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10 abril 2018

Transparência no BNDES

O BNDES anunciou a criação de um blockchain para "combater" a corrupção.

Trata-se, na verdade, de um token, uma representação de quantidade (no caso, de reais). Arantes Júnior afirma que a ideia é "'tokenizar' o real, é transparência". "É tornar possível que qualquer pessoa, qualquer cidadão possa acompanhar o caminho do recurso liberado do BNDES até sua aplicação. Quando você faz uma transferência bancária, não é visível para as pessoas. Quando você manda um cripto-ativo, um token, as pessoas estão vendo ele circular, para onde ele está indo. Nas condições atuais, no final das contas, o fornecedor vai resgatar reais. Na verdade, para esse token que está circulando na rede, tem um real guardado no banco, sob a gestão do banco, que é equivalente àquele real que está fluindo na rede”, diz. “Quando se fala em moeda, se pensa em bitcoin, mas é muito diferente. O objetivo é o máximo possível de transparência na aplicação do recurso."

O texto informa que os testes não começaram. Realmente, é difícil acreditar que uma instituição, mantida com dinheiro dos contribuintes e envolvida em diversos escândalos (vide cartoon), queira ser mais transparente. No passado, o BNDES recusou a forneceu ao TCU algo simples, como a evidenciação dos empréstimos públicos para as empresas e as condições. Uma cultura empresarial não muda tão facilmente.

09 abril 2018

Fim do Multi - II

Em meados do ano passado postamos aqui sobre o fim do Programa Multi. Agora foi marcada a última defesa, da discente Charline Pires. A defesa será realizada no dia 13, sexta, as 9:30, no Auditorio Azul do prédio da Face, Campus Darcy Ribeiro, UnB.

O título do trabalho é o seguinte: "Critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação de heritage assets: um estudo comparativo em museus australianos, ingleses e neozelandeses utilizando abordagem da teoria institucional".

A Banca examinadora: Prof.ª Dr.ª Andréa de Oliveira Gonçalves (membro interno não vinculado – PPGCont/UnB); Prof. Dr. Ernani Ott (membro externo não vinculado – UNISINOS); Prof.ª Dr.ª Ilse Maria Beuren (membro externo não vinculado – UFSC); Prof. Dr. Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante (suplente –UnB/UFPB/UFRN).

Irá presidir os trabalhos, mas não fará parte da comissão examinadora, o orientador, Prof. Jorge Niyama.

(Fotografia: a primeira defesa de tese, com Eliseu Martins, Dionísio, Adilson, eu, Otávio, Ilse e Katsumi)

Terremoto e preferência pelo risco

Uma pesquisa realizada no Japão (via aqui) mostrou que um desastre natural, no caso o terremoto no leste do Japão em 2011, mudou a preferência pelo risco das pessoas. Usando os dados de preferências de risco, antes e após o evento, os autores mostraram que os homens tornaram-se mais tolerantes ao risco após o terremoto. E que esta mudança são persistentes, ou seja, cinco anos após o evento, a mudança ainda é percebida. Uma observação importante é que não encontraram o padrão para as mulheres.

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

08 abril 2018

Rastreamento digital como solução para a governança?

Diante da fraude da Caterpillar, do engodo do teste de emissão de poluentes da Volks ou da decisão da Wells Fargo de abrir contas falsas em nome de clientes, as empresas estão diante do dilema entre os custos e benefícios do comportamento ético.

Uma alternativa possível, que está sendo usada por empresas como Uber, Airbnb, Microsoft, Tesla, Under Armour e a Kimberly-Clark, são os rastreadores de ética de empresas. Empresas, como Convercent, desenvolveram software de ética que se conecta a estrutura digital das empresas, do e-mail aos contratos, para, através do aprendizado de máquina, procurar padrões suspeitos. As empresas assumem o compromisso de resolver os problemas, incluindo aí a demissão do empregado.

Este tipo de serviço ainda está no seu início. A Convercent obteve receita de 78 milhões de dólares, menos de 2% do que uma Big Four fatura anualmente. Mas tudo leva a crer que os padrões destes softwares sejam mais rígidos do que aqueles exigidos pelos reguladores.

Dois problemas podem ser apontados para este tipo de serviço. O primeiro é o fato de ser uma tecnologia invasiva, podendo ser usada para descobrir por exemplo, preferências políticas ou sexuais. O segundo problema é a qualidade do serviço, que ainda não está provada ser melhor que os sistemas tradicionais (apesar da fonte primária deste texto vender esta ideia).

07 abril 2018

Reunião e a Caixa de Madeira

A Anheuser-Busch InBev está usando uma estratégia para lidar com a tecnologia nas suas reuniões: um caixa de madeira (fotografia). Segundo Quartz, a caixa fica no centro da sala. Antes de iniciar a reunião, os presentes silenciam os telefones e depositam na caixa. Fecha-se a caixa e a reunião pode começar. Sem distrações e desrespeito aos presentes.

Executivos de outros lugares tentaram banir laptops e aparelhos em reuniões ocasionais, e Christopher Nolan está entre os diretores de cinema que os proibiram de seus sets. Mas torná-lo uma política corporativa formal é raro. E a velocidade com que a AB InBev adotou sua caixa é particularmente incomum.

06 abril 2018

Imparidade em um Banco Novo

É um caso curioso, envolvendo banco, regulador e imparidade. Em Portugal, em 2014, o regulador fez um intervenção no Banco Espírito Santo, separando-o em duas instituições: a primeira, com as operações com qualidade, que incluía os depósitos, foi denominada de Novo Banco (NB); a segunda, com os créditos de baixa qualidade, continuou com a denominação de Banco Espírito Santo. A operação era no sentido de evitar o contágio do sistema financeiro do país ibérico.

Um fundo governamental, denominado de Fundo de Resolução, tornou-se único acionista do NB. Sendo um banco novo, formado somente com ativos de qualidade, esperava-se que a instituição apresentasse lucro e que as operações não tivessem problemas com o teste de impaiment.

Eis o que ocorreu depois:

2014 = NB tem lucro de 430 milhões de euros
2015 = prejuízo de 980 milhões de euros
2016 = prejuízo de 788 milhões
2017 = prejuízo de 1.400 milhões de euros

E em todos estes anos, o NB teve amortização do ativo em razão da imparidade. Neste período, o NB é vendido, com a condição de que o Fundo de Resolução arque com os prejuízos potenciais dos créditos antigos, com um limite.

Com o resultado de 2017, o FdR [Fundo de Resolução] terá de injectar no NB 792 milhões de euros.

Os portugueses estão aprendendo a diferença entre nacionalização e venda:

Ou seja, neste caso a diferença entre a nacionalização e a venda à Lone Star [novo acionista do NB] é que na primeira teríamos de arcar com os prejuízos mas o activo era nosso, enquanto na segunda arcamos com os prejuízos mas 75% do activo é da Lone Star que, daqui a três anos, o irá vender.