao mesmo, permite uma maior autonomia para a sua administração.


O grande problema da empresa ainda é o grande volume de dívida. A situação hoje é bem melhor que há três anos, quando a soma dos empréstimos e financiamentos, menos o valor do caixa, atingiu a mais de 400 bilhões de reais (preços de hoje), bem perto da metade do valor dos ativos. Existem empresas mais endividadas no mercado, mas o problema destes números é que estamos falando do conceito de dívida líquida, geralmente um valor mais favorável para a empresa, pois não considera as dívidas de operação.

Esta situação fez com que a Petrobras ficasse conhecida com o nada honroso título de “empresa mais endividada do mundo”. Desde então, o caixa aumentou, o dólar manteve-se razoavelmente estável - uma parcela expressiva da dívida da empresa é em moeda estrangeira - e o peso da dívida está caindo. Assim, em termos relativos, a Petrobras hoje é claramente menos endividada que a empresa de três ou quatro anos atrás, quando ficou claro os problemas de gestão da estatal.


Apesar dos problemas, durante todo este período a estatal conseguiu obter caixa com as suas operações. Ao contrário do lucro, que tem sido uma medida de desempenho instável no tempo, o caixa operacional tem ficado um pouco acima dos 20 bilhões de reais há muitos trimestres. Assim, a recuperação do lucro, ocorrida no último trimeste, já era algo esperado, diante deste caixa das operações.


Mesmo assim, os investidores devem ter ficado surpresos com os números do primeiro trimestre. Desde sua divulgação, o preço da ação da empresa subiu. Bom para os acionistas, que poderão começar a receber dividendos da empresa.


Direito a beleza

Será verdade? Um texto do Quartz afirma que os brasileiros possuem o "direito à beleza":

Nos hospitais públicos, as cirurgias plásticas são gratuitas ou de baixo custo, e o governo subsidia quase meio milhão de cirurgias por ano .


Isto naturalmente tem impacto nas finanças públicas.

No entanto, esses pacientes, a maioria dos quais eram mulheres, também me disseram que viver sem beleza no Brasil era assumir um risco ainda maior. A beleza é vista como sendo tão central para o mercado de trabalho, tão crucial para encontrar um cônjuge, e tão essencial para qualquer chance de mobilidade ascendente que muitos não podem dizer não a essas cirurgias.

Certamente o efeito beleza não é exclusivo do Brasil. Não seria um exagero do texto? O fato do país ser o segundo país do mundo em plástica parece indicar que sim.

Rir é o melhor remédio

Basquiat x Banksy

08 maio 2018

Equações que mudaram o mundo

Baseado no livro de Ian Stewart. Aqui lembra de Bayes. E Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido?

Retorno da ação

The two economists looked at 1,120 studies, across 139 countries, and came up with an annual average “rate of return”—actually a pay premium, the increase in hourly earnings from an extra year of schooling—of 8.8%. The analogy is inexact, but for comparison America’s stockmarket returned an annual 5.6% over the past 50 years.

Their figure excludes social gains, such as lower mortality rates associated with greater education. The premium is higher for girls and for primary education. It is also higher in poor countries, presumably because the smaller the share of educated people, the higher the pay they can command. The same reasoning suggests that the return should have dwindled as educational attainment rose.


Fonte: The Economist. Mas atenção. O fato do retorno ser elevado, não significa que a educação causa prosperidade para um país. Conforme destaca Bryan Caplan, é preciso ter cuidado com a causalidade inversa.

Redução de custo pode ser o segredo da Space X

As viagens espaciais passam pelo controle de custo. Eis como o controle de custo (associado ao desenvolvimento tecnológico) pode melhorar a rentabilidade destas viagens:

O principal objetivo de Elon Musk com a SpaceX (foto) é tornar as viagens espaciais muito mais comuns e acessíveis, reduzindo o custo (...). Uma grande parte da redução do custo é a construção de naves espaciais com peças reutilizáveis, e o foguete Block 5 Falcon 9 poderá voar pelo menos 10 vezes - e talvez até mais. Embora tenha havido algumas naves espaciais reutilizáveis no passado, nós realmente não vimos uma nave como a Block 5 Falcon 9, que pode permitir que uma peça de equipamento tão cara tenha muito uso.

Além de adicionar uma quantidade significativa de reutilização ao Block 5 Falcon 9, também veremos uma enorme redução no tempo (...) permitindo que os vôos ocorram dentro de poucas semanas um do outro, em vez de meses entre.

O impacto será sobre a rentabilidade das viagens:

Com um foguete reutilizável que poderia potencialmente ser usado até 10 vezes, faz sentido que a SpaceX tenha um novo fluxo de oportunidades de lucro - transformando o que antes era um investimento caro no futuro da tecnologia espacial em um empreendimento lucrativo

Efeito do imposto sobre bebida com açúcar

Diversas economias resolveram combater o problema de obesidade através de impostos. Neste caso, visando as bebidas com excesso de açúcar. Aparentemente, com aumento de 20% no imposto já se tem um efeito sobre o consumo. O gráfico resume algumas das conclusões de um estudo na Catalunha:

Cuando miramos los efectos sobre el consumo de bebidas azucaradas (ver figura 1), podemos observar como: 1) El consumo de bebidas azucaradas de 2017 es superior al consumo de 2016; 2) Un par de semanas antes de la reforma aumentan las compras de bebidas azucaradas (efecto anticipación) y 3) En el momento de la introducción del impuesto se produce una caída del consumo y las compras de bebidas azucaradas que se igualan a la tendencia del año anterior. En el artículo también comprobamos que la caída del consumo es más pronunciada para bebidas de dos litros. Esta caída va acompañada de un aumento en las ventas de bebidas light y zero. Más concretamente, por cada 4,7 litros de reducción del consumo de bebidas azucaras, aumenta el consumo de bebidas light y zero en 3,5 litros.

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