14 abril 2018
Saneamento como resposta
Eis uma pesquisa interessante com crianças da Índia:. Em geral as crianças muçulmanas possuem maior expectativa de vida, apesar dos muçulmanos terem menor renda, educação e acesso aos serviços públicos, quando comparados aos hindus. Dois pesquisadores propuseram uma resposta a esse fato intrigante. Para isso, ao invés de olhar o dado individual, eles observaram a vizinhança. Quando a vizinhança é muçulmana, os bebês, mesmo os hindus, tendem a ter maior expectativa de vida.
Mas isto não é uma resposta.
Segundo os autores, a questão talvez esteja no saneamento:
Os hindus são 25 pontos percentuais mais propensos a defecar em campos abertos, arbustos ou estradas próximas, do que a população muçulmana mais pobre.
Mas isto não é uma resposta.
Segundo os autores, a questão talvez esteja no saneamento:
Os hindus são 25 pontos percentuais mais propensos a defecar em campos abertos, arbustos ou estradas próximas, do que a população muçulmana mais pobre.
Pemex
Enquanto a Aramco, a estatal de petróleo da Arábia Saudita, divulga os primeiros resultados, com um lucro de 34 bilhões de dólares nos primeiros meses de 2017, outra estatal, com uma grande quantidade de reservas, também apresentava números gigantescos: a Petroleos de Mexico (Pemex).
Com oitenta anos de vida, a empresa apresentou um prejuízo de 22 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2017 (dados obtidos aqui), mesmo o aumento no preço internacional do petróleo. A empresa possui dívida de 125 bilhões de dólares - era de 80 bilhões em 2012 - e isto ajuda a explicar o resultado ruim, em um momento de melhoria do mercado. Por este motivo, as receitas da empresa aumentaram em 30%. Dois outros fatores ajudam a explicar o desempenho ruim: câmbio e regras contábeis.
Assim como a estatal brasileira, a Pemex teve muitas mudanças de gestão: três em cinco anos. Mas o desempenho produtivo da Pemex lembra mais a PDVSA: a produção caiu para 1,95 milhões de barris, o menos nível desde 1980.
Um fato curioso que reflete a má gestão da empresa: um dos seus grandes problemas é o roubo de combustível, feito por criminosos com ajuda de empregados da empresa. O valor estimado em 30 bilhões de pesos ou 1,6 bilhão/ano.
Com oitenta anos de vida, a empresa apresentou um prejuízo de 22 bilhões de dólares no quarto trimestre de 2017 (dados obtidos aqui), mesmo o aumento no preço internacional do petróleo. A empresa possui dívida de 125 bilhões de dólares - era de 80 bilhões em 2012 - e isto ajuda a explicar o resultado ruim, em um momento de melhoria do mercado. Por este motivo, as receitas da empresa aumentaram em 30%. Dois outros fatores ajudam a explicar o desempenho ruim: câmbio e regras contábeis.
Assim como a estatal brasileira, a Pemex teve muitas mudanças de gestão: três em cinco anos. Mas o desempenho produtivo da Pemex lembra mais a PDVSA: a produção caiu para 1,95 milhões de barris, o menos nível desde 1980.
Um fato curioso que reflete a má gestão da empresa: um dos seus grandes problemas é o roubo de combustível, feito por criminosos com ajuda de empregados da empresa. O valor estimado em 30 bilhões de pesos ou 1,6 bilhão/ano.
GE e os novos números
A General Electric anunciou ontem (sexta) a estimativa dos efeitos da republicação das demonstrações contábeis de 2016 e 2017. Os novos valores afetaram o lucro da empresa destes anos, assim como os valores dos ativos. As novas demonstrações devem ser divulgadas ainda em abril, mas não deve afetar os contratos de longo prazo da empresa nem o fluxo de caixa. As estimativas do lucro para 2018 também não devem ser alteradas.
A republicação é um reflexo do padrão Fasb de reconhecimento da receita. Recentemente a empresa admitiu problemas com sua contabilidade.
O novo padrão contábil rege a forma como as empresas estimam e reconhecem a receita de contratos de longo prazo, e é projetado para fazer com que o fluxo de caixa de uma empresa se aproxime mais de sua renda, disseram especialistas em contabilidade e analistas.
O padrão anterior permitia que as empresas reconhecessem a receita futura de tais contratos mais rapidamente. O novo padrão transfere a receita para mais tarde na duração do contrato, disseram analistas.
As empresas geralmente usam o custo de fornecer serviços como base para estimar a receita futura dos contratos, mas o processo pode levar a subestimar ou subestimar o valor dos contratos como ativos no balanço patrimonial, dizem os especialistas.
A republicação é um reflexo do padrão Fasb de reconhecimento da receita. Recentemente a empresa admitiu problemas com sua contabilidade.
