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25 abril 2018

Corrupção, segundo a EY

Uma pesquisa da EY sobre corrupção em 55 países fez a seguinte pergunta:

Bribery/corrupt practices happen widely in business in your country/region?


O primeiro lugar ficou para ... Brasil, com 96% de resposta. Em 2012, o país estava em segundo, com 84%. Segundo a EY, o Brasil seria mais corrupto que Colombia, Nigéria, Quênia, Peru, África do Sul, Chipre, México, Ucrânia e Argentina, os países que completam a lista dos dez mais corruptos.

O release da pesquisa não esclarece muito sobre  a metodologia, informando apenas foram entrevistas com executivos. Mais, aqui.

Privacidade Online e Comportamento

Durante o depoimento de Zuckerberg ao legislativo dos Estados Unidos, o CEO do Facebook propôs como solução para os problemas de privacidade da rede social que o usuário escolhesse o nível desejado. Em um artigo para o NY Times, Porter lembrou que isto é uma armadilha.

Quando uma empresa deixa a critério do usuário escolher o nível de privacidade, o mesmo não será mais cauteloso, mas sim deverá compartilhar ainda mais suas informações pessoais. Isto tem o nome de paradoxo do controle e já foi objeto de pesquisa acadêmica. Trata-se de um problema comportamental que poderia ser também chamado de “dar mais corda para se enforcar”.

Outra forma de agir é a chamada “configuração padrão” ou “default”. Geralmente as pessoas tendem a manter a configuração padrão oferecida, mesmo que isto possa ser mudado facilmente. Seria o efeito Nudge, de Thaler. Em 2005 a configuração padrão do Facebook revelava poucas informações pessoais; em 2010, mais informações ficaram disponíveis. Trocamos nossa diversão por informação.

E mesmo as pessoas que se mostram preocupadas com a privacidade, lembra Porter, é capaz de trocar informação por um agrado. Assim, as propostas para resolver a crise provocada pelo Facebook pode ser a pior solução.

Lucro do Google

Uma mudança contábil - segundo o Quartz “uma obscura mudança contábil” fez com que a Alphabet, a empresa do Google, reconhecesse na receita os resultados com investimentos em grupos novos de tecnologia, entre eles a Uber. Com isto o lucro por ação aumentou acima do esperado pelos analistas. Do lucro por ação de 13,33, cerca de 3,40 foram produzidos por estes investimentos.

Além do lucro por ação, a Alphabet divulgou uma receita de 31 bilhões no primeiro trimestre, indicando um bom crescimento deste item da DRE. A mudança decorreu do reconhecimento do aumento no valor justo dos investimentos.

Apple, Irlanda e Planejamento Tributário

No passado, a Comunidade Europeia multou a Apple por usar a Irlanda para evitar pagar impostos. Os dados mostravam que a carga tributária da empresa na Europa era realmente muito reduzida. O governo irlandês, com medo da perda de empregos, com uma potencial saída da Apple da Irlanda, não concordou com a decisão da Comunidade Europeia.

Uma notícia recente mostra que a Apple deverá depositar 16 bilhões de dólares em uma conta, conforme pedido da Europa. Novamente o governo irlandês discorda da decisão, mas o seu ministro das Finanças disse que irá cumprir as determinações provenientes da Comunidade.

Notícias da KPMG

Envolvida recentemente em diversos problemas no mundo, a KPMG, uma das big four, as grandes empresas de auditoria contábil, parece que anda em uma maré de azar. Depois de Carillion, uma empresa britânica com problemas financeiros e contábeis que não foram percebidos pela KPMG e da ligação com a família Gupta, na África do Sul, que ameaça a sobrevivência da KPMG daquele país, a empresa teve um problema na investigação de utilização de softwares piratas na Índia. Tudo começou quando a filial da empresa no país asiático resolveu investigar uma empresa que aparentemente estava usando software ilegal. A investigação foi denunciada pelo empresário e isto provocou uma celeuma, a ponto da Microsoft e KPMG soltarem um comunicado conjunto.

Pelo menos uma notícia boa. Parece que o contrato de auditoria com a GE, depois de alguns problemas cometidos pelos auditores, deve ser renovado. Alguns acionistas solicitaram o rompimento de um contrato centenário na assembleia da empresa, mas tudo leva a crer que a proposta será rejeita.

(Leia este texto do blog, onde discutimos a dificuldade de analisar a qualidade do trabalho do auditor)

Estafa Maestra

Recentemente, um ex-governador do México, Javier Duarte, fugiu do país após uma denúncia de desvio de dinheiro público. Foi preso na Guatemala no ano passado e extraditado para o México, onde cumpre pena. A questão é que o esquema montado por Javier Duarte não é original. Provavelmente foi inventado no governo federal do México. O Animal Político fez um levantamento nas contas públicas entre 2013 e 2014 e descobriu contratos ilegais onde quase a metade dos recursos “desapareceram”. Foram 186 empresas que receberam dinheiro do governo e delas 128 não possuem condições de fornecer o serviço pelas quais foram contratadas (ou não existiam). Para isto, o esquema montado contava com a participação de universidades públicas, que intermediavam a operação:

La diferencia radica en que aquí el gobierno no entrega los contratos directamente a las empresas, sino que primero los da a ocho universidades públicas y éstas lo dan después a las empresas. Sólo por triangular los recursos, las universidades cobraron mil millones de pesos de “comisión”, aunque no hayan dado ningún servicio.

A investigação do Animal Político foi tão importante que ganhou o prestigiado prêmio Ortega Y Gasset. Foram mais de 100 entrevistas e chegou-se a um valor de 420 milhões de dólares. E ninguém punido. Eis o que diz o El País:

A diferencia de otros países latinoamericanos que han castigado los escándalos recientes de corrupción, en México no hay un caso similar a los de Lula en Brasil, Ollanta Humala en Perú y Otto Pérez en Guatemala en gran parte porque no hay fiscalías independientes. La Procuraduría General de la República y la Secretaria de la Función Pública dependen del Ejecutivo y la Auditoría Superior de la Federación, del Congreso. “Los amigos no se investigan entre sí”, dice Roldán. “No queremos que rueden cabezas, solo exigimos que haya una investigación real”, agrega Ureste.