O novo padrão contábil rege a forma como as empresas estimam e reconhecem a receita de contratos de longo prazo, e é projetado para fazer com que o fluxo de caixa de uma empresa se aproxime mais de sua renda, disseram especialistas em contabilidade e analistas.
O padrão anterior permitia que as empresas reconhecessem a receita futura de tais contratos mais rapidamente. O novo padrão transfere a receita para mais tarde na duração do contrato, disseram analistas.
As empresas geralmente usam o custo de fornecer serviços como base para estimar a receita futura dos contratos, mas o processo pode levar a subestimar ou subestimar o valor dos contratos como ativos no balanço patrimonial, dizem os especialistas.
13 abril 2018
Obrigação de publicar ... 2
De um leitor, sobre a postagem anterior:
Data maxima venia, discordo do ponto de vista exposto no item (3). Claro era o Projeto de Lei 3.741/2000, que resultou na Lei 11.638/07. O art. 2º dizia, ipsis literis:
"Art. 2º As disposições relativas à elaboração e publicação de demonstrações contábeis, inclusive demonstrações consolidadas, e a obrigatoriedade de auditoria independente, prevista na lei das sociedades por ações, relativamente às companhias abertas, aplicam-se também às sociedades de grande porte, mesmo quando não constituídas sob a forma de sociedades por ações."
Todavia, o texto definitivo da Lei 11.638/07, tal qual aprovado pelo Congresso Nacional, diz o seguinte:
"Art. 3º Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários."
A obrigatoriedade da publicação por companhias de grande porte foi um dos pontos que mais gerou polêmica no trâmite do PL 3.741, sendo um dos responsáveis por travá-lo por mais de 7 anos no Congresso Nacional. E no meu ponto de vista, a Lei é intencionalmente omissa a respeito dessa obrigatoriedade. A decisão judicial em contrário, a meu ver, é mais um sintoma da hipertrofia do Poder Judiciário, que vem cada vez mais tomando para si funções do Legislativo e do Executivo.
Data maxima venia, discordo do ponto de vista exposto no item (3). Claro era o Projeto de Lei 3.741/2000, que resultou na Lei 11.638/07. O art. 2º dizia, ipsis literis:
"Art. 2º As disposições relativas à elaboração e publicação de demonstrações contábeis, inclusive demonstrações consolidadas, e a obrigatoriedade de auditoria independente, prevista na lei das sociedades por ações, relativamente às companhias abertas, aplicam-se também às sociedades de grande porte, mesmo quando não constituídas sob a forma de sociedades por ações."
Todavia, o texto definitivo da Lei 11.638/07, tal qual aprovado pelo Congresso Nacional, diz o seguinte:
"Art. 3º Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários."
A obrigatoriedade da publicação por companhias de grande porte foi um dos pontos que mais gerou polêmica no trâmite do PL 3.741, sendo um dos responsáveis por travá-lo por mais de 7 anos no Congresso Nacional. E no meu ponto de vista, a Lei é intencionalmente omissa a respeito dessa obrigatoriedade. A decisão judicial em contrário, a meu ver, é mais um sintoma da hipertrofia do Poder Judiciário, que vem cada vez mais tomando para si funções do Legislativo e do Executivo.
Números da Aramco
Já postamos aqui sobre a oferta pública da Aramco, a empresa de petróleo da Arábia Saudita (aqui, aqui e aqui). A empresa decidiu por usar a IFRS e agora apareceram os primeiros números da empresa:
(...) um primeiro vislumbre das finanças da estatal petrolífera mostra que a Aramco produziu US $ 33,8 bilhões em lucro líquido nos primeiros seis meses de 2017, superando facilmente os titãs norte-americanos como Apple, JPMorgan Chase e Exxon Mobil Corp.
As contas, preparadas para um padrão IFRS, também mostram a sensibilidade da Aramco aos preços do petróleo. No primeiro semestre de 2016, quando o preço médio bruto era de US $ 41, a empresa teve US $ 7,2 bilhões com lucro líquido. Este ano, os lucros deverão ser significativamente maiores do que 2017 após a recente recuperação do preço do petróleo para mais de US $ 70 o barril.
Além disto, a empresa gerou um fluxo de caixa de 52 bilhões de dólares no início de 2017.
(...) um primeiro vislumbre das finanças da estatal petrolífera mostra que a Aramco produziu US $ 33,8 bilhões em lucro líquido nos primeiros seis meses de 2017, superando facilmente os titãs norte-americanos como Apple, JPMorgan Chase e Exxon Mobil Corp.
As contas, preparadas para um padrão IFRS, também mostram a sensibilidade da Aramco aos preços do petróleo. No primeiro semestre de 2016, quando o preço médio bruto era de US $ 41, a empresa teve US $ 7,2 bilhões com lucro líquido. Este ano, os lucros deverão ser significativamente maiores do que 2017 após a recente recuperação do preço do petróleo para mais de US $ 70 o barril.
Além disto, a empresa gerou um fluxo de caixa de 52 bilhões de dólares no início de 2017.
